Discurso proferido da Presidência durante a 83ª Sessão Especial, no Senado Federal

Encerramento de sessão especial destinada a prestar homenagem póstuma ao Pastor Gedelti Victalino Teixeira Gueiros, fundador da Igreja Cristã Maranata, falecido no dia 5 de julho de 2025.

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso proferido da Presidência
Resumo por assunto
Homenagem, Religião:
  • Encerramento de sessão especial destinada a prestar homenagem póstuma ao Pastor Gedelti Victalino Teixeira Gueiros, fundador da Igreja Cristã Maranata, falecido no dia 5 de julho de 2025.
Publicação
Publicação no DSF de 18/07/2025 - Página 16
Assuntos
Honorífico > Homenagem
Outros > Religião
Matérias referenciadas
Indexação
  • ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, PASTOR, IGREJA EVANGELICA, COMENTARIO, ORIENTAÇÃO, ATIVIDADE POLITICA, ORADOR.

    O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Para discursar - Presidente.) – Registro a presença do Sr. Bispo Sidney Santos, da Igreja Restauração e Milagres.

    Peço licença a todos, vou fazer uso da palavra, mas para me dirigir à audiência da TV Senado neste momento, das redes sociais, às pessoas que nos veem no mundo inteiro.

    Eu pedi ao meu médico que me desse alta. Eu sofri uma cirurgia na coluna há quatro dias. Eu sou lesionado de medula, e minha coluna tem um enxerto muito grande. Depois de 23 anos, eu comecei a sentir dores, e a única maneira de fazer a minha cirurgia seria pelo meu abdômen, visto que eles não podiam alcançar a anatomia da minha, coluna por conta dos calos que se criaram ali.

    Mas, graças a Deus, quatro dias atrás — estamos indo para o quinto dia —, eu fui internado, e essa cirurgia foi feita por robô.

    Realmente, eu tenho muitos curativos nas costas, estou com gosto de medicamento na boca, mas eu disse ao meu médico, Dr. Paulo Saide: "Eu preciso que o senhor me dê alta amanhã, porque eu preciso presidir a sessão".

    Não é uma simples pessoa, não é um simples homenageado. Ainda que fosse o Pastor Gedelti da Igreja Cristã Maranata ou outro líder homenageado, eu poderia ficar no meu lugar no hospital.

    Esta minha inquietação aqui, na verdade, são dores que eu sinto o tempo inteiro, mas eu ganhei de Deus o privilégio de ficar em pé. Apesar da negação da ciência com relação à minha lesão de medula, eu estou de pé e eu vim, porque a minha ligação, Presidente Bolsonaro, com o Pastor Gedelti era umbilical. (Pausa.)

    Eu era um jovem de 23 anos de idade. Cheguei ao Espírito Santo em 1982. Fui abraçado pelo povo capixaba.

    Como todo menino simples, pobre, do interior do Nordeste — acho que, na sua grande maioria, todos passaram pelo meu problema —, tive um problema dentário, e eu comecei a procurar dentistas, e eles me diziam: "Não. Não tem jeito. Tem que arrancar tudo e colocar uma dentadura". Eu dizia: "Não. Dentadura, não". Diziam: "Aí não tem jeito, não existe jeito". E me indicaram um muito bom, mas que eu não dispunha de condição para pagar - e eu fui lá assim mesmo. Ele olhou e falou: "Não, aqui você não tem a menor chance." Mas essa é a última palavra? Ele disse? "Olha, só tem uma pessoa que pode te dar a última palavra: é o Pastor Dr. Gedelti. Mas quem é ele? Ele disse: "Olha, o consultório dele fica em Vila Velha", e eu moro em Vila Velha. Ele me deu o endereço e eu fui lá. Foi a primeira vez que eu vi portão automático e vidro fumê. Entrei sem marcar. Cheguei na porta, o portão se abriu, a secretária me atendeu e eu disse que queria falar com ele. Ela o comunicou e me deixou sentado ali. Depois ele mandou me chamar. Eu entrei, ele olhou para mim e falou: "O que você quer?" Eu falei: Olha, eu não quero usar a dentadura. "Senta aí", Do jeito dele, não é? Quem está ouvindo a minha história está vendo-o, não é? "Senta aí." Eu me sentei. Ele falou: "Abra a boca." Eu abri a boca, e ele falou? "Desce." Eu falei: Mas por que, doutor? "Tem jeito aí não. Você tem condições de pagar?" Eu falei? Não sei. Ele falou: "Você não tem condição, não. Espera lá fora." Eu falei: Por quê? "Está chegando uma pessoa aí muito importante". Aí eu olhei pelo vidro e estava chegando mesmo: Dr. Jones dos Santos Neves. Na época, esse homem era dono de quase todo o café do Espírito Santo, e o filho dele era Deputado Federal, Dr. Jones, Deputado do PL. E eu, simplesmente ali, olhei para aquele homem, com admiração, era um Deputado Federal. Quando eles saíram, ele mandou eu voltar. Eu voltei. Ele falou: "Ó, eu vou tratar dos seus dentes; dos seus dentes, não, vou tratar da sua boca, porque dentes você não tem. Mas é só uma vez por semana", falou comigo. Eu falei: Mas eu estou morando em Cachoeiro. "Isso não é problema meu. É só uma vez por semana. Isso vai demorar uns dois anos", falou. Eu falei: está bom, o que é que eu posso fazer?

    Eu pegava o ônibus da Itapemirim e vinha, ou vinha com a minha Brasiliazinha. Eu já tinha a casa cheia de drogados e realmente eu não podia pagar, porque tinha que vender o almoço para comer a janta, com as minhas filhas pequenininhas, Maguinha muito novinha, e lá com dez, com quinze drogados dentro de casa já, pois foi o sacerdócio que Deus me deu.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) – Não, sobre o pagamento ele falou comigo: "Eu ouvi dizer aqui na cidade que você expulsa demônio, não é?" Eu falei: Pastor, no nome de Jesus, na autoridade do nome de Jesus. O nome de Jesus é um cheque em branco. Você preenche com o valor que você acreditar no nome dele." Ele falou: "É, está bom, está bom, está bom." Esse está bom era uma característica dele. O "está bom" dele era para encerrar a conversa e tal. "Está bom, está bom."

     Aí falou comigo: "Ó, seus parentes ricos vão pagar. Eles me mandaram fazer". Eu falei: "Mas eu não tenho o parente no Espírito Santo". Ele falou: "Não, aquele senhor que saiu aqui é tio seu". Eu falei: "Como ele é meu tio? Eu não tenho parente aqui". "Não, ele é seu tio e vai ajudá-lo a pagar seu tratamento". Eu falei: "Está bom". E esses tios meus acho que pagaram o meu tratamento.

    Chegou um ano e pouco depois, ele falou assim: "Eu vou fazer uma cirurgia na sua gengiva. A ciência e a tecnologia estão avançando demais na minha área de odontologia. Vai chegar um dia em que, se você precisar fazer alguma coisa lá na frente, eles vão ter que usar essa cirurgia que eu vou fazer em você". Foi muito invasiva e tal. Eu me lembro que passei muito tempo para cicatrizar. E ele falou: "Um dia, se você tiver condição lá na frente...".

    Eu vou dar um pulo aqui na história.

    Eu era Senador da República em 2004, quando eu ouvi falar que tinham criado o implante dentário. E eu fui para São Paulo, para o consultório de um indivíduo chamado Edson, que trouxe o Brånemark, o indivíduo que foi prêmio Nobel da Paz... Ele recebeu o prêmio Nobel de odontologia por ter criado o implante, só que ele era ortopedista. Eu precisei dos dois muito na minha vida, de ortopedista eu preciso até hoje.

    E eu fui. Quando eles começaram a olhar, a fazer todas as imagens da minha gengiva, da minha boca, eles disseram assim: "Essa cirurgia que você tem, que o senhor tem aqui dentro, Senador, foi feita quando?". Eu contei a história do Pastor Gedelti, e eles disseram: "Bom, por causa desta cirurgia, nós vamos ter condição de fazer os implantes". E, uma semana depois, eu fiz 11 implantes, e este meu sorriso tem a mão de Gedelti. (Risos.)

    Eu vivi com esse homem a minha vida, momentos difíceis e momentos de alegria. Eu disse a ele: "Pastor, eu sou candidato a Vereador em Cachoeiro". Ele disse: "Você é doido!". Eu disse: "Não, Pastor". "De onde você tirou isso de que você vai ganhar para Vereador?". Eu disse: "Pastor, eu sou fruto de uma profecia. Deus falou com minha mãe, quando eu tinha 13 anos de idade, que eu ia ser Senador da República". Ele falou: "Pronto. Quando eu vi sua cara a primeira vez, eu sabia que você não era certo da cabeça" – ele falou para mim. (Risos.)

    Vocês não estão vendo? Ele conhecia o Espírito Santo, ele conhecia a classe política, ele sabia tudo, quem era quem em qualquer município. Ele falava: "Você vai enfrentar isso e isso e isso. Você tem condição?". Eu falei: "Não, mas quem me chamou tem". Ele falou: "Então, vai, porque Deus gosta muito de gente doida. Vai!" (Risos.)

    Eu fui, virei Vereador. Fui atrás dele para dizer assim: "Pastor Gedelti, eu agora sou candidato a Deputado Estadual". Ele falou: "Lá vem você de novo!". (Risos.) Eu falei: "Olhe, eu preciso que o senhor me ajude. Eu quero ir ao Maanaim". Ele falou: "Não". "Mas todo mundo....". "Todo mundo vai, mas você não vai", ele falou para mim. Eu falei: "Pastor, deixe eu ir ao Maanaim?". "Não vai ao Maanaim!". "Está bom", ele me deu o ultimato.

    Eu me elegi Deputado Estadual. Fui lá me apresentar a ele no consultório: "Sou Deputado Estadual". Ele olhou para mim: "É, continua doido". Eu falei: "Olhe, Pastor, eu vim convidá-lo para o Dia da Bíblia, o senhor pregar na Assembleia Legislativa". Ele falou: "Não, não aceito". Eu falei: "Mas como que o senhor não aceita?". Foi difícil – difícil –, mas eu o convenci. Eu tenho as fotos, vou passar para você – viu, Jurama? – as fotos desse dia. Na Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, ele pregou, levou um grupo de louvor com violão, sentaram-se na frente e cantaram.

    Eu disse a ele: "Pastor, eu sou candidato a Deputado Federal". Ele falou: "Você de novo...", e eu entendi, Presidente Bolsonaro, porque que ele dizia "não" para mim ao Maanaim. No Shopping da Terra, eu andando, entregando meu papel, encontro um grupo de senhoras, bem vestidas, entregando papel. Chegaram a mim: "Nos dê licença". Falei: "Pois não?". "Nós queremos pedir um voto para esse rapaz, ele recupera drogados, é esforçado, foi o nosso pastor que pediu". Eu falei: "Está bem". Recebi, ainda escrito; votinho escrito com papel, tempos bons que não voltam mais, do voto escrito. Eu recebi e eu perguntei de onde elas eram: Igreja Cristã Maranata. Eu não precisava ir lá, porque por mim quem fazia era ele. Era por isso que eu não precisava ir.

    Eu me elegi Deputado Federal e recebi desse homem... No dia em que eu me tornei Presidente da CPI do Narcotráfico, que eu voltei ao meu estado, Senador Bagattoli, eu fui procurá-lo, e ele colocou a mão em mim. Ele falou: "Você vai enfrentar a batalha mais dura da sua vida". Verdade. As minhas filhas passaram a andar com segurança, com a Polícia Federal, a esposa, eu, muito perigo. Eu cumpri esse tempo e disse a ele: "Agora, Pastor Gedelti, eu sou candidato a Senador da República, chegou a minha hora". Dessa vez, ele não disse que eu era doido. Ele botou a mão em mim, me chamou de valente, me abençoou.

    A minha relação com ele era umbilical, eu não sei se porque ele não tinha filho homem e ele era valente, mas eu o acompanhei ao longo dessa trajetória.

    Eu vejo muita gente elogiá-lo dizendo: "Pastor Gedelti foi um exemplo". Não. Segundo a minha mãe, não. Ele não foi exemplo e nunca será. A minha mãe dizia, Pastor Alexandre Gueiros, que os maus servem de exemplo, os bons servem para serem copiados. O Apóstolo Paulo escreve e diz: "Sede meus imitadores, como [...] eu o sou de Cristo [Jesus]". Podia, na ousadia dele, o intérprete da mente de Cristo, dizer: "Eu sou o exemplo, olhe para mim". Ele diz: "Não, me imitem, porque eu imito Cristo". Porque os maus servem de exemplo e nós estamos vivendo os dias em que temos exemplos demais no mundo e na nação.

    Os maus servem de exemplo, os bons servem para ser copiados, e a Bíblia diz de homens dos quais o mundo não era digno. Eu posso, por viver, por conviver, não pelo discurso que eu copiei, mas eu posso dizer que o Pastor Gedelti Gueiros é um homem que está inserido nesse contexto, um homem do qual o mundo não era digno, um homem do qual o mundo não era digno.

    A mensagem que ele pregou: a mensagem do Evangelho. A mensagem que essa denominação prega: Até a volta do Senhor. Quando nós a aguardamos... Eu dizia no começo que os sinais apontam para a volta do Senhor! Nós estamos vivendo dias de dores, na antessala do anticristo.

    O Senhor recolhe um dos seus, a quem ele deu a missão tão espinhosa, mas gloriosa de servir no ministério. Eu me regozijo neste momento por ter oportunidade de poder falar para o mundo, falar para o Brasil, sobre o legado desse homem, sobre a sua vida. O seu genro, o Pastor Júlio, e o Pastor Alexandre conviveram com a simplicidade desse homem que nunca me pediu um tostão pelo bem que me fez. Muito pelo contrário, na nossa convivência, eu percebia, quando eu chegava, a alegria dele em poder cuidar de mim.

    Assim como a profecia se cumpriu – hoje eu sou Senador da República pela terceira vez, eu sabia disso desde os 13 anos de idade –, Deus usou esse homem como instrumento, porque Deus usa as pessoas como instrumento, e o mundo não é dos homens, a autoridade não está com os homens. O mundo está debaixo dos pés, porque a Bíblia diz que o mundo jaz no maligno, e o diabo não compete no mesmo nível, o Senhor está acima de todas as coisas. Aquilo que acontece tem que ter autorização, vontade permissiva Dele, e o momento que nós estamos vivendo, Deus está vendo, Deus está olhando. Deus está olhando, Deus cuida!

    Quero dizer àqueles que sentem a dor desse passamento e àqueles que estão sentindo a dor, as dores como que de parto, o sofrimento que este país está vivendo, que nós estamos vivendo, que, na zona de conforto, não tem milagre lá. O milagre está exatamente na zona do desconforto, e nós não estamos vivendo na zona de conforto mais. "Não vos deixarei provar além das vossas forças!" Aí percebo eu que as nossas forças já se foram. Quando a gente olha para o caos, elas já se foram. A minha esperança é a hora de Deus, é o momento de Deus para a vida. "Arrependei-vos", dizia João Batista. Chegou a hora, gente. Maranata. Ora, vem, Sr. Jesus. Nós estamos caminhando para o final. Caminhando para o final, não tenha dúvida. Não tenha dúvida! Nós já estamos mais perto do que longe, nos aproximamos do dia da volta do Rei. E vale a pena servi-Lo, vale a pena seguir com Ele, andar com Ele.

    Neste momento importante, o Grupo de Louvor fará a apresentação da música A Bela Cidade.

(Procede-se à execução da música A Bela Cidade.)

    O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) – Solicito à Secretaria-Geral a exibição de mais um vídeo.

(Procede-se à exibição de vídeo.)

    O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) – Neste momento, o Senado Federal rende justa homenagem à família do Pastor Gedelti, em reconhecimento a sua dedicação incansável à causa do Evangelho de Cristo, à formação espiritual de gerações.

    Eu convido os representantes da família, o Sr. Albert Bitran e a Sra. Jurama Barros Gueiros Bitran, para o recebimento da homenagem.

(Procede-se à entrega de placa de homenagem ao Sr. Albert Bitran e à Sra. Jurama Bitran, representantes do Pastor Gedelti Victalino Teixeira Gueiros, in memoriam.) (Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) – Registro, com muita alegria, a presença do Senador Jaime Bagattoli, de Rondônia, nosso amigo querido, amigo da igreja, e cumprimento a todos que chegaram depois também. Não tenho seus nomes, mas, se aqui estão, têm um propósito, vieram com um propósito.

    Quero registrar também neste Plenário a presença da irmã Ilda, essa gigante num corpo tão pequenininho – assim era o Gedelti: um gigante num corpo pequeno. E quero agradecer publicamente à irmã Ilda. Ela ora e faz jejum no meu gabinete toda semana para que Deus nos mantenha firmes e de pé. Não temos onde nos agarrar, senão no Senhor.

    Eu agradeço a presença da senhora aqui. O Brasil te admira, te ama e te respeita.

    Para o encerramento desta sessão, o Grupo de Louvor fará a apresentação da música Pátria Minha.

(Procede-se à execução da música Pátria Minha.)

    O SR. PRESIDENTE (Magno Malta. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) – Cumprida a finalidade desta sessão especial do Senado Federal, agradeço às personalidades que nos honraram com sua participação.

    Neste momento, está encerrada a sessão. (Palmas.)

(Levanta-se a sessão às 16 horas e 51 minutos.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/07/2025 - Página 16