Discurso durante a 87ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Satisfação pela visita do Presidente Lula e equipe de Ministros ao Estado de Rondônia para o anúncio de investimentos visando a melhorias na infraestrutura, saúde, logística e desenvolvimento regional do estado. Destaque para a construção da ponte binacional Brasil-Bolívia, que ligará Guajará-Mirim (RO) a Guayaramerín, na Bolívia, e para o lançamento do hospital universitário de Rondônia. Registro das polarizações políticas que perpassam a história brasileira e da necessidade de unir forças em prol do desenvolvimento da Amazônia e do Brasil.

Autor
Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Confúcio Aires Moura
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional, Infraestrutura:
  • Satisfação pela visita do Presidente Lula e equipe de Ministros ao Estado de Rondônia para o anúncio de investimentos visando a melhorias na infraestrutura, saúde, logística e desenvolvimento regional do estado. Destaque para a construção da ponte binacional Brasil-Bolívia, que ligará Guajará-Mirim (RO) a Guayaramerín, na Bolívia, e para o lançamento do hospital universitário de Rondônia. Registro das polarizações políticas que perpassam a história brasileira e da necessidade de unir forças em prol do desenvolvimento da Amazônia e do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 12/08/2025 - Página 34
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Infraestrutura
Indexação
  • REGOZIJO, PRESENÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, ESTADO DE RONDONIA (RO), ANUNCIO, INVESTIMENTO PUBLICO, SETOR, INFRAESTRUTURA, SAUDE, LOGISTICA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • DESTAQUE, CONSTRUÇÃO, PONTE, LIGAÇÃO, GUAJARA-MIRIM (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), MUNICIPIO, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, PROMOÇÃO, FACILITAÇÃO, EXPORTAÇÃO, PRODUTO NACIONAL, PROCEDENCIA, ZONA FRANCA, CIDADE, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • DESTAQUE, LANÇAMENTO, HOSPITAL, UNIVERSIDADE, ESTADO DE RONDONIA (RO).

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar.) – Perfeito.

    Sr. Presidente, Senadores, Senadoras, servidores da Casa, registro com satisfação que o dia 8 de agosto passado, deste mês, de 2025, ficará marcado na história do Estado de Rondônia. O estado recebeu o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, juntamente com sua equipe de Ministros, anunciou um pacote de investimentos que ultrapassa R$1,5 bilhão, recursos que chegam para transformar infraestrutura, saúde, logística e desenvolvimento regional.

    Ao longo do meu mandato como Senador, tenho me dedicado com afinco a áreas estruturantes da nossa sociedade, como educação, saúde e infraestrutura. E é com satisfação, igualmente, que reconheço no Governo do Presidente Lula um parceiro firme, comprometido e presente. São investimentos bilionários, que não apenas viabilizam obras de concreto e aço, mas, sobretudo, promovem dignidade, cidadania e esperança para o povo rondoniense.

    Permitam-me destacar a obra de maior impacto, com a qual mantenho grande entusiasmo e que representa um marco para a integração regional. Eu destaco a construção da ponte binacional Brasil-Bolívia, que ligará Guajará-Mirim, em Rondônia, a Guayaramerín, na Bolívia. Trata-se de um símbolo de integração sul-americana. Essa obra é estratégica para a economia, para a abertura de novas rotas de comércio, para a soberania nacional e para o fortalecimento da presença brasileira na fronteira. A presença também neste evento do Presidente da Bolívia, Luis Arce, simboliza a importância estratégica da obra para os dois países.

    Aqui eu quero fazer uma explicação.

    Essa ponte binacional é um compromisso brasileiro firmado em 1903, no chamado Acordo de Petrópolis pelo Barão do Rio Branco, quando o Brasil tinha um litígio com a Bolívia pela posse do Estado do Acre. O Acre pertencia à Bolívia, e os seringueiros e outros revoltosos acrianos ocuparam o espaço e expulsaram do território os bolivianos.

    Surgiu, em decorrência disso, um impasse diplomático, que foi resolvido pelo Barão do Rio Branco e com os dois governos, com alguns compromissos de futuro. Um deles era a Ferrovia Madeira-Mamoré, a construção, para dar saída aos produtos bolivianos para o Atlântico, e também a construção dessa ponte integradora. Então, essa ponte está prometida em acordo e tratado há 122 anos e, agora, foi dada a ordem de serviço dessa ponte.

    Quero destacar também aqui o trabalho, que não ficou somente no tratado. Várias expedições de lideranças rondonienses, pelo menos da parte do comércio e da indústria, foram feitas para justificar a importância dessa integração com a América Latina. Entre elas, Luiz Tourinho, que, há cerca de 40 anos, escreveu um livro depois da expedição que ele presidiu. Posteriormente, Dr. Miguel de Souza, engenheiro, que foi Deputado Federal e Vice-Governador do Estado de Rondônia, fez outra expedição muito detalhada e também escreveu um livro sobre o mesmo assunto.

    Se vocês observarem, é uma ponte de imensa importância. Agora, ela está incluída nos grandes programas do Presidente da República, Presidente Lula, de autoria da Ministra Simone Tebet. São cinco corredores de exportação traçados pela Simone Tebet, e o primeiro a ser desenvolvido será esse nosso aqui do Estado de Rondônia.

    Os produtos brasileiros do Mato Grosso, do Brasil inteiro, de Manaus, com a área industrial de Manaus, o polo industrial de Manaus, serão exportados, pelos portos lá do Peru, para os demais países do mundo, principalmente os países asiáticos.

    Outro investimento muito importante no campo da saúde foi o lançamento do hospital universitário de Rondônia, que deixará de ser um sonho distante para se tornar realidade, resultado do esforço conjunto da bancada federal do nosso estado, da Universidade Federal de Rondônia e do Prefeito Léo Moraes, Prefeito de Porto Velho, que vai investir dinheiro para adquirir um hospital privado e doá-lo para a universidade. Ele será ampliado e reformado para funcionar, posteriormente, como hospital universitário, representando um salto na capacidade de atendimento à saúde e na formação de profissionais qualificados na área de saúde.

    O Presidente Lula, com generosidade, manifestou o desejo de estar presente na inauguração do hospital, um gesto que demonstra seu compromisso com o povo rondoniense.

    O conjunto de obras e ações anunciadas pelo Governo Federal soma R$1,5 bilhão em investimentos em Rondônia, recursos que vão impactar positivamente em áreas essenciais como saúde, infraestrutura, desenvolvimento econômico.

    Eu sei – e nós todos lá constatamos – que o Estado de Rondônia hoje é majoritariamente um estado onde os seus eleitores, na eleição passada, manifestaram a sua tendência pela extrema direita, e há uma polarização intensa no estado. Eu não estranho polarização, não, essa polarização entre um lado e outro, porque o Brasil já viveu, em muitos momentos, polarizações, desde a Proclamação da República. Nem vou falar do Brasil Colônia e do Brasil Império, vamos deixar da República para cá.

    A República de Deodoro e de Floriano já foi uma fase extremamente polarizada no Brasil. Vem caminhando, e, quando chegou em 1930, outra polarização muito aguda no mandato, desde a posse muito traumática de Getúlio Vargas contra o Presidente eleito Júlio Prestes. E aí foi, mas, numa transição ali de momento, com o assassinato de João Pessoa, lá no Recife, Getúlio, muito inteligente e astucioso, ganhou apoio de alguns estados da Federação, marchou para o Rio de Janeiro e tomou posse. E aí ele, entre aspas, "democraticamente", ficou por ali até que, mais tarde, instaurou uma ditadura, que durou até o ano de 1945. Mas o pico da polarização nessa década foi em 1937, justamente com o movimento integralista liderado por Plínio Salgado, que foi realmente um movimento fascista, claramente fascista. Os seus adeptos até usavam uniformes e ficavam em forma como se fossem milicos mesmo, isso o grupo que apoiava Plínio Salgado. Aí foi andando até a eleição de Dutra, em 1945. Equilibrou bem Dutra, depois voltou Getúlio, depois Juscelino, quando, em 1964, de novo, outra polarização radical. Naquela época, ela foi liderada por mulheres católicas que, com véu na cabeça, marchavam na Avenida Paulista. Em muitos estados da Federação, as mulheres realmente clamaram por intervenção militar, pedindo a derrubada de João Goulart. Polarizou mesmo, esquentou para valer de 1962 a 1964, com as manifestações aqui no Brasil; foi uma polarização muito dura. Aí, em 1964, foi implantado o regime militar, a ditadura militar, de 21 anos, até 1985. Durante esse período, não preciso descrever como foi polarizado e sofrido o tratamento dado a professores, cientistas, políticos brasileiros, enfim, artistas, cantores – todos foram exilados. Muitos foram para o mundo afora e passaram muito tempo rodados, incluindo Juscelino Kubitschek – inclusive Juscelino foi exilado. Muito bem, passada a ditadura, veio o José Sarney, que fez a transição democrática, e nela vivemos até hoje.

    Então, a polarização no Brasil agora, atual, entre dois candidatos da eleição passada bem polarizados não é nova, não. Ela vai passar também, como passou a polarização de 1889, como houve a polarização na década de 30, como houve a polarização na década de 60, e agora entrou a polarização dos anos 2025 – mas ela vai passar, gente. Ninguém vai ficar brigando na rua e sendo inimigo do outro por causa de política, não. Ela vai passar. E vai ter oportunidade de surgir candidaturas aí para a frente de centro, de centro-direita e de centro-esquerda, razoáveis, com as quais se possa dialogar. Então, isso vai passar.

    Eu vivi esse período da década de 60 para cá, eu vivi todo o período ditatorial, eu sou testemunha; eu era estudante secundarista em Goiânia e, depois, na escola de Medicina, em Goiás, e acompanhei tudo. Quantos colegas meus foram presos – até meninas, moças, minhas colegas –, por se manifestarem no Departamento Estudantil (DCE)! E assim foi a situação. Mas isso vai passar; é só questão de tempo.

    Nós não precisamos nos matar pelas ruas por causa de política e de extremismo, não. Isso vai passar, e o Brasil precisa de juízo, precisa de bom senso, para a gente tocar os problemas reais que o Brasil tem. Eu vejo aqui, gente, um país pequenininho, que é o Uruguai, e dá um show de bola na gente, um show de bola.

    O Presidente anterior era de direita, cumpriu a Constituição, ficou seus cinco anos lá numa boa, e agora ganhou um de esquerda, que está lá governando, e ele passou a faixa. Ele calou a boca e lá na frente ele volta, se ele quiser, e passa um tempo – lá não pode ter reeleição. É um país que tem uma educação melhor do que a nossa, é um país que tem uma riqueza maior do que a nossa, tem uma consolidação democrática muito mais eficiente do que a nossa. Então, o Uruguai é um exemplo típico de um vizinho exemplar para nós.

    Mas, continuando, lá em Rondônia, nesse final de semana, no dia 8, estiveram: Simone Tebet, a Ministra do Orçamento – eu fiquei muito satisfeito –; o Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário; o Renan Filho, dos Transportes; o Camilo Santana, da Educação; o Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia – todos estiveram lá conosco. Então, foi um esforço maravilhoso, um trabalho bonito, feito justamente por essa visita.

    Faltava o Presidente Lula visitar dois estados do Brasil: Acre e Rondônia. Agora, ele cumpriu – eu estava presente com ele – nos dois estados; visitou, deixou essas obras todas e deixou muitos investimentos importantes e significativos para o Estado de Rondônia.

    Quero lembrar que, desde os primeiros mandatos, os Presidentes Lula e Dilma mantiveram uma relação de parceria muito importante com Rondônia.

    Eu fui Governador do estado lá por dois mandatos. Por exemplo, é um estado de população relativamente pequena, e eu consegui, num bom relacionamento com esses Presidentes, construir 25 mil casas. Para um estado como o nosso, foi muita coisa.

    E assim ainda fizemos, por exemplo, a ponte que liga Rondônia ao Acre, porque a única via que tinha ali era uma balsa secular. Foi feita por ordem da Presidente Dilma. E a Presidente Dilma, também, na época, aplicou no Estado de Rondônia R$34 bilhões. Sabem em quê? Em duas grandes usinas hidrelétricas que abastecem o Brasil inteiro. Estão lá – vem lá de Rondônia – a usina de Jirau e a usina de Santo Antônio, que, além de produzirem energia para o sistema nacional, também rendem royalties para a capital e para o Governo do Estado de Rondônia, anualmente.

    Este é um momento político em que se cumpre o papel mais nobre: unir as forças, acima das ideologias, para atender as necessidades principais. A Região Amazônica, gente, é muito diferente, como o Nordeste também. São as duas regiões que realmente têm os piores indicadores do Brasil. Na Amazônia, é pior ainda. Lá no meu estado, Senador Girão, por exemplo, há esgoto sanitário em 3% – 3% – do estado inteiro. A capital não tem esgoto sanitário – não tem esgoto sanitário. Água, no estado todo, deve estar atingindo – o dado eu posso falhar – 60%.

    Da quantidade de pessoas que eu visitei recentemente – até fiz um discurso aqui sobre uma visita que eu fiz às populações ribeirinhas –, uma grande parte delas estão tomando água barrenta; não tem água tratada. Nós temos levado, isoladamente, esses recursinhos de emendas, para colocar estações de tratamento de água para essas comunidades de 100 famílias, de 30 famílias, de 40 famílias, porque tem muita gente esparramada na floresta e nas margens dos rios. Então, a gente vai levando isso aí.

    Então, são estados amazônicos, como o Acre, Rondônia, o Amapá, o Amazonas, extremamente grandes, sobre os quais o brasileiro do litoral falava ser o Brasil profundo, o Brasil de Rondon, o Brasil para o qual iam só os aventureiros ou aqueles indivíduos, talvez foragidos, que iam para aquelas regiões estranhas... Com o tempo, hoje são estados brilhantes, como Mato Grosso, orgulho de produção de grãos e produção, além de soja, milho e algodão, de gado.

    Rondônia tem 18 milhões de cabeças de gado – 18 milhões –, tem muitos frigoríficos e exporta muito. A gente produz café, e estamos incrementando a produção de cacau. Nós produzimos um excelente café, até as comunidades indígenas, algumas delas produzem um café de qualidade. A cidade de Cacoal é realmente o centro estratégico, realmente onde se congregam toda a industrialização e a exportação do café.

    Então, é um estado que vem crescendo, é um estado bonito. A gente fala aqui que as cidades rondonienses são lindas, confortáveis, com uma boa internet... Lá na minha cidade, de que eu fui Prefeito, a gente para na faixa, faixa de pedestre, o pessoal é educado, para na faixa. Nós montamos sistemas na nossa cidade... Por exemplo, quando eu fui Prefeito, na região – eu não fui Prefeito só da cidade, eu fui Prefeito de uma região –, nós montamos consórcios de coleta, destinação e tratamento do lixo, coletivo, para todos os municípios. Montamos consórcios... Naquele tempo, nós não tínhamos ainda 100 mil habitantes, hoje já temos. O Samu não tinha lá. Nós fizemos um pacote...

(Soa a campainha.)

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO) – ... com os outros Prefeitos, e o Samu é um sistema de consórcios que atende toda a região. Então, nós fomos criando essas coisas coletivas através dessas ações que nós viemos trabalhando lá no nosso estado.

    É um estado bonito, a sua origem hoje é a cara do povo brasileiro. Lá tem uma cidade, Espigão D'Oeste, que a grande maioria da população é alemã, são os pomeranos, que são de uma região da Alemanha que foi incorporada posteriormente à Alemanha atual, os pomeranos que vieram para o Espírito Santo e depois migraram para lá. É um pessoal muito simpático, muito trabalhador, muito... Temos a minha região, a minha cidade foi bem colonizada por baianos por causa do plantio do cacau, o pessoal de Ilhéus; hoje é misturado, e tem em torno de 25% de paranaenses; gaúchos, tem muitos gaúchos; tem nordestinos, tem goianos, mas a maioria é do Sudeste brasileiro, pessoal muito trabalhador, aquele pessoal de arrancadão mesmo, de trabalhar.

    Então, nós ficamos muito satisfeitos com a visita de um Presidente, em levar... Porque, mesmo com polarização, mesmo com a predominância da direita, de radicais e de extrema direita, o Presidente foi lá, foi lá levar os recursos, foi recebido pelo Vice-Governador, pelo Prefeito da cidade, pela população, grande parte da população, muita gente não coube, o ato foi feito no Teatro Palácio das Artes – que eu construí, por sinal –, com 1,1 mil lugares, mas a maioria da população ficou do lado de fora, não coube lá dentro.

    Foi interessante, ninguém falou em ódio, ninguém atacou ninguém, só falamos dos investimentos necessários para o Estado de Rondônia.

(Soa a campainha.)

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO) – Sr. Presidente, muito obrigado pela oportunidade do pronunciamento, e eu acho que, se o senhor tiver algum complemento... E o senhor poderá encerrar a sessão, porque não temos mais oradores.

    Muito agradecido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/08/2025 - Página 34