Pronunciamento de Confúcio Moura em 18/08/2025
Discurso durante a 92ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Preocupação com o aumento do tabagismo no Brasil, especialmente entre jovens e adolescentes diante da popularização dos cigarros eletrônicos. Defesa de projetos de lei que proíbam aromas e embalagens atrativas e que tornem obrigatória a educação preventiva nas escolas e responsabilizem plataformas digitais pela venda irregular de nicotina.
Crítica às tarifas impostas pelos Estados Unidos e defesa de alternativas comerciais que ampliem mercados para os empresários brasileiros, com destaque à necessidade de diversificação das exportações.
- Autor
- Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
- Nome completo: Confúcio Aires Moura
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Saúde:
- Preocupação com o aumento do tabagismo no Brasil, especialmente entre jovens e adolescentes diante da popularização dos cigarros eletrônicos. Defesa de projetos de lei que proíbam aromas e embalagens atrativas e que tornem obrigatória a educação preventiva nas escolas e responsabilizem plataformas digitais pela venda irregular de nicotina.
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Relações Internacionais:
- Crítica às tarifas impostas pelos Estados Unidos e defesa de alternativas comerciais que ampliem mercados para os empresários brasileiros, com destaque à necessidade de diversificação das exportações.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/08/2025 - Página 10
- Assuntos
- Política Social > Saúde
- Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
- Indexação
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- PREOCUPAÇÃO, UTILIZAÇÃO, CONSUMO, CIGARRO, TABAGISMO, JOVEM, GASTOS PUBLICOS, SAUDE PUBLICA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), NECESSIDADE, EDUCAÇÃO, PROIBIÇÃO, EMBALAGEM, RESPONSABILIDADE, PLATAFORMA, MIDIA SOCIAL.
- CRITICA, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), TARIFAS, PRODUTO, BRASIL, COMERCIO EXTERIOR, INTERFERENCIA, PIX, NECESSIDADE, PARCERIA, AMERICA LATINA, INDIA, PAQUISTÃO.
O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, funcionários do Senado, telespectadores, ouvintes dos programas do Senado Federal, rádio e TV, hoje eu vou falar como médico, como pai, como avô e, sobretudo, como um servidor público preocupado com o futuro, o futuro da nossa juventude – com a saúde dos brasileiros. Depois de anos de avanços do combate ao tabagismo, voltamos a ver números que assustam.
Olha, o Brasil fez um trabalho lindo, maravilhoso, respeitado no mundo inteiro. Dos anos 60 para cá, o Paim bem se lembra disso, nos anos 50, 60, na televisão, nos filmes, todos os artistas usavam cigarro, um charme, faziam aquelas baforadas de cigarro. Em qualquer filmezinho, de qualquer país, americano ou francês, ou italiano, tinha os artistas principais com o cigarro na boca. E isso esparramou para toda a juventude da época, o prazer de fumar, todo mundo fumava. Na minha família, todo mundo fumava, meu pai fumava cigarro de palha, aquela coisa de louco.
E foi um programa suave feito pelo Ministério da Saúde, ao longo dos anos, que teve um resultado fantástico, mas nesse meu discurso aqui hoje eu vim mostrar que temos que tomar cuidado, porque a coisa está piorando. Foi feito um trabalho e nós não podemos jogar fora, é um trabalho maravilhoso para o bem da saúde das pessoas e para a economia do SUS, que as consequências são enormes do uso do cigarro. Durante o discurso, vocês ouvirão.
Eu estava falando aqui que voltamos a ter números que assustam. O número de fumantes no Brasil aumentou quase 25% em um ano. Olha bem uma coisa dessa, 25% de aumento do número de meninos ou jovens fumando. E 2,6% dos adultos já usam hoje cigarro eletrônico. Quase 3% dos adultos usam cigarro eletrônico, fazendo charminho na rua com aquele troço horroroso na boca.
Então, 2% ou 3%. Quase 24% dos jovens de 18 a 24 anos já experimentaram esse chamado... eles chamam de vape. Então, quase 24% já experimentaram – isso não quer dizer que estão dando seguimento. Entre adolescentes de 13 a 17 anos, quase 17% já usaram esse bendito cigarro eletrônico!
Senhoras e senhores, estamos diante de uma epidemia silenciosa – olhe bem, é uma epidemia silenciosa; quando assustar, o estrago estará feito. Os cigarros eletrônicos parecem inofensivos, com cheirinho de fruta – eles têm cheiro de fruta –, eles têm embalagem muito bonita, bem colorida; são vendidos pela internet sem controle – embora a Anvisa não os tenha liberado até hoje –, mas são armadilhas para nossos jovens.
Um único cigarro desse, um tal de vape, pode conter um teor de nicotina até 400 vezes maior que um cigarro comum – um cigarro daquele, um charutão desse eletrônico. Já temos casos no SUS de jovens com pulmões gravemente lesionados. A doença, de nome Evali, lesão pulmonar grave causada por uso de cigarros eletrônicos – já tem uma doença nova –, é um tipo de uma bronquiolite, uma bronquite, um tipo de asma, uma irritação pulmonar.
E qual é o custo dessa brincadeira de aumentar em 25% o número de fumantes no Brasil? Quanto custa isso? Custa aproximadamente, pelas pesquisas projetadas, R$150 bilhões de despesas a mais. Isso mesmo, R$150 bilhões de gastos com doenças relacionadas ao fumo, perda de produtividade, impactam o Sistema Único de Saúde.
Gente, quem já viu uma pessoa portadora de enfisema pulmonar crônico, também chamada doença obstrutiva crônica? Na pessoa que fuma há um cansaço, a falta de ar, a voz difícil, a dificuldade para respirar, o chiado no peito. Isso tudo são consequências do uso gradativo do cigarro: a falta de ar; o emagrecimento, a pessoa come, come e não consegue ganhar peso, fica magra; torna-se um tossidor – passa a noite inteira tossindo –, perturba o vizinho, perturba a família, tudo por causa do cigarro.
Isso é lento, vai destruindo os alvéolos pulmonares, vai destruindo por dentro o pulmão da pessoa. O pulmão é uma árvore, uma árvore com muitos galhinhos que vão se ramificando, e vão se fechando essas vias respiratórias.
Para cada real arrecadado com o imposto do cigarro, gastamos cinco para tratar as doenças. É um negócio péssimo! Você ganha de imposto R$1 e gasta R$5. Isso é um programa nem sei de quê, de idiota!
Por isso, eu quero anunciar três projetos de lei que apresentei como prioridade: o fim dos aromas e embalagem chamativa; cortar esse cheiro, essa coisa cheirosa, parece que não faz mal – "é tão cheirosinho, então, não faz mal!". Vamos proibir essências doces, frutadas, mentoladas; embalagem simples, igual a todos os produtos com nicotina, isso afasta o apelo dos jovens.
Educação nas escolas – vamos tornar obrigatória, a partir do sexto ano, a abordagem dos riscos do cigarro e do uso dos vapes. Informação clara, precoce e contínua.
Responsabilização das plataformas digitais – apps de entrega, marketplaces e e-commerce terão que comprovar a origem legal e impedir a venda indiscriminada de nicotina na internet.
Além disso, defendo com firmeza a decisão da Anvisa de manter a proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil. A Anvisa proibiu, mas a coisa está frouxa aí: compra-se pela internet, pelas plataformas, ninguém vê, ninguém sabe, e vai levando, e vai comprando, e todo mundo tem. Fácil, fácil! Temos que proteger o que construímos e não podemos perder nossos jovens para o vício.
Sr. Presidente, eu já fui médico no passado – tem muito tempo que eu parei – e eu sei o que é isso aqui. Eu tenho o exemplo em casa mesmo, com irmãos e pai fumantes. É uma tragédia.
O combate ao tabaco é uma causa de saúde pública, é uma causa humana, é uma causa urgente e também é uma causa econômica. Vocês viram aí o custo desse gasto.
Sr. Presidente, o meu discurso foi bem rapidinho, mas eu anotei aqui alguns pontos aos quais eu gostaria de fazer um pequeno complemento sobre a situação que nós estamos vivendo aqui, no Brasil, de muito medo do tarifaço do Presidente americano. A gente fica se perguntando se isso vai prejudicar muita gente. O Governo já lançou uma medida provisória de alguns bilhões de crédito para as empresas que necessitarem, que foram atingidas pelo tarifaço. Então, sabe-se desse desmonte e do pensamento do Presidente americano: a América é para os americanos; vamos expulsar os imigrantes; tirar os aproveitadores daqui, 11 milhões de limpadores de chão, cortadores de grama, carregadores de peso – o nosso povo lá faz é isso –; vamos expulsar esse povo daqui. Será que ele vai dar conta de expulsar? Quem vai fazer esse serviço pesado lá, nos Estados Unidos? Eu quero saber quem vai fazer, se não são os haitianos, os brasileiros, os hondurenhos, nós todos da América Latina, os mexicanos.
Então, vem esse tarifaço. Eu vejo que todo mundo está preocupado, eu vejo os jornais, falando isso toda hora, na primeira página, na segunda página, tudo é cheio desse tarifaço e suas consequências. E nós não sabemos se vai ser ruim para os americanos também, porque vai aumentar a inflação deles, nem o Presidente Trump sabe de nada, mas ele está querendo que o mundo todo venha socorrer os déficits que ele tem lá. "Vamos tomar dinheiro desses idiotas desse mundo todo aí? Vamos tarifar bem alto para voltar dinheiro para a América voltar aos seus tempos depois da Segunda Guerra Mundial. Vamos enriquecer, vamos enriquecer todo mundo. Eu quero todo mundo rico. Se os outros vão ficar pobres, não me interessa. Quero aqui para nós, americanos em primeiro lugar do mundo." Tudo bem! Ele tem lá suas razões patrióticas, populistas. Mas nós devemos aproveitar a oportunidade de não sofrer tanto.
Eu acho que há até intromissão. O cara está entrando até no Pix do Brasil. Não pode ter Pix porque pode atrapalhar o cartão de crédito dele. Veja bem uma coisa dessa! Pix não pode ter, não. Ninguém pode criar nada novo no mundo, não, porque pode atrapalhar uma empresa americana. De jeito nenhum! Ele está contrário a tudo, não é? Até em decisão do Supremo ele quer interferir, quer mexer nisso, naquilo e no outro, criticando um mundo de coisas que o Brasil tem feito. Ele critica até a Vinte e Cinco de Março, em São Paulo; quer que feche a Vinte e Cinco de Março. Caramba, daqui a pouco o que ele vai fazer aqui? Quer interferir até no movimento da Vinte e Cinco de Março. Então, por aí você vê o amor que esse povo tem pelo Brasil.
Então, quem vai resolver o problema brasileiro não é ninguém do mundo, não, somos nós mesmos, é este Congresso aqui. Somos nós que temos que cuidar dos nossos empresários. Este país é muito pesado para o empresariado exportar. Nós temos que facilitar a vida do empresariado, aproveitar este momento difícil e votar coisa boa aqui dentro desse Congresso e ajudar o Presidente Lula aí. Vamos votar o que é preciso votar para facilitar a vida. Vamos regulamentar a reforma tributária, para que o pessoal nosso, os empresários, possa vender para outro lugar do mundo. Estamos vendendo bem para a Argentina aqui, mas vamos vender para o Peru, vamos vender para a Bolívia. É a política de vizinhança. Por que virar as costas para vizinhos tão próximos daqui? Nós não podemos ficar confiando muito no chinês, não. Não é só China, China, China, não. A gente não sabe também como é que fica esse pessoal. Eles estão também pensando neles.
Então, nós temos que abrir é para o mundo todo. Vamos lá atrás da Índia. Tem indiano demais para comer, tem bilhões de indianos. Vamos procurar o Paquistão, vamos procurar outras frentes comerciais, pois facilita a vida do empresário. O mercador abre estrada. Não é o Governo ou algo que vai lá no Paquistão, vai lá na Índia. Ele pode até fazer uma visita diplomática, mas quem vai tratar com o empresário mesmo, levar as mercadorias, como a soja, a nossa carne, o café, o cacau e o minério nosso, é o Gerdau, é a turma que produz. Então vamos facilitar a vida dos produtores, dos empresários brasileiros, para que eles possam abrir caminhos para as Índias, como Portugal fez em 1500, o caminho das Índias. Vamos buscar o caminho das Índias e soltar nosso empresariado no mundo. E aí vamos achar outros compradores. Não vamos ficar atrelados a dois, a três, não, não é? Então, esse assunto de Brasil, nossas dores, nosso sofrimento, do nosso tudo aqui somos nós que temos que tomar conta, nós que temos que resolver. A Grécia fez o trabalho dela. Em 2010, ela afundou até a tampa. Ela deu choques internos lá, saiu, e já está respirando sem aparelho. Isso é muito importante.
Então, era essa introdução, esse comentário breve com que eu gostaria de complementar o meu discurso central, que é contra o cigarro. Eu quero que os pais e mães dessa meninada que está me ouvindo aí realmente observem bem esses meninos com esse problema de cigarro eletrônico. O cigarro eletrônico é um modismo destrutivo. Se quiser matar o seu pessoal é deixá-los fumar cigarro eletrônico. Um dia, todo mundo estará aí com um balão de oxigênio para dormir. Escutem o que eu estou falando. Em algum dia, vocês vão se lembrar de mim. Quando estiver com um balão de oxigênio na cabeceira da cama para o seu fulano de tal respirar, aí vocês vão lembrar do meu discurso de hoje.
Muito obrigado.