Discurso proferido da Presidência durante a 15ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada à abertura da II Cúpula Parlamentar de Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe. Considerações sobre a COP 30, em Belém (BA). Comentários sobre a valorização dos povos indígenas, da necessidade de financiamento internacional e do protagonismo dos Parlamentos na criação de leis ambientais e sociais para enfrentar a crise.

Autor
Jaques Wagner (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Jaques Wagner
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso proferido da Presidência
Resumo por assunto
Energia, Meio Ambiente, Mudanças Climáticas, População Indígena, Relações Internacionais:
  • Sessão solene destinada à abertura da II Cúpula Parlamentar de Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe. Considerações sobre a COP 30, em Belém (BA). Comentários sobre a valorização dos povos indígenas, da necessidade de financiamento internacional e do protagonismo dos Parlamentos na criação de leis ambientais e sociais para enfrentar a crise.
Publicação
Publicação no DCN de 07/08/2025 - Página 30
Assuntos
Infraestrutura > Minas e Energia > Energia
Meio Ambiente
Meio Ambiente > Mudanças Climáticas
Política Social > Proteção Social > População Indígena
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CUPULA PARLAMENTAR DE MUDANÇA CLIMATICA E TRANSIÇÃO JUSTA, OBSERVATORIO PARLAMENTAR DE MUDANÇA CLIMATICA E TRANSIÇÃO JUSTA (OPCC), AMERICA LATINA, CARIBE, REGISTRO, CONFERENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA (COP), SEDE, BELEM (PA), COMENTARIO, VALORIZAÇÃO, COMUNIDADE INDIGENA, INCLUSÃO SOCIAL, PROTEÇÃO, BIODIVERSIDADE, DEFESA, FINANCIAMENTO, AMBITO INTERNACIONAL.

    O SR. PRESIDENTE (Jaques Wagner. Bloco/PT - BA. Para discursar - Presidente.) – Mais uma vez, bom dia a todos. Sejam muito bem-vindos.

    Eu quero, por uma questão de justiça, parabenizar toda a equipe do Senado brasileiro, a equipe técnica, porque nós tivemos que fazer uma mudança do local do evento, e muito rapidamente eles adequaram todo esse espaço para que a gente pudesse ter sucesso na nossa reunião.

    Cito agora as presenças que nos honram muito. Encarregados de negócios e representantes diplomáticos dos seguintes países e embaixadores: do Chile, da Dinamarca, do Haiti, da Palestina e da Rússia; a Sra. Coordenadora Residente das Nações Unidas no Brasil, Silvia Rucks; o Sr. Deputado do Estado da Bahia, Marcelino Galo. E as delegações que também nos prestigiam neste evento: a Exma. Sra. Presidente do Senado de Belize, Senadora Carolyn Trench-Sandiford; a Sra. Senadora da Argentina, Edith Terenzi; a Sra. Senadora da Bolívia, Cecilia Requena; o Sr. Senador do Chile, Alfonso de Urresti Longton; o Sr. Senador do Chile, David Sandoval Plaza; Sr. Senador do Chile, Ricardo Lagos Weber; a Sra. Senadora do México, Alma Caroline Viggiano Austria; o Sr. Deputado Federal Airton Faleiro, do Brasil; o Sr. Deputado da Costa Rica Carlos García; o Sr. Deputado da Costa Rica Leslye Rubén Bojorges León; o Sr. Deputado da Guatemala, César Augusto Amézquita Del Valle; a Sra. Deputada da Índia, Deepti Maheshwari Singhvi – desculpe-me se a pronúncia não foi correta –; o Sr. Deputado da Índia, Gaurav Singh Pardhi; o Sr. Deputado do Paraguai, Christian Gabriel Brunaga Rotela; o Sr. Deputado do Paraguai Héctor Ruben Figueredo Notario; o Sr. Deputado do Paraguai Yamil Esgaib; a Sra. Deputada do Peru, Magally Santisteban Suclupe; a Sra. Deputada do Peru, Margot Palacios Huamán; a Sra. Deputada do Uruguai, Elianne Castro; Sr. Deputado do Uruguai, Juan José Olaizola; Sra. Deputada do Uruguai, Sylvia Ibarguren Gauthier; membro do Parlamento da República de Trindade e Tobago, Sra. Pennelope Beckles-Robinson; representante da Assembleia Nacional da República do Equador, Maria Veronica Iñiguez Gallardo; representante da Câmara de Representantes da Colômbia, Juan Carlos Lozada; Sr. Presidente do Parlamento Andino, Gustavo Pacheco Villar; Sr. Presidente do ParlAméricas, Senador Iván Flores Garcia; Sr. Presidente do Parlatino, Deputado Rolando González Patricio; membro do Parlamento do Mercosul, Sra. Deputada Cecilia Nicolini; enviado especial das Ilhas Virgens Britânicas, Sr. Benito Wheatley; também presente o Deputado Pedro Uczai, do Brasil; e a Senadora Teresa Leitão, também Senadora do Brasil.

    Bom, eu vou falar palavras de abertura e depois passarei a palavra aos demais componentes da mesa.

    Prezados colegas Parlamentares da América Latina, do Caribe e da Índia, ilustres representantes da sociedade civil, senhoras e senhores, é com profunda honra que me dirijo a todos vocês nesta manhã em Brasília para a abertura desta II Cúpula Parlamentar de Mudança Climática e Transição Justa. Como Senador da República, membro-fundador do OPCC e Líder do Governo do Presidente Lula no Senado Federal, vejo neste momento uma oportunidade histórica para que nós, legisladores de nossa região, assumamos o protagonismo no enfrentamento de uma das maiores crises de nosso tempo.

    Este é um momento de inflexão: os eventos climáticos extremos se multiplicam, as comunidades mais vulneráveis sofrem desproporcionalmente e os custos da inação se tornam exponencialmente maiores.

    Vivemos uma transformação fundamental na ordem global. Como disse o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "[...] o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática", mas deve ser um multilateralismo renovado e mais inclusivo.

    A liderança do Sul Global emerge por necessidade histórica. Somos os mais afetados pela crise climática que não criamos, mas somos também os detentores das soluções. A América Latina e o Caribe abrigam 60% da biodiversidade mundial e florestas essenciais para a regulação climática global.

    É chegado o momento de uma COP guiada pelo Cruzeiro do Sul – pela luz que emerge do Sul do globo. A COP 30 em Belém será orientada pelas cinco estrelas do Cruzeiro do Sul, simbolizando os pilares da ação climática: mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação.

    O Brasil retomou seu protagonismo ambiental. Reduzimos o desmatamento da Amazônia em mais de 50% em dois anos e apresentamos uma das NDCs mais ambiciosas do mundo, de até 67% de redução de emissões de gases de efeito estufa até o ano de 2035.

    Mas nossa liderança vai além dos números. Ela se fundamenta numa visão que coloca a vida no centro e reconhece que não há futuro sustentável sem justiça social. A transição justa não é apenas um conceito técnico; é um imperativo ético. Significa que ninguém deve ser deixado para trás na transformação necessária de nossas economias, especialmente os trabalhadores e trabalhadoras de indústrias de alta emissão e as comunidades vulneráveis.

    Devemos reconhecer o papel fundamental dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Embora representem 6% da população global, protegem 80% da biodiversidade remanescente, mas recebem menos de 1% do financiamento climático. A COP 30, em Belém, deve ser um momento de reconhecimento pleno de seus direitos e saberes.

    Como Legisladores, temos responsabilidades insubstituíveis. Transformamos compromissos internacionais em leis nacionais. Aprovamos orçamentos ambientais e fiscalizamos o cumprimento dos acordos. O Observatório Parlamentar de Mudança Climática já demonstrou, em COPs anteriores, a força das vozes de Parlamentares unidas.

    Precisamos fortalecer nossa articulação. Nossos Parlamentos devem ser espaços de inovação legislativa para energias renováveis, proteção de florestas, economia circular e direito das futuras gerações.

    É essencial ressaltar que não há transição justa sem financiamento adequado. As nações estabeleceram uma nova meta de financiamento climático em 2024, comprometendo-se a destinar pelo menos US$300 bilhões por ano para ações climáticas nos países em desenvolvimento até 2035. As nações desenvolvidas concordaram em assumir a liderança no cumprimento dessa meta, mas as necessidades reais são previstas em cerca de US$1,3 trilhão anuais até 2035.

    Precisamos de compromisso, inclusive econômico, de todos e principalmente daqueles países mais ricos, que podem e devem contribuir mais. O Presidente da COP, o Sr. Embaixador André Corrêa do Lago, fala em um mutirão global para enfrentar a crise climática. Esse conceito brasileiro traduz o espírito que deve nos guiar: esforço coletivo e solidário.

    Como Parlamentares, somos a ponte entre a sociedade e o Estado, entre demandas locais e compromissos globais. Conclamamos nossos colegas a assumirem compromissos concretos, a aprovarem leis significativas que apoiem a transição justa e garantam um futuro sustentável; garantir recursos adequados para políticas climáticas; incluir efetivamente os mais vulneráveis nas decisões; fortalecer nossa articulação regional.

    Companheiros e companheiras, somos a geração que pode mudar o rumo da crise climática. Representamos a região mais biodiversa do planeta. Temos soluções baseadas na natureza e tradições democráticas sólidas.

    Liderança não se declara, se conquista com ação. Que possamos sair daqui com uma agenda comum, metas concretas e a determinação de quem sabe que o tempo da retórica já passou. A América Latina e o Caribe devem ser protagonistas da transição justa global.

    Guiados pela luz do Cruzeiro do Sul, iniciamos esse mutirão global pela vida, pela justiça e pela sustentabilidade. Nossos povos esperam essa liderança. As futuras gerações dependem da nossa coragem.

    Muito obrigado, e que tenhamos dois dias de trabalho transformador. (Palmas.)

    Registro também a presença da Senadora do Brasil, representante do Distrito Federal, Leila Barros, que já foi Presidente, como eu, da Comissão de Meio Ambiente do Senado da República; e do Deputado Bohn Gass, Deputado brasileiro, que também nos acompanha. (Pausa.)

    E também do Sr. Deputado da Guatemala, César Augusto Amézquita Del Valle.

    Son muchos los papeles. (Pausa.)

    Quiero hablar un poquito en la lengua mayoritaria de América Latina y Caribe.

    Convido para fazer uso da palavra o Sr. Deputado Federal Nilto Tatto, requerente também desta sessão.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 07/08/2025 - Página 30