Discurso durante a 88ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Sessão de premiações e condecorações destinada à entrega da Comenda Santa Dulce dos Pobres. Celebração dos agraciados com a referida comenda. Relato de experiência pessoal, na infância, com Irmã Dulce.

Autor
Damares Alves (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/DF)
Nome completo: Damares Regina Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assistência Social, Homenagem, Religião:
  • Sessão de premiações e condecorações destinada à entrega da Comenda Santa Dulce dos Pobres. Celebração dos agraciados com a referida comenda. Relato de experiência pessoal, na infância, com Irmã Dulce.
Publicação
Publicação no DSF de 13/08/2025 - Página 33
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Assistência Social
Honorífico > Homenagem
Outros > Religião
Indexação
  • SESSÃO DE PREMIAÇÕES E CONDECORAÇÕES, ENTREGA, COMENDA, IRMÃ DULCE, REGISTRO, AUDIENCIA PUBLICA, Comissão de Assuntos Sociais (CAS), DOENÇA RARA, ESCLEROSE MULTIPLA, ESCLEROSE LATERAL AMIOTROFICA (ELA), ATUAÇÃO, ASSOCIAÇÕES, LUTA, POLITICAS PUBLICAS, SAUDE.

    A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para discursar.) – Obrigada, Presidente. Muito obrigada. (Fora do microfone.)

    Presidente, nessa direção, ontem nós tivemos uma audiência pública aqui no Senado exatamente sobre a doença. E nós reunimos ontem as instituições que lidam com o tema, especialistas, médicos... Ontem ficou clara uma coisa: as instituições, as associações e a sociedade civil têm um papel tão importante na luta para colocar a esclerose na mesa, todos os dias, no debate nesta Casa, no Executivo, no Judiciário. A audiência ontem mexeu com o nosso coração e a gente segue firme nessa luta. E eu sei que a gente pode contar muito com o senhor.

    Mas, Presidente, o que me traz à tribuna hoje é dizer aos agraciados: parabéns! Parabéns! Vocês não têm ideia de como foi difícil selecioná-los, porque todos os indicados, todos, mereciam este prêmio. Mas o dia da escolha, Senador Girão... Têm acontecido aqui no Senado momentos épicos, um deles foi o dia da escolha, porque nós temos essa coordenação. E aqui eu quero cumprimentar os servidores da Casa pelo amor e pelo carinho com que eles conduzem esse processo – e eu faço parte do processo. Mas sabe o que está acontecendo? Os Senadores que indicam estão fazendo lobby aqui dentro do Plenário, e é uma briga de amor, não é, Senador Girão? Vocês não têm ideia como quem vai votar tem sido abordado para mensurar amor, o que é impossível, não se mensura, não se mede amor. Aí quando a gente senta na hora do processo, a gente vê lágrimas nos olhos dos servidores que estão conduzindo, porque eles fazem assim: "Senadora, são todos tão espetaculares". E na hora de a gente escolher, vocês não têm ideia da dificuldade. E a gente começa a ler o trabalho de cada um dos senhores e a gente se emociona muito. Como eu queria ter todos os prêmios do mundo para poder oferecer aos senhores. Parabéns!

    Alguns deles eu conheço, pessoalmente, e eu quero me referir ao Frei Hans, meu amigo, este homem que me inspira.

    Conheço as obras de perto, estive com ele nas obras, acompanho, estamos juntos nessa luta há anos, e ele aqui, dentro do Congresso, vem e afronta alguns, quando diz assim: "Por que querem legalizar as drogas? Vão lá conhecer as pessoas que eu estou tirando das drogas".

    Na pandemia, Frei Hans foi essencial no acolhimento aos moradores, às pessoas em situação de rua do Brasil inteiro; abriu as suas instituições para recepcioná-los.

    Sou apaixonada pelo seu trabalho, Frei Hans – apaixonada!

    Conheço o Dr. Henrique; quem não conhece o Dr. Henrique no Brasil? E, aí, a gente concede o prêmio a ele, e claro que agora eu vou fazer para ele uma proposta: traga o Hospital de Amor para Brasília, correndo, por favor!

    Que Deus abençoe o Dr. Henrique!

    Mas agora eu tenho um lugar para visitar no Ceará, Senador Girão. Se eu não tinha motivo para ir ao Ceará, agora eu tenho, para visitar a Associação Peter Pan. Vi o trabalho que os senhores fazem, da mesma forma agora, lá na Paraíba. Vou ter que ir conhecer a Comunidade Filhos da Misericórdia.

    Li o currículo da Fundação São Padre Pio e fiquei impressionada com o trabalho dos senhores.

    A Fundação Altino Ventura, lá em Pernambuco... E quando vieram pedir voto, Senador, para a Fundação Altino Ventura, contaram-me a história, desde a origem, e todo o trabalho que fazem. Fizeram um lobby, um lobby muito bem-feito, e nos fizeram nos apaixonar pela fundação.

    A Obra Social Dona Meca, lá do Rio de Janeiro... Pergunto o que o Portinho fez aqui dentro por causa dessa obra social.

    Que briga boa, Senador Girão! Se tem uma briga boa neste Congresso, tem sido essa briga.

    Mas eu encerro dizendo aos senhores: eu não sei se todos os senhores tiveram a honra, a graça de ter conhecido Santa Dulce dos Pobres. Eu tive essa graça aos 11 anos de idade, e ela mudou a minha vida. Eu sou uma pastora que falo isso de Santa Dulce dos Pobres.

    Meu pai era um pastor humilde no interior da Bahia, e nós tínhamos um senhorzinho que a gente cuidou; ele faleceu e deixou o único bem dele dividido entre a igreja de que meu pai era o pastor e a Irmã Dulce. E um dia – a gente não sabia – chegou um advogado e falou: "Olha, tem que resolver esse inventário e tem que ir lá conversar com a Irmã Dulce".

    Eu tinha 11 anos, eu tinha passado por um processo de dor e sofrimento. Todos conhecem a minha história: eu sou vítima do estupro, da pedofilia, eu fui abusada de forma cruel dos seis aos oito anos de idade; aos dez anos eu tentei suicídio, quando eu tive o encontro com Jesus.

    Eu estava no processo de cura. Eu tinha 11 anos – muitas dores –, e meu pai tinha que conversar com a Irmã Dulce. Saí de Feira de Santana para ir para Salvador, e eu pedi para ir naquele carro.

    Deus estava reservando aquele meu encontro: uma menininha machucada, cheia de dores ainda, e uma freira aguerrida e, assim, gente, brava, tá? As pessoas falam muito da ternura; eu vi autoridade, determinação na Santa Dulce, e ela recebeu meu pai, um pastor pentecostal – ela, tão ocupada...

    Eu me lembro de que a gente fez um trajeto na calçada onde estava sendo construído o hospital, e as pessoas tocavam nela e a reverenciavam.

    Eu sei que tinha gente que ia para aquele hospital não era em busca da cura física; era da cura interior.

    E eu fui uma menininha. Ela olhou para mim, eu não sei o que os anjos disseram à Santa Dulce, mas ela me abraçou de uma forma espontânea. A filhinha do pastor pentecostal ela abraça, que não tinha nada a ver com a conversa com os advogados, e a Irmã Dulce me inspirou a partir de então. E a minha vida... Eu chego aqui, Senador.

    Todo mundo conhece a Damares guerreira, filha de pastor, pastora, mas poucas pessoas conhecem a minha história com a Irmã Dulce. E digo aos senhores: receber um prêmio com o nome de Santa Dulce dos Pobres, acreditem... Eu sei que vocês não fazem nada por mérito, mas acreditem: os céus contemplaram os senhores com essa comenda. Os senhores são merecedores de terem esse prêmio, e o levem com orgulho.

    Fizemos o nosso papel como Senadores, mas esse prêmio, acreditem, é um carinho dos céus com os senhores. São os anjos dizendo aos senhores: "Obrigado. E não desistam do trabalho dos senhores".

    Parabéns, Girão, pela iniciativa. Senador Fernando, parabéns. Que Deus abençoe vocês!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/08/2025 - Página 33