Pronunciamento de Marcio Bittar em 12/08/2025
Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Alerta sobre riscos à soberania nacional e à credibilidade do Brasil, com denúncia de entrada de aeronave russa supostamente envolvida em operações de transporte de material bélico no Aeroporto Internacional de Brasília. Críticas à política externa do Governo Lula por, segundo S. Exa., manter alinhamento com regimes autoritários. Considerações negativas acerca do regime comunista.
- Autor
- Marcio Bittar (UNIÃO - União Brasil/AC)
- Nome completo: Marcio Miguel Bittar
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Assuntos Internacionais:
- Alerta sobre riscos à soberania nacional e à credibilidade do Brasil, com denúncia de entrada de aeronave russa supostamente envolvida em operações de transporte de material bélico no Aeroporto Internacional de Brasília. Críticas à política externa do Governo Lula por, segundo S. Exa., manter alinhamento com regimes autoritários. Considerações negativas acerca do regime comunista.
- Aparteantes
- Eduardo Girão.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/08/2025 - Página 53
- Assunto
- Outros > Assuntos Internacionais
- Indexação
-
- REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES, APRESENTAÇÃO, MAURO VIEIRA, EMBAIXADOR, MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE), JOSE MUCIO MONTEIRO, ESCLARECIMENTOS, MINISTERIO DA DEFESA, AUTORIZAÇÃO, PEDIDO, POUSO, AERONAVE ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, RUSSIA, PUNIÇÃO, SANÇÃO, AMBITO INTERNACIONAL, TRANSPORTE DE CARGA, TRIPULANTE, OBJETIVO, OPERAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL.
- ANALISE, INSUCESSO, IMPLEMENTAÇÃO, REGIME POLITICO, IDENTIFICAÇÃO, IDEOLOGIA, NATUREZA POLITICA, COMUNISMO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, CUBA, COREIA DO NORTE.
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC. Para discursar.) – Sr. Presidente Laércio, é um prazer ocupar esta tribuna com a sua pessoa na Presidência. Muito obrigado a todos. Cumprimento os Senadores e as Senadoras.
Senador e colegas, o que me traz à tribuna é uma profunda preocupação com os rumos do nosso país. Em fevereiro, começo de 2023, o Brasil já recebeu, mesmo tendo sido alertado de que não deveria, mesmo assim, recebeu navios de guerra iranianos, e até hoje estamos sem uma explicação do que foi que esses navios vieram aqui fazer no litoral brasileiro.
E agora uma denúncia, um outro fato grave, para que o Brasil possa se debruçar e tentar entender o que é que está acontecendo. Hoje eu quero denunciar e exigir explicações, Sr. Presidente, sobre um fato que afronta a soberania nacional, a segurança do nosso povo e a credibilidade internacional do Brasil.
No último dia 10 de agosto, poucos dias atrás, pousou no Aeroporto Internacional de Brasília, aqui, nossa capital, uma aeronave russa, modelo IL-76TD, matrícula RA-78765. Essa aeronave é sancionada pelos Estados Unidos por envolvimento em operações logísticas obscuras, quais sejam, transporte de material bélico para regimes como o da Coreia do Norte e apoio logístico à ditadura venezuelana – a mesma aeronave. Uma aeronave com esse histórico não entra em qualquer país democrático sem um rigoroso escrutínio, mas, no Brasil de hoje, entra e sai como se estivéssemos falando de um voo de turismo.
Diante dessa gravíssima ocorrência, apresentei requerimento de informação dirigido tanto ao Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira, quanto ao Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, para que expliquem, de forma clara e inequívoca, primeiro, quem autorizou a entrada dessa aeronave; qual era o propósito oficial dessa operação; que tipo de carga e tripulantes foram transportados; e se foram seguidos os protocolos de segurança compatíveis com um avião sob sanção internacional.
O que vemos é um Governo que se diz defensor da democracia, mas que mostra complacência com regimes autoritários e operações suspeitas. Essa complacência não é neutralidade, é cumplicidade. O Brasil não pode ser o quintal de regimes que afrontam a liberdade e a ordem internacional. Essa aterrissagem sem explicação simboliza a perigosa indefinição da política externa atual, um Governo que prefere se alinhar a tiranias em nome de um suposto pragmatismo diplomático.
Não aceitaremos respostas evasivas, Sr. Presidente. Queremos transparência total. A integridade diplomática e a soberania do Brasil não podem ser moeda de troca para acordos obscuros. Nossa história, construída com sangue e sacrifício por gerações que lutaram pela liberdade, não pode ser manchada por um Governo que flerta com regimes inimigos da democracia.
Estamos aqui para defender o Brasil e defenderemos até o final. Portanto, eu espero que as respostas do Governo Federal venham de forma clara e inequívoca.
Mas, além disso, Sr. Presidente, mais uma vez vou aqui pontuar: os regimes comunistas que se instalaram, por exemplo, em Cuba e na Venezuela, seguiram a mesma trilha ideológica. E aí eu lembro que alguém que é candidato à Presidência, de esquerda, como a Luciana Genro, quando contestada, apresentada a regimes comunistas que faliram, que quebraram o país, que deram errado, como todos eles deram, dizia o seguinte: "Marx deve estar se revirando no túmulo". É conversa fiada para boi dormir, ou para quem nunca leu Marx, ou para quem nunca estudou isso.
Eu tive essa oportunidade de estudar e ler Marx. A receita é a mesma. Quem disse, nos seus escritos, que o primeiro passo é o socialismo e que no primeiro passo do comunismo, chamado socialismo, você elimina os adversários, implanta a política do partido único, foi Marx. Então, eles seguiram a mesma cartilha. O fim da propriedade privada, o fim da política da valorização do mérito pessoal pelo coletivismo, a interferência do Estado na economia, o fim do livre mercado – a receita é a mesma. Portanto, Fidel Castro seguiu a receita marxista e quebrou o país.
Um conhecido meu passou dois anos em Cuba, comeu carne um dia em dois anos. Um país que não tem papel higiênico. Os médicos que saíram de Cuba e vieram para o Brasil só voltaram porque eram obrigados, porque senão seus parentes, ainda residentes em Cuba, sofreriam as represálias do Governo, que fiscaliza todo mundo, como é na China. Quebraram o país. Mas é claro que Fidel dizia que a culpa era de quem? Dos Estados Unidos. A culpa não era deles, que adotaram o outro regime; não, a culpa era dos Estados Unidos. É fácil culpar os outros pelos seus próprios erros.
Venezuela, década de 80, maior reserva – ainda é –, a maior reserva de petróleo do planeta. Parecida com o Brasil, né? Com potencial valiosíssimo de recursos naturais, adotou o regime marxista-leninista: fim da propriedade privada, intromissão do Estado na economia, o fim da liberdade individual, a política do partido único, a eliminação do adversário. A mesma receita quebrou o país. O país que ainda tem a maior reserva de petróleo do mundo, quebrado, falido.
Cuba e Venezuela: as pessoas não querem ficar lá. Cuba, por exemplo: tem quase 20% de cubanos, no mundo, que fugiram de Cuba, que se arriscam, arriscam a sua vida numa travessia perigosíssima, para fugir da miséria, da perseguição e da tirania naquela ilha. A mesma coisa com os venezuelanos. Qual brasileiro já não viu, num ponto, numa esquina, num sinal, venezuelanos pedindo ajuda, pelo amor de Deus? Isso no Brasil inteiro. Olhem a nossa divisa, Roraima: tem quase 100 mil venezuelanos lá dentro.
Portanto, a adoção, a opção pelo regime comunista quebra o país. Mas a culpa, claro, não é do Hugo Chávez, não é do Maduro, Sr. Presidente; a culpa é dos Estados Unidos. Parece que está acontecendo a mesma coisa no Brasil, né? Aqui, o quinto Governo do PT, o sétimo Governo da esquerda – ou o Fernando Henrique Cardoso é de direita? Claro que não é.
Então, no sétimo Governo, o quinto Governo do PT, Lula tirou o verniz que tinha nos primeiros. Ele sempre foi isso. Foro de São Paulo: a política organizada do movimento de esquerda comunista para implantar o comunismo na América Latina. E agora, no quinto mandato, ele se coloca de forma clara, inequívoca, ao lado dos inimigos da democracia: China, Rússia, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, tudo o que não presta, Irã, Hezbollah, grupos terroristas.
Aliás, Sr. Presidente, eu acho interessante... Quem aqui não tem parente, amigo, de esquerda, não é? Conversando com um grande amigo meu, eu dizia a ele assim: "Se você for fazer uma passeata LGBTQIA+ você faz lá no Irã?". Não faz, porque não pode fazer. Agora, em Israel pode. Porque o regime democrático, único naquela região, é Israel, que une democracia, capitalismo e valor cristão, que prega tolerância. Portanto, eu posso não concordar com o que você pensa, mas aceito que você faça e protejo que você faça passeata no meu país.
Aí o Brasil de Lula se alia a tudo o que não presta, segue o mesmo receituário de Cuba...
(Soa a campainha.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC) – ... e da Venezuela, num consórcio, não com todos, mas com vários Ministros do Supremo Tribunal Federal, numa caça aos adversários. Ou o que acontece com o Bolsonaro não é a tentativa de eliminar o adversário? Claro que é! Claro que é! Prenderam um homem, na sua casa, que não cometeu crime nenhum. Se Bolsonaro tivesse tirado, Sr. Presidente, esse copo d'água, já tinha sido descoberto, porque nenhum brasileiro, em época nenhuma, foi mais perseguido, mais vasculhado do que o Presidente Bolsonaro. Não se trata de crime, Sr. Presidente; na verdade, o crime de Bolsonaro foi levantar a voz contra o sistema, portanto é a mesma política: o Estado interferindo na economia, as estatais dando prejuízo de novo, escândalos, de novo, de corrupção, de roubalheira.
Portanto, no quinto Governo do PT...
(Soa a campainha.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC) – Termino, com a sua tolerância, Sr. Presidente.
No quinto Governo do PT – e dessa vez sem verniz, sem disfarce –, Lula, com os seus partidos, PT, Psol, seus satélites, adotam a mesma batuta de Cuba, da Venezuela, que faliram esses países, mas a culpa não é do Lula, a culpa não é do PT, a culpa não é do Presidente da República, a culpa não é do Haddad. Claro, a culpa é dos Estados Unidos, que, ao reagirem a uma tirania que invade até o território, e aí sim, a soberania norte-americana... Claro, o Lula prefere achar culpados lá fora para os erros pelos quais ele próprio é responsável.
Se o Presidente tiver a tolerância cristã de me permitir que dê um aparte ao ...
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Nesse minuto final, Presidente, que o senhor deu de tolerância para o Senador Marcio Bittar, quero fazer aqui...
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Eu sempre aprendo muito quando o senhor sobe à tribuna, pela sua experiência de vida. Morou lá em Moscou, conhece bem, é firme nos posicionamentos.
O senhor falou: é a receita. É a mesma receita que eles estão adotando aqui, por isso é que a gente tem que acordar.
A questão dos Brics, de falar mal do dólar: você vê que o ponta de lança é o Lula, foi o escolhido pela turma. E os outros dizem: "Não, não é comigo, isso e aquilo". O Brasil está sendo destruído, de dentro para fora. E agora ele quer colocar a culpa lá.
Quem flertou com ditadura do Maduro, quem recebeu o Maduro aqui, com três meses que assumiu, foi o Lula. Os navios do Irã, como o senhor lembrou... Passar a mão na cabeça dos terroristas do Hamas. Todo tipo de sinal trocado. Tirou o Brasil da Aliança para a Memória do Holocausto, Presidente. Todo tipo de sinal trocado, querendo, como a gente diz lá no Ceará, no Nordeste...
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... arengar com os Estados Unidos.
Você acha que o que vai acontecer? Por projeto político – isso é que é pior. Deixar um monte de gente desempregada, com tarifas absurdas, como nós estamos tendo aí, defender um violador de direitos humanos contumaz como o Alexandre de Moraes – e o Lula o defende. Todo tipo de sinal trocado.
O brasileiro é que vai pagar essa conta. E o Senado precisa reagir para evitar isso.
Parabéns, Senador Marcio Bittar!
Deus o abençoe!
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC) – Eu agradeço muito e incorporo... É um prazer, uma honra.
Nós estamos numa era da hipocrisia total, né? O Lula foi ao Acre, o meu estado, o estado que eu tenho a honra de representar, e, na presença de todo mundo, ele se dirige ao Senador, nosso colega, um dos Senadores do meu estado, o Senador Petecão, e faz um pedido público, formal, a ele na frente de todo o mundo, para que não assine o pedido de abertura do processo – não é do voto, é de abertura do processo.
(Soa a campainha.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC) – Então, Sr. Presidente, só para concluir mesmo, já lhe agradecendo, a receita é a mesma. E é tão igual que, assim como Cuba culpou os Estados Unidos pelo seu fracasso, assim como a Venezuela culpa os Estados Unidos pelo seu fracasso, o Lula também quer culpar os Estados Unidos pelo seu fracasso.
E, enquanto isso, 20 nações foram sancionadas, 19 sentaram à mesa e já resolveram os seus problemas, menos o Brasil do Lula, porque ele acha bonito ter um adversário externo – criado na cabeça dele – para julgar, para esconder os seus erros aqui no Brasil.
Muito obrigado, Sr. Presidente.