Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para o empenho do Governo Lula em defender a soberania nacional e buscar alternativas econômicas diante da entrada em vigor das tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos aos produtos brasileiros importados por esse país.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Tributos:
  • Destaque para o empenho do Governo Lula em defender a soberania nacional e buscar alternativas econômicas diante da entrada em vigor das tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos aos produtos brasileiros importados por esse país.
Publicação
Publicação no DSF de 13/08/2025 - Página 99
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Economia e Desenvolvimento > Tributos
Indexação
  • CRITICA, AUMENTO, TARIFA ADUANEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PRODUTO NACIONAL, CARACTERIZAÇÃO, AMEAÇA, SOBERANIA NACIONAL.
  • COMENTARIO, ENTENDIMENTO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, BRASIL RUSSIA INDIA CHINA E AFRICA DO SUL (BRICS), BUSCA, SOLUÇÃO, PROTECIONISMO, ISOLAMENTO, NATUREZA COMERCIAL, ATAQUE, POLITICA TARIFARIA, DONALD TRUMP, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • CRITICA, INFLUENCIA, FAMILIA, JAIR BOLSONARO, EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA, INCENTIVO, ATAQUE, POLITICA TARIFARIA, DONALD TRUMP, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - PE. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, público que nos acompanha pelos serviços de comunicação do Senado e nos segue pelas redes sociais, já estão em vigor as absurdas tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil em um flagrante ataque à nossa soberania – e não somos o nosso campo e eu que dizemos isso, mas especialistas e autoridades em todo o mundo, que veem, nesse gesto hostil do Presidente Trump algo absolutamente despropositado e acintoso às relações diplomáticas entre países, especialmente entre dois parceiros como o Brasil e os Estados Unidos, cujos laços de amizade remontam a mais de 200 anos. São atos envenenados pelo bolsonarismo, por traidores da pátria, que, buscando escapar da punição por crimes que cometeram, articulam um ataque externo às nossas instituições para subjugá-las ao interesse estrangeiro.

    Mas nós não nos vergamos nem nos vergaremos. Nossa soberania, como tem reiterado o Presidente Lula, é inegociável, e o nosso Governo está trabalhando vivamente para reduzir danos e levar o nosso país, de forma inteligente e estratégica, a atravessar essa tormenta com os menores prejuízos possíveis ao nosso povo e ao nosso setor produtivo.

    Como trouxe ontem o jornal O Globo em uma matéria, Brasil e Estados Unidos vivem momentos diferentes em relação a indicadores socioeconômicos, e, felizmente para nós, enquanto aqui os números de emprego e inflação melhoram, por lá, eles têm piorado. No caso do mercado de trabalho, por exemplo, chegamos à menor taxa de desemprego da série histórica, enquanto os americanos amargam os piores números de geração de vagas desde a pandemia.

    Então, a despeito de todos esses ataques e do jogo contra o Brasil que tem feito Bolsonaro, sua família e seu grupo, nosso Governo tem dado respostas consistentes contra essas absurdas ameaças.

    Esta semana, um novo boicote promovido pela família Bolsonaro cancelou uma conversa telefônica que o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria com o Secretário de Tesouro americano para tratar do tarifaço. É golpe atrás de golpe promovido pelo bolsonarismo contra o Brasil.

    Mas, como disse, estamos reagindo com diplomacia, com estratégia e muita inteligência. Ontem mesmo, o Presidente Lula conversou por cerca de uma hora com o Presidente da China, Xi Jinping, maior parceiro comercial do Brasil. Desse diálogo, saiu mais forte a defesa da união do Sul Global contra o unilateralismo e o protecionismo.

    O Presidente chinês ressaltou que o seu país e o Brasil podem dar um exemplo de unidade e autossuficiência em um sistema comercial multilateral que dialogue com as aspirações de um mundo livre e distante dessa ofensiva tarifária, isolacionista, arquitetada por Trump em prejuízo da liberdade equilibrada das trocas comerciais globais.

    Os Brics têm um papel fundamental nesse propósito. Somente neste Governo do Presidente Lula abrimos 398 novos mercados em 71 países, nos cinco continentes. Somos um país da paz, do diálogo, das boas relações diplomáticas, que valorizamos e impulsionamos com aqueles países que querem conversar conosco.

    Não estamos à mercê de ninguém. É lamentável que, enquanto Bolsonaro e família trabalham contra o Brasil, Governadores com estados profundamente afetados pelo tarifaço estejam inertes quanto a esses ataques, como é o caso de Tarcísio de Freitas, em São Paulo; Romeu Zema, de Minas Gerais; Ronaldo Caiado, de Goiás, e Ratinho Júnior, do Paraná. Eles se colocam em silêncio conivente com o bolsonarismo, enquanto produtores e empregos nos seus estados são duramente afetados por esses atos de traição. São igualmente traidores do Brasil.

    Apesar da omissão dos covardes, o nosso Governo, que não se curva a ameaças, está dando as soluções.

    Nosso país foi rico em recursos naturais, em cultura, em biodiversidade e em talentos. Somos uma nação com um povo resiliente, criativo e capaz de transformar desafios em oportunidades. Somos uma potência em ascensão que, longe de se submeter a pressões externas, defende a construção de uma ordem econômica mais justa, onde os países em desenvolvimento tenham acesso equitativo aos mercados e às tecnologias, sem a imposição de barreiras ou sanções que perpetuem a desigualdade. O uso de tarifas punitivas por Donald Trump é uma tentativa flagrante de enfraquecer economias emergentes e redesenhar as regras do comércio global de maneira unilateral.

    De forma firme e clara, nosso Governo se posiciona contra esse tipo de atitude e não vai aceitar que sejamos tratados como nação subalterna. Não vamos bater continência para a bandeira de qualquer nação estrangeira. Nosso trabalho é a construção de um Brasil forte, um Brasil que não teme se posicionar e que, com seus aliados, busca um futuro de justiça, paz e prosperidade para todos. A nossa soberania é inegociável.

    E nos dá uma enorme alegria e um grande conforto saber que, em um momento de ataque tão virulento como este, estamos sob a liderança decisiva do Presidente Lula, um homem cuja vida é comprometida com a defesa intransigente dos interesses nacionais e do povo brasileiro. Eu não tenho dúvida de que o Brasil sairá imensamente mais forte de todo esse processo.

    Muito obrigado a todos e a todas.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/08/2025 - Página 99