Pronunciamento de Plínio Valério em 20/08/2025
Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Alerta para a necessidade de inclusão do Estado do Amazonas no recebimento do exame DNA-HPV já na primeira etapa de distribuição pelo SUS, destacando a relevância epidemiológica da doença na região, que vitima uma mulher a cada dois dias. Solicitação de esclarecimentos ao Ministério da Saúde sobre a exclusão do estado e críticas à aparente discriminação contra a região. Agradecimentos pelo apoio ao Projeto de Lei nº 499/2025, de autoria de S. Exa., que antecipa o início do rastreamento do câncer de mama pelo SUS, ampliando o exame anual a partir dos 40 anos.
Críticas ao Governo Federal por supostamente priorizar gastos com viagens, enquanto negligencia políticas de saúde.
- Autor
- Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Desenvolvimento Regional,
Mulheres,
Saúde Pública:
- Alerta para a necessidade de inclusão do Estado do Amazonas no recebimento do exame DNA-HPV já na primeira etapa de distribuição pelo SUS, destacando a relevância epidemiológica da doença na região, que vitima uma mulher a cada dois dias. Solicitação de esclarecimentos ao Ministério da Saúde sobre a exclusão do estado e críticas à aparente discriminação contra a região. Agradecimentos pelo apoio ao Projeto de Lei nº 499/2025, de autoria de S. Exa., que antecipa o início do rastreamento do câncer de mama pelo SUS, ampliando o exame anual a partir dos 40 anos.
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Governo Federal:
- Críticas ao Governo Federal por supostamente priorizar gastos com viagens, enquanto negligencia políticas de saúde.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/08/2025 - Página 44
- Assuntos
- Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
- Política Social > Proteção Social > Mulheres
- Política Social > Saúde > Saúde Pública
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Matérias referenciadas
- Indexação
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- DENUNCIA, EXCLUSÃO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), RECEBIMENTO, EXAME, DNA, PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV), PREVENÇÃO, CANCER, MULHER, SOLICITAÇÃO, INFORMAÇÕES, MINISTERIO DA SAUDE (MS), DISCRIMINAÇÃO, REGIÃO NORTE.
- AGRADECIMENTO, APOIO, PROJETO DE LEI, ALTERAÇÃO, LEI FEDERAL, PREVENÇÃO, DIAGNOSTICO, TRATAMENTO, CANCER, AMBITO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), DIREITOS, MULHER, CRITERIOS, IDADE, REALIZAÇÃO, EXAME MEDICO.
- CRITICA, GOVERNO FEDERAL, GASTOS PUBLICOS, VIAGEM.
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente Chico Rodrigues, permaneci aqui o tempo inteiro para falar de um problema – para variar –, da forma como tratam o meu Estado do Amazonas. Peço aos Senadores que me antecederam paciência por ter que mudar o rumo da prosa, porque considero extremamente necessário: sem qualquer explicação, o Estado do Amazonas não foi incluído na primeira etapa de distribuição do exame de DNA-HPV no SUS.
Meu amigo, meu irmão Girão, há seis anos e meio o senhor me ouve falar aqui dessa discriminação para com o Norte, em particular para com o meu estado, e é uma discriminação odiosa, absurda e injustificável, sob qualquer aspecto. E, daqui, eu já fiz um ofício ao Ministério da Saúde, pedindo, solicitando, que corrijam esse erro o mais rapidamente possível, para que possamos garantir esse tipo de ajuda ao povo do meu Estado do Amazonas.
Para que se compreenda a situação, a distribuição gradual do exame de DNA-HPV, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o nosso conhecido SUS, visa a substituir progressivamente o exame papanicolau como método de rastreamento do câncer do colo do útero no Brasil.
Conforme divulgado, a implementação inicial dessa nova estratégia abrange os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, além do Distrito Federal. E é um passo a caminho da modernização e do cuidado com a população feminina.
No entanto, chama a atenção a ausência do Estado do Amazonas, o maior estado da Federação, nessa etapa inicial, especialmente considerando a relevância epidemiológica da doença na região. É por isso que eu estou fazendo aqui este protesto.
Cabe ressaltar que o câncer do colo de útero representa no Amazonas um dos mais graves problemas de saúde pública, sendo responsável pelo óbito de uma mulher a cada dois dias.
No meu estado, morre uma mulher, a cada dois dias, vítima do colo de útero, que tem até vacina para ser prevenido, mas, por esse descaso, por esse tipo de discriminação, nossas mulheres não são atendidas e incluídas nessa etapa.
O cenário é agravado pelas características geográficas e sociais do estado, como a baixa densidade populacional no interior – com média de 1,2 habitantes por km² – e o denominado "fator amazônico", que impõe severas barreiras de acesso a serviços de saúde, mas nada disso é observado, tudo isso é relevado.
A população do Amazonas encontra muita dificuldade para atingir os centros de saúde, por isso mesmo deve ser alvo de cuidado especial para se chegar até ela. No meu estado, a gente não trafega. No meu estado, a gente navega. Pode-se até voar, mas é para quem tem dinheiro para pagar passagem aérea.
É um público, o público feminino, que exige esse tipo de ação como uma questão, frequentemente, de vida ou morte. Não podemos abandonar esse público feminino, como aparentemente se está querendo fazer.
Diante disso, considerando os dados alarmantes e a urgente necessidade de estratégias mais eficazes de prevenção, entende-se como justa e necessária a inclusão do Amazonas entre as prioridades na implementação do exame DNA HPV. Assim, solicitei, e estou falando aqui da tribuna, esclarecimento quanto à ausência do meu estado – embora eu saiba que é discriminação pura – nesta primeira fase da distribuição nacional do referido exame.
Os termos de que falei até aqui agora, que li, são os termos que mandei educadamente ao Ministro da Saúde, mas, da tribuna, eu não preciso ser tão educado dessa forma.
Há que se reclamar sempre aqui! Para isso e por isso o Amazonas me elegeu Senador, para que eu viesse aqui falar das nossas mazelas, das nossas necessidades. Não adianta querer nos tornar invisíveis. O Amazonas não é, e não será invisível sob qualquer aspecto. Esse tipo de discriminação, somado à questão ambiental, somado ao direito que não nos dão de sermos ligados ao Brasil, Manaus, capital do Amazonas, 2,2 milhões de habitantes, é a única capital no planeta chamado Terra que não é ligada com outra capital via terrestre – no planeta, no planeta, não é no Brasil, não. Negam-nos esse direito, negam-nos um preceito fundamental da Constituição. Apelei ao Supremo, e o Ministro Fux negou.
A Zona Franca... Quando se fala de Zona Franca, é um peso para o país, e eu fico sempre perguntando aqui, porque falam que, de todo o subsídio que vai para a Zona Franca, 8% ... E eu sempre cobro aqui: os outros 92%, para onde vão? Não dizem, mas eu sei para onde vão, para o Sudeste e para o Sul. Portanto, estou aqui.
Do Ministro, eu solicitei. Ao Ministro, eu pedi, mostrando os motivos pelos quais queremos que o Amazonas seja incluído nessa primeira fase, mas, da tribuna, eu denuncio essa discriminação. Da tribuna, eu falo desse descaso. Da tribuna, eu falo dessa coisa de querer nos colocar isolados e no esquecimento. Quando os senhores, quando as senhoras fazem isso também na saúde, estão colaborando com aqueles que nos isolam no que diz respeito a estradas. No que diz respeito a ferrovias, nem pensar.
Então, Girão, seis anos e meio se passaram; um ano e meio para completar oito. Se for pela benção de Deus, por mais oito anos estarei aqui para falar disso. Não é possível. O maior estado da Federação, o estado mais rico da Federação em recursos naturais, mas com a população de 60% vivendo abaixo da linha da pobreza.
Nós fizemos, no hospital de câncer, meu amigo Esperidião Amin, com emendas parlamentares, conseguimos montar o Cepcolu, como se chama a prevenção do colo de útero. Emendas parlamentares instrumentaram esse centro que atende... Ainda se morre do câncer de colo, a cada três dias, uma pessoa. Não se admite mais alguém morrer de câncer de colo, porque existe inclusive vacina.
E nesse sentido também aí falamos de todo o Brasil. Pelo nosso projeto, eu agradeço aos Senadores que aqui estão – Cleitinho, Girão, Amin, Chico Rodrigues –, eu agradeço por a gente ter aprovado em tempo recorde o meu projeto de lei que obriga o SUS a rastrear mulheres a partir de 40 anos contra o câncer de mama. Porque esse mesmo Ministério só quer rastrear mulheres a partir de 50 anos, alegando despesa, e é provado por pesquisas que 25% dos novos casos de câncer de mama surgidos no país, de todos os casos, 25% são em mulheres de 40 anos.
E pasmem – eu encerro com uma coisa triste –: caminhando outro dia no calçadão com alguns amigos, nós éramos cinco ou seis, e ali, dentre cinco pessoas, duas relataram mortes de mulheres de 30 anos, vítimas de câncer de mama. Trinta anos. E este Governo quer rastrear só a partir de 50. Nós aqui no Senado aprovamos que serão rastreadas as mulheres a partir de 40 anos e, com isso, iremos salvar milhares e milhares de mulheres, enquanto o Governo só pensa em gastar, enquanto o Governo acha que proteger as mulheres rastreando câncer de mama...
(Soa a campainha.)
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – ... é despesa, é gastar. Eu até entendo que eles queiram economizar na saúde para poder fazer viagem, mas isso eu condeno, está errado. Eles fazem isso, mas é errado. Eles fazem isso, mas é uma coisa que beira o crime. Mais uma vez, das mil que falarei aqui, denuncio essa discriminação.
E é isso, Presidente, o senhor, de Roraima, sabe o tanto que nós sofremos com essa discriminação, mas para isso o senhor veio para cá. Roraima o mandou para isso e o Amazonas me mandou para fazer isso. Se bato na mesma tecla, paciência. Quem sabe um dia essa tecla do piano vire música...
Obrigado, Presidente.