Discurso durante a 99ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação contra o aumento das tarifas de energia elétrica no Amapá e pedido para instalação de CPI para investigar a empresa CEEE Equatorial.

Críticas a discursos ambientalistas em relação à Região Amazônica, em especial ao estudo produzido pelo Grupo de Proteção da Biodiversidade da Foz do Amazonas.

Autor
Lucas Barreto (PSD - Partido Social Democrático/AP)
Nome completo: Luiz Cantuária Barreto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Senado Federal, Energia, Fiscalização e Controle:
  • Indignação contra o aumento das tarifas de energia elétrica no Amapá e pedido para instalação de CPI para investigar a empresa CEEE Equatorial.
Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente:
  • Críticas a discursos ambientalistas em relação à Região Amazônica, em especial ao estudo produzido pelo Grupo de Proteção da Biodiversidade da Foz do Amazonas.
Publicação
Publicação no DSF de 27/08/2025 - Página 76
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Infraestrutura > Minas e Energia > Energia
Organização do Estado > Fiscalização e Controle
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Meio Ambiente
Indexação
  • CRITICA, AUMENTO, ENERGIA ELETRICA, ESTADO DO AMAPA (AP), PEDIDO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, CONCESSIONARIA, POSSIBILIDADE, DESVIO, EQUIPAMENTOS, COMENTARIO, DIFICULDADE, ENDIVIDAMENTO, FAMILIA, RECEBIMENTO, BOLSA FAMILIA, SOLICITAÇÃO, APOIO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), MINISTRO DE ESTADO, ALEXANDRE SILVEIRA.
  • CRITICA, ESTUDO, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), PROPOSTA, CRIAÇÃO, INSTITUTO NACIONAL, FOZ, REGIÃO AMAZONICA, ZONA COSTEIRA, ESTADO DO AMAPA (AP), ESTADO DO PARA (PA).

    O SR. LUCAS BARRETO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP. Para discursar.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, venho hoje a esta tribuna para falar do novo aumento de energia no Estado do Amapá.

    Hoje, soubemos que a energia vai aumentar de 12% a 20%, o que é um absurdo. Um absurdo porque o Estado do Amapá é um estado gerador de energia. Nós produzimos o triplo do que nós consumimos. E lá a CEEE Equatorial, Sr. Presidente... Eu tenho aqui um pedido de CPI nesta Casa, queria pedir ao Diretor Legislativo que paute o pedido de CPI, porque até agora não fui informado o porquê de ele ainda não estar na pauta.

    A CEEE Equatorial lá poderia cobrar ordinariamente o investimento que ela está fazendo, isso está no contrato; mas ela não poderia cobrar ordinariamente. Senador Marcos Rogério, no ano passado, eles cobraram R$500 milhões de investimentos na rede da CEA, sendo que, de janeiro a junho, eles cobraram R$250 milhões – só em junho, eles cobraram outros R$250 milhões.

    Então, é um absurdo o que está acontecendo – com um detalhe: eles estão substituindo postes de concreto, cuja vida útil é de cem anos; cabos de alta tensão 1/0 e 2/0 AWG, alma de aço, que não se acabam nunca. Eu sou técnico em eletrônica, sei disso. E aí, o que eles estão fazendo com esse material? Usando em outros estados? Eles só trocam, penso eu, levam o velho daqui e dizem que é novo em outro estado. É por isso que em Manaus ninguém quer mais essa concessionária.

    Então, aqui, eu quero conclamar ao meu amigo ex-Senador Alexandre Silveira, hoje Ministro de Minas e Energia: não permita, Ministro, que isso aconteça. Mais um aumento para o povo sofrido do Amapá é um absurdo. Nós não vamos concordar; vamos mobilizar toda a nossa bancada, inclusive o Presidente Davi, para que não haja, novamente, esse aumento absurdo na conta de luz do povo do Amapá.

    Só para se ter ideia, Senador Girão, lá nos conjuntos habitacionais, as pessoas que ganham Bolsa Família ganham R$600, e a conta de luz é de R$700, R$800. Tem gente que tem uma dívida já de R$10 mil, R$20 mil, R$30 mil de conta de luz. É um absurdo! Ninguém vai nunca conseguir pagar.

    Então, é uma bola de neve que está vindo, e mais esse absurdo, não, nós não podemos permitir.

    Sr. Presidente, eu também volto a esta tribuna, e hoje o que trago aqui pode parecer repetição, mas não é. Trata-se de mais uma investida contra o Amapá, uma tentativa disfarçada de impedir que investimentos cheguem ao nosso estado, travando o desenvolvimento sob o pretexto da proteção ambiental.

    No último dia 20 de agosto, o jornal O Globo publicou matéria intitulada "Estudo pede criação de instituto de pesquisa e de áreas de preservação no foz do Amazonas, onde Petrobras quer explorar petróleo". Entre os 20 pontos do tal estudo, Sr. Presidente, dois se destacam: a criação do Instituto Nacional da Foz do Rio Amazonas (Infa), para produção científica, e um Mosaico de Áreas Marinhas Protegidas, exatamente onde a Petrobras quer operar.

    A assinatura é conhecida: o Instituto de Estudos Avançados da USP, agora rebatizado como Grupo de Proteção da Biodiversidade da Foz do Amazonas, um nome sofisticado para a velha prática de garantir consultorias de gabinete com recursos da Petrobras e do Fundo Amazônia. Tudo idealizado por quem jamais pisou na costa do Amapá e ignora a existência de comunidades, Sr. Presidente, como Goiabal, Sucuriju ou Vila Taperebá.

    Esses senhores, corsários da ciência de ocasião, dizem que não são contra a exploração de petróleo, mas são, sim. Querem travar tudo com um discurso moldado para a plateia da COP 30, em que o Brasil deve exibir sua floresta embalsamada enquanto seu povo passa fome. São especialistas, Sr. Presidente, de gabinete, que não conseguem limpar o Rio Tietê, conter deslizamentos no litoral paulista ou reflorestar a devastada Mata Atlântica, mas juram ter a receita mágica para a Amazônia, um território onde jamais pisaram, nem sequer conhecem. Se não dão conta da própria casa, com que autoridade pretendem ditar regras sobre a nossa? Querem proteger a biodiversidade, como se o povo amapaense fosse inimigo da floresta que o abriga – por sinal, Sr. Presidente, é o estado mais preservado do Brasil.

    Estamos diante de uma tentativa de expandir o cárcere ecológico do Amapá, como se fôssemos condenados em apenas preservar para os outros. Enquanto isso, nossa população permanece empobrecida, isolada e subjugada aos sermões dos que nos enxergam como estorvo para o planeta.

    Não aceitaremos mais esse ambientalismo patrimonialista, herdeiro de um marinismo ideológico que concede selos verdes ao mundo à custa do subdesenvolvimento amazônico.

    O litoral do Amapá já está preservado. De Cabo Orange a Cabo Norte, segue como Vicente Pinzón o viu em 1500. E isso não é obra de instituto algum – é respeito do nosso povo pela terra em que vive.

    Deixo aqui o meu repúdio à tentativa de transformar o Amapá em peça de vitrine internacional, e reafirmo: não ficarei calado diante de mais esse absurdo. Querem travar o Amapá novamente, em outra tentativa, mas não conseguirão.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/08/2025 - Página 76