Pronunciamento de Nelsinho Trad em 11/09/2025
Discurso durante a 114ª Sessão Especial, no Senado Federal
Sessão Especial destinada a comemorar os 80 anos do Conselho Federal de Medicina - CFM.
Registro da atuação parlamentar em prol do piso salarial de médicos e dentistas, com proposta de fonte de custeio viável. Apoio ao exame de proficiência, ressaltando a necessidade de equilíbrio na regulamentação da formação médica. Alerta para a expansão de cursos no exterior e a exigência do Revalida como garantia de qualidade e segurança.
- Autor
- Nelsinho Trad (PSD - Partido Social Democrático/MS)
- Nome completo: Nelson Trad Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Data Comemorativa,
Homenagem,
Saúde:
- Sessão Especial destinada a comemorar os 80 anos do Conselho Federal de Medicina - CFM.
-
Assuntos Internacionais,
Saúde:
- Registro da atuação parlamentar em prol do piso salarial de médicos e dentistas, com proposta de fonte de custeio viável. Apoio ao exame de proficiência, ressaltando a necessidade de equilíbrio na regulamentação da formação médica. Alerta para a expansão de cursos no exterior e a exigência do Revalida como garantia de qualidade e segurança.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/09/2025 - Página 10
- Assuntos
- Honorífico > Data Comemorativa
- Honorífico > Homenagem
- Política Social > Saúde
- Outros > Assuntos Internacionais
- Matérias referenciadas
- Indexação
-
- SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM).
- REGISTRO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, DEFESA, ESTABELECIMENTO, PISO SALARIAL, CATEGORIA PROFISSIONAL, MEDICO, DENTISTA.
- DEFESA, APROVAÇÃO, EXAME, AMBITO NACIONAL, COMPROVAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, ATIVIDADE PROFISSIONAL, MEDICO, OBTENÇÃO, LICENÇA, EXERCICIO PROFISSIONAL, MEDICINA.
- DEFESA, APLICAÇÃO, PROCESSO, REVALIDAÇÃO, DIPLOMA, MEDICO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, EXTERIOR.
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS. Para discursar.) – Muito bom dia, Dr. Hiran, que, na condição de Senador e colega médico, sempre defende as pautas relacionadas à nossa classe, à saúde como um todo. É uma honra estar sendo presidido por V. Exa. neste momento tão importante, destinado a comemorar os 80 anos do Conselho Federal de Medicina.
Cumprimento aqui o meu colega Rogério Carvalho, a Dra. Eudócia, que teve que sair – também médica, assim como o Rogério – para buscar a filha para poder ir para o aeroporto. Cumprimento aqui o Deputado Federal Allan Garcês e, com muito carinho, também o Deputado Zacharias Calil.
Quero aqui dar um testemunho para todos. Nós estávamos em Londres, conhecendo a evolução do sistema de saúde digital daquele país, da Inglaterra, quando o Dr. Zacharias Calil apresentou alguns dados e casos da sua estatística, como o maior detentor de casos de separação de gemelares siameses. Na mesma hora, o diretor do hospital onde a gente estava pediu para que a gente retornasse à tarde, fora da agenda determinada, para poder fazer com que os colegas daquele hospital pudessem assistir, ouvir os depoimentos e a experiência do Dr. Zacharias Calil.
Para nós, é um orgulho ter V. Exa. aqui junto com a gente. (Palmas.)
Ministra de Saúde do Governo de Portugal, Ana Paula Martins, seja muito bem-vinda. Sinta-se em casa no nosso país, no Brasil.
Cumprimento também o Dr. José Hiran da Silva Gallo, Presidente do Conselho Federal de Medicina; a Dra. Andréa Antunes; a Dra. Yáscara Pinheiro.
Eu não poderia deixar de também manifestar o meu cumprimento à Dra. Luciene Elias, Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso do Sul, a quem envio o meu abraço, e a toda a comitiva aqui presente.
Em nome dos ex-Presidentes, cumprimento também o Dr. Mauro Luiz Ribeiro, também lá de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, que abrilhanta esta solenidade.
Como o Hiran falou que eu sou botafoguense, o Mauro está feliz da vida, porque ele é tricolor carioca e, ontem, eliminou os baianos. A Bahia que me desculpe, mas o Mauro está rindo de orelha a orelha.
Cumprimento aqui a Dra. Damares, que não é médica de profissão, mas tem uma sabedoria de vida que nos inspira a ter a sensibilidade tão importante na nossa profissão para poder atender aquele que nos procura.
O Conselho Federal de Medicina e os conselhos regionais de medicina exercem um papel fundamental na sociedade brasileira.
Eu imagino que, com a evolução da mídia social, da saúde digital, dos avanços que se impõem diante de regulações e regulamentações que precisam ter...
(Soa a campainha.)
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – ... para que se possa ter um funcionamento adequado, deve ser laborioso e difícil o trabalho dos conselhos, nos estados e em nível federal, sendo o tutor de todos eles.
Eu sou médico e, de vez em quando, atendo no meu consultório. O consultório ainda funciona, com alguns colegas que lá estão.
Eu peço licença, Hiran, para contar aqui e dar um testemunho.
Nesses dias, eu cheguei ao meu consultório pela manhã, e tinha um colega atendendo. Lá, tem quatro urologistas que atendem. Na hora em que eu passei pela sala de espera, uma senhora me reconheceu e falou para o filho dela: "Olhe aí o Dr. Nelsinho, eu quero ser consultada por ele, porque era ele que atendia o seu pai", que já tinha falecido. Aí ela me abordou, eu a cumprimentei e falei: "Mas a senhora já está marcada com outro colega, ele também é muito bom". "Não, eu faço questão de que o senhor me atenda." Aí fiquei naquele impasse e falei: "Então, está bom, venha aqui na minha sala".
Na hora em que ela sentou à minha frente, junto com o filho, ela se queixou de uma dor lombar. Aí o menino falou assim: "Eu posso falar alguma coisa?". Falei: "Pode". Aí tirou do bolso um papel e falou: "Eu já pesquisei, a minha mãe está com essa dor lombar, e ela pode ter uma contratura muscular, um problema de hérnia de disco, um cálculo renal, um herpes zóster". E foi falando os diagnósticos diferenciais de dor lombar. "E, se for um desses aqui que eu disse, os exames que o senhor tem que pedir são estes aqui"; e foi enumerando, pá-pá-pá. "E tem mais, o tratamento é esse aqui". Aí eu olhei para ele, e ela falou: "Mas pare menino! E o que nós viemos fazer aqui?". Aí eu levantei da minha cadeira, fui até ela e dei um abraço nela; e falei: "Isto aqui você não vai encontrar no Google, na internet, em lugar nenhum". Aí ela olhou para ele e falou: "Não falei para você? Já estou boa!". (Risos.)
Então, pessoal, essa evolução tem um limite para ela poder ultrapassar. Eu sou ainda do tempo do exame clínico, do exame físico, de olhar no olho do paciente, de sentir a dor dele, de colocar o ombro, para que ele possa ser acolhido. É lógico que todos esses avanços são importantes, mas nada substitui isso.
E nós estamos aqui no Senado da República, com a ajuda do Hiran, levando para frente o tão sonhado piso salarial dos médicos e dos dentistas. Já fizemos um relatório, muito bem emendado pelo Hiran; já conseguimos encaminhar uma fonte de custeio, para poder não ficar nas costas dos Executivos dos municípios e do Estado. Tem mecanismos, sim, para poder atender e valorizar aquele que fica lá na ponta, dando esse abraço, que é tão importante para a gente avançar nas questões da saúde.
O exame de proficiência, muito bem conduzido pelo Hiran e que tem o Zacharias Calil na relatoria da Câmara dos Deputados, é algo que também precisa ser encarado e precisa ser analisado. Tem os aspectos também que precisam ser observados de quem quer incentivar isso para promover cursos de formação, para poder passar, uma vez que isso está instalado; temos que moderar e ponderar tudo.
Agora, eu vou dar um outro exemplo: nós temos uma cidade no interior do meu estado que é vizinha de uma cidade do Paraguai, que se chama Ponta Porã – ao lado, é Pedro Juan Caballero –, e tem 97 mil habitantes. Só de alunos de medicina na cidade do Paraguai tem 20 mil pessoas.
Aí eu fui lá fazer uma agenda política. Nada contra isso, no sentido de que quem se esforça para estudar merece o seu lugar ao sol; mas eu fui servido num restaurante, e o garçom falou assim: "O senhor é o Dr. Nelsinho?". "Sou". "Vou ser colega do senhor". Eu falei: "Como assim?". "Não, falta um ano para me formar; eu estudo aqui no Paraguai". Eu falei: "Que legal! Estude bastante, porque, para exercer a profissão no Brasil, você vai ter que fazer o Revalida; você vai ter que estudar mais porque é um risco para você e para aquele que vai ser atendido por você". (Palmas.)
Então, muita calma nesta hora. Nada contra os avanços e as oportunidades que as pessoas têm que ter, mas com uma boa formação e com a dignidade que a nossa profissão e que o branco que a gente veste precisa continuar sendo respeitado pela sociedade, porque só nós sabemos...
(Soa a campainha.)
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – ... o que é passar num vestibular, num Enem para ser médico, o que é estudar seis anos numa faculdade, com mais seis de residência, para você ficar pronto para atender a sociedade com dignidade, com respeito e com ética.
Parabéns aos 80 anos do Conselho Federal de Medicina! (Palmas.)