Pronunciamento de Esperidião Amin em 23/09/2025
Discurso durante a 124ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Defesa da anistia como instrumento de pacificação nacional.
Reflexão sobre a ética da responsabilidade, conceito de Max Weber, na atuação de líderes políticos e apelo ao diálogo como caminho para superar o “tarifaço” imposto pelos EUA aos produtos brasileiros importados.
- Autor
- Esperidião Amin (PP - Progressistas/SC)
- Nome completo: Esperidião Amin Helou Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Constituição,
Direito Penal e Penitenciário:
- Defesa da anistia como instrumento de pacificação nacional.
-
Economia e Desenvolvimento,
Governo Federal,
Indústria, Comércio e Serviços,
Relações Internacionais:
- Reflexão sobre a ética da responsabilidade, conceito de Max Weber, na atuação de líderes políticos e apelo ao diálogo como caminho para superar o “tarifaço” imposto pelos EUA aos produtos brasileiros importados.
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/09/2025 - Página 28
- Assuntos
- Outros > Constituição
- Jurídico > Direito Penal e Penitenciário
- Economia e Desenvolvimento
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Economia e Desenvolvimento > Indústria, Comércio e Serviços
- Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
- Indexação
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- DEFESA, ANISTIA, PRESO, ATO, JANEIRO, DEPREDAÇÃO, SEDE, PODERES CONSTITUCIONAIS, PACIFICAÇÃO, UNIDADE, SOCIEDADE.
- COMENTARIO, EFEITO, ECONOMIA, TARIFA ADUANEIRA, EXPORTAÇÃO, PRODUTO NACIONAL, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ENFASE, SETOR PRODUTIVO, MADEIRA, MOVEIS, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), DEFESA, DIPLOMACIA, RESPONSABILIDADE, GOVERNO FEDERAL, REVERSÃO, MEDIDA, ORIGEM, CRISE, REGISTRO, ENCONTRO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE, DONALD TRUMP, ASSEMBLEIA GERAL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC. Para discursar.) – Muito obrigado, Presidente. Sempre é uma alegria vê-lo presidindo a nossa sessão.
Quero saudar os Srs. Senadores, as Sras. Senadoras, a quem nos assiste.
E quero dizer que eu homenageio o Senador Girão, iniciando as minhas palavras para, também inspirado pelo Papa João Paulo II, lembrar que, ao ver alguns símbolos que a esquerda, a chamada "esquerda brasileira", elegeu como ícones – da música, da arte e da liberdade – voltando à cena no último domingo, eu me lembrei de que todos eles sempre foram a favor da anistia ampla, geral e irrestrita, que foi celebrada de maneira muito eloquente por muitos dos que estavam exilados.
Quero destacar o gesto do eleito em 1982, Governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, quando cumprimentou o então Presidente da República, Figueiredo, João Batista Figueiredo, dizendo que queria abraçar a pessoa que tinha liderado a sua anistia. Ou seja: grandeza tem que haver de todos os lados.
E, ao ouvir o ruído do "sem anistia", acho que isso faz uma cacofonia cardíaca, não na voz, mas no coração, porque, quando você vê o sujeito dizer "sem anistia", você se lembra do batom; é sem anistia para aquela mulher, para a Débora, porque ela queria derrubar o Governo.
Era um golpe de Estado aquilo, aquele vandalismo irracional. Por isso que se chama, muitas vezes... A meu ver, impropriamente, mas há quem use a expressão "efeito manada".
Grandes psicólogos e sociólogos já definiram isso. Tem um belíssimo livro, O Efeito Lúcifer, com 780 páginas, de Philip Zimbardo.
Quando alguém, num aglomerado, numa multidão, quebra um vidro, dezenas de pessoas quebram coisas. É o "efeito Lúcifer". Isso existe e afeta...
O subtítulo do livro é: Como Pessoas Boas se Tornam Más? São 780 páginas.
Começa com a pesquisa, lá na Universidade da Califórnia, em que um grupo de estudantes ficou de carcereiro e outro grupo ficou de prisioneiro. Em dois dias, eles estavam absolutamente ambientados, e o livro vai por aí afora explorando isso.
Num aglomerado, é, infelizmente, comum que aconteça isso, mas eles queriam é derrubar o Governo, eles queriam assumir o Governo. Eles estavam ali para fazer um golpe de Estado.
Isso vai se perpetuar como uma grande dúvida no Brasil. Mesmo aos que creem nisso, sempre vai ocorrer uma dúvida: "Mas será que eles queriam isso mesmo?".
E aos outros, como eu, que nunca acreditamos nisso, que não viram ali o DNA de um golpe de Estado, temos que nos conformar em conviver com os resultados disso?
Isso é uma condenação suplementar, porque, além dos 1,4 mil ou 1,2 mil condenados, nós estamos condenando uma população de mais de 200 milhões de habitantes a acreditar que havia um golpe e que o remédio para o país é esse.
Por isso, eu quero reforçar aqui a convicção de que a anistia... Especialmente, quero lembrar isso, num momento em que já se fala em dosimetria, que é outra coisa. É uma fraude sobre uma ideia.
Anistia significa fazer as pazes; significa, realmente, querer... "Olha, pessoal, nós temos coisas que nos unem, e elas são muito mais fortes. Nós somos do mesmo time".
Pode haver uma corrida de obstáculos, pode haver uma corrida por rodízio, mas nós sempre estaremos envergando, pelo menos, o escudo do mesmo país, da mesma nação, que conseguiu preservar esse continente, ter uma língua só – algumas versões regionais, mas é uma língua só. Esta unidade brasileira merece este esforço de todos, para promover uma anistia com grandeza.
É isso que eu gostaria de oferecer como complemento do pronunciamento do Senador Eduardo Girão.
E, quanto ao seu pronunciamento sobre o encontro do Presidente Lula – não sei se foi de 20 segundos ou de 39 segundos, mas é infinito enquanto dura, já dizia o poeta –, se houve esse encontro, eu também fico satisfeito, mas quero lembrar uma frase que eu profiro desde o final do mês de julho.
Não posso fazer chegar essa frase para o Trump, porque ele não é o Presidente do meu país. O Presidente aqui é o Lula, e ele tem que cumprir aquilo que Max Weber define como "a ética da responsabilidade". O chefe da tribo – o Presidente da República, o Governador de um estado, Prefeito de um município, ou seja, o líder de uma comunidade – tem que cumprir a responsabilidade que decorre do exercício do cargo.
Max Weber diz isso, de maneira muito clara, num livro, que não é muito robusto fisicamente, mas robusto no conteúdo, Ciência e Política, na edição que a gente chama "de bolso" – não é compacta. É a edição mais barata –, p. 114: a ética da responsabilidade é eu fazer alguma coisa não porque eu quero, porque eu gosto.
"Tenho que falar com o Girão hoje sobre um projeto de interesse do meu estado". O Girão sempre vai querer votar contra mim, mas eu sou obrigado a procurar o Girão. Por quê? Pela turma que me mandou aqui. Eu estou aqui com essa responsabilidade, porque fui eleito e pedi para ser eleito. Então, eu vou ter que conversar com o Girão.
Sei que ele vai me tratar mal, vai debochar – estou usando aqui como figura de linguagem –, mas é meu dever, e o mesmo vale para o Presidente Lula, eu repito.
Se fosse meu Presidente o outro, eu me referiria ao outro, mas é o daqui. Não foi eleito por mim, mas é o Presidente, é o chefe da tribo.
Tem que fazer isso, porque é da sua responsabilidade, e eu já dizia isso em julho, quando nós estávamos em plena missão nos Estados Unidos: "Olha, tem que telefonar, tem que dar um passo".
Ah, vai ser maltratado? Se for maltratado, ele contará com a nossa solidariedade. Se ele for maltratado, Senador Marcos Pontes – o senhor escutou isso e disse isso também... Se ele for maltratado ou desconsiderado, a desconsideração, eu quero uma cota dela, uma parte dela é para mim – eu e todos os cidadãos brasileiros.
(Soa a campainha.)
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Por isso se chama ética da responsabilidade, inclusive do cidadão representado – goste ou não – pelo chefe da tribo.
Então, já que aconteceu esse incidente saudável, "deu química", "fez uma química" favorável – isso tem até vários sentidos, várias interpretações, mas eu não quero ir para elas –, eu quero dizer para vocês que, se deu a chance, aproveite, aproveite a chance, fale sobre as adversidades, sobre as diferenças...
Mas o ser humano sempre tem muito mais identidades e convergências do que divergências. Nós, que estamos vivendo – especialmente no meu estado – as crises decorrentes do tarifaço, que afetam, por exemplo, o setor madeireiro...
(Soa a campainha.)
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – ... com particularidades muito doloridas... Porque boa parte das nossas indústrias de móveis, de portas, de molduras e mesmo de compensados fabricam sob medida, ou seja, fabricam para o cliente, há anos. Recebem uma paulada de 50%, feita sabe Deus com que tipo de madeira – não foi com a nossa –, e têm que demitir. Nós já estamos chegando a esse ponto.
E sem falar em outros setores que têm a mesma desdita de viver este momento, que pode ser aplacado, sim, por esta química que surgiu hoje e tem que ser explorada, e tem que ser explorada, neste momento...
(Soa a campainha.)
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – ... com a compreensão e a solidariedade, no caso de adverso o resultado, de todos nós.
Eu quero que este mal-estar seja superado, porque quem foi aos Estados Unidos, Senador Marcos Pontes – e aí eu encerro, Presidente –, percebe que há uma forte percepção, lá, de que foi dado um tiro no próprio pé, no caso dos compradores daquele país em relação aos fornecedores brasileiros.
Por isto, eu celebro este momento e respondo, mais uma vez... Aliás, ofereço, como resposta, a ética da responsabilidade. É minha, é de todos os que exercem mandato e, especialmente, do Presidente da República.
Muito obrigado.