Discurso durante a 135ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada à memória das vítimas dos ataques terroristas do Hamas contra a população civil de Israel na Faixa de Gaza. Repúdio aos atos terroristas do Hamas e solidariedade às vítimas. Defesa de uma solução pacífica baseada no diálogo, inspirada na atuação de Yitzhak Rabin. Apoio ao protagonismo do Brasil na construção de um acordo de paz.

Autor
Jaques Wagner (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Jaques Wagner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Homenagem:
  • Sessão Especial destinada à memória das vítimas dos ataques terroristas do Hamas contra a população civil de Israel na Faixa de Gaza. Repúdio aos atos terroristas do Hamas e solidariedade às vítimas. Defesa de uma solução pacífica baseada no diálogo, inspirada na atuação de Yitzhak Rabin. Apoio ao protagonismo do Brasil na construção de um acordo de paz.
Publicação
Publicação no DSF de 08/10/2025 - Página 28
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Honorífico > Homenagem
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, MEMORIA, VITIMA, ATAQUE, TERRORISTA, TERRORISMO, HAMAS, POPULAÇÃO, CIVIL, ISRAEL, FAIXA DE GAZA, DEBATE, INFLUENCIA, ANTISSEMITISMO, DEFESA, DIALOGO, PAZ, APOIO, ATUAÇÃO, BRASIL.

    O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - BA. Para discursar.) – Bom dia a todas e a todos. Cumprimento o Senador Sergio Moro, que preside esta sessão, todos os membros da mesa, na pessoa da representante da nossa Embaixada de Israel no Brasil, e o Claudio Lottenberg. Cumprimento, particularmente, o jovem que acaba de falar.

    E eu quero apenas dizer, e não precisaria dizer isso, que o ato de 7 de outubro é um ato abominável, um ato covarde, como são covardes todos os atos de grupos terroristas, como foi o 11 de setembro, como foram tantos outros espalhados pelo mundo, daqueles que covardemente atacam civis, muitos deles inocentes, jovens, talvez até simpáticos à causa de um e de outro, porque matam indiscriminadamente.

    E eu creio que o momento em que estamos aqui é o momento, primeiro, de dar um abraço de fraternidade, de conforto às famílias todas enlutadas desde há dois anos e àquelas, que sofrem mais ainda, que ainda não tiveram sequer o direito de enterrar os seus familiares. Nada pior do que a sensação de estar alguém faltando sem saber se esse alguém irá voltar. E, portanto, eu acho que nós deveríamos todos dedicar este momento à busca de algo que muitos antes de nós já buscaram.

    Agora, no dia 3 de novembro de 2025, se completarão 30 anos do assassinato de Yitzhak Rabin, um Primeiro-Ministro bem diferente do atual, um Primeiro-Ministro que efetivamente buscou e construiu a paz e que não foi morto por um membro de qualquer entidade terrorista. Ironicamente, ele foi morto por um judeu, jovem, que não tolerava a ideia da construção da paz pregada por Yitzhak Rabin.

    Eu estou trazendo essa reflexão, porque eu senti na fala de alguns – e não vou citar nenhum nem responder – mais do que a reverência aos mortos, a tentativa de uma forma, me perdoem, simplória de julgar um governo. Eu não vou aqui fazer um libelo de defesa do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou da sua pessoa. Apenas a você eu quero dizer: errado ou certo, eu tenho certeza de que ele fez isso com pensamento de energia positiva. E não poderia...

(Manifestação da plateia.)

    O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - BA) – O fanatismo leva a isto: a dificuldade de ouvir quem pensa diferente.

    É difícil realmente alguém pedir para alguém escrever para o Hamas, porque não se escreve para bandidos, não se escreve para terroristas, eles não têm endereço. Nós não podemos nos comparar: um Governo instituído de Israel com um grupo terrorista como o Hamas. O Hamas tem que ser exterminado, mas o Governo de Israel não – hoje é um, amanhã provavelmente será outro. Não é novidade para ninguém aqui que uma parcela significativa do povo de Israel não concorda com a condução da política externa do atual Primeiro-Ministro. Não vamos misturar as coisas. A política externa de um governo é a política externa de um governo, não é o Estado de Israel, não é o judaísmo.

    O que está em jogo é a forma como se pretende construir a paz, aniquilando sem saber se são membros ou não do Hamas, matando e deixando outras famílias palestinas igualmente enlutadas como as nossas. Não me parece que a vida de um humano possa ser hierarquizada em função da sua crença religiosa. Qualquer criança morta é uma dor no coração de uma mãe...

(Soa a campainha.)

    O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - BA) – ... e de um pai.

    Eu quero dizer que, agora que estamos às portas, talvez, de um acordo de paz... Apenas para pontuar, sete dos pontos do acordo de paz que está sendo construído foram sempre sugestões do Governo brasileiro, que estão ali incluídas, com outras que surgiram depois. Mas só para que cada um aqui pense: o acordo de paz está sendo feito com quem? O acordo de paz está sendo feito com o Hamas, porque acordo de paz só existe quando as partes que beligeram resolvem encontrar um caminho.

    Meu repúdio mais absoluto a qualquer grupo terrorista, inclusive ao Hamas. Meu abraço fraterno a todas as famílias enlutadas.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JAQUES WAGNER (Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - BA) – E minha convicção de que chegaremos à paz não apenas pelas armas, mas pelo diálogo frutífero, como Yitzhak Rabin pregou o tempo todo de sua vida.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/10/2025 - Página 28