Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o número de casos de sífilis e sífilis congênita no Brasil, com destaque para a necessidade de políticas públicas na prevenção, no diagnóstico precoce, no tratamento adequado e na difusão de informações precisas sobre a doença.

Autor
Zenaide Maia (PSD - Partido Social Democrático/RN)
Nome completo: Zenaide Maia Calado Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Combate a Epidemias e Pandemias, Crianças e Adolescentes, Educação Básica, Mulheres, Saúde Pública:
  • Preocupação com o número de casos de sífilis e sífilis congênita no Brasil, com destaque para a necessidade de políticas públicas na prevenção, no diagnóstico precoce, no tratamento adequado e na difusão de informações precisas sobre a doença.
Publicação
Publicação no DSF de 23/10/2025 - Página 48
Assuntos
Política Social > Saúde > Combate a Epidemias e Pandemias
Política Social > Proteção Social > Crianças e Adolescentes
Política Social > Educação > Educação Básica
Política Social > Proteção Social > Mulheres
Política Social > Saúde > Saúde Pública
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, AUMENTO, CONTAMINAÇÃO, DOENÇA TRANSMISSIVEL, SIFILIS, POPULAÇÃO, GESTANTE.
  • ANALISE, TRATAMENTO DE SAUDE, DOENÇA TRANSMISSIVEL, SIFILIS, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS).
  • ANALISE, PREVENÇÃO, DOENÇA TRANSMISSIVEL, SIFILIS, DIAGNOSTICO, EDUCAÇÃO, ESCOLA, ACESSO, ADOLESCENTE.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - RN. Para discursar.) – Sr. Presidente Esperidião Amin, colegas Senadoras e Senadores e todos que estão nos assistindo pela TV Senado, Rádio Senado e Agência Senado, eu queria falar aqui sobre uma doença em pauta. O mês de outubro também é o outubro verde, porque é o mês em que se considera o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita.

    Eu subo hoje aqui, a esta tribuna, nesta semana em que se celebra o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, para falar de um tema que quase nunca ganha espaço, mas que eu, como médica, não poderia deixar de lado. Eu estou falando, gente, da sífilis, uma infecção sexualmente transmissível que tem cura, tem diagnóstico simples e tem tratamento gratuito, mas que continua sendo um grave problema de saúde pública no nosso país.

    De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2021 o Brasil registrou 167 mil casos de sífilis adquirida, 74 mil em gestantes e 27 mil casos de sífilis congênita.

    A gente sabe que isso aqui estava subnotificado, porque a gente estava no auge da pandemia, e as pessoas não procuravam médico. O pré-natal não era feito, o que normalmente é feito para evitar sífilis congênita, que é a mais grave durante o pré-natal.

    Em 2022, esses números cresceram para 213 mil casos adquiridos, e, desses, 83 mil em gestantes.

    Em 2023, chegamos a mais de 242 mil casos de sífilis adquirida, sendo 86 mil em gestantes e 25 mil casos congênitos, aqueles em que a criança já nasce com a sífilis.

    Esses números não são apenas estatísticas, colegas; são vidas, famílias e histórias que poderiam ter sido diferentes, com prevenção, diagnóstico precoce e tratamento oportuno.

    A verdade é que a sífilis, que já tinha diminuído muito no Brasil, voltou a crescer. Isso mostra uma coisa muito clara: precisamos fortalecer, como eu falo aqui sempre, a saúde básica ou saúde primária, como a gente chama também. Isso porque é lá, nas unidades básicas de saúde, que se faz a verdadeira medicina preventiva. É lá que se vacina, que se faz o pré-natal, que se acompanha o hipertenso, o diabético, e que se orienta sobre as infecções sexualmente transmissíveis.

    Quando essa rede falha, o impacto é direto na vida das pessoas, principalmente das gestantes e dos bebês.

    A sífilis é transmitida principalmente por contato sexual desprotegido, seja vaginal, anal ou oral, e também pode ser transmitida da mãe para o bebê, durante a gestação ou parto, e essa forma de transmissão da sífilis congênita é especialmente grave. Ela pode causar aborto, natimorto, morte neonatal e sequelas graves no desenvolvimento da criança.

    Evitar esses casos é simples e depende do básico: diagnóstico precoce da gestante, tratamento adequado com penicilina e acompanhamento do bebê. É mais uma patologia que, se for diagnosticada precocemente, tratada precocemente, não é uma sentença de morte.

    Os sintomas variam conforme a fase da doença. No começo, aparecem pequenas lesões indolores na pele, nas mucosas, nos órgãos genitais; depois, manchas pelo corpo, febre, cansaço e dor na garganta, que, se não for tratada, pode atingir coração, cérebro, ossos, causando danos sérios e irreversíveis.

    Mas o diagnóstico de uma pessoa com sífilis é só o começo. É fundamental fazer a busca ativa dos parceiros sexuais, para garantir que todos estejam testados e tratados. É isso que quebra a cadeia de transmissão e evita novas infecções.

    A prevenção continua sendo o caminho mais eficaz. O uso do preservativo, o pré-natal rigoroso, os exames regulares, a orientação sobre sinais e sintomas, medidas simples, baratas e que salvam vidas.

    E precisamos também de educação, gente.

    Nas escolas, os estudantes aprendem sobre infecções sexualmente transmissíveis nas aulas de biologia, mas esse debate precisa ir além da teoria.

    Sabemos que há muitas gestações na adolescência e que a curva de novos casos de sífilis, nessa faixa etária, tem crescido. Por isso, precisamos levar informação clara; informação é poder. Ninguém empodera um povo sem informação correta.

    Além de essa informação ser clara, acessível, com diálogo e sem preconceito. Prevenir começa com conversar, e conversar salva vidas.

    O combate à sífilis não é só uma tarefa dos profissionais de saúde; é um compromisso de todos nós, gestores públicos, educadores, famílias, cada cidadão e cidadã. Afinal, o tratamento é simples, eficaz e está disponível gratuitamente no SUS, no Sistema Único de Saúde.

    Informação, conscientização, prevenção e tratamento oportuno, esses são os caminhos para reduzir os casos, evitar complicações e proteger vidas. A sífilis não tem vacina, mas tem cura.

    Aqui fala a médica e a Senadora, mãe e avó que acredita que cuidar da saúde é cuidar da vida.

    Saúde é coisa séria. Vamos juntos contra a sífilis, a favor das vacinas.

    Por favor, gente.

    Eu fiz uma promessa a mim mesma, Esperidião, de que, toda vida que tivesse a oportunidade de usar um meio de comunicação, eu iria fazer um apelo aos pais, avós, mães e responsáveis por suas crianças e seus idosos: vacinem-se. Quem mais fez aumentar a vida média do povo da Terra, do mundo, foram vacinas e água tratada.

    Então, vacinar não é um ato individual, vacinar é um ato coletivo, porque, se todos se vacinam, aqueles casos – que são uma minoria – que não podem tomar vacina ficam protegidos por essa rede solidária e de amor ao próximo.

    Muito obrigada, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/10/2025 - Página 48