Pronunciamento de Izalci Lucas em 22/10/2025
Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Alerta para o aumento da violência no Distrito Federal, atribuído por S. Exa. à escassez de efetivo nas forças de segurança.
Denúncia da desvalorização dos professores e da precariedade da educação básica.
Críticas às supostas irregularidades em programas assistenciais e previdenciários, que, segundo S. Exa., comprometem a sustentabilidade fiscal e da seguridade social.
- Autor
- Izalci Lucas (PL - Partido Liberal/DF)
- Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Agentes Públicos,
Finanças Públicas,
Governo do Distrito Federal,
Segurança Pública:
- Alerta para o aumento da violência no Distrito Federal, atribuído por S. Exa. à escassez de efetivo nas forças de segurança.
-
Educação Básica,
Remuneração,
Servidores Públicos:
- Denúncia da desvalorização dos professores e da precariedade da educação básica.
-
Assistência Social,
Governo Federal,
Previdência Social:
- Críticas às supostas irregularidades em programas assistenciais e previdenciários, que, segundo S. Exa., comprometem a sustentabilidade fiscal e da seguridade social.
- Publicação
- Publicação no DSF de 23/10/2025 - Página 55
- Assuntos
- Administração Pública > Agentes Públicos
- Economia e Desenvolvimento > Finanças Públicas
- Outros > Atuação do Estado > Governo do Distrito Federal
- Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
- Política Social > Educação > Educação Básica
- Política Social > Trabalho e Emprego > Remuneração
- Administração Pública > Agentes Públicos > Servidores Públicos
- Política Social > Proteção Social > Assistência Social
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Política Social > Previdência Social
- Indexação
-
- PREOCUPAÇÃO, AUMENTO, VIOLENCIA, DISTRITO FEDERAL (DF), CONSEQUENCIA, AUSENCIA, SUFICIENCIA, QUANTIDADE, POLICIAL, RESULTADO, EXCESSO, BUROCRACIA, REALIZAÇÃO, CONCURSO PUBLICO, NOMEAÇÃO, APOSENTADORIA.
- CRITICA, DESVALORIZAÇÃO, CATEGORIA PROFISSIONAL, PROFESSOR, INSUFICIENCIA, JUSTIÇA, REMUNERAÇÃO, INFERIORIDADE, OBJETIVO, ESTABELECIMENTO, PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE).
- COMENTARIO, QUALIDADE, ENSINO, ESCOLA CIVICO-MILITAR, AUMENTO, INDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BASICA (IDEB).
- CRITICA, IRREGULARIDADE, PROGRAMA DE GOVERNO, ASSISTENCIA SOCIAL, ASSISTENCIA PREVIDENCIARIA, PREJUIZO, SUSTENTABILIDADE, NATUREZA FISCAL, SEGURIDADE SOCIAL.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Para discursar.) – Presidente Damares, meus queridos Senadores e Senadoras, vou falar de um assunto, aqui, muito triste.
Nesse final de semana passado, nós tivemos um jovem de 16 anos assassinado por causa de um celular aqui na 112 Sul, que é uma das áreas mais seguras aqui do Distrito Federal.
E a gente fica imaginando... Falei com o delegado, e o delegado ficou impressionado com esses jovens que o mataram – foram adolescentes também –, com a frieza sobre a questão da morte, como se fosse uma coisa muito natural, rindo, brincando.
E aí, a gente fica preocupado, porque nós temos, hoje, o menor contingente da história do DF em termos de policiais militares, polícia civil e bombeiro, exatamente por essa burocracia toda aí. Para você fazer um concurso e chamar, o Governador tem que pedir, vai para o Planejamento, vai para a MGI, vai para o Ministério da Justiça, vai para a Casa Civil, depois vem aqui para o Congresso Nacional, volta para a Casa Civil, aí editam uma medida provisória. O Governador fez o anúncio do reajuste em fevereiro; nós estamos, hoje, em 22 de outubro, e, até agora, não chegou absolutamente nada relacionado à questão de chamar as pessoas que já fizeram o concurso. E, na prática, todo ano saem mais de mil policiais aposentados. Estão previstos, na LOA, 200; a gente quer fazer a alteração e depende dessa burocracia.
Então, um dos motivos dessa insegurança que está acontecendo em Brasília é exatamente a falta de contingente e falta de respeito aos profissionais da segurança, o que é muito triste. São pessoas que saem todos os dias de casa sem saber se voltam, porque são ameaçados constantemente; que têm dívidas, como todo mundo, que têm o cartão para pagar, devendo ao BRB milhões e milhões, porque todo mundo, hoje, deve ao BRB. Essa é a realidade dos nossos profissionais.
E aí, aconteceu também, esta semana, numa escola do Guará: a menina estava usando o celular – e nós aprovamos uma lei aqui proibindo o celular nas escolas –; o professor chama a atenção dessa menina; ela liga para o pai; e o pai chega à escola e agride o professor com socos. Foram oito socos no professor. A menina teve que pegar no pescoço do pai pedindo, pelo amor de Deus, para parar. Então, aonde chegamos? O professor não é mais respeitado, não é valorizado.
Hoje mesmo fiz uma audiência na Comissão de Educação com o representante dos professores, aqui também, sobre o Fundo Constitucional. A gente vê as péssimas condições, hoje, da educação, do salário dos professores, que nem sequer obedeceu àquilo que foi estabelecido no Plano Nacional de Educação e no Plano Diretor Local da educação, que era para que o professor recebesse, no mínimo, 70% da média dos servidores. Hoje o professor está em penúltimo lugar em termos de remuneração.
Que país é este que não valoriza os seus professores? Que país é este que não tem uma alfabetização correta, na idade certa – talvez o maior gargalho da educação seja a alfabetização – e que não tem creche, que não tem vaga nas escolas, na pré-escola? É exatamente nesse período da primeira infância que você tem todo o desenvolvimento cognitivo, que você tem a alfabetização, a coordenação motora. E, infelizmente, as nossas crianças vão para o ensino fundamental sem a alfabetização correta, depois chegam ao ensino médio com todas as dificuldades. O resultado está aí: no ensino médio, 60%, 70% dos jovens não sabem português, não sabem matemática e também não têm educação profissional, para a qual a gente lutou. Há anos a gente vem lutando aqui pela educação profissional. E aí muda governo, acaba com tudo, começa de novo. É política de governo, não é uma política de Estado.
Mas, olha, sinceramente, a gente chegou a um momento em que a nossa sociedade perdeu muito os valores. As famílias estão criando os filhos como se fossem príncipes, reis, que não podem ter nada, para quem não pode acontecer nada, e em tudo a razão é deles. Então, eu fico triste porque, como professor – e fui professor a vida toda –, fico imaginando: eu acho que, hoje, eu não conseguiria entrar numa sala de aula. E olha que a gente ainda consegue salvar algumas, como as escolas cívico-militares, porque, nas escolas cívico-militares, basta ver o Ideb... Por mais que tenha gente contra, não preciso nem responder; é só olhar a melhora no Ideb e as filas dos pais querendo matricular os filhos lá. Por quê? Porque é uma escola onde tem disciplina, tem respeito. É o que é preciso na educação. Você não tem como dar uma aula se o aluno não o respeita, se não há silêncio, se há uma baderna dentro da sala, e você não pode fazer nada com o aluno.
Agora, recentemente, o professor deu uma nota menor que 5 para a aluna, e a mãe foi lá tomar satisfação, ameaçando o professor, porque deu uma nota menor do que 5 para ela.
Então, a gente está vivendo num mundo assim... Parece que o ser humano, em si, não tem mais valor nenhum, perdeu o valor – valoriza-se apenas o ter; o ser é indiferente.
Então, a gente fica triste, porque a gente precisa alertar as famílias. Não é possível! Educação não se faz na escola; educação é dentro de casa. Meu pai olhava para mim e eu já sabia tudo, não precisava nem falar nada. Hoje, ninguém respeita mais ninguém.
E, aí, o exemplo vem de cima, não é com discurso ou com palavras; são as ações, são os exemplos. Quando o Presidente da República diz: "Ah, coitadinho do cara que roubou um celular para tomar uma cervejinha", essa é uma fala de Presidente da República, que repercute. Então, esse assassinato que teve aqui, do Isaac, por causa de um celular, bota na conta do Presidente, porque ele que é o irresponsável. Uma pessoa que sabe que é uma referência – o Presidente da República – dar uma declaração dessa? Isso incentiva a meninada a fazer o que estão fazendo.
Então, o exemplo tem que vir dessas autoridades. Se as autoridades fazem o que estão fazendo...
Nós estamos agora na CPMI do INSS. O que estão fazendo com os aposentados e pensionistas, roubando bilhões, com a nossa previdência quebrada... Aí, você pega o seguro-defeso: tem mais pescador no Brasil do que peixe, recebendo seguro-defeso.
As pessoas estão sendo manipuladas para depender do Estado – esse é o sistema. Este é o sistema do comunismo, do socialismo: é exatamente fazer com que todos fiquem dependendo do governo. E aí, mais da metade da população brasileira recebe hoje benefícios, evidentemente comprometendo a própria seguridade social. Nós não temos um sistema que tem poupança – quem paga hoje o aposentado é quem está trabalhando –, e hoje a pirâmide virou: você tem mais gente aposentada do que trabalhando com carteira assinada. E aí, eu quero ver quem vai pagar essa conta.
Hoje, infelizmente, você pega o nosso orçamento, e mais da metade do Orçamento da União é para pagar juros e serviço da dívida, ou seja, tudo que a gente investe em educação, saúde, segurança, em todas as áreas sociais, é exatamente o mesmo valor que se paga hoje de juro e serviço da dívida.
Então, o que esperar? Há anos, desde 2014, a gente vem gastando mais do que recebe. A nossa despesa é maior do que a receita. E aí, qual é a solução? Pegar dinheiro emprestado, aumentando a dívida. Aí você vai aumentando a dívida...
(Soa a campainha.)
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) – ... com juros impagáveis; e a gente, aqui, pedindo migalhas para a educação, para a ciência e tecnologia, e pagando esses juros altíssimos aí.
Então, a gente está numa sociedade difícil. Se a gente não reverter isso... E só tem um caminho: educação, investimento em educação, em tecnologia, nas pessoas. O Governo tem que cuidar das pessoas, desde o pré-natal até o idoso; tem que criar políticas públicas para a primeira infância, a adolescência, a juventude, o adulto, o idoso. É isso que o Governo tem que fazer; mas, infelizmente, não faz.
É incrível que esses governantes – e basta ver o próprio Governo Federal hoje – só pensam na próxima eleição. A maioria dos governantes não pensa na próxima geração. E aí a gente sabe as consequências disso.
Muito obrigado, Presidente.