Pronunciamento de Marcos do Val em 05/11/2025
Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
- Autor
- Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
- Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES. Para discursar.) – Obrigado, Presidente.
Eu tenho hoje aqui uma denúncia. Eu vou colocar aqui o áudio, para que todo mundo possa escutar, mas não vai poder ver. E eu vou apresentar essa denúncia agora, que é grave, na área da saúde. Eu acho que o Brasil precisa ter conhecimento sobre isso. Eu já vou solicitar também uma audiência pública.
Escute, Brasil.
(Procede-se à reprodução de áudio.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Bom, fiz contato com essa advogada, que fez essa denúncia, e ela confirma a denúncia que eu apresentei agora. Já encaminhou alguns documentos.
Já fiz contato com a Presidência da Comissão de Direitos Humanos, a Senadora Damares Alves, para que a gente possa já dar início a uma audiência pública, convocando a denunciante, a advogada, Dra. Cristiane e o Presidente da ANS, que é Wadih Damous, que foi sabatinado aqui em 2024. Quero chamar o Sr. Omar Junior, Presidente da Unimed Brasil, e o Dr. José Hiran da Silva Gallo, Presidente do Conselho Federal de Medicina – e, como eu disse, repetindo, principalmente o Presidente da ANS.
Vamos começar a investigar essa atitude criminosa, porque a minha mãe – todo mundo sabe que ela estava em tratamento de câncer – foi salva exatamente por essa vacina, por esse tratamento. Então, eu não posso permitir que somente a minha mãe tenha oportunidade de ter acesso a essa medicação. Se a Unimed está determinando que os médicos oncologistas não prescrevam essa medicação, pelo preço, e que prescrevam qualquer uma outra, ou seja, não cumprindo a sua formação como médico, que é de proteger, defender e salvar vidas a qualquer custo – não está colocando isso em primeiro ponto, mas em questão financeira... É inacreditável ter escutado isso.
Eu sou oriundo de família de médicos, sempre escutei que a área médica, a área da saúde é um ambiente muito sensível, e eu vejo que os recursos que a gente demanda para os estados e o Brasil inteiro... A gente manda muito recurso para a saúde, e ainda nunca é suficiente. É impressionante isso.
Está na hora agora de começar a abrir essa frente. Eu vou protocolar, com a Senadora Damares Alves, que preside a Comissão de Direitos Humanos, porque isso é uma violação de direitos humanos... É um plano de saúde particular! Não estamos nem falando do plano de saúde público, não. Mas quando o Wadih tomou posse na Agência Nacional de Saúde, ele chegou a iniciar as investigações sobre isso, e, de uma hora para outra, parou com esse assunto, não foi permitido mais se falar sobre esse assunto.
A advogada tem fartas documentações, e vamos iniciar com essa audiência pública. Então, está aqui feito. Vou pedir à Senadora Damares Alves, que preside a Comissão de Direitos Humanos, que acolha o meu pedido – que farei – para a abertura da audiência pública, para já convocar esses presidentes dessas organizações que lidam com a saúde no Brasil.
Bom, quero também falar da operação do Rio de Janeiro e dizer aos guerreiros, os 2 mil guerreiros que estavam sendo massacrados, que, graças às câmeras do corpo, às body cams, de que até então o Brasil tinha muito receio e a oposição... Aliás, o Governo queria colocar as câmeras nas fardas dos policiais, achando que os policiais eram os perseguidores das minorias, perseguidores dos que são excluídos da sociedade, dos coitados dos traficantes, que sofrem por conta dos consumidores, ou seja, colocou as câmeras na intenção de querer punir e prejudicar a polícia brasileira, só que tomou o revés. As câmeras, as body cams, mostraram exatamente o oposto.
Foi uma operação cirúrgica, técnica, tática e ainda com o uso de drones por parte dos traficantes para saber onde estavam os policiais. Então, os drones dos traficantes já estão mostrando para o mundo, para o Brasil, que os policiais estavam sendo abatidos pelo tráfico. Os policiais nem sequer estavam apontando as armas e já eram abatidos pelo tráfico.
Isso se chama – aí eu peço para o Brasil estudar – Teoria das Janelas Quebradas. Em 1990, o chefe da polícia de Nova York, junto com um cientista, começou a estudar a questão das janelas quebradas. Quando começa uma janela a quebrar, e o Estado não vai lá, e o Governo não vai lá consertar, a sensação é de que não há Governo presente. Aí, no outro dia, mais outra janela; outro dia, uma porta; outro dia, pichação. Aí começa o vandalismo, a sociedade se retrai, com medo, e a criminalidade cresce com uma força assustadora, ou seja, o que aconteceu no Rio de Janeiro cabe também no colo do Ministro do STF. Cai no colo do Ministro do STF, por ter impedido operações policiais.
As câmeras provaram o que eu já vivenciei. Até tem um vídeo que está circulando: eu, 16 anos atrás, estava em confronto, um tiroteio, no Morro do Alemão. Eu estava em confronto, está no vídeo.
Fizeram uma reportagem à época, há 16 anos. Eu peguei o celularzinho que, à época, tinha uma camerazinha muito ruim e comecei a nos filmar sendo atacados quando estávamos fazendo uma ronda no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. Então, há 16 anos!
Se eu colocar essa imagem hoje, vão pensar que é da operação recente da polícia do Rio de Janeiro. Não, há 16 anos!
O Estado foi se corrompendo e permitindo o avanço do Comando Vermelho.
E aí abre-se uma Comissão, uma CPI, para investigar o crime organizado. Nós temos o perfil do Comando Vermelho, que é um perfil mais de assassinatos, domínio de territórios, e o PCC, lavagem de dinheiro, tráfico internacional de armas, drogas e humanos.
Quando fui Relator do pacote anticrime, nós tínhamos tipificado o PCC e o Comando Vermelho como, além de grupos organizados, grupos terroristas.
Terrorista, gente, deixem-me explicar para vocês...
(Soa a campainha.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... não é só quem coloca bomba no corpo e quer explodir os outros, é só gerar terror na sociedade e já é um grupo terrorista.
Só que o PCC teve a audácia de querer fazer o seu crime em outras fronteiras, em outros países. Mas, na entrada dos Estados Unidos, órgãos americanos começaram a entrar também nas investigações, junto com a Polícia Federal brasileira e órgãos também da polícia europeia, da área de inteligência da polícia europeia, e chegaram à conclusão de que, em 2018, foram apreendidos R$100 milhões com o PCC.
Em 2025 – e não acabou o ano –, só com a entrada desses órgãos internacionais, já foram apreendidos R$60 bilhões.
E aí a gente começa uma CPI que deveria, pelo menos, de forma democrática, ter um Relator que é...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... da base do Governo e um Presidente de oposição, ou vice-versa.
Isso que deveria ser uma CPI democrática, equilibrada – não também na mão da oposição, não também só na mão da situação –, mas o que fizeram ontem, a manobra que fizeram ontem para colocar um Presidente do atual Presidente da República foi um tapa na cara. Não estou aqui citando o integrante que foi escolhido, mas o partido ao qual ele pertence.
Então, também não podemos generalizar, mas o partido fez uma pressão gigantesca para ter a Presidência e o Relator aliados. Então, já começa uma CPI viciada, com dificuldade de a gente conseguir avançar. Não quer dizer que a gente está dizendo que o Governo tenha alguma ligação, porque a gente sabe que o PCC financia a candidatura de vários políticos...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... que banca campanha de vários políticos Brasil afora. Então, no Congresso tem, sim, candidatos que foram eleitos com dinheiro de campanha do PCC.
Nós temos, também, o PCC envolvido em várias outras áreas, não só na política, em todas as áreas – bancando faculdade para advogados, juízes e por aí vai, é outro método de crime –, e o Comando Vermelho é aquele crime mais territorial e da droga local.
Ficou claro para o Brasil e para o mundo que não são os excluídos, porque todo mundo daquela comunidade nós poderíamos configurar como excluídos da sociedade. E não são criminosos, é minoria, é escolha. Isso espero que fique claro...
Só mais um minuto para encerrar, já encerrando...
Espero que fique muito claro isso para o Brasil. Acabou essa narrativa de que são os excluídos da sociedade, os tadinhos que não tiveram oportunidade e foram para o crime...
(Soa a campainha.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... foram para as drogas, foram ser traficantes. Não; acabou essa narrativa – acabou essa narrativa!
E também se acabou a narrativa de que a polícia é violenta, ela é criminosa, ela é assassina, perseguidora. Acabou essa narrativa. Contra fatos não há mais argumentos. As imagens mostram isso para o Brasil e para o mundo.
Obrigado, Presidente.
Obrigado e parabéns ao Governador do Rio de Janeiro pela coragem; e as minhas honras aos heróis reais que nós temos no Brasil, de subirem naquela favela. Eu já estive no Complexo do Alemão e já sofri tiroteio, já sei o que é munição vindo no sentido oposto, na sua direção.
Então, fica aqui o meu agradecimento e o meu orgulho para essa tropa guerreira.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Sr. Senador Marcos do Val, V. Exa. trata de um tema que é extremamente recorrente e relevante para o Brasil hoje.
Essa questão da segurança pública, na verdade, merece uma atenção do Governo Federal de uma forma muito mais impositiva e imperativa, porque, na verdade, eu acho que a segurança pública é uma questão de Estado, não é uma questão de governo. Então, isso vem se multiplicando, as milícias vêm se multiplicando, e nós estamos vivendo um clima de temor por conta do crime organizado em todos os estados.
Para o senhor ter ideia, nós temos o meu estado, ali na fronteira com a Venezuela, que, no processo de sucção natural da entrada desses venezuelanos que pertencem a essas milícias, enfim, tem realmente distribuído terror no Brasil. E é necessário que haja uma ação pesadíssima para que se possam conter esses avanços, senão, daqui a pouco, este vai virar um país dominado pelo crime, pelo crime organizado.
Nós vimos, nos últimos dez anos – e os estudiosos, como V. Exa., sabem muito bem –, nos últimos dez a quinze anos, que essa curva cresceu de forma exponencial. E vai parar quando? Aonde? E a população brasileira? E o cidadão? Então, é necessário que haja realmente uma ação muito dura do Estado brasileiro no sentido de fazer essas contenções e dar segurança à população brasileira.
Parabéns a V. Exa.
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES. Fora do microfone.) – Obrigado, Presidente, pelas palavras.