Pronunciamento de Plínio Valério em 05/11/2025
Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
- Autor
- Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Aparteantes
- Eduardo Girão.
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente Chico Rodrigues, a gente se conhece há tempo, eu estou aqui há sete anos, e todas as vezes que eu subo à tribuna estou sempre pugnando por justiça, tentando corrigir distorções, fazendo o que o meu coração e minha mente me aconselham a fazer.
Senadoras, Senadores, eu subo hoje aqui à tribuna movido por esse sentimento de justiça e pelo dever de amizade, que me prende aos meus amigos que precisam, sempre, quando atacados, ser defendidos.
Estou falando aqui da Fundação Boas Novas, que foi, na última reunião da CPI, citada por um depoente. Foram citados também o amigo Pastor Jonatas Câmara e meu amigo Deputado Federal Silas Câmara. E é um dever meu, por justiça, é um dever meu, por amizade e por ética, aqui dizer que conheço a Fundação Boas Novas, como jornalista, como amazônida, como manauara, como amazonense.
É uma fundação acima de qualquer suspeita; o problema que ela enfrenta é o sucesso que alcançou. Hoje, a Fundação Boas Novas tem sua faculdade. A Fundação Boas Novas tem rádio e televisão em 61 municípios, e acho que em Manaus também, 62 municípios. E isso move, sim, isso causa preocupação a quem não gosta do sucesso alheio. Isso causa o que eu chamo de inveja.
Eu estou aqui para dizer que conheço o Pastor Jonatas, que conheço o Pastor Silas e acompanho o trabalho deles esse tempo todo – esse tempo todo, são décadas já – no Amazonas. Quero dizer a eles que quem os conhece como eu os conheço não vai ligar para essa citação, mas há que se reconhecer também que, ao citar a família Câmara, ao citar possíveis desmandos... E não há por quê, porque esses contratos são legais, transparentes e comprovados. Portanto, eu estou aqui movido, sim, pelo dever de justiça e amizade, mas defendendo uma coisa justa.
O Pastor Jonatas, que é Presidente do Conselho Curador da Fundação Boas Novas, foi citado. Só quem não o conhece: um cavaleiro, um Pastor, um pregador da cristandade, e quem está falando aqui é um católico que convive com eles. Eu sei da responsabilidade, da credibilidade, do compromisso ético que a Fundação Boas Novas tem para com todo o Estado do Amazonas e para com o Brasil. Por isso, eu estou aqui.
Já mandei um recado para o Pastor Jonatas e para o Pastor Silas dizendo a eles da minha solidariedade, do meu reconhecimento e que isso não vai pegar. São denúncias que podem ser rebatidas e estão sendo rebatidas pela fundação; estão sendo rebatidas com a mostra da acusação de contratos, que, como disse, são contratos transparentes, responsáveis, éticos e podem ser comprovados.
Portanto, meu Presidente Chico Rodrigues, a minha primeira fala aqui é exatamente esta: defender a Fundação Boas Novas, porque conheço, porque acompanho e porque convivo com eles. Quando fazem Marcha para Jesus, me convidam, quando fazem congresso, me convidam, e eu, repito, mesmo sendo católico, convidado, respeitado, participo disso.
Portanto, aqui, à família Câmara, ao meu amigo particular Pastor Jonatas, ao Pastor Silas, Deputado Federal, a minha inteira solidariedade. E quero dizer a eles que, neste momento dessa acusação... E vai passar, porque não há como permanecer uma acusação frágil, que pode ser derrubada com documentos.
A todos os que fizeram da Fundação Boas Novas essa gigante que é, a todos os pastores, a todos os participantes, a todos os que congregam lá, a minha inteira solidariedade, em particular ao meu amigo o Pastor Jonatas Câmara; esse, sim, um cidadão que prima pela ética, pela responsabilidade, é um pregador dos preceitos de Cristo. A eles minha total solidariedade.
Presidente Chico, eu quero mudar o rumo da prosa e voltar para a prosa de ontem: COP 30. Ainda bem que está sendo um fracasso, ainda bem. Defender a COP, defender uma hipocrisia, quando foram desmatados 14km de floresta virgem, desmatada para que os participantes da COP pudessem dirigir dos seus hotéis, dos seus barcos ao local do espetáculo, ao circo... E ninguém falou nada disso.
Enquanto nós, que estamos pugnando, brigando para asfaltar 400km de uma estrada, não conseguimos. Somos acusados pela narrativa, pelas mentiras de que vamos desmatar. Nós vamos asfaltar. Quem vai só asfaltar não desmata; quem desmata é quem vai desbravar.
Eu estou, sim, ciente, cada vez mais, daquilo que disse desde o começo: será uma COP do fracasso. Quando os Estados Unidos não vêm, os grandes países não mandam representantes, fica essa ficela, fica essa ficela de querer dizer que está tudo correndo bem. Não, não está. É um fracasso total, mas vai servir para que eles – quando eu digo eles, são os representantes dos países, aspas, do "primeiro mundo" – deixem o dever de casa para que nós possamos cumprir. Roraima vai pagar o pato, o Amazonas vai continuar pagando, o Amapá, o Pará também. Vão nos dar deveres, para que nós não possamos mexer, em hipótese alguma, nos nossos recursos naturais.
Assim, o potássio de Altazes não pode ser explorado, o gás de Itapiranga não pode ser mais explorado, as minas, o ouro, tudo não pode mais, o nióbio, o nióbio que tem lá na Cabeça do Cachorro. Para quem não sabe, a Cabeça do Cachorro é uma área dentro do Município de São Gabriel da Cachoeira, que detém – ouçam bem, porque vocês vão ouvir, sim, não duvidem do que vão ouvir –, detém 96% da reserva de nióbio do planeta. Você ouviu bem, 96% da reserva de nióbio. Temos urânio, tem ouro, tem tudo, e a gente não pode mexer.
Esse mesmo povo que está aí agora, com seu laptop, com seu iPhone, no ar-condicionado do barco, com sua internet, com tudo que a vida confortável pode proporcionar, são os mesmos que querem nos condenar a uma pobreza eterna. Eu não posso, como amazônida, ficar tolerando esse tipo de espetáculo.
Aí me perguntam se eu fui ou por que não fui. Eu não irei a nenhuma delas. Podem querer tratar essa gente da imprensa, da grande imprensa, essas pessoas que são tratadas como colonizados, mas se julgam colonizadores. A nós, não; a nós, não podem impingir essa pecha.
Que façam sua festa, que soltem seus balões, suas flores, que espoquem confetes, façam o que quiserem, finjam que está tudo bem. Não está tudo bem. Basta só que você olhe para o lado, que você deixe de olhar para a frente, montando nessa narrativa. Olhe para o lado, que você vai perceber. No próprio Pará, vai perceber a pobreza reinante na periferia, vai perceber a falta de saneamento básico, vai perceber que aquele povo, a maioria não tem renda, a maioria não tem renda para comprar o seu remédio, o seu feijão e o seu arroz. Basta olhar para o lado.
Aqueles que se recusam a olhar para o lado, que se recusam a enxergar a verdade, que continuem com a sua farsa, na sua hipocrisia. Mas os farsantes, os hipócritas da questão ambiental terão sempre a mim, Senador Plínio Valério, do Amazonas, a dizer que mentem, que criam uma narrativa mentirosa e injusta, visto que querem nos condenar a uma pobreza eterna. Terão sempre a mim a combatê-los.
(Soa a campainha.)
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – E quando a COP se encerrar, e for atestado o fracasso da COP – para quem tem senso, para quem tem responsabilidade, para quem pensa –, eles vão dizer que foi um sucesso. As fotos e os vídeos vão mostrar que não foi. E eu estou aqui, pronto para mostrar aqueles vídeos daquela operação terrível da Polícia Federal, quando detonou, com explosivos, os flutuantes dos mineradores familiares lá de Humaitá e Manicoré. Estarei aqui para desmenti-los.
E, mais uma vez, quero agradecer a Deus por estar Senador da República; só assim eu posso combater esses hipócritas.
Obrigado, Presidente.
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Eu gostaria de um aparte, Senador Plínio Valério, por gentileza.
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – Pois não, pois não – e encerro, Sr. Presidente.
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Em primeiro lugar, queria cumprimentá-lo pelo seu discurso – mais uma vez, muito sereno – e complementar da seguinte forma: concordo em gênero, número e grau que essa COP já é um fracasso antes mesmo de acontecer.
É uma hipocrisia sem precedentes...
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... paga com dinheiro seu, brasileiro, brasileira que nos acompanha aqui no Senado – paga com o seu dinheiro.
E eu vou dizer além, Sr. Presidente: desses 14km de que o Senador Plínio falou, de desmatamento para a COP – olhem que incoerência –, nós temos também... E eu quero fazer esta sugestão ao senhor, como um amazônida – com muito orgulho o senhor o é –: talvez não dê mais tempo, Senador Cleitinho, mas eles poderiam cancelar isso e fazer uma reunião online, virtual, porque o fracasso seria menor, porque economizaria o dinheiro das pessoas.
O senhor está vendo os shows que estão fazendo lá: circo e pão. Ninguém é bobo – ninguém é bobo. Nós estamos vendo aí que não tem hospedagem. Ontem nós tivemos, Presidente, jornalistas internacionais sendo assaltados à luz do dia em Belém.
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Só para concluir.
Então, que a vergonha do Brasil seja menor. Que façam online. Dá tempo. Aí participam países que já disseram que não vêm porque não tem hospedagem, essa confusão toda... Botem online que todo mundo participa. Por isso eu votei contra a questão de transferir a capital federal para Belém. É uma simbologia de algo que vai manchar a imagem do Brasil.
Então eu quero parabenizá-lo e registrar aqui a presença do nosso eterno Senador José Medeiros, presente aqui, Presidente, no nosso Plenário do Senado Federal.
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – Obrigado, Senador Girão. Incorporado ao discurso.
Eu encerro, Presidente, em um minuto, pegando a palavra que o Senador Girão citou: vergonha. Quem fala de vergonha somos nós que temos vergonha, somos nós que a temos; essa gente não tem vergonha nenhuma, Senador, absolutamente nenhuma vergonha de fazer o que faz, por isso é preciso que nós possamos combatê-los, sempre...
(Soa a campainha.)
O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – ... sempre combatendo essa gente que pensa que o Brasil ainda é colônia. Que eles pensem, nós não!
Não vão fazer com que eu pague pelo seu remorso, eu não vou pagar penitência dos remorsos dos europeus, dos americanos, dos alemães. Vocês que paguem pelo seu remorso, vocês que paguem pelo que fizeram com o seu meio ambiente. Não venham dizer que nós amazônidas, nós amazonenses somos os culpados pelo clima, ou então os responsáveis por salvar o planeta. A Amazônia é 1% da terra do planeta, nós não vamos salvar nada. Quem tem que ser salvo são nossos cidadãos, os guardiões da Amazônia, os nossos irmãos ribeirinhos; esses têm que ser salvos – por guardar a Amazônia – e não esses imbecis e hipócritas.
Obrigado, Presidente.