Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Em fase de revisão e indexação
Autor
Cleitinho (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/MG)
Nome completo: Cleiton Gontijo de Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Aparteantes
Eduardo Girão, Plínio Valério.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Para discursar.) – Sr. Presidente, sendo bem dinâmico aqui, objetivo, pegando esse assunto, a gente não pode aceitar também a hipocrisia. Olha só a fala do Presidente aqui.

(Procede-se à reprodução de áudio.)

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Senador Cleitinho, eu gostaria de comunicar a V. Exa. que o Presidente Davi Alcolumbre tinha feito uma determinação aos membros da Mesa de que não fossem reproduzidos nem áudio nem vídeo durante a sessão. Eu estou comunicando a V. Exa. porque é uma determinação do Presidente.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Sr. Presidente, eu vou reproduzir novamente, porque o senhor me interrompeu, aí depois eu não reproduzo mais não, depois do pedido. Rapidinho, vou só mostrar.

(Procede-se à reprodução de áudio.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – "Não vai ser a COP do luxo [...]". Sabe o que ele está fazendo, Presidente? Ele simplesmente abriu mão do navio da Marinha para poder estar num navio de luxo.

    Agora, o que mais me chama a atenção, gente, é o seguinte: eles estão lá debatendo, agora, para defender a natureza e o clima, queimando 135 litros de diesel por hora; essa é a COP 30. Não venham com essa ladainha! O Brasil nunca esteve preparado para sediar nada. A prova disso é a Copa do Mundo, que teve aqui em 2014: tudo superfaturado.

    O que vai acontecer lá no Pará não é nada contra o Estado do Pará; pelo contrário, são pessoas trabalhadoras, que merecem todo o nosso respeito. É contra quem está organizando, Sr. Presidente, que sempre quer levar vantagem em tudo, Sr. Presidente.

    Estão gastando, gente, só para vocês terem uma noção... Vou fazer um comparativo para vocês aqui do porquê de nós não estarmos preparados. Está querendo falar de clima? Estão gastando quase R$6 bilhões com essa COP 30.

    Sabe quantos milhões de brasileiros não têm saneamento básico? São 49 milhões de brasileiros que não têm saneamento básico. Sabe qual é o investimento em saneamento básico hoje? São 300 milhões. Só com a COP 30, estão gastando R$6 bilhões. Por isso é que eu não vou me calar aqui.

    E eu acho que a nossa função... Se, na época da Copa de 2014, não se fiscalizou o dinheiro público, cabe a nós fiscalizar esses R$6 bilhões que estão gastando com essa COP 30, fiscalizar centavo por centavo. E é isso que nós temos que fazer aqui, viu, Girão? Encaminhar tudo para o TCU. Tem que fiscalizar tudo. Essa turma tem que parar de levar vantagem em tudo. Dinheiro público, já se fala, é público: tenha zelo e responsabilidade com ele.

    Vem com essa hipocrisia de falar: "Não vai ser a COP do luxo, não!". Abre mão do navio da Marinha para poder ir num navio de luxo. É uma tremenda de uma hipocrisia!

    E, falando em hipocrisia, eu vou continuar a minha fala aqui, Sr. Presidente, porque é o seguinte – estão falando aí, e até agora eu não vi desmentirem; está vindo do Ministério dos Direitos Humanos, fiquem atentos! –: estão querendo indenizar as famílias dos mortos na operação do Rio de Janeiro. Vamos lembrar que mais de cem mortos não são vítimas da sociedade; mais de cem mortos são bandidos e não merecem!

    Eu quero saber se este Governo vai indenizar essas vítimas aqui ó, essas vítimas dos traficantes. E eu vou começar a ler para vocês aqui: “Motorista de app morre baleado ao entrar em comunidade do Rio; passageiros também foram alvejados”. As famílias aqui vão ser indenizadas? A família desse motorista de app vai ser indenizada?

    Tem mais: “Mulher morre após ser feita refém durante confronto entre facções”. A família dessa mulher também será indenizada? Porque ela é vítima; a família dela é vítima de traficantes, de criminosos.

    Tem mais: “Condenado por morte de Tim Lopes não comparece para colocar tornozeleira”.

    Tem mais: “Jogador de futebol é baleado após pisar no pé de traficante em baile do Réveillon no RJ”. A família desse jogador também será indenizada? Isso aqui é vítima!

    Tem mais: “Família se despede de menino de 5 anos baleado na Baixada Fluminense [baleado na Baixada Fluminense]”. A família dessa criança de cinco anos também será indenizada?

    Tem mais: “Jovem é torturada e morta após baile funk na comunidade da Coreia, zona norte do Rio”. Olha isso aqui: “Segundo a família, Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, foi morta a mando de um traficante local [porque se recusou] [...] a deixar o baile com ele”. A família dessa moça, de 22 anos de idade, também será indenizada por esses traficantes, por esses criminosos?

    Tem mais: “Menina de 12 anos gritou pelo pai antes de morrer baleada durante confronto de criminosos no RJ". A família dessa criança de 12 anos também... Governo, direitos humanos – direitos humanos! –, que estão com essa ladainha, com essa lacração! Vocês vão indenizar também essa família? Vocês estão preocupados com as vítimas ou só com os traficantes?

    "No Espírito Santo [para finalizar, Sr. Presidente], traficantes ligados ao CV mataram uma menina de seis anos após confundirem carro da família com veículo de rivais".

    Eu faço uma pergunta: a família dessa menina de seis anos também será indenizada ou vão ser só as famílias dos traficantes? Só dos vagabundos? Só dos bandidos? Só dos criminosos? Ou as vítimas, as verdadeiras vítimas aqui, que eu acabei de mostrar para vocês... E tem mais: se eu ficar aqui, gente, eu fico o dia inteiro mostrando para vocês o que é que traficante, criminoso faz o dia inteiro a não ser matar?

    A gente precisa entender. Está vendo essa bandeira que está atrás de mim aqui? Ela deixa bem claro o que está escrito na bandeira aqui, ó: "Ordem e Progresso". Não existe progresso sem ordem. Então, o que a gente precisa fazer neste país aqui é dar ordem. A gente não quer fazer mal para ninguém, mas a gente combate o mal, e existe o mal, sim, e o mal tem que ser combatido! E não sou só eu que falo isso aqui, não; isso aqui é de Deus. Deus é misericordioso, mas Ele é justo. Parem de passar pano, de passar a mão na cabeça de vagabundo, de criminoso.

    Eu ainda sou mais, eu sou mais ainda radical. Para isso eu sou radical: para mim, tinha que ter pena de morte neste país aqui. Para criminoso? Para essa turma aqui? Pena de morte. Mas é capaz que, se eu falar isso, venham os direitos humanos e mandem me prender. Mas vocês não vão me calar. Eu vim aqui dar voz, eu vim aqui para combater hipocrisia e demagogia. Chega, gente!

    Ah! Sabe o que está acontecendo agora? Ontem, no TSE lá, estão julgando agora para poderem caçar o Cláudio Castro – é só uma coincidência, é só uma coincidência. É só se levantar contra o mal que o mal se posiciona, gente. É por isso que a gente tem que estar aqui junto, unido, se posicionando e acabando com essa patifaria. A gente precisa acabar com essa patifaria!

    Quer um aparte, Senador? Fique à vontade.

    O Sr. Plínio Valério (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para apartear.) – Para mostrar que o senhor está para lá de correto, Senador Cleitinho: a mais recente pesquisa da AtlasIntel ouviu exclusivamente moradores de favelas e concluiu que 87,6% aprovam a medida – essa medida que foi feita pela polícia –, 12,1% desaprovam e 0,3% não opinaram. Outra pesquisa, da Genial Quaest, feita para O Globo, constatou no conjunto da população que 64% aprovam a operação.

    Ou seja, o senhor está corretíssimo quando diz que está tudo distorcido, que o que permeia, o que comanda é a hipocrisia.

    Parabéns pelo seu discurso! Eu vou ficar aqui até o final e ouvi-lo.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Os lacradores que nunca passaram em uma favela, que nunca moraram em uma favela, que não sabem da realidade de uma favela, estão aí enchendo o saco e querendo defender bandido e criminoso.

    Mas, a verdade é que, quando fazem uma pesquisa, mais de 90%, que são trabalhadores da favela, que são pessoas do bem que ficam na favela, não aguentam mais, porque são extorquidos, são explorados o tempo inteiro. Além de serem explorados pelo Estado, são explorados pelo tráfico. Então, ninguém aguenta mais, a verdade é essa.

    A gente precisa parar com isso, gente. A gente precisa mostrar aqui no país que certo é certo, errado é errado, e pronto, e acabou. Parem de passar a mão na cabeça de bandido e criminoso. Parem: não são vítimas da sociedade! Não são vítimas da sociedade!

    Eu queria finalizar aqui a minha fala, deixando a minha solidariedade ao ex-Presidente Bolsonaro. Por coincidência ou não – eu acho que para poder abafar isso que está acontecendo, que está escancarado para o mundo inteiro ver o que é o Brasil, o que é a criminalidade –, eu escutei uma notícia agora, uma matéria dizendo – ô Medeiros, fique aqui, você que já foi Senador e vai voltar a ser Senador, só para finalizar – que teve um assessor do Moraes que foi visitar a Papuda para ver em qual sela que o Bolsonaro vai ficar.

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Eu espero que todos os Senadores e Deputados Federais que subiram na garupa do Bolsonaro sejam solidários ao Bolsonaro e defendam a honra do Bolsonaro aqui. O que estão fazendo com o Bolsonaro é uma covardia, uma sacanagem. O Bolsonaro não é bandido.

    E o que é que a gente tem que fazer aqui? Por que eu estou falando para o Medeiros ficar aqui? É porque o Medeiros foi Senador e, no ano que vem, deve ser candidato de novo. A gente aqui hoje não é a maioria, mas para a gente mudar essa história aqui, mudar o jogo, a gente precisa ser a maioria aqui a partir do ano que vem. Pois que tenha candidato a Senador de coragem, que não tenha rabo preso com o STF, como eu não tenho. Que ele possa subir aqui, apontar o dedo e assinar quantos pedidos de impeachment forem necessários, porque a gente vai virar o jogo aqui é impitimando Ministro, como o Moraes.

    E eu quero dar um recado para você, Moraes: eu não tenho medo de você! Quantos pedidos de impeachment precisarem assinar aqui eu assino. Eu não tenho rabo preso. Eu entrei aqui limpo e vou sair daqui limpo. E eu espero que todos os Senadores da República e Deputados Federais que tiveram o apoio do Bolsonaro se posicionem e defendam a honra do Bolsonaro, para que não façam o que eles estão querendo fazer com ele. Que todos subam aqui...

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – ... e possam fazer algo pelo Bolsonaro. O que estão fazendo com ele é covardia, é sacanagem. E por coincidência ou não, só depois que aconteceu essa operação, que é a questão do Rio de Janeiro, que está mostrando, escancarando para o mundo o que é a segurança do Brasil, vêm com essa ladainha com o Bolsonaro de escolher cela na Papuda para o Bolsonaro. Novamente, a gente sabe no Brasil quem são os criminosos, quem são os bandidos. E são eles que têm que estar atrás da grade, não o Bolsonaro.

    Muito obrigado. (Palmas.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Presidente, só rapidamente, se o senhor me permitir um aparte ao Senador Cleitinho.

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Pois não!

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Em primeiro lugar, quero cumprimentar o Senador Cleitinho, sempre muito autêntico nas suas falas.

    Eu queria apenas que a população entendesse: ele tentou colocar um áudio; o senhor, cumprindo uma decisão da Mesa, tentou interrompê-lo – e isso faz parte do jogo democrático, foi alertado pela assessoria –, mas eu queria manifestar a minha indignação, mais uma vez...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... não com o senhor – o senhor está apenas temporariamente aí –, mas com o comando da Mesa, que está proibindo passar áudio. E parece que, quando a coisa é um áudio do Lula, fica mais grave ainda a situação para se tirar.

    Eu queria dizer o seguinte, Presidente: tem umas resoluções da Mesa que eu não entendo. O Senador é eleito pelo povo – não é fácil, é majoritário –, para representar a voz do povo, e ele não é irresponsável de colocar aqui um áudio que não seja verdade, pois o Senador tem que se responsabilizar por isso. Então, eu acho uma censura, não do senhor, repito, não do senhor, mas de quem tomou essa decisão da Mesa. É uma segunda decisão antidemocrática nesta Casa.

    Eu tenho alertado aqui, há um ano e meio, que o comando do Senado, a Presidência, fez algo gravíssimo. Em 200 anos do Senado Federal – e eu estou aqui com o Senador, com o eterno Senador, combativo, aguerrido, José Medeiros, que sabe disto –, da história do Senado, sempre quando havia dois ou mais – não é parafraseando Jesus Cristo, não –, podia-se abrir sessão; não precisava ser eleito da Mesa para abrir sessão. Para com isso! Vamos acabar com essa censura, com essa perseguição! Qualquer um pode abrir!

    Às vezes eu venho aqui, Senador José Medeiros, na segunda-feira e, quando algum colega da Mesa não pode abrir, a gente agradece sempre o Senador Chico Rodrigues, que sempre faz questão de estar presente, e outros colegas também, mas às vezes não dá. E eu não posso abrir com o Senador Paim, que está aqui, com o Senador Kajuru, que está sempre aqui também, e com outros colegas.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Eu me sinto violentado com isso, porque eu tenho, assim, uma ruma de discurso do meu estado, de denúncias para fazer, e eu não consigo exercer o meu papel. Por quê? Porque tem que abrir alguém da Mesa. Aí eu chego aqui, sexta-feira, segunda-feira, e não consigo falar.

    Então, que se mude isso. Já pedi ao Presidente Davi Alcolumbre, duas semanas atrás. Estou esperando um retorno dele, para que ele acabe com essa decisão antidemocrática. Abra a sessão para quem quiser falar. Tendo dois, vai lá, um fala; depois, outro fala, e termina a sessão. Mas são discursos, pronunciamentos oficiais que a gente precisa fazer.

    Em 200 anos do Senado, no último 1,5 ano fizeram isso. Coincidência, né? Será que é por causa das críticas ao STF? Porque, ontem, estava o Presidente do Senado aqui de braço dado, saindo junto com Alexandre de Moraes, que é cheio de pedido de impeachment...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Para concluir, Sr. Presidente, já agradecendo a sua benevolência.

    É um desaforo com o povo brasileiro, cheio de pedido de impeachment aqui. Um, tem 2 milhões de brasileiros que assinaram; dois grandes juristas, o Desembargador Sebastião Coelho e Rodrigo Marinho, que assinaram; 137 Deputados Federais; 41 Senadores. A maioria do Senado assinou, e não se coloca para votar pedido de impeachment E ainda vem andando, a tiracolo, com Ministro de STF aqui dentro, em pleno momento que a gente vive?

    Então, perdemos o pudor completamente, mas eu tenho que falar isso e vou continuar falando, Sr. Presidente, porque eu estou aqui para isso.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/11/2025 - Página 21