Pronunciamento de Astronauta Marcos Pontes em 14/11/2025
Discurso proferido da Presidência durante a 169ª Sessão Especial, no Senado Federal
- Autor
- Astronauta Marcos Pontes (PL - Partido Liberal/SP)
- Nome completo: Marcos Cesar Pontes
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso proferido da Presidência
- Matérias referenciadas
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP. Para discursar - Presidente.) – Chegamos ao final da nossa sessão.
Ao encerrar esta sessão especial, eu sinto que não estamos apenas prestando uma homenagem; estamos reafirmando um compromisso: um compromisso com a ciência, com a educação, com o futuro do nosso país. Hoje, celebramos a vida e o legado de um homem que acreditava no poder transformador do conhecimento: Carlos Chagas Filho. Seu trabalho não foi apenas acadêmico; foi patriótico, foi movido por um profundo amor pelo Brasil e por um senso de responsabilidade que transcende gerações. Ele entendeu que a verdadeira soberania de um país começa na sala de aula, se fortalece nos laboratórios e se concretiza nas políticas que valorizam a pesquisa e o talento humano.
Como astronauta, pude ver o nosso país e o nosso planeta lá de fora. Lá de cima, não existem fronteiras nem diferenças, só um pequeno ponto azul repleto de desafios e possibilidades. E foi justamente com esse olhar ampliado que eu tive a noção exata do papel importantíssimo da ciência e da cooperação. Carlos Chagas Filho, com sua visão global e ação local, também nos mostrou isto: que o Brasil pode – e deve – ocupar seu lugar de destaque no cenário científico mundial.
A biofísica brasileira, que ele ajudou a estruturar com tanto esforço e dedicação, é hoje uma das colunas que sustentam o edifício da ciência nacional. E ver aqui, nesta Casa, tantas instituições representadas – universidades, academias, fundações, centros de pesquisa – é a prova viva de que o sonho daquele jovem cientista, nascido há 114 anos, continua vivo e pulsante.
Eu gostaria de, antes do encerramento propriamente dito, também ressaltar algumas das situações que nós vivemos no nosso país e que, de certa forma, foram evidenciadas em alguns dos discursos que nós ouvimos aqui hoje. Eu ressalto, por exemplo, uma parte da fala do nosso querido D. Geraldo sobre a importância da integridade e da inteligência. São momentos que nós vivemos, e nós precisamos ter isso no Brasil. É muito bom que nós tenhamos isto refletido na nossa política, da sociedade para a política, da política para a sociedade: integridade e inteligência.
Eu gostaria até que todos os pais – eu falei isto ontem, aliás, em outra sessão... Um dos meus desejos, dos meus sonhos aqui no Brasil é que todos os pais tenham na sua mente o seguinte mote: "Que meu filho ou minha filha seja mais preparado, seja um melhor cidadão do que eu". Se a gente tiver esse esforço continuado da nossa população, de cada pai, de cada mãe, eu tenho certeza de que o Brasil seguirá num caminho continuamente melhor, gradualmente se aproximando de integridade e inteligência, coisas de que a gente precisa, sem dúvida nenhuma, no nosso país.
Eu fico muito honrado também de ter proposto a colocação do nome ou a inscrição do nome de Carlos Chagas Filho no Livro dos Heróis da Pátria – é uma homenagem merecida. Nós precisamos reconhecer, neste nosso país, aquelas pessoas que definitivamente lutaram pelo desenvolvimento do país, com o sacrifício de uma vida inteira para que isso fosse feito – e ele merece essa homenagem.
Há outro ponto importante com relação à ciência e à religião também, nosso D. Geraldo. Eu vejo que o que une esses dois lados, que algumas pessoas menos avisadas, eu diria, acham que são antagônicos, mas não o são, é justamente o amor: o amor pelas pessoas, pelo bem comum, que tanto a religião quanto a ciência têm como essência estabelecer e promover. Então, eu acho que isso é a ponte que une esses dois lados.
Nós ouvimos aqui o Senador Wellington Fagundes, que também faz parte, vamos chamar assim, da bancada científica, assim como o Senador Izalci. Nós lutamos aqui, a cada dia, para que nós tenhamos mais financiamento; aliás para que nós tenhamos a continuidade, a consistência no financiamento da ciência no Brasil. Parece incrível a gente ter que falar isso continuamente, porque me parece uma coisa tão óbvia. Se olharmos todos os países desenvolvidos – todos eles, sem exceção –, o que eles têm em comum não é língua, não é região geográfica, não é cultura, não é religião. O que eles têm em comum é o financiamento consistente, o foco, a prioridade dada a uma educação, uma educação de qualidade focada em resultados, ciência, tecnologia e inovação para transformar ideias em nota fiscal, empregos, desenvolvimento, qualidade de vida e proporcionar um ambiente de negócios que seja favorável ao desenvolvimento das nossas empresas, principalmente as empresas de tecnologia que hoje se destacam em todas as áreas do conhecimento.
Parece simples essa receita, mas, quando a gente vai explicar isso para tantas autoridades, a coisa fica complicada, como se isso fosse rocket science, vamos dizer assim, e não o é. Isso é simples, é estratégico para o país, e não é para amanhã, não é para depois da manhã, não é para daqui a dez anos, como o pessoal costuma dizer: "Nisso aqui eu vou colocar investimento agora, mas só para daqui a dez anos". Não, é agora que precisa. A gente já viu tantas situações no mundo em que a ciência salvou literalmente o planeta. Então, é agora o momento de se investir nisso.
Nós estamos, neste momento, aqui, no Senado, tratando de Orçamento. Muitas vezes eu ouço muitas falas bonitas a respeito do apoio à ciência, do apoio à educação, mas, na hora H, quando se chega ao Orçamento, o que se vê, muitas vezes, são outros projetos ganhando projeção em termos de Orçamento, e a ciência e a educação, que são definitivamente o pilar que sustenta o desenvolvimento, acabam ficando para trás.
Então, é importante que, em uma sessão como esta, em que nós temos uma honra muito grande de estar homenageando pessoas que contribuíram para o nosso país, também nós lembremos que o futuro tem que ser escrito através do compromisso. E aí é importante lembrar o compromisso de todos nós, fora daqui e dentro desta Casa, principalmente dentro do Congresso, para que o Brasil realmente ocupe o seu lugar. Para fazer isso, nós precisamos de orçamento, nós precisamos de que o que for falado seja feito. É aquele negócio que se trata como integridade: pensa, fala e faz tudo na mesma direção. Integridade e inteligência, nós precisamos disso no nosso país.
Eu queria terminar com uma mensagem que trago comigo desde os tempos difíceis da infância, dos estudos técnicos, da aviação e da jornada até o espaço: não existem sonhos impossíveis; existem objetivos que exigem mais esforço, mais estudo e mais determinação. Que o nosso Brasil chegue lá também!
Que a história de Carlos Chagas Filho inspire cada jovem brasileiro a acreditar no seu potencial, a valorizar o estudo, a buscar soluções e nunca desistir diante das dificuldades. Que esta homenagem não fique apenas na memória, mas que também ecoe em ações concretas de apoio à ciência, à inovação e à educação.
Muito obrigado a todos pela presença, pelo respeito e, principalmente, pelo compromisso com um Brasil mais justo, mais inteligente, mais íntegro e mais preparado para o futuro.
Cumprida a finalidade desta sessão especial do Senado Federal, agradeço às personalidades que nos honraram com sua participação. Agradeço também a presença de todos aqueles que estão aqui e daqueles que nos acompanharam pela TV Senado e pelas redes do Senado.
Neste momento está encerrada a sessão especial.
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
(Levanta-se a sessão às 16 horas e 11 minutos.)