Discurso durante a 22ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a homenagear Nossa Senhora de Nazaré e o Círio de Nazaré. Comentário sobre a relevância popular do evento no Amapá (AP), ressaltando sua importância cultural e espiritual na Amazônia. Registro da devoção à Maria por meio de passagens bíblicas.

Autor
Randolfe Rodrigues (PT - Partido dos Trabalhadores/AP)
Nome completo: Randolph Frederich Rodrigues Alves
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Cultura, Homenagem, Religião:
  • Sessão solene destinada a homenagear Nossa Senhora de Nazaré e o Círio de Nazaré. Comentário sobre a relevância popular do evento no Amapá (AP), ressaltando sua importância cultural e espiritual na Amazônia. Registro da devoção à Maria por meio de passagens bíblicas.
Publicação
Publicação no DCN de 06/11/2025 - Página 57
Assuntos
Política Social > Cultura
Honorífico > Homenagem
Outros > Religião
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM, RELIGIÃO, IGREJA CATOLICA, Círio de Nazaré, EVENTO RELIGIOSO, BELEM (PA), COMENTARIO, IMPORTANCIA, EVENTO, AMAPA (AP), REGIÃO AMAZONICA.

    O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco/PT - AP. Para discursar. Sem revisão do orador.) – Obrigado.

    Meus cumprimentos aqui ao Padre Francisco, ao Padre Rafael, ao querido Flávio, que se pronunciou ainda há pouco, Senador Chico Rodrigues, que ficará representando o Senado Federal aqui nesta mesa. Minhas homenagens ao Deputado Joaquim Passarinho, por mais uma vez possibilitar a vinda da imagem peregrina aqui para conosco.

    Permita-me, Deputado Passarinho, abrir uma breve divergência, que sempre tem, com o maior carinho, entre amapaenses e paraenses. Ela é de Belém desde 1703, quando o milagre aconteceu, quando ela foi encontrada pelo Caboclo Plácido. Ela vem de Belém desde 1793, quando o primeiro Círio é realizado, organizado pelo Governador do Grão-Pará, naquela ocasião, em decorrência de um milagre que tinha acontecido a ele e pelo qual ele teria prometido que, se fosse curado, realizaria uma procissão em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré.

    Mas ela se tornou da Amazônia, e me permita aqui contar como ela se tornou da Amazônia e se tornou da Amazônia no Amapá em especial. Como todos sabem, o Amapá é parte integrante – era parte integrante – do Pará até os anos 1940, até 1943. Pois bem, era comum o deslocamento de amapaenses, de Mazagão, da vila de São José de Macapá, até Belém, até que uma gravíssima crise econômica nos anos 1920 e 1930 impossibilitou que isso acontecesse. Aí, a comunidade amapaense se mobilizou para pedir para o então Prefeito, Major Eliezer Levy – não era Prefeito, Intendente Major Eliezer Levy –, proclamasse a realização de um Círio em Macapá. Olhem, a vontade da adoração a Nossa Senhora em Macapá era tão grande e parte do povo, que o povo se mobilizou para que o poder público apoiasse a realização de uma procissão.

    Aquela é a primeira procissão que acontece em Macapá. Nós estamos lá em Macapá, realizamos agora o nosso 91º Círio. Embora o padroeiro do Amapá, minha querida Primeira-Dama Liana, minha querida Primeira-Dama do Congresso Nacional, esposa do meu querido colega Senador Davi Alcolumbre... Embora o padroeiro do Amapá e de Macapá seja São José, a adoração por Nossa Senhora foi tão grande e tão emanada da vontade popular naquele ano de 1934 que o primeiro Círio aconteceu num novembro como este, Liana, num 5 de novembro de 1934. O Círio que nós realizamos agora foi o 91º, nós estamos quase próximos do centenário do Círio no Amapá.

    A vontade de adoração de Nossa Senhora de Nazaré era tão grande que, naquele 1934, não existia a imagem de Nossa Senhora de Nazaré no Amapá. Foi feito o primeiro Círio, imaginem, com a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Só no ano seguinte, em 1935, é que a imagem – isso com a autorização do vigário geral e com a autorização da Diocese de Belém naquele período – , só no ano seguinte, em 1935, é que nós temos o Círio com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré.

    Então, o Círio no Amapá tem uma particularidade, meu caríssimo Presidente Joaquim Passarinho e meu querido Chico Rodrigues: o Círio em Macapá foi emanado da vontade do povo de ter adoração lá perto, de trazer a Nossa Senhora para estar junto.

    Essa Nossa Senhora que nós católicos reverenciamos é a Nossa Senhora presente em todos os quatro Evangelhos, essa é a Nossa Senhora presente nos Evangelhos de Marcos, Mateus, João e Lucas. É a Nossa Senhora, como já foi dito agora aqui pelo Flávio, que está presente em Lucas 1,26, quando faz a visita a Isabel. "Bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre" se tornou, ao longo dos séculos, uma das mais expressivas adorações e orações de intercessão, de intercessão ao Filho de Deus, de intercessão a Deus. É a Nossa Senhora que está presente de novo no Evangelho de Lucas 1,39, na visitação, quando aí faz a visitação à Isabel e recebe a saudação. É a Nossa Senhora, repito, que está presente na anunciação no Evangelho de Lucas, quando o anjo Gabriel a encontra, quando o anjo Gabriel vem até ela e diz que ela terá como filho o Salvador. É a Nossa Senhora que está presente nas bodas de Canaã, Evangelho de João 2,1,12, em que, neste momento, é Maria, naquele momento de celebração, naquele momento de festa, que intercede por meio da fé, levando Jesus a realizar ali o seu primeiro milagre. É, por fim, a Nossa Senhora que está presente ao pé da cruz, quando, no momento de súplica última de nosso Senhor Jesus Cristo, ele se refere a um dos apóstolos e diz "João, eis aí a tua mãe; mulher, eis aí o teu filho", consagrando Nossa Senhora como mãe de nós todos.

    Não é somente a imagem peregrina que nós adoramos, é a imagem de alguém que está presente nos quatro Evangelhos em toda a trajetória terrena do seu filho, que está presente, como nós vimos no começo, na anunciação, quando aceita e recebe a mensagem de ser a portadora no ventre do Filho de Deus. É a Nossa Senhora presente na visitação à Isabel, que é consagrada assim. É a Nossa Senhora presente no primeiro dos milagres realizados pelo Filho de Deus. É a Nossa Senhora presente na despedida terrena antes da sua ressurreição e sua ascensão aos céus. Nós não adoramos somente a imagem, adoramos aquela que recebeu o Filho de Deus, que intercede por nós junto a ele, que nos protege e que, com a fé do povo presente nas diferentes manifestações, seja em Belém, seja no interior do Pará, seja em Macapá, seja no interior do Amapá, por onde os círios acontecem – porque não é um círio, são círios –, onde os círios acontecem, dialoga, recebe e abraça a fé do povo, fé manifesta na força da corda, fé manifesta no suor muito presente dos peregrinos em cada uma das manifestações amazônicas.

    É a Nossa Senhora de Nazaré, a nossa Mãe amorosa, aquela que nos acolhe nos outubros e que possibilita, em nossa Amazônia, no Amapá ou no Pará, que o Natal chegue mais cedo e que o filho de Deus fique lá se lambuzando de açaí até chegar a data de 24 de dezembro. É esta a característica nossa de Belém e de Macapá: o Natal para nós chega mais cedo. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 06/11/2025 - Página 57