Discurso durante a 170ª Sessão Especial, no Senado Federal

Em fase de revisão e indexação
Autor
Zenaide Maia (PSD - Partido Social Democrático/RN)
Nome completo: Zenaide Maia Calado Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - RN. Para discursar. Por videoconferência.) – Boa tarde a todos e a todas presentes.

    Quero aqui cumprimentar o nosso Presidente Paulo Paim. Eu costumo dizer que Paulo Paim é uma referência como Senador para qualquer estado brasileiro. Na pessoa dele e do Senador Randolfe, quero cumprimentar os Parlamentares presentes e os que estão nos assistindo.

    É uma alegria muito grande. Eu tive a honra de indicar para receber a Comenda Abdias Nascimento – como já foi falado sobre Abdias Nascimento, já foi exaltado aí e já foi mostrado – o meu conterrâneo Gilson José Rodrigues Junior, que é um homem negro, Doutor e Mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco e Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente, gente, Gilson é Assessor de Educação Étnico-Racial e Professor do Instituto Federal IFRN, no campus de Macau, com experiência em pesquisa e ensino sobre políticas públicas, relações étnico-raciais, gênero e direitos humanos.

    Esse grande brasileiro... Sabe o que me chama a atenção, Paulo Paim? É que são mais jovens. Nós temos um Abdias Nascimento, e eu fico feliz que os jovens, que têm que dar exemplo para a nossa juventude, estão nessa luta.

    No sloganzinho de Abdias tem assim: "Apesar de todo o ódio racial, seguimos resistindo, reexistindo e, sobretudo, vivendo e não apenas sobrevivendo". Essa foi uma frase...

    Gilson, eu queria aqui dizer da alegria de tê-lo indicado para isso, um jovem que faz parte de institutos federais, que mostra a necessidade e que está usando as redes sociais para mostrar, porque a gente sabe que informação é poder...

    Nós não só temos que mostrar e servir de exemplo, como é o caso de todos os homenageados aí, a quem eu quero parabenizar, mas também precisamos dar visibilidade ao povo brasileiro de que é possível, sim, um homem negro chegar aonde eles chegaram. Eles têm que continuar a luta porque, apesar dessa história de dizerem que não tem racismo, a gente sabe perfeitamente que tem. E a gente também é consciente de que não existe democracia nem justiça social quando a gente está fazendo esse apartheid entre as pessoas pela cor da pele.

    Ele promove, com projetos audiovisuais que chamam a atenção desses alunos que a gente viu aí... Eu quero parabenizar Paulo Paim por esse convite, porque a gente tem que incluir essas crianças e jovens para mostrar que eles podem chegar aonde os homenageados estão hoje, que é uma luta que eles travaram e que continua.

    O Senado Federal, nesta semana... A gente sabe do feriado nacional de Zumbi e da Consciência Negra, que reflete sobre o fato de ser o Brasil um país que condenou o povo negro a quase 400 anos de escravidão legalizada. Por isso, a importância de estarmos no Congresso Nacional, que é quem faz as leis. E, como Paulo Paim mostrou, a gente já tem várias leis que vão melhorando...

    Nós somos uma nação que deve a esse povo negro a construção de sua história – a história como foi mostrada aqui pelo colega Randolfe –, que, quando foi visto por aquele médico e professor, já dizia que a minoria era de brancos; então os negros é que construíram e fizeram a gente chegar aonde a gente está hoje.

    Nesse sentido, eu quero dizer que é papel do poder público garantir políticas afirmativas, inclusivas e reparatórias. Nós devemos à população negra. Defendi e votei a favor da Lei das Cotas, Paul Paim. O senhor se lembra da luta da gente: vagas nas universidades públicas e concursos públicos. E não foi fácil para a gente dizer para o povo brasileiro que hoje é difícil a gente pelo menos reparar o que já foi feito com os negros, com essa escravidão. E na época eu disse assim: "O que são dez anos de cotas públicas para quase 400 anos de escravidão?!". E, quando, na defesa, o pessoal votava contrário às cotas, aí eu dizia: "Mostre aí um navio 'branqueiro'". Agora, os negreiros, a gente tem e sabe como funcionaram.

    Então, eu queria dizer aqui que as cotas são uma questão de justiça social e reparação ao dano histórico causado a essa população. Estamos falando de humanidade, de dignidade, de direito de viver sem ter sua integridade ameaçada por conta da cor de sua pele.

    Então, eu queria dizer, Gilson, que estou muito feliz por homenageá-lo, você merece esse título, você é alguém que diz... O nosso Senador Abdias, Paulo Paim, me antecedeu, e eu sei que é possível fazer mais pelo nosso povo preto, negro, que a gente sabe. Então, por isso é que eu o parabenizo e todos que estão aqui, que foram homenageados e que merecem os aplausos, porque a gente sabe que não é fácil defender – como eles chamam – a minoria, mesmo sendo maioria. Como Paulo Paim falou, se for feminicídio, é mais em mulheres negras, tudo isso.

    Nós precisamos colocar os negros no Orçamento deste país – negros, índios. Nós precisamos, Paulo Paim, para poder alavancar essas leis aprovadas, para elas serem efetivamente cumpridas, colocá-los no Orçamento deste país.

    Parabéns, Paulo Paim! Parabéns a todos os meus colegas Senadores que indicaram e que estão nos ouvindo, e parabéns aos homenageados! Gilson, parabéns, continue assim! Os institutos federais são a prova viva de que nós podemos, sim, oferecer uma educação pública de qualidade e profissionalizante para todos e não só para brancos.

    Muito obrigada, Paulo Paim. E queria pedir ao senhor, já que eu estou à distância, que o Randolfe entregue a comenda ao Prof. Gilson, já pedindo desculpa porque não pude estar presente. (Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - RS) – Muito bem, Senadora Zenaide Maia, autora da indicação do Sr. Gilson José Rodrigues Junior.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - RN. Por videoconferência.) – Paulo Paim, desculpe porque já estava previsto aqui que seria Randolfe ou então a viúva Elisa, do nosso querido...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - RS) – Mas, como a senhora foi muito feliz, foram eles dois que disseram: "Não sou eu".

    Nós vamos entregar os três, então. Nós três vamos entregar.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - RN. Por videoconferência.) – Vamos entregar para esse jovem que recebeu, dá as mãos e vai lutar, como todos, pelos negros do nosso país.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2025 - Página 32