Discurso no Senado Federal

EXCLUSÃO DAS BANCADAS DO PP E DO PL EM SEMINARIO DE DEBATES, A SER REALIZADO NO CORRENTE MES, SOBRE AS PRINCIPAIS REFORMAS DO GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.

Autor
Pedro Teixeira (PP - Partido Progressista/DF)
Nome completo: Pedro Henrique Teixeira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • EXCLUSÃO DAS BANCADAS DO PP E DO PL EM SEMINARIO DE DEBATES, A SER REALIZADO NO CORRENTE MES, SOBRE AS PRINCIPAIS REFORMAS DO GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 06/01/1995 - Página 321
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ANALISE, CRITICA, EXCLUSÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO PROGRESSISTA (PP), PARTIDO LIBERAL (PL), PARTICIPAÇÃO, SEMINARIO, REALIZAÇÃO, ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDARIA (ESAF), OBJETIVO, DEBATE, REFORMA ADMINISTRATIVA, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. PEDRO TEIXEIRA (PP-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os jornais de hoje noticiam fartamente que o PP, o Partido Progressista ao qual pertenço e por cuja liderança eventualmente respondo hoje no Senado Federal, em decorrência de ausência do Senador Irapuan Costa Júnior, em missão oficial ao exterior, e o PL, não serão convidados a participar do seminário que, no próximo dia 26, vai discutir, na Escola Superior de Administração Fazendária - ESAF, em Brasília, as principais reformas do Governo Fernando Henrique.

Sr. Presidente, é estranha essa discriminação. Outro dia, a Bancada do PP, através do seu líder na Câmara dos Deputados, considerou este Partido como um filho espúrio desse Governo. Apesar de termos apoiado o novo Governo, tanto o PP como o PL deverão estar presentes ao seminário apenas como observadores. Políticos importantes do PPR também serão chamados na mesma condição.

A decisão, diz a notícia, foi tomada ontem de manhã, em mais uma reunião comandada pelo Vice-Presidente Marco Maciel, e guardada a sete chaves pela equipe de Fernando Henrique. Quem esteve lá, isso é até interessante, entrou e saiu pela garagem. O PP, acredito que nem pela garagem pode entrar.

Realmente, é incontestável a importância de um partido como o Partido Progressista, que elegeu agora quatro novos Senadores: Bernardo Cabral, no Amazonas, José Roberto Arruda, no Distrito Federal, Osmar Dias, no Paraná e Antônio Carlos Valadares, em Sergipe e conta ainda com os Senadores João França, o Senador Meira Filho, o Senador Irapuan Costa Júnior e eu, nesta Casa. Não é possível que isso ocorra com um partido que tenha trabalhado tanto em vários Estados e tenha realmente contribuído para a esmagadora vitória final deste Governo.

Em Goiás, a candidata Lúcia Vânia e o então Ministro da Saúde, Henrique Santillo, varreram, propagaram, trabalharam e correram todo aquele Estado em defesa da candidatura de Fernando Henrique Cardoso.

No Distrito Federal, onde Lula teve uma vitória mínima, não fosse efetivamente o Governador de então Joaquim Roriz, que é do PP, ter trabalhado efetivamente em prol da candidatura de Fernando Henrique, creio que essas parcelas de votos não permitiriam uma vitória tão tranqüila ao final em primeiro turno.

O mesmo aconteceu o Paraná, onde o candidato derrotado, Álvaro Dias, trabalhou ativamente em favor da candidatura do hoje Presidente Fernando Henrique.

Também em Minas Gerais o então candidato Hélio Costa teve papel preponderante.

Por isso, Sr. Presidente, estranhamos que, ontem, nesta Casa, quando se procurava fazer composições no sentido de votar temas da maior relevância, o Partido Progressista fosse procurado insistentemente para vir aqui apoiar o interesse do País sim, mas interesse coordenado e capitaneado pelo PSDB, que nem sequer nos recebe em suas reuniões.

Política é isso! O interesse nacional do Presidente do Banco Central é importante, mas nem por isso o País acabou hoje. Dizia-me um Senador que abriu a janela pela manhã e disse: "Será que o Brasil continua"? Será que deixaríamos de viver hoje simplesmente porque um Presidente do Banco Central não foi escolhido? O País continua, sim. Um País que tem uma estrutura, uma organização, um Ministro da Fazenda competente, como é o caso, continua; independentemente de um coordenador vir trabalhar, já que uma equipe é muito mais importante do que um só homem. Ele poderia até estar doente.

Não era questão vital e visceral que tivéssemos de ruturar a nossa dignidade, porque não vi o PSDB, na Câmara dos Deputados, postular para que houvesse quorum na votação do projeto que anistia o Presidente desta Casa. Na votação, nem me refiro à aprovação - porque pode ser que o Partido entenda que V. Exª realmente não é digno de ser anistiado. Houve Senador que, em 18 meses nesta Casa, se o vi 5 ou 6 vezes, foi o máximo. Mas, desta tribuna, eu o vi concitar seus Pares à votação.

Nós, do Partido Progressista, não podemos, na verdade, andar de cócoras, ainda que o interesse nacional seja relevante, como reconhecemos que é relevante também as indicações dos diplomatas; e esta matéria não consta da Ordem do Dia. Por que não consta da Ordem do Dia de hoje a ratificação dos Srs. Diplomatas e Embaixadores?

Trata-se de uma questão direcionada que passou a ser política; e, se é política, deve ser tratada politicamente.

Nós, do PP, de forma declarada, não daremos número para que se apóie uma decisão em que não somos consultados. Ainda não existe um Líder de Governo, Sr. Presidente! O Governo já nasce desprezando esta Casa!

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 06/01/1995 - Página 321