Discurso no Senado Federal

COMENTARIOS AO PRONUNCIAMENTO DO SENADOR JOSE FOGAÇA. POSIÇÃO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES FAVORAVEL A GREVE DO PROXIMO DIA 21.

Autor
José Eduardo Dutra (PT - Partido dos Trabalhadores/SE)
Nome completo: José Eduardo de Barros Dutra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • COMENTARIOS AO PRONUNCIAMENTO DO SENADOR JOSE FOGAÇA. POSIÇÃO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES FAVORAVEL A GREVE DO PROXIMO DIA 21.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/1996 - Página 10068
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • REGISTRO, APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CONVOCAÇÃO, GREVE.
  • RESPOSTA, JOSE FOGAÇA, SENADOR, REFERENCIA, APROVEITAMENTO, GREVE, CLASSE EMPRESARIAL, NECESSIDADE, MOVIMENTAÇÃO, SOCIEDADE, AVISO, GOVERNO, PRIORIDADE, ALTERAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.

O SR. JOSÉ EDUARDO DUTRA (PT-SE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, solicitei a palavra apenas para pronunciar-me sobre um assunto, o que iria fazer num aparte ao Senador José Fogaça.

Registro que o meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, apóia essa greve do dia 21. Dará apoio político, institucional e militante a ela.

Concordo plenamente com a análise feita pelo Senador José Fogaça das elites brasileiras, que, historicamente, têm assaltado o Estado, numa demonstração clara de que o que precisamos fazer em nosso País não é um processo de privatização, mas um processo de "desprivatização" do Estado brasileiro, já que, de um modo geral, as empresas estatais e o Poder Público têm servido, principalmente, para o favorecimento dessas elites.

Concordo, inclusive, no risco que há do aproveitamento dessa greve por parte de setores da elite brasileira. Mas esse risco acontece em todos os movimentos sociais. Sempre existirão os aproveitadores desses movimentos para usufruírem vantagens que não estão dentro das bandeiras dos movimentos.

Em um processo de greve também acontece isso. O exemplo mais claro de greves que muitas vezes são utilizadas pelas elites e pelo patronato é o das greves no setor de transportes. Muitas vezes, esse tipo de greve é até incentivada por donos de empresas de ônibus, para poderem justificar depois um aumento de tarifas.

Mas há alternativa a isso, há alternativa ao movimento. Inclusive, não caracterizaria esse caso como uma greve, já que ocorrerá em apenas um dia e não existe uma pauta de reivindicações específicas. A alternativa seria a omissão, a passividade, o "deixa ficar como está para ver como é que fica".

Concretamente, existem algumas questões que têm de ser objeto de um alerta por parte da sociedade, como as questões do emprego e da abertura comercial sem nenhum controle, que vem sendo feita pelo Governo Federal, particularmente, em alguns setores, como o da indústria têxtil.

Por exemplo, no meu Estado, Sergipe, que é pequeno, no ano de 1995, mil postos de trabalho na indústria têxtil foram destruídos, porque a política de abertura comercial que vem sendo implantada, sem nenhum controle, estabelece uma concorrência absolutamente desleal entre produtos que vêm da China, de Taiwan e de outros lugares. O mesmo ocorre com a indústria de calçados. A indústria de polpa de coco, no Nordeste brasileiro, está sendo destruída, porque está sendo mais barato importar da Tailândia do que produzir no Nordeste.

Esses aspectos merecem uma movimentação por parte da sociedade, como o que classificaria de uma paralisação cívica - termo que considero melhor do que "greve" -, para alertar o Governo, a fim de que modifique essa política econômica.

Desejo também registrar que, no próximo dia 19, a Comissão de Assuntos Econômicos realizará uma audiência pública com os presidentes de todas as centrais sindicais que estão organizando o movimento, para travar um debate sobre essas bandeiras que estão colocadas como motivo da greve, particularmente a questão do emprego.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/1996 - Página 10068