Discurso no Senado Federal

CAUSAS DO ARREFECIMENTO DO TURISMO NO BRASIL, TANTO DOMESTICO QUANTO INTERNACIONAL.

Autor
Carlos Wilson (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • CAUSAS DO ARREFECIMENTO DO TURISMO NO BRASIL, TANTO DOMESTICO QUANTO INTERNACIONAL.
Publicação
Publicação no DSF de 29/08/1997 - Página 17557
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • ANALISE, CRESCIMENTO, TURISMO, MUNDO, REGISTRO, REDUÇÃO, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO NORDESTE.
  • NECESSIDADE, COMBATE, REPUTAÇÃO, VIOLENCIA, BRASIL, DIVULGAÇÃO, BENS TURISTICOS, EDUCAÇÃO, POPULAÇÃO, OBJETIVO, ATRAÇÃO, TURISTA, PAIS ESTRANGEIRO.
  • DEFESA, POLITICA NACIONAL, INCENTIVO, TURISMO, REGIÃO NORDESTE, ESPECIFICAÇÃO, REDUÇÃO, PREÇO, PASSAGEM AEREA.

O SR. CARLOS WILSON (PSDB--PE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nas economias dinâmicas e modernas, o turismo tem-se constituído um importante instrumento para atração de recursos. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial do Turismo -- OMT, em 1996, foram 592 milhões os turistas que se deslocaram pelo mundo. Essa massa de viajantes deixou nos países visitados recursos da ordem de 423 bilhões de dólares.

Os números traduzem um aumento de aproximadamente 4,5 % em relação ao ano de 1995 e de 7,5 % em referência ao crescimento das receitas provenientes do turismo.

Lamentavelmente, apesar dos esforços empreendidos pela Empresa Brasileira de Turismo -- EMBRATUR e apesar das riquezas turísticas de que dispõe o Brasil, materializadas na sua natureza e na sua história, nosso País, no mesmo ano de 1996, recebeu modestos 2 milhões e 300 mil turistas estrangeiros, que aqui deixaram 2 bilhões e 353 milhões de dólares.

Em relação ao turismo interno no Brasil, os resultados podem ser considerados desastrosos. Os países estrangeiros exercem um fascínio particular sobre os brasileiros. As praias de Cancún dão mais status do que as belas areias ou as tepentes águas dos mares nordestinos.

Durante os últimos três anos, aliás, o Nordeste tem assistido à queda do número de turistas que o visitam. Dados processados pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste -- SUDENE, referentes aos anos de 1994 e 1995 -- os últimos divulgados -- demonstram uma diminuição de 3,8 % na quantidade de apartamentos ocupados naquele ano em relação a esse. A tendência indicada pelos dados revela ainda a possibilidade de decréscimo desses valores em 1996 e no começo de 1997.

Em conseqüência de tais fatos, vários estabelecimentos hoteleiros da região fecharam suas portas, provocando sérios prejuízos aos investimentos feitos e diminuindo a oferta de emprego e as receitas.

As causas para o arrefecimento do setor no Brasil podem ser atribuídas, em síntese, a alguns fatores bastante conhecidos. Trata-se do baixo aproveitamento dos fluxos internacionais de turismo, baixo desempenho do turismo doméstico e da inexistência de uma política moderna no segmento do transporte aéreo comercial. 

No que se refere ao baixo aproveitamento dos fluxos turísticos internacionais, deve-se reconhecer que são diversas as circunstâncias causadoras do fenômeno, todas, em princípio, ligadas à conjuntura vivida pelo País. Uma conjuntura que, no setor, se manifesta na instabilidade na condução da política para o turismo e se na tibieza das ações governamentais na área. A imagem de país inseguro e violento e palco aberto para a exploração sexual é outra face do problema, que também tem contribuído fortemente para descaracterizar nosso País como pólo turístico de grande chamamento.

A recuperação do ritmo de crescimento do turismo internacional em nosso País requer um esforço conjunto do Estado e da sociedade, em âmbito nacional, no sentido de divulgação dos valores brasileiros históricos e culturais, das belezas naturais preservadas na sua peculiaridade e riquezas específicas. No campo da educação, é necessário criar-se uma mentalidade de valorização, respeito e urbanidade para com os turistas que para cá se dirigem.

Quanto ao turismo doméstico, é imperioso estabelecer mecanismos promotores dessa atividade de lazer e cultura. Para a região Nordeste, de acordo com informações divulgadas pela Comissão de Turismo Integrado do Nordeste -- CTI-NE, o turismo doméstico é responsável pela ocupação de 95% da rede hoteleira regional. Mas, infelizmente, nunca foi implementada uma política capaz de incentivar o turismo interno. Pelo contrário, na atualidade, o brasileiro que quiser viajar tem mais facilidade para dirigir-se ao exterior do que para percorrer e visitar o seu País. A passagem para o exterior é mais barata do que a passagem interna. Casos há de executivos brasileiros que, para realizarem seus negócios em São Paulo, compram bilhetes de passagem via Buenos Aires. Passam o fim de semana em Buenos Aires e voltam por São Paulo.

Fatos semelhantes produzem efeitos desabonadores para o País, desestimulam o processo de integração nacional, desanimam o segmento voltado para a atividade empresarial no ramo e favorecem o déficit da balança de pagamentos por meio da fuga de divisas nacionais.

No que diz respeito ao transporte aéreo comercial, é incompreensível que um brasileiro tenha que pagar passagem mais cara para deslocar-se pelo País do que para ir ao exterior. Várias iniciativas devem ser implementadas nesse setor pelos órgãos competentes, tanto para corrigir distorções quanto para inserir o Brasil, em condições competitivas, no campo da atividade turística internacional e doméstica.

Não há como negligenciar esse setor, seja pelo potencial do Brasil para o turismo, seja pela dinâmica que se quer imprimir à economia nacional, que precisa modernizar-se, projetar-se, criar empregos e auto-sustentar-se.

Era o que tinha a dizer! 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/08/1997 - Página 17557