Discurso no Senado Federal

MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E O ESFORÇO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONOMICO, EMPREENDIDOS PELOS ULTIMOS GOVERNOS DO CEARA. SATISFAÇÃO COM OS RESULTADOS JA OBTIDOS PELO PROJETO 'TODOS PELA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS'.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. EDUCAÇÃO.:
  • MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E O ESFORÇO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONOMICO, EMPREENDIDOS PELOS ULTIMOS GOVERNOS DO CEARA. SATISFAÇÃO COM OS RESULTADOS JA OBTIDOS PELO PROJETO 'TODOS PELA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS'.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/1998 - Página 14346
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, PROCESSO, MODERNIZAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, ESFORÇO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, ESTADO DO CEARA (CE), PROVOCAÇÃO, AUMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), MELHORIA, SAUDE, REDUÇÃO, INDICE, MORTALIDADE INFANTIL, CONTROLE, DOENÇA, POLIOMIELITE.
  • COMENTARIO, ANALISE, EFICIENCIA, PROJETO, EDUCAÇÃO, RESPONSABILIDADE, SECRETARIA DE ESTADO, EDUCAÇÃO BASICA, ESTADO DO CEARA (CE), ATENDIMENTO, NECESSIDADE, ALFABETIZAÇÃO, ESCOLARIZAÇÃO, POPULAÇÃO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, CUMPRIMENTO, CRITERIOS, ESTABELECIMENTO, CONFERENCIA INTERNACIONAL, REALIZAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, TAILANDIA, PROMOÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), FUNDO INTERNACIONAL DE EMERGENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFANCIA (UNICEF), PROJETO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD), BANCO MUNDIAL.
  • ANALISE, DETALHAMENTO, PROJETO, SECRETARIA DE ESTADO, EDUCAÇÃO BASICA, ESTADO DO CEARA (CE), PARTICIPAÇÃO, JUDICIARIO, FISCALIZAÇÃO, PERMANENCIA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, CRIAÇÃO, PREMIO, INCENTIVO, ALFABETIZAÇÃO, FUNDOS, APOIO, DESENVOLVIMENTO, ENSINO, IMPLEMENTAÇÃO, SISTEMA, AUTONOMIA, GESTÃO, ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR, CONSELHO, POSSIBILIDADE, VIABILIDADE, AMPLIAÇÃO, ACESSO, ENSINO FUNDAMENTAL, MELHORIA, NIVEL, QUALIDADE, EDUCAÇÃO, REGIÃO.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, dividirei o meu pronunciamento em duas partes. Na primeira, desejo comunicar à Casa - e desde já pedindo se registre um voto de pesar - o falecimento do Dr. Raimundo Coêlho Bezerra de Farias, que vinha exercendo o cargo de Prefeito do Crato, no Sul do Estado do Ceará.  

Raimundo Bezerra foi médico, formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, com especialização no Brasil e na Alemanha em cardiologia; posteriormente, foi Deputado Estadual, Deputado Federal constituinte e, por último, Prefeito da cidade do Crato.  

Como médico, não só conquistou uma larga clientela no Crato e nas regiões vizinhas, como fundou uma casa de saúde que tem o nome do seu pai, a qual funciona há mais de trinta anos.  

O seu passamento se deu em função de uma doença grave, que terminou minando completamente suas forças, levando ao seu falecimento entre os dias 14 e 15 de outubro.  

Faço este registro, inclusive, porque aqui estão os Senadores Nabor Júnior, Bernardo Cabral e Djalma Bessa, que conheceram o trabalho que S. Exª realizou na Constituinte, dedicando-se ao tema das legislações e dos dispositivos constitucionais sobre a seguridade social, particularmente, sobre a questão da saúde, tendo uma influência muito grande para que a Constituição Federal e a própria Lei Orgânica da Previdência Social tivessem dispositivos que culminassem na instituição do Sistema Único de Saúde.  

Peço à Presidência que submeta o presente voto de pesar à apreciação oportunamente, para que se dê conhecimento à sua família - à viúva Dª Maria Sileni e aos seus filhos.  

Em seguida, Sr. Presidente, queria comentar as notícias de hoje dando conta de que o Presidente Fernando Henrique Cardoso, na reunião da cúpula ibero-americana, ocorrida na cidade do Porto, em Portugal, aludiu à criação da taxa a ser cobrada sobre operações financeiras internacionais, para constituir um fundo que se destinaria a reduzir, nesses diferentes países, o impacto dos deslocamentos rápidos e fulminantes desses recursos, que terminam por criar sérios embaraços principalmente aos países em desenvolvimento. Penso que essa providência não pode tardar.  

A ONU tem seus diferentes organismos, tais como a OIT, que trata das questões relativas ao trabalho; OMC - Organização Mundial do Comércio, que se dedica ao comércio; a OMS - Organização Mundial da Saúde, que trata das questões pertinentes à saúde; e a FAO, que é uma agência da ONU destinada a tratar da agricultura. Assim sendo, por que não um organismo internacional que cuide das finanças? O FMI não preenche mais esse papel. Ele é fundamentalmente um banco que empresta dinheiro em determinadas condições, desde que seja aceita a sua ingerência sobre a política interna dos países. Assim, é preciso que se crie essa consciência. Fico muito à vontade para dizer isso, porque a questão já foi trazida ao Senado, muitas vezes, pelo Senador Eduardo Suplicy, que tem citado economista americano James Tobin, autor dessa idéia. Talvez a proposição precisasse de um amadurecimento ou até da ocorrência de uma crise, do porte da que estamos sofrendo, para que ela venha a ser realmente considerada como uma hipótese razoável e necessária.  

Como o Senhor Presidente da República, mais uma vez, lança essa idéia - Sua Excelência o tem feito em outras oportunidades -, certamente temos de insistir na proposta. E mesmo os países ricos, desenvolvidos, do chamado G-7 também têm interesse nisso.  

Ouvi, hoje, na televisão que o Financial Times diz que temos de encontrar uma solução para o problema do Brasil porque, do contrário, todo o sistema financeiro e econômico poderia ser afetado. Não sei se isso é um rasgo de patriotismo - porque queremos ser grandes e importantes até na crise -; creio que não, porque os ingleses não são muito afeitos a essas tiradas. A ser verdade o que ouvi na televisão, o Financial Times , um dos mais importantes órgãos da imprensa da área econômica, faz esse alerta na primeira página. Se esse é um processo que não se interrompe, que continua e que afeta a todos, é de se perguntar: no fim, os países do G-7 vão negociar com quem? Vão comprar de quem? Vão vender a quem? É impossível que isso não termine afetando esses países. É uma questão de racionalidade, de defesa da economia, para que fiquem atentos ao problema dos demais países.  

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - Permite-me V. Exª um aparte?  

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - Tem a palavra V. Exª.  

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - Na verdade, esses países não vão negociar com mais ninguém, porque vão atropelar a soberania dos países pobres, como estão fazendo com a brasileira. Vão interiorizar leis, como a Lei de Patentes, a Lei de Propriedade Intelectual, e, amanhã ou depois, não terão mais com quem negociar no âmbito de país soberano e de entidade nacional, porque terão tomado conta dos países como o estão fazendo com o Brasil. Perdoe-me, Senador Lúcio Alcântara, mas a proposta do Presidente Fernando Henrique, na Cimeira de Portugal...  

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - Gostei do lusitanismo.  

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) ...não passa de um factóide à moda do Sr. César Maia, do Rio de Janeiro. Na verdade, a política do Presidente Fernando Henrique é uma política de destruição das elites brasileiras. V. Exª pode consultar o livro em que Sua Excelência defende tese sobre Dependência, a qual, segundo o Presidente, ao invés de ser um fator de retrocesso, é um fator de progresso, pois as elites brasileiras são absolutamente incapazes. Portanto, trata-se de uma proposta, urdida na década de 60 na USP, marxista vulgar, mecanicista, mal analisada, implementada pelo Presidente Fernando Henrique. É uma proposta internacionalista, que sugere inserir no mercado globalizado um país sem as devidas defesas. O Brasil abriu as suas guardas deliberadamente, como política de Governo do atual Presidente da República. Este apelo para que os capitais fiquem é uma tolice absoluta, porque eles querem lucro. O Brasil permite até que as empresas internacionais aqui sediadas antecipem a suposta saída dos seus lucros e muitas delas, ou quase todas, já estão remetendo para o exterior os lucros presumidos deste ano de 1998. Precisamos interromper esse processo de dependência deliberada, que está simplesmente liquidando a indústria nacional. Eu citava outro dia, Senador Lúcio Alcântara, o combate do Ministro Renan Calheiros, deflagrado contra a pirataria na indústria automobilística. Não existe pirataria na Indústria Brasileira Automobilística de Autopeças; o que existe é a quebra deliberada do setor. De 3.500 fábricas em São Paulo, temos cerca de 300, que estão ligadas a montadoras multinacionais. Então, o que se diz ser hoje uma falsificação de autopeças é simplesmente uma resistência dos empresários que faliram e colocam as mesmas peças que colocavam ontem no mercado sem pagar imposto de espécie alguma, inclusive Imposto de Renda, para poder competir com a liberação absoluta na importação. O que o Presidente Fernando Henrique teria que fazer seria recuperar a capacidade ociosa da indústria brasileira, que é de 25%, ou seja, um investimento de R$250 bilhões, que já foi feito e está paralisado em função dos juros altíssimos e da absoluta ausência de financiamento para a retomada do desenvolvimento. Os erros do Presidente Fernando Henrique se multiplicam. Afinal de contas, Senador, Sua Excelência foi reeleito dizendo que "quem fez o Real pode também resolver o problema do emprego", recusando-se a um debate público com seu opositor, o ex-agricultor, metalúrgico e líder da Oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, e trabalhando em cima do marketing político sem, rigorosamente, nenhuma consistência. Excelência, peço-lhe perdão por tê-lo aparteado nesses termos, mas Fernando Henrique Cardoso e seus factóides não merecem nenhuma credibilidade.  

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - O Senador Roberto Requião trouxe um fato novo ao debate. O Presidente Fernando Henrique é sempre acusado de ser um neoliberal, e S. Exª, com sua erudição e conhecimento, o declara um marxista mecanicista. Então, aparentemente, estamos diante de uma contradição muito séria. Segundo o seu raciocínio, o Presidente quer internacionalizar a elite brasileira, julgando que a nossa nativa, tupiniquim, não seja capaz de promover o desenvolvimento e o progresso do País.  

É preciso salientar a questão da globalização - em muitos pontos até concordo com o Senador Roberto Requião -, mas não podemos ignorar que o Brasil não podia permanecer como uma economia fechada. Os custos de produção, em muitos casos, eram altos. Tivemos vários produtos, cujos preços caíram. A questão da indústria têxtil exemplifica isso muito bem. O Governo tardou em tomar uma série de providências e a indústria brasileira teria de ser mais protegida - e nisso, mais uma vez, concordo com S. Exª. O que havia eram, em muitas vezes, subfaturamentos, subsídios. Zeraram rapidamente as alíquotas e a indústria têxtil quase se acaba.  

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - Hoje os subsídios e as proteções foram liquidadas - concordo com V. Exª que eram exageradas, mas existem em qualquer país. No entanto, foram dadas todas as proteções e subsídios possíveis ao capital internacional, principalmente ao capital financeiro, que está trabalhando com um teto de 49.75% de lucro ao ano, o que inviabiliza, absolutamente, qualquer projeto de crescimento do Brasil.  

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - Primeiro, o Senador Requião não há de desconhecer a importância da Cimeira Ibero-americana que se deu na grande cidade do Porto. Portanto, não é lugar para factóide. Ali estão reunidos chefes de Estado da América Latina, da Espanha e de Portugal para discutir os assuntos do mundo ibero-americano, mas que são também do interesse geral de todos os países. O Presidente Fidel Castro, de Cuba, fez um pronunciamento exaltando o Presidente Fernando Henrique, que defendeu a moeda sem a ajuda de ninguém. Quer dizer, foi capaz de articular aqui a defesa contra os chamados ataques especulativos sem que recebesse ajuda de nenhum lugar.

 

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - Permite V. Exª um aparte?  

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - Pois não, Senador.  

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - V. Exª não percebe a ironia do velho timoneiro de Cuba quando faz o elogio a Fernando Henrique?  

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - Não.  

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - Uma ironia, aliás, nada fina, uma ironia muito grosseira. O Presidente da República estava sendo gozado pelo Presidente de Cuba.  

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - V. Exª já disse que um pronunciamento é factóide; o outro é gozação. Vou propor que se acabe com isso. Essa é uma reunião em que não se leva nada a sério, em que não se tratam as coisas realmente com a importância que elas têm? A crise econômica é realmente uma crise importante no mundo, todos estão preocupados com ela.  

O Sr. Roberto Requião (PMDB-PR) - Vamos registrar a sua sugestão e enviá-la aos presidentes que estão reunidos.  

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE) - A sugestão não é minha. O Senado, se quiser – ou V. Exª, em caráter pessoal –, pode fazer essa sugestão. Eu não a endosso porque não tenho como admitir que o Presidente Fidel Castro está ali para fazer uma piada, uma brincadeira.  

Então, Sr. Presidente, defendo – e tenho certeza de que o Senador Roberto Requião também – a cobrança desse imposto destinado à superação da pobreza, como era inicialmente a idéia. Enfim, creio que não é possível manter esse fluxo de capital, de dinheiro, absolutamente sem controle. É preciso estabelecer alguma regra, alguma norma, e o ideal para isso seria um organismo internacional – como muitos têm proposto –, já que o FMI não é o caso pois está provando que é obsoleto, que está absolutamente fora da realidade nos dias de hoje.  

E o Presidente Fernando Henrique já escreveu sobre isso a muitos chefes de Estado, já falou sobre o assunto em diversas ocasiões, inclusive na palestra que fez no colégio do México quando lá esteve. Creio que faríamos bem se apoiássemos a sua idéia, a sua proposta, se sustentássemos essa posição, independentemente até da divergência que o Senador Roberto Requião possa ter em relação a outros aspectos de sua administração. Mas essa nova ordem internacional no mundo das finanças, da economia, tem realmente de ser instaurada para a proteção, para a segurança, principalmente dos países em desenvolvimento.  

Muito obrigado.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/1998 - Página 14346