Discurso no Senado Federal

TRANSCURSO DO DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A AIDS.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • TRANSCURSO DO DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A AIDS.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/1998 - Página 17522
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, COMBATE, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), OPORTUNIDADE, ANALISE, AMEAÇA, AUMENTO, INCIDENCIA, DOENÇA TRANSMISSIVEL, BRASIL.
  • CUMPRIMENTO, JULIO LANCELOTTI, SACERDOTE, EFICACIA, TRABALHO, ATENDIMENTO, CRIANÇA CARENTE, VITIMA, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS).

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, 1º de dezembro, é um dia especial para a reflexão sobre uma ameaça a mais que se vem concretizando contra a humanidade — a AIDS.  

Descoberta no início da década de 80, sem dúvida é uma questão que nos coloca em pânico; a cada dia que passa, aviva-nos na consciência a clareza de que não podemos manter-nos alheios à AIDS.  

No Brasil, foram registrados, aproximadamente, 129 mil casos pelo Ministério da Saúde até o mês de fevereiro deste ano. A Região Sudeste é a mais atingida, com 89% dos casos, constatando-se maior incidência — 69% — na categoria de homossexuais e bissexuais masculinos. O número de portadores do vírus é muito maior entre os homens que entre as mulheres, embora venha-se observando o crescimento da transmissão por meio de relações heterossexuais.  

Preocupa-nos, fundamentalmente, a incidência entre as crianças. Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, já existem, no Brasil, 2.401 crianças do sexo masculino e 2.172 do sexo feminino portadoras do vírus da AIDS — um número quase que equivalente entre os dois sexos. Entre os adolescentes, anuncia-se um aumento do número de casos, o que aponta para uma ação educativa urgente e direcionada a essa faixa etária.  

Na matéria "Ciência pára e AIDS recupera fôlego", publicada hoje, no Correio Braziliense , ressalta-se que os doutores Jacques Leibowitch e Christine Rouzioux, renomados médicos franceses, analisam as fragilidades ainda existentes no trabalho preventivo em todo o mundo e ressaltam a necessidade de se investir com mais vigor em linhas de pesquisa. O doutor Leibowitch chega a afirmar que "não podemos seguir tratando apenas de 1% dos doentes, enquanto tentamos achar uma saída para 99%, sem fazer nada por eles". Conforme dados da ONU publicados nesse jornal, a síndrome da imunodeficiência adquirida já matou 14 milhões de pessoas (95% nos países em desenvolvimento) desde o começo da epidemia, em início dos anos 80.  

Devemos reconhecer que, no Brasil, especialmente desde a década de 90, tem havido um desempenho concreto por parte do Governo, que conta com eficiente parceria de um grande número de organizações não-governamentais. Entretanto, preocupa-nos o fato de que, nesse momento, quando se torna evidente a necessidade de maior investimento no combate à doença, foi feito um corte significativo de R$59.134.686 milhões nos valores destinados ao subprograma que visa o controle das doenças transmissíveis. Nesse sentido, esperamos que haja sensibilidade da relatoria e possibilidade de resgatar essa perda.  

As ONGs, indiscutivelmente, dentro de uma linha de atuação desprovida de posicionamento político-ideológico, encontram-se exclusivamente centradas no combate à epidemia e vêm atuando rápida e efetivamente junto ao Governo, a exemplo do Grupo de Apoio de Prevenção à AIDS (GAPA), do Grupo Vidda, dos voluntários da Fraternidade Assistencial Lucas Evangelista (FALE) e de tantos outros que integram o Fórum das ONGs.  

Outro veículo que também vem contribuindo para a ampliação dessa intervenção contra a expansão da AIDS é a cooperação firmada entre o Governo brasileiro e o Sistema das Nações Unidas, desde setembro de 1997, por meio da criação do Grupo Temático das Nações Unidas sobre HIV/AIDS.  

Para finalizar, queremos ressaltar o valor das proposições feitas em torno do que pode ser realizado contra a propagação da AIDS no Brasil. Ao mesmo tempo, queremos parabenizar todos aqueles que se têm empenhado no combate dessa epidemia, em defesa de melhor qualidade de vida para a nossa sociedade. Diante disso, vimos enfatizar a ausência total do preconceito, a favor da solidariedade e do amor aos que já estão atingidos.  

Queremos, sobretudo, cumprimentar os colaboradores do Padre Júlio Lancelotti, da Casa Vida, o qual se tem dedicado extraordinariamente às crianças que são vítimas da AIDS.  

O Padre Júlio Lancelotti tem realizado um trabalho extremamente corajoso, que é um exemplo de amor às pessoas. Tem-se dedicado a crianças que, muito pobres, não teriam outra alternativa de receber algum carinho, a não ser pelo trabalho realizado pela Casa Vida, na Zona Leste de São Paulo.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/1998 - Página 17522