Discurso no Senado Federal

RELEVANCIA PARA O BRASIL DO NOVO PARQUE GRAFICO DOS JORNAIS O GLOBO E EXTRA, NO RIO DE JANEIRO, INAUGURADO ONTEM.

Autor
Odacir Soares (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RO)
Nome completo: Odacir Soares Rodrigues
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • RELEVANCIA PARA O BRASIL DO NOVO PARQUE GRAFICO DOS JORNAIS O GLOBO E EXTRA, NO RIO DE JANEIRO, INAUGURADO ONTEM.
Publicação
Publicação no DSF de 14/01/1999 - Página 1465
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, INAUGURAÇÃO, PARQUE, INDUSTRIA GRAFICA, JORNAL, O GLOBO, EXTRA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PARTICIPAÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, PRESIDENTE, SENADO.

O SR. ODACIR SOARES (PTB-RO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nesta fala, quero formalizar minha admiração diante do grandioso evento que assinalou o dia de ontem, elevando-o como um dos dias mais importantes na história da imprensa nacional. Trata-se da inauguração do novo Parque Gráfico dos jornais O Globo e Extra, no Rio de Janeiro, festa da qual participaram também o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e o Senhor Presidente do Congresso Nacional e do Senado, Senador Antônio Carlos Magalhães.  

O acontecimento, repito, constitui-se marco na história da comunicação escrita no Brasil. É um horizonte alcançado na medida em que se materializa como conquista no campo da tecnologia avançada e da instrumentação industrial, visando a maior volume de produção, maior velocidade, melhor qualidade e, por se tratar de imprensa escrita, mais acurada estética de apresentação e de visualidade.  

Do ponto de vista produtivo, as novas máquinas proporcionarão um incremento significativo no campo da cobertura de novos segmentos da realidade. Possibilitarão uma superior abrangência das questões relacionadas com essa mesma realidade. Disso tudo, resultará grande crescimento da quantidade das informações que serão colocadas à disposição dos leitores.  

Quanto à velocidade, ninguém pode duvidar de sua importância. A velocidade, em nossos dias, universaliza de maneira instantânea a informação, tornando-a mais atual, mais útil, fato concreto para conhecimento e análise imediatos de todos.  

Por sua vez, a beleza, a estética da apresentação visual também exerce importante papel. O estético atrai, o bonito aproxima e motiva. Em se tratando de jornal, quanto mais aprimorada a apresentação, quanto mais bem distribuídas e adequadas forem as cores, mais facilitada a comunicação direta com o público-meta. "Cor também é informação" conforme acertada afirmação de Merval Pereira, Diretor de Jornalismo da Empresa Jornalística Brasileira.  

Mas, Sr. Presidente, Srªs e Senhores Senadores, o significado do novo Parque Gráfico do Globo e do Extra não se restringe apenas ao mundo do jornal. Tem significado para o Brasil todo, pois a estrutura construída e operacionalizada traduz uma certeza: a fé na capacidade de realização dos brasileiros e, portanto, a certeza do crescimento do Brasil. Certeza e fé que se comprovam não apenas na magnífica e arrojada concepção das instalações implantadas, mas também na dinâmica aplicada ao sistema Globo ao longo de sua trajetória histórica.  

No que toca à história, tem plenitude de mensagem a marcha empreendida desde o ano de 1925, ano em que foi instalada a primeira rotativa do Globo, na velha sede da rua Bittencourt da Silva, contiguamente ao Largo da Carioca. Tratava-se da velha rotativa Marinoni que, depois de uma larga folha de serviços prestada ao exército britânico durante a Primeira Guerra Mundial, teve duas de suas partes compradas pelos proprietários do então "A Nação". Por razões políticas, não puderam ser utilizadas para imprimir "A Nação", abrindo-se o caminho para serem alugadas, secretamente, por Irineu Marinho, então empenhado em dar vida ao seu O Globo . 

Do ponto de vista histórico, vale lembrar também que O Globo realizou também as primeiras transmissões de imagens em coberturas jornalísticas. Em 1936, foi o primeiro jornal do Brasil a publicar uma radiofoto, a da nadadora brasileira Piedade Coutinho que chegava ao final dos Jogos Olímpicos de Berlim. Na mesma cadeia de façanhas, foi o primeiro da América Latina a publicar uma radiofoto colorida, em 1959, nessa ocasião, da Rainha da Inglaterra proferindo discurso em Quebec, no Canadá, na inauguração do Canal de São Lourenço. Em 1979, publicou a primeira telefoto colorida transmitida no Brasil, de Recife para o Rio de janeiro.  

Outras realizações importantes poderiam ser lembradas neste pronunciamento para retratar o esforço, a vontade e a capacidade de iniciativa da família Marinho na determinação de colocar o País em posição de vanguarda no campo da comunicação. Convém dizer também que as iniciativas nunca consideraram apenas as máquinas. Sempre se voltaram também para os recursos humanos, os reais motores das realizações. As condições de trabalho, o conforto, a capacitação para conduzir cada nova etapa sempre caminharam ao lado da precupação com o aggiornamento tecnológico.  

Quero, no entanto, deter-me com mais detalhes sobre as características estruturais, técnicas e de funcionalidade do novo Parque Gráfico.  

Em termos materiais, a edificação é a maior do gênero na América Latina. Para sua efetivação, foram aplicados métodos e materiais avançados quanto à engenharia, o que hoje assegura o funcionamento da plena capacidade dos equipamentos de ponta da indústria gráfica e da comunicação à distância.  

Alguns dados exprimem com exatidão material as dimensões físicas do empreendimento: ocupa um terreno de 175 mil metros quadrados, dos quais 67 mil metros se referem à área construída. O prédio das rotativas tem 255 metros de extensão; 26 mil metros quadrados são ocupados pelo prédio principal, cuja cobertura é sustentada por 22 colunas. Durante os trabalhos, foram envolvidos 16 mil trabalhadores; gastaram-se 150 milhões de dólares, o menor custo possível, de acordo com o Diretor Financeiro e Coordenador - Geral das Obras do Parque, Arthur de Almeida, considerando a magnitude de uma construção, imponente, arrojada, funcional, completa, inclusive no sentido do atendimento às necessidades dos funcionários, e toda de concreto aparente.  

Os equipamentos hidráulicos têm condições de processar 160 milhões de litros de água diariamente. De acordo com o previsto, as rotativas consumirão mensalmente 10 mil e 500 toneladas de papel, 80 toneladas de tinta preta e 52 de tinta colorida. Como resultado, as páginas coloridas do jornal terão um aumento de 200%. Importante assinalar também que todo o complexo trabalho de impressão do jornal será controlado e comandado automaticamente, com extraordinário ganho em termos de eficiência e qualidade.  

Todos os funcionários encarregados de operacionalizar o sistema industrial foram alvo de treinamento para se adaptarem às novas exigências do trabalho. O treinamento exigiu, inclusive, estágio no exterior, na fábrica das rotativas, a Man Roland, na Alemanha.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho certeza de que a data de ontem deverá ser lembrada como um fato marcante do final do século XX e começo do terceiro milênio. A inauguração do Parque Gráfico Globo/Extra é uma obra que ultrapassa grandemente a pura materialidade do evento. Vai além do próprio setor da comunicação, porque traduz uma realidade maior, a realidade do complexo e provocante mundo da capacidade humana de prever, conceber, planejar, decidir e efetivar.  

Nesse sentido, o Brasil deve curvar-se em gesto de reconhecimento ao família Marinho. Peço vênia para lembrar o dia 6 de agosto de 1985, data em que o Senado Federal, por solicitação deste Senador, em sessão especial, homenageou os 60 anos de O Globo . Na ocasião, em discurso de homenagem às Organizações Globo, afirmei que naquele momento estávamos "realçando para os homens deste País exemplos dignificantes de interesses pelos sentimentos mais arraigados da nacionalidade, de comportamento humano, de padrão moral - que se encontram emoldurados pelo grande conglomerado que é, hoje, O Globo , o Sistema Globo de Rádio, a Rede Globo de Televisão, a Fundação Roberto Marinho’.  

Reitero essas afirmações neste momento, 14 anos depois, na oportunidade de mais esse arrojo de iniciativa e competência concretizado na obra que ontem se inaugurou. Nada mais justo do que reunir na pessoa de Roberto Marinho, filho de Francisca e de Irineu Marinho, as nossas manifestações de respeito, de admiração, de carinho, de confiança, pela capacidade que possui de empreender e de querer bem ao Brasil. É toda uma família de empreendedores que não se cansa de inovar, privilegiada que foi com uma capacidade inesgotável de iniciativa.  

Termino esta fala, Sr. Presidente, retomando um pensamento do Dr. Roberto Marinho, que, na minha opinião, traduz sua capacidade de ver sempre novos e diferentes horizontes e se projeta igualmente uma provocação para o otimismo e a realização:  

"Os problemas ecológicos, a escalada armamentista, os atos de terrorismo, a crise de energia, os desequilíbrios monetários e comerciais, constituindo ameaças à tranqüilidade e à paz, mas também o progresso dos sistemas de transporte e de telecomunicação, aproximando cada vez mais o povo, estão a impor a implantação de uma nova ordem, não apenas econômica, mas jurídica, de âmbito universal. Porém, não numa aldeia global, com a absorção das nacionalidades. Tudo indica que a partir do momento em que a Humanidade consiga se estruturar em uma nova forma de estado, as nações também deverão adquirir direitos próprios e inalienáveis".  

Fiz questão de recuperar esse pensamento por reflete visão não apenas da problemática social, política e econômica, mas a necessidade de preceder os acontecimentos, para canalizar forças e encaminhar soluções para o progresso e o bem-estar das sociedades. É nesse contexto que se enquadra o evento de ontem, resultado do domínio do presente com os olhos voltados para o futuro.  

Era o que tinha a dizer!  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/01/1999 - Página 1465