Discurso no Senado Federal

RECONHECIMENTO PELA COMUNIDADE ECONOMICA INTERNACIONAL DA ATUAÇÃO DO PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL DO BRASIL, DR. ARMINIO FRAGA, NA RESOLUÇÃO DAS DIFICULDADES ECONOMICAS ENFRENTADAS PELO BRASIL.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REGIMENTO INTERNO. HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • RECONHECIMENTO PELA COMUNIDADE ECONOMICA INTERNACIONAL DA ATUAÇÃO DO PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL DO BRASIL, DR. ARMINIO FRAGA, NA RESOLUÇÃO DAS DIFICULDADES ECONOMICAS ENFRENTADAS PELO BRASIL.
Aparteantes
José Eduardo Dutra.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/1999 - Página 5422
Assunto
Outros > REGIMENTO INTERNO. HOMENAGEM. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, PEDRO SIMON, SENADOR, PODER, PLENARIO, ALTERAÇÃO, VOTO, LIDER, REFERENCIA, REFORMA POLITICA.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, ESPECIFICAÇÃO, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), PUBLICAÇÃO, DECLARAÇÃO, INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, AMBITO INTERNACIONAL, ELOGIO, COMPETENCIA, ARMINIO FRAGA, PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), SOLUÇÃO, DIFICULDADE, NATUREZA ECONOMICA, BRASIL.
  • IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, PEDRO MALAN, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), ARMINIO FRAGA, PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), BUSCA, EXTERIOR, FINANCIAMENTO, VIABILIDADE, SAIDA, BRASIL, CRISE, ECONOMIA.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero esclarecer desde logo o problema da participação dos Líderes no que diz respeito à reforma política. Este País necessitava profundamente de reformas, entre as quais a reforma política que, a meu ver, todavia, não era a mais urgente. As demais reformas, a administrativa, a da Previdência, a tributária, ou foram feitas ou estão em curso acelerado. É, portanto, chegado o momento da reforma política, sem a qual todo esse conjunto de reformas fica inacabado.  

Quando os Líderes dizem que preferem um sistema a outro para o encaminhamento dessa questão, na verdade não estão subjugando o Senado Federal nem a Câmara dos Deputados. Não estão garroteando o direito que os Parlamentares têm de decidir. Aliás, o Regimento Interno da Casa prevê a votação dos Líderes como decisiva, à medida que o Plenário, na sua soberania, não reclame, não deseje um outro tipo de manifestação. O Plenário sempre tem o poder absoluto de alterar o voto inicial dos Líderes. Portanto, o eminente Senador Pedro Simon pode se tranqüilizar porque a opinião dos Líderes não é a opinião definitiva do Senado Federal. Os Líderes se submetem à manifestação do Plenário.  

Entretanto, Sr. Presidente, gostaria de abordar, ainda que ligeiramente, o problema que estamos vivendo com a economia do País. Estamos atravessando, sem dúvida alguma, um período de extremas dificuldades na economia, mas já começam a surgir luzes que iluminam uma grande avenida para este País.  

Ainda há pouco estava no meu gabinete e ouvia o discurso do Senador Lauro Campos. Se não me equivoco – e lastimo que S. Exª não esteja aqui presente neste momento –, afirmou o Senador pelo Distrito Federal que este Governo governa para os banqueiros. Evidentemente, se foi isso o que realmente afirmou o Senador Lauro Campos, é um exagero. Nem este nem nenhum governo de que se tenha notícia jamais pretendeu governar para os banqueiros em detrimento de toda a Nação brasileira. Isso seria um absurdo inominável.  

Já que S. Exª falou das dificuldades incontornáveis, do caos em que estamos mergulhados, creio ser oportuno dizer que, hoje mesmo, os jornais do País nos trazem notícias muito otimistas sobre a economia. O Correio Braziliense publica, na primeira página e num caderno especial sobre economia, traz algumas informações sobre a reunião de Paris, com muitos banqueiros e patrocinada pelo BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. Encontramos no referido jornal declarações como esta: "Os círculos financeiros internacionais, seduzidos pelo talento e competência do novo Presidente do Banco Central, não param de elogiar o economista e a depositar em suas mãos a responsabilidade de salvar o Brasil da crise."  

Trata-se, Sr. Presidente, do atual Presidente do Banco Central do Brasil, Dr. Armínio Fraga, que sofreu tantas e tão pesadas acusações na Comissão de Assuntos Econômicos ao ter seu nome examinado e mesmo no plenário do Senado, por ocasião da votação da mensagem presidencial que o indicava para a Presidência do Banco Central.  

Os banqueiros e economistas do mundo inteiro estão colocando nas mãos do Sr. Armínio Fraga a solução para o Brasil e dizendo que confiam sinceramente na sua ação e na sua competência.  

Mais adiante, traz ainda o Correio Braziliense informações a respeito do Subsecretário do Tesouro Americano, Larry Summers, com quem o Presidente do Banco Central conversou ontem no Centro de Conferências. Reconheceu o Subsecretário do Tesouro Americano, publicamente, que a sua visão pessimista e crítica do real havia mudado desde que Fraga assumira a Presidência do Banco Central.  

O Sr. José Eduardo Dutra (Bloco/PT-SE) - Concede-me V. Ex.ª um aparte?  

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA) - Ouvirei V. Ex.ª em seguida.  

"Referindo-se à declaração feita em Davos, em fevereiro, quando comparou o real a uma moeda virtual, Summers afirmou: ‘Não teria dito aquilo se, na época, soubesse que o Brasil estaria hoje na situação em que está. Teria tido mais confiança no real’.  

Summers ficou também impressionado com o resultado das negociações da equipe econômica brasileira com os bancos privados, que prometeram manter as linhas de crédito interbancárias, no valor de US$27 bilhões, no mesmo nível de fevereiro até final de agosto. ‘Summers estava curioso para saber como tinha sido a resposta dos bancos privados, e achou que nossa ação foi extremamente positiva’, explicou Fraga."  

Ouço o Senador José Eduardo Dutra.  

O Sr. José Eduardo Dutra (Bloco/PT-SE) - Apenas um registro rápido, Senador Edison Lobão. Não me surpreende, de forma alguma, que o Sr. Armínio Fraga seja tão elogiado pela comunidade financeira internacional. O que me surpreenderia seria o contrário, ou se o elogio viesse daqueles que estão perdendo o emprego em função da política econômica do Governo, ou dos micro, pequenos e médio empresários que estão quebrando em função da alta taxa de juros. Aí sim, eu iria me surpreender, mas com os que o têm elogiado até agora não me surpreendo de forma alguma.  

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA) - V. Ex.ª parece não gostar que as autoridades do Brasil sejam bem recepcionadas, acreditadas e elogiadas internacionalmente. Pelo que percebo, ficaria mais feliz se o Presidente do Banco Central, que é um brasileiro, que está cuidando de interesses nacionais, fosse criticado, condenado e declarado incapaz para coordenar a missão que lhe foi deferida pelo Governo da República e pelo Senado Federal, na medida que apoiou por larga maioria o nome do Sr. Armínio Fraga.  

O Sr. José Eduardo Dutra (Bloco/PT-SE) - Entendo ser ele tão elogiado porque não cuida tanto dos interesses nacionais.  

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA) - Não, Excelência. Nessa hipótese, os nossos interesses não seriam atendidos, e estão sendo.  

O Sr. Armínio Fraga e o Ministro Pedro Malan estão buscando no exterior mais financiamentos para que o Brasil saia da crise e ambos estão conseguindo, o que significa que os banqueiros internacionais confiam na gestão econômica do País, e que estamos começando a sair da crise em que estivemos mergulhados até bem pouco tempo, para a decepção de V. Exª. Lastimo muito.  

Mais adiante, "verifica-se que ainda em Paris, o Presidente do Banco de Boston, que é um brasileiro, afirma que o presidente da instituição insistiu muito na competência atribuída ao Sr. Fraga. Sob seu controle, o plano de ajuste brasileiro será perfeitamente administrável."  

Sr. Presidente, não foram apenas esses economistas e autoridades internacionais que se manifestaram a respeito da condução da política econômica brasileira. Uma pesquisa do Banco de Boston com cento e um executivos de bancos internacionais revelou um outro dado positivo: o Brasil passou a Argentina como destino preferido de investimentos na região, depois do Chile e do México.  

O Brasil passa, neste momento, por uma injeção de otimismo graças exatamente à nomeação do Sr. Armínio Fraga para a Presidência do Banco Central. O Brasil não estava mergulhado no caos, estava com dificuldades econômicas, sérias, admitidas até mesmo pelo Presidente da República, que, para ser democrata e para ter um diálogo permanente com a opinião pública, admitiu esse fato importante do alto de seu cargo de Presidente da República. Mas o que está ocorrendo no momento é que o Brasil caminha celeremente para deixar para trás as dificuldades por que passou a Rússia, e passa ainda, por que passou o México e por que passam várias nações, sobretudo da Ásia, neste momento. O Brasil está superando suas dificuldades, vencendo seus problemas. E até mesmo o crescimento negativo que estava previsto começa a ser revisto na opinião de grandes economistas internacionais.  

Sr. Presidente, os pessimistas ficarão com seu pessimismo, talvez até com seu desejo de que o Brasil afunde no atoleiro das dificuldades econômicas. Mas nós que acreditamos neste País, que acreditamos no Governo que temos, estamos convencidos de que iremos sair dessas dificuldades e o Brasil retomará seu crescimento e o nível de emprego perdido, lastimavelmente, com essas dificuldades que estamos vivendo.  

Sr. Presidente, eram essas as palavras que tinha a dizer nesta tarde, seguro de que a economia do Brasil será, dentro de um futuro próximo, um orgulho para todos os brasileiros.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/1999 - Página 5422