Discurso no Senado Federal

SOLICITAÇÕES AO SECRETARIO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS, JOSE GREGORI, PARA QUE APURE DENUNCIAS DE PRATICA DE TORTURA POR PARTE DO DELEGADO JOÃO BATISTA CAMPELO, INDICIADO PARA O CARGO DE DIRETOR-GERAL DA POLICIA FEDERAL.

Autor
Heloísa Helena (PT - Partido dos Trabalhadores/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS.:
  • SOLICITAÇÕES AO SECRETARIO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS, JOSE GREGORI, PARA QUE APURE DENUNCIAS DE PRATICA DE TORTURA POR PARTE DO DELEGADO JOÃO BATISTA CAMPELO, INDICIADO PARA O CARGO DE DIRETOR-GERAL DA POLICIA FEDERAL.
Publicação
Publicação no DSF de 11/06/1999 - Página 15014
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS.
Indexação
  • COMENTARIO, DEPOIMENTO, IMPRENSA, JOSE ANTONIO MONTEIRO, PROFESSOR, FUNCIONARIO PUBLICO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), VITIMA, TORTURA, EPOCA, DITADURA, MILITAR, RECONHECIMENTO, RESPONSAVEL.
  • SOLICITAÇÃO, SECRETARIA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS, BANCADA, CONGRESSISTA, APOIO, GOVERNO, GESTÃO, OPOSIÇÃO, INDICAÇÃO, RESPONSAVEL, TORTURA, CARGO PUBLICO, DIRETOR GERAL, POLICIA FEDERAL.

A SRª HELOISA HELENA (Bloco/PT-AL. Para uma breve comunicação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os jornais de hoje trazem declarações do Professor José Antônio Monteiro, de Alagoas, nosso querido companheiro, vítima dos covardes "porões de sangue" da ditadura militar.  

José Antônio, ex-padre maranhense, pessoa decente, honesta, trabalhadora, técnico da Secretaria de Agricultura do Estado de Alagoas, ocupa hoje as páginas dos jornais reconhecendo um dos seus torturadores como sendo um ex-delegado da Polícia Federal do Maranhão, o qual está sendo indicado, pelo Presidente da República, como o novo Diretor-Geral da Polícia Federal.  

Solicitamos aos Srs. Senadores, à Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, aos Parlamentares que são da base de sustentação do Governo Federal, mas que não compartilham com a ditadura militar, com os "porões de sangue" e com a tortura da ditadura militar, que impeçam a indicação desse senhor para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal. Não é justo que uma pessoa que participou diretamente da tortura, inclusive levando ao pau-de-arara o ex-padre José Antônio, possa ser indicado Diretor-Geral da Polícia Federal. Não é justo também, como saiu em alguns jornais, dizerem que o José Antônio é ex-padre e ex-cabo eleitoral do atual Ministro da Justiça. Não é justo que seja colocado dessa forma, porque minimiza, sufoca a dor e o sofrimento de alguém que foi torturado neste País. Não é justo que ele seja colocado como ex-cabo eleitoral. Realmente, o ex-padre José Antônio trabalhou para o atual Ministro Renan Calheiros, mas não hoje e sim na época em que Renan era militante da Oposição, do antigo MDB. E quando candidato, muito de nós, que estamos em outros partidos de esquerda hoje - e fazemos oposição ao Ministro inclusive no seu Estado -, militamos conjuntamente com o Renan, e não com o Ministro Renan Calheiros. Refiro-me ao Renan militante do movimento estudantil, da União Nacional dos Estudantes e da área de influência do Partido Comunista do Brasil.  

Portanto, solicitamos às pessoas que, mesmo estando na base de sustentação do Governo e não compartilham com a dor, com o sofrimento, com a tortura, com a covardia dos "porões de sangue" da ditadura militar, efetivamente impeçam que esse senhor seja indicado Diretor-Geral da Polícia Federal.  

Portanto, esse é o protesto e a solicitação que fazemos: por favor, tenham sensibilidade, compartilhem um pouco do sofrimento de tantas pessoas vítimas da covardia dos porões de sangue da ditadura militar; impeçam que esse senhor seja indicado o Diretor-Geral da Polícia Federal. Não se trata de uma suposta vítima, o José Antonio é uma vítima da ditadura militar. Não me refiro a um suposto torturador; é um torturador da ditadura militar.  

Portanto, pedimos ao menos sensibilidade. Não pisem com tanta força nos corações ainda machucados e nas lembranças distantes no tempo, mas ainda tão próximas daquelas pessoas que foram vítimas da covardia e da tortura, dos porões de sangue da ditadura em nosso País.  

 

ALìÆ


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/06/1999 - Página 15014