Discurso no Senado Federal

IMPROPRIEDADE DA IMPRENSA AO CLASSIFICAR OS AGRICULTORES BRASILEIROS COMO CALOTEIROS, PELA RENEGOCIAÇÃO DAS DIVIDAS DO SETOR.

Autor
Carlos Bezerra (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MT)
Nome completo: Carlos Gomes Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • IMPROPRIEDADE DA IMPRENSA AO CLASSIFICAR OS AGRICULTORES BRASILEIROS COMO CALOTEIROS, PELA RENEGOCIAÇÃO DAS DIVIDAS DO SETOR.
Publicação
Publicação no DSF de 13/08/1999 - Página 20113
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • DEFESA, AGRICULTOR, ACUSAÇÃO, IMPRENSA, FALTA, RESPONSABILIDADE, INADIMPLENCIA, DIVIDA AGRARIA.
  • GRAVIDADE, AUMENTO, CUSTO, PRODUÇÃO, REDUÇÃO, PREÇO, PRODUTO AGRICOLA, APREENSÃO, INFERIORIDADE, SAFRA, REGIÃO CENTRO OESTE.
  • SOLIDARIEDADE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, MARCHA, CAMINHÃO, TRATOR, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), SOLICITAÇÃO, INSERÇÃO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTO, CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUARIA DO BRASIL (CNA), ANALISE, PROBLEMA, AGRICULTURA.

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com tristeza que vejo a grande imprensa tratar os agricultores brasileiros como caloteiros. Hoje de manhã, inclusive, vários noticiários usaram a expressão "caloteiros" para se referir aos produtores brasileiros.  

A agricultura brasileira vive uma situação inédita, uma situação gravíssima, mas não por culpa dos agricultores, que foram o sustentáculo do Plano Real. Vou enumerar alguns índices, Sr. Presidente, para que os Srs. Senadores notem a importância da agricultura na atualidade econômica do País: sete dos dez setores que mais criam empregos no País pertencem ao agronegócio; a agricultura brasileira tornou-se a principal âncora do Plano Real; o preço da cesta básica continua estável; o setor garantiu um superávit de US$42 bilhões na balança comercial agropecuária durante o Plano Real. Então, os agricultores não são caloteiros. São vítimas, sim, de uma política equivocada do Governo, que, nos diversos planos - Plano Cruzado, Plano Collor, Plano Real -, vem vitimando a agricultura brasileira, hoje empobrecida e descapitalizada.  

Isso é muito grave, Sr. Presidente. O Governo, no entanto, num lance raro de inteligência, enxergou que o caminho para aumentar a exportação brasileira é a produção primária, portanto, o agronegócio, a agricultura, que é o carro-chefe da produção primária brasileira. Entretanto, com a situação caótica em que se encontra a agricultura brasileira, não vamos aumentar a exportação de modo nenhum, mas diminuir a nossa produção. Não vamos conseguir atingir os 80 milhões de toneladas que atingimos na última safra.  

Até agora, no Centro-Oeste, a compra de insumos para a agricultura corresponde a apenas 30% do que foi comprado no ano passado, a menos da metade do que foi comprado no ano passado. Conseqüentemente, o agricultor vai plantar menos. Por sua vez, o custeio da agricultura subiu e o preço dos produtos não subiu, ao contrário, diminuiu o preço do arroz e o da soja. O custeio, que no início do Plano Real era de R$400 por hectare, hoje é de R$800 por hectare, ou seja, dobrou o custeio, mas preço do produto agrícola não subiu.  

O Governo está minimizando essa situação, não a está encarando com a seriedade que ela merece. Os agricultores não querem o perdão da dívida, não querem dar calote, mas fazer um arranjo para que tenham renda, para que possam sobreviver, ou seja, querem um plano para gerar mais de um milhão de empregos neste País, que precisa gerar empregos imediatamente. E é muito mais barato e muito mais fácil gerar emprego no campo do que na cidade, já que o custo é muito menor.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse movimento que ocorrerá na segunda-feira - o caminhonaço dos agricultores -, que, do Sul do País, do Centro-Oeste, que, amanhã, partirá de Rondonópolis, minha cidade, indo para Jataí-GO, depois para Goiânia, chegando em Brasília na segunda-feira, está sendo realizado porque a situação está insuportável. Os agricultores e o País de uma maneira geral encontram-se num beco sem saída. Se o Brasil quiser ter produção agrícola, terá que equacionar esse problema. Não podemos mais procrastinar a sua solução.  

Ontem, o Presidente da CNA esteve na Comissão de Assuntos Econômicos, onde fez uma bela exposição, mostrando o quadro gravíssimo que assola a agricultura brasileira. Caso esse quadro não seja solucionado, haverá caos não só na agricultura, mas em todo o Brasil. Peço que conste dos Anais este documento do CNA.  

As minhas palavras, portanto, visam chamar a atenção das autoridades federais para a gravidade desse problema. Solidarizo-me com o movimento dos produtores de Mato Grosso, do Centro-Oeste e de todo o Brasil.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR CARLOS BEZERRA EM SEU PRONUNCIAMENTO:  

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/08/1999 - Página 20113