Discurso no Senado Federal

IMPORTANCIA DA VISITA DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO AO ACRE, REALIZADA NA ULTIMA SEXTA-FEIRA.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • IMPORTANCIA DA VISITA DO PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO AO ACRE, REALIZADA NA ULTIMA SEXTA-FEIRA.
Publicação
Publicação no DSF de 27/08/1999 - Página 22251
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESTADO DO ACRE (AC), IMPORTANCIA, CONHECIMENTO, SITUAÇÃO, RELACIONAMENTO, POPULAÇÃO, ASSINATURA, CONVENIO, PROTOCOLO, GOVERNO ESTADUAL, PREFEITURA.
  • DEFESA, UNIÃO, LEGISLATIVO, EXECUTIVO, ESTADO DO ACRE (AC), DIVERSIDADE, PARTIDO POLITICO, OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, GESTÃO, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS.

O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Acre recebeu, na última sexta-feira, a visita do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou todo o dia percorrendo as principais regiões do Estado e vivenciando concretamente sua realidade, através das observações que efetuou e dos relatos que lhe foram feitos pelas mais destacadas lideranças políticas e administrativas daquela parte da Região Amazônica.  

Todos os setores da sociedade acreana se uniram para dar as boas-vindas ao Chefe do Governo, mostrando que as boas normas de educação e de respeitosa cortesia, que sempre caracterizaram seu povo, permanecem íntegras, prontas para atender à importância dos eventos que as exigem.  

Nos anos 80, quando o Brasil viu restabelecido o regime democrático, tive a honra de ser, no Acre, o primeiro Governador eleito pelo voto direto e livre do povo. E, ao longo destes últimos quase vinte anos, a visita da semana passada foi a segunda de um Presidente da República ao Estado.  

Sim, porque o então Chefe de Governo, hoje nosso companheiro e colega, Senador José Sarney, esteve no Acre quando a administração estadual era liderada pelo ex-Senador Flaviano Melo.  

Da mesma forma que aquela visita do Presidente Sarney, a recente passagem do Professor Fernando Henrique Cardoso por Cruzeiro do Sul e seus deslocamentos posteriores, em Rio Branco e Xapuri, tiveram uma excepcional dimensão para o povo acreano, inclusive considerando os resultados econômicos e sociais anunciados ou efetivamente colhidos.  

Sua Excelência assinou convênios e protocolos de intenções com o Governo do Estado e algumas prefeituras, num montante aproximado de R$144 milhões, oriundos de recursos orçamentários pertinentes a diversos ministérios e outros órgãos da administração federal.  

Os fatos ocorridos na preparação e no cumprimento da visita do Presidente da República ao Acre, bem como os seus previsíveis desdobramentos, embutem lições dignas de atencioso exame, buscando prever os efeitos que causarão nos projetos de desenvolvimento econômico e progresso social.  

Essa experiência calou fundo na consciência acreana e, em seu nome, reafirmo: é hora de esquecer rancores, de relegar a ira à condição que lhe foi indicada por Deus - um dos sete pecados capitais - e unir os esforços de parlamentares e governantes no rumo das soluções que o nosso povo tanto deseja e merece.  

Não temos o direito de fechar olhos e ouvidos para a exortação presidencial em favor de parcerias equilibradas, inclusive na reforma agrária, mesmo quando os participantes dessa ação conjunta representem partidos diferentes. Como o Chefe do Governo afirmou, "o interesse do povo tem de estar acima de tudo".  

Registre-se, também, a preocupação do Presidente em prestigiar os prefeitos, lembrando o saudoso Franco Montoro, cuja rica herança ideológica e democrática deve ser sempre reverenciada, e para quem "o Brasil é um gigante de pés de barro, pois assenta sua riqueza em um municipalismo fraco". O Chefe do Governo fez questão de prestigiar as administrações municipais, endereçando-lhes dotações específicas para aplicação local, além daquelas destinadas ao Governo do Estado.  

Se V. Exªs me permitem uma referência pessoal, a visita do Presidente Fernando Henrique, para mim, foi particularmente grata, devido às demonstrações de respeito e de amizade que dele recebi em todos os eventos.  

Emocionou-me, em especial, ouvi-lo lembrar, com descontraída consideração, que "somos velhos companheiros e lutamos juntos pelo restabelecimento da democracia", porque, de fato, ambos ocupamos as mesmas trincheiras contra a ditadura, numa época em que desafiar o poder autoritário significava risco concreto de perder mandatos e direitos políticos.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores: como lembrou o Presidente da República, falando ao povo de Cruzeiro do Sul, ser oposição, hoje, é muito fácil.  

Fazer discursos inflamados nos parlamentos é uma coragem indene, pois a liberdade que conquistamos há 15 anos está consolidada. Hoje, gritar "Fora Presidente" é um direito assegurado a todos os cidadãos, como vimos nos preparativos para as manifestações que estão sendo promovidas no Distrito Federal.  

Mas nos árduos tempos, durante quase 20 anos, as coisas eram muito diferentes e chegavam a assustar os menos corajosos.  

Não falo dos brasileiros que, coerentes e movidos por princípios sinceros, defendiam o regime ou aceitavam as diretrizes dele emanadas. Mas é inegável que muitos outros se calavam por medo ou conveniência, mesmo violentando os próprios ideais.  

Não esqueçamos que bradar "abaixo a ditadura", como eu e Fernando Henrique então fazíamos, sob a liderança de Ulysses Guimarães e em companhia de tantos grandes patrícios, implicava perigos concretos para a sobrevivência política e - como, não raro, aconteceu com valorosos companheiros - real perigo de vida.  

Estou, desde a noite de sexta-feira, colhendo opiniões, acompanhando os comentários da imprensa, ouvindo as análises de companheiros, de aliados de outros partidos e até mesmo de adversários políticos.  

E ficou patente, após a visita presidencial, que o Acre, mesmo sem esquecer as vitórias já consolidadas, tem de voltar-se para o futuro, garantir novas conquistas em favor de seu povo.  

Precisamos materializar, em benefício da sociedade, as verbas prometidas pelo Presidente, começando por exorcizar o fantasma do contingenciamento das dotações vinculadas à extinta SAE, que tira o sono dos administradores estaduais e municipais e se constitui no grande desafio dos representantes acreanos em Brasília, no Congresso Nacional e nos órgãos ligados ao Executivo do Estado.  

Sim, porque os números são graves e sobremaneira preocupantes!  

Cerca de 80% de todas as dotações que eram gerenciadas sob aquela rubrica financeira estão sobrestadas, ou seja, seus créditos foram suspensos e poderão ser simplesmente cancelados pelo Governo, como, aliás, aconteceu nos anos anteriores.  

Ante essa ameaça real e concreta, não podemos permitir que dissensões internas impeçam as lideranças estaduais - representantes e governantes - de encetar uma ação conjunta em prol do desbloqueio dos recursos, tirando-os do papel e os trazendo para as vias urbanas, para as estradas rurais, para o abastecimento de água, para os programas hospitalares e educacionais de que nossos filhos tanto dependem.  

Estou certo de que o Presidente da República, no retorno a Brasília, trouxe do Acre as melhores impressões, tanto de suas principais metrópoles - Rio Branco e Cruzeiro do Sul - como da valorosa Xapuri de Chico Mendes.  

Vou concluir, Sr. Presidente. E, por dever de justiça, dirijo uma saudação aos municípios, particularmente àqueles filiados à Associação dos Prefeitos do Acre, legítima entidade de representação e coordenação das prefeituras, presidida, com determinação e competência, por Mauri Sérgio.  

Nunca um Presidente da República deu tanta importância aos prefeitos - mas isso não foi gratuito: a consideração e o incentivo a eles dedicados pelo Governo Federal se devem à firme serenidade com que têm agido na defesa dos interesses de seus concidadãos.  

Foi sintomático o acatamento, pelo Palácio do Planalto, da minha sugestão de fazer duas reuniões com os prefeitos acreanos, uma específica para os do Vale do Juruá e outra para os do Vale do Acre e do Purus. Se não tivessem mostrado unidade e empenho na promoção do bem-estar comum - como aconteceu na Assembléia Geral da APA, em Brasília - os prefeitos não teriam recebido a significativa prova de consideração, que efetivamente mereceram, do Presidente da República e de seus Ministros.  

Precisamos todos, enfim, fazer uma pausa e meditar sobre os resultados e as perspectivas que se abrem para o Acre depois da visita do Presidente da República.  

O povo acreano nos exige serena determinação para lutar por seus interesses, acima de divergências ou contraposições de qualquer natureza. Por isso, nossa principal meta, independente de credo ideológico, projeto eleitoral ou filiação política, deve ser persistir na luta pelo respeito às legítimas prioridades dos cidadãos que nos confiaram seus votos e suas esperanças de um futuro melhor.  

O trabalho perseverante e a postura suprapartidária, sem qualquer hesitação, têm de prevalecer na defesa dos interesses do povo acreano.  

Colocar o ódio e a violência acima dessa obrigação maior é um clamoroso erro que a sociedade jamais perdoará a quem cometê-lo.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/08/1999 - Página 22251