Pronunciamento de Artur da Tavola em 28/09/1999
Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
COMEMORAÇÃO DO DIA NACIONAL DO IDOSO.
- Autor
- Artur da Tavola (S/PARTIDO - Sem Partido/RJ)
- Nome completo: Paulo Alberto Artur da Tavola Moretzsonh Monteiro de Barros
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- COMEMORAÇÃO DO DIA NACIONAL DO IDOSO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 29/09/1999 - Página 25497
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, DIA NACIONAL, IDOSO.
O SR. ARTUR DA TÁVOLA
(Sem partido - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ser idoso é haver conseguido passar pela dor de viver descobrindo a vida como dádiva. É encontrar a melhor dimensão de si mesmo quando todos em volta a desconhecem e correm na direção de ilusões.
Ser idoso é receber quem errou sem cobrar com a frase: "Eu não preveni?" E, mesmo tendo-o feito, fingir não saber que tudo aquilo iria acontecer.
Ser idoso é ter a coragem maior de aprender a ser só na hora em que mais se precisa de companhia; é assumir o direito de dizer o que pensa, por nada esperar do mundo, exceto deixá-lo com dignidade, talvez cansaço, ainda esperanças e ânsias de novas descobertas.
Ser idoso é não perder jamais a melhor dimensão de cada coisa ou pessoa e, mesmo sem ilusões, descobrir que a vida vale a pena em cada uma de suas manifestações.
Ser idoso é ser capaz de se encontrar com os vários mortos, amigos, parentes, afeições, instantes sonhados e frustrações, intuir o sentido oculto de tudo o que lhe ocorreu durante a vida. É saber calar tendo tanto a dizer; é saber dizer, tendo pouco para falar, é vislumbrar a essência das relações e o mistério de tudo o que parecia irrelevante e banal.
Ser idoso é encontrar a medida exata do perdão e a suavizada capacidade de gostar de si mesmo, a partir dos próprios defeitos, já sabidos e já sofridos, por isso defeitos purgados, mas feliz pelas vitórias silenciosas.
Ser idoso é saber muito mais e muito melhor de amizade, cães, plantas, serenidade, criança, afago, compreensão, calor, gratidão, pequenos gestos e grandes saudades.
Ser idoso é completar-se na eterna preparação para a grande passagem ao reino dos esplendores. É descobrir que a infância ainda está viva e tudo bóia no ar da saudade e da esperança em grande nuvem de mistério, aventura, silêncio e harmonia.
Ser idoso é ser, enfim, livre de todas as servidões, porque apto para o maior de todos os encontros, o encontro com o mistério.
Infeliz do país que não cuida de seus idosos.
Muito obrigado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.