Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

ENCERRAMENTO, ONTEM, DA I CONFERENCIA DE MULHERES DA COMUNIDADE DOS PAISES DE LINGUA PORTUGUESA, REALIZADA EM SALVADOR/BA.

Autor
Maria do Carmo Alves (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
Nome completo: Maria do Carmo do Nascimento Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FEMINISMO.:
  • ENCERRAMENTO, ONTEM, DA I CONFERENCIA DE MULHERES DA COMUNIDADE DOS PAISES DE LINGUA PORTUGUESA, REALIZADA EM SALVADOR/BA.
Publicação
Publicação no DSF de 03/02/2000 - Página 1615
Assunto
Outros > FEMINISMO.
Indexação
  • CONCLUSÃO, CONFERENCIA INTERNACIONAL, MULHER, PAIS, LINGUA PORTUGUESA, OCORRENCIA, ESTADO DA BAHIA (BA), DEBATE, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, POLITICA.
  • COMENTARIO, DADOS, DISCRIMINAÇÃO, MULHER, MERCADO DE TRABALHO, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, BRASIL.
  • DENUNCIA, GOVERNO, TERCEIRO MUNDO, DESCUMPRIMENTO, RESOLUÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), APLICAÇÃO, PERCENTAGEM, RECURSOS, PROJETO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD), MELHORIA, SITUAÇÃO, MULHER.

A SRª MARIA DO CARMO ALVES (PFL – SE. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, encerrou-se ontem na Bahia, exatamente em Salvador, importante evento intitulado I Conferência de Mulheres da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Participaram desse evento cerca de 100 representantes de sete diferentes países.  

O tema principal desse encontro que reuniu pela primeira vez, com exclusividade, representantes femininas de várias nacionalidades, sem o obstáculo da barreira do idioma, para discutir problemas afins, é algo que considero da maior importância, especialmente porque se discute um tema de grande relevância e oportunidade, que é a participação da mulher na política. Sabemos que essa participação feminina nos cargos eletivos em nosso País ainda é muito pequena se comparada a outras nações do mundo.  

Durante esse encontro, discutiu-se a realidade da situação feminina em cada país, visando oferecer subsídios para as estratégias que deverão ser desenvolvidas em seus respectivos países.  

Sobre a condição da mulher no Brasil, foi mostrado, durante o encontro, que, embora representemos 51% da população, detemos apenas 20% da riqueza produzida e, enquanto nossa participação no mercado de trabalho tenha crescido 170% nos últimos 15 anos, continuamos ganhando menos e trabalhando em piores condições do que os homens. No mercado de trabalho, menos de um quarto tem carteira assinada.  

Uma pesquisadora do Instituto de Opinião de São Paulo também revelou, durante esse encontro, dados sobre a discriminação econômica entre as mulheres negras, que, em termos de salário médio, estariam recebendo metade do que, em média, recebem as mulheres brancas, o que estariam se sujeitando, muitas mulheres, a uma dupla discriminação: a de sexo e a de cor.  

Durante o encontro, em Salvador, foi feita a denúncia de que os governos do Terceiro Mundo, contrariando resolução da ONU, não estariam aplicando em programas de melhoria da condição feminina, ao menos nos últimos três anos, 20% dos recursos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que atingiram a cifra de US$600 milhões em 1999. Só o Brasil recebeu US$150 milhões.  

Entretanto, Sr. Presidente, nesse contexto de distorções e reivindicações, informações reveladoras estão sendo divulgadas com base em pesquisa nacional e recente do Instituto Vox Populi, que dá conta do nível de credibilidade das lideranças femininas. Nessa pesquisa, 50% dos entrevistados responderam que consideram a mulher mais confiável; 57%, mais honestas; 43%, mais competentes; 53%, mais responsáveis. Oitenta e quatro por cento dos entrevistados votariam em mulheres para o cargo de Prefeito; 80%, para o de Governador de Estado e, incrível, 72% votariam em uma mulher para Presidente da República.  

Tal fato constitui um desafio animador, para que nós, mulheres, continuemos crescendo em credibilidade e respeito no seio da sociedade brasileira, eliminando, assim, uma discriminação que a Constituição já erradicou.  

Era o que tinha a comunicar. Muito obrigada.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/02/2000 - Página 1615