Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

REGOZIJO PELA INAUGURAÇÃO EM JOINVILLE/SC, DA ESCOLA DE BALLET TEATRO BOLSHOI.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • REGOZIJO PELA INAUGURAÇÃO EM JOINVILLE/SC, DA ESCOLA DE BALLET TEATRO BOLSHOI.
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2000 - Página 4770
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, INAUGURAÇÃO, MUNICIPIO, JOINVILLE (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), FILIAL, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, BALE, PAIS ESTRANGEIRO, RUSSIA.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, LUIZ HENRIQUE CARDOSO DA SILVEIRA, PREFEITO, MUNICIPIO, JOINVILLE (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), EXPECTATIVA, DESENVOLVIMENTO CULTURAL, ESPECIFICAÇÃO, DANÇA.

O SR. CASILDO MALDANER (PMDB - SC) – Sr. Presidente e nobres Colegas, desejo, nesta oportunidade, saudar a maior cidade de Santa Catarina, que é o Município de Joinville, por um feito culturalmente inestimável que, decerto, transcenderá o orgulho das fronteiras catarinenses. Refiro-me ao fato de, recentemente, ter sido Joinville uma das três cidades do mundo selecionadas para acomodar uma valiosa extensão da cultuada Escola de Ballet do Teatro Bolshoi. Transcorridos 223 anos de sua fundação, a mais importante companhia de dança do Planeta se instala, enfim, em solo brasileiro.  

O jornal Izvestia, de Moscou, anunciou a notícia com a seguinte manchete: "Vão cruzar o samba brasileiro com o quebra-nozes russo". Dentro da mesma matéria, o jornal afirma que o convênio Joinville-Moscou é de mão dupla, já que não somente brasileiros terão oportunidade de aprender o melhor da denominada dança clássica, mas também os russos aproveitarão a ocasião para estabelecer um contato bem próximo com uma das culturas de dança popular mais ricas do mundo, como é sabidamente a brasileira.  

A inauguração da Escola do Ballet Bolshoi, em Joinville, compreenderá a complementação de obras de um imponente teatro local, dentro do qual se abrigarão dezenas de crianças aptas e selecionadas a acompanhar, por oito anos, os mesmos métodos de ensino de Moscou. Além de cursos de formação, serão oferecidas oficinas de especialização para professores e estudantes já iniciados. Ao lado de aulas práticas, os profissionais do Bolshoi avisam que não abrirão mão das aulas teóricas, nem dos cursos de história da dança. A estimativa inicial prevê a formação de 300 bailarinos em dez anos.  

Mais do que isso, o Bolshoi brasileiro premiará os melhores alunos, arregimentando estágios na capital russa. Por sua vez, a Prefeitura de Joinville oferecerá 100 bolsas de estudo para alunos carentes e da Rede Municipal de Ensino que contarão, igualmente, com o apoio da iniciativa privada no que tange ao transporte e ao uniforme anual. Somente 150 alunos bailarinos, entre mais de dois mil inscritos, lograram êxito no processo seletivo para ingressar na nova Escola.  

Pioneira na América Latina, a escola de balé em Joinville se associará a outras duas no mundo – uma no Japão e outra nos Estados Unidos - a contar com uma equipe altamente especializada de professores russos, diretamente "exportados" do Bolshoi. Com a credibilidade, a tradição e a eficiência que, historicamente, a companhia russa tem irradiado ao mundo, um aluno formado por ela passa, automaticamente, a adquirir uma bela posição profissional em qualquer lugar do Globo.  

Naturalmente, a Escola de Joinville não teria sido cogitada se o Bolshoi não se empenhasse em difundir sua filosofia artística em locais estratégicos, seguindo os fluxos transnacionais de uma globalização cultural que se acelera desde a queda do Muro de Berlim. Na realidade, a companhia russa já vem, há certo tempo, operando dentro de uma lógica globalizada. Prova disso é o convênio que terminou de assinar com a UNESCO, por meio do qual se prevê a contribuição da entidade ligada à ONU na restauração do prédio onde funciona o Teatro Bolshoi, em Moscou. No intuito de cooperar financeiramente para sua execução, a UNESCO vai patrocinar campanha mundial de solidariedade com o Teatro.  

Atualmente, a companhia russa emprega três mil funcionários em Moscou; é dirigida pelo ex-bailarino Vladimir Vasilev. No Brasil, a Escola será administrada pela bailarina russa Alla Mikhalchenko, além de contar com dois bailarinos da Escola do Bolshoi de Moscou, que integrarão permanentemente o quadro de professores. Para completar o quadro, dez profissionais brasileiros com graduação superior em dança serão também contratados.  

Entretanto, nada disso seria possível se não fosse o esforço pessoal do Prefeito de Joinville, Luiz Henrique da Silveira, a quem deve ser atribuída grande parte do sucesso do projeto. Graças aos seus contatos com os diretores do Bolshoi e às viagens feitas a Moscou desde 1996, concretizou-se a construção da escola na cidade. Aliás, para ele, são três as razões que levaram a companhia russa a escolher Joinville, sede de sua mais nova instalação: a agilidade da Prefeitura em sair na frente, o Festival de Dança e a qualidade do palco.  

Na sua última viagem a Moscou, o Prefeito e sua equipe de trabalho definiram o projeto arquitetônico das obras que serão construídas no já famoso teatro do Centreventos Cau Hansen, em Joinville, para instalação da escola. Tal projeto inclui mais duas salas de dança, quatro salas de piano, salas de aula teórica, de corpo docente, de fisioterapia, além de biblioteca e videoteca.  

O interesse dos russos por Joinville surgiu em 1996, por ocasião da primeira apresentação do Bolshoi na cidade. Em 1999, a companhia russa fez questão de incluir a cidade catarinense em sua agenda de espetáculos no Brasil. Por sinal, enquanto nas capitais onde excursionava cobravam-se ingressos que chegavam a R$60,00, em Joinville, o Prefeito Luiz Henrique reduziu os preços para a bagatela de R$5,00. Isso explica, seguramente, a notável opção da Prefeitura pelo investimento na educação do povo, nas artes em geral.  

Nesse sentido, vale a pena reproduzir um trecho do artigo do Prefeito Luiz Henrique, publicado no jornal A Notícia, em que compara o feito da instalação da escola com outras bem-sucedidas empreitadas municipais mundo afora. Vamos ao trecho:  

"Alguém, um dia, teve a feliz idéia de reproduzir a tradicional Oktoberfest alemã, e Blumenau passou a fazer parte do calendário nacional de festas... alguém, um dia, decidiu fazer de Hannover, destruída pela guerra, um grande centro de feiras e eventos, e deu no que deu... alguém, um dia, teve a ousadia de imaginar que imenso deserto poderia transformar-se num centro cultural de jogos e lazer e surgiu Las Vegas. Guardadas as devidas proporções, é um fenômeno semelhante a que estamos assistindo nascer em Joinville – a consolidação de uma tendência voltada para o turismo, a cultura, o lazer e os serviços."  

Às palavras do Prefeito, acrescento que, desse projeto artístico, surgirão milhares de empregos nos próximos anos, que se traduzirão em significativo fôlego econômico para a região.  

Sr. Presidente, nobres Colegas, não é de hoje que a cidade catarinense, a maior de nosso Estado, vem-se destacando como um dos maiores pólos culturais do País, particularmente na dança. Seu reconhecimento tem extrapolado a crítica nacional, ganhando a simpatia de academias, companhias e bailarinos do mundo inteiro. Isso tudo se deve, naturalmente, ao sucesso de que se tem revestido, ano após ano, o Festival de Dança de Joinville, pelo qual a prefeitura da cidade tanto se empenha. Na verdade, o festival realizou, em 1999, a sua 17ª edição, em cujo acontecimento foi assinado um convênio entre Moscou e Joinville. Para se ter uma idéia da extensão do sucesso do festival, cabe registrar que, no Brasil, já é o maior e o mais prestigiado evento de dança.  

Em suma, é com muita expectativa que o Brasil e Santa Catarina, em particular, aguardam a inauguração da Escola de Ballet do Teatro de Bolshoi para o próximo dia 17 de março, amanhã. Na data, o próprio corpo de baile da companhia russa se apresentará mais uma vez, nos palcos de Joinville. Pela relevância indiscutível, vários Ministros de Estado, entre eles, o Ministro da Cultura, Francisco Weffort, o Ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, o Embaixador da Rússia e outras autoridades já confirmaram presença. Portanto diante da grandiosidade da empreitada, resta-nos apenas congratular catarinenses e russos pelo êxito da Escola, expressando, em nome de todos os brasileiros, nosso orgulho e satisfação.  

São as considerações que faço, Sr. Presidente e nobre Colegas, em função do que vai ocorrer amanhã à noite na Manchester catarinense. Os catarinenses, os joinvillenses e os brasileiros naturalmente se congratulam com esse grande feito.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2000 - Página 4770