Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

PREOCUPAÇÃO DE S.EXA. COM A FALTA DE RECURSOS DESTINADOS A COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS - CVM.

Autor
Roberto Saturnino (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • PREOCUPAÇÃO DE S.EXA. COM A FALTA DE RECURSOS DESTINADOS A COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS - CVM.
Publicação
Publicação no DSF de 28/04/2000 - Página 8208
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • DENUNCIA, POLITICA, DESMONTAGEM, ESTADO, IMPOSIÇÃO, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI), BRASIL, REDUÇÃO, RECURSOS, GARANTIA, FUNCIONAMENTO, COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS, PROVOCAÇÃO, GREVE, SERVIDOR.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, COMISSÃO DE VALORES MOBILIARIOS, FISCALIZAÇÃO, MERCADO FINANCEIRO.
  • CRITICA, INTERESSE, GOVERNO, ATENDIMENTO, CAPITAL ESPECULATIVO, PREJUIZO, SOCIEDADE.

O SR. ROBERTO SATURNINO (PSB – RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sr as e Srs. Senadores, a política de desmonte deliberado do Estado brasileiro em busca da redução das despesas e do superávit primário exigido pelo FMI vive mais um episódio lamentável, como todos os outros anteriores.  

Desta vez, Sr. Presidente, trata-se da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, entidade fiscalizadora da maior importância para o funcionamento do mercado de capitais do País, criada nos anos 70, após sucessivas crises do mercado de capitais e com perdas astronômicas para muitos investidores. Desempenhou, durante muito tempo, um papel realmente importante: colocou ordem no mercado e acabou com aquelas oscilações absolutamente especulativas que antes se verificavam. Os investidores readquiriram relativa tranqüilidade. Enfim, a CVM funcionou satisfatoriamente. Evidentemente, esperava-se sempre dessa entidade uma melhoria, um aperfeiçoamento, uma ampliação e um aprofundamento de suas atividades.  

No momento em que o Governo partiu para a política de desmonte, para a política do Estado mínimo, a CVM, como todos os órgãos governamentais, começou a sofrer. Encontra-se hoje em um estado lastimável. De alguns anos para cá, não dispõe mais dos recursos necessários para exercer satisfatoriamente as funções que exerceu durante algum tempo; enfrentou a carência absoluta de pessoal, de quadros técnicos habilitados, de salários para esses quadros técnicos e de recursos para exercer as suas atividades.  

Essa situação chegou a tal ponto que hoje a CVM está em greve. Os seus funcionários estão impacientes e esgotados em razão de promessas descumpridas. Por isso, resolveram apelar para a greve e chamar a atenção para o problema da entidade usando esse artifício.  

O fim da CVM será o paraíso dos especuladores. A paralisação da CVM é o maior desejo dos especuladores do mercado de capitais deste País, para que possam ganhar dinheiro dos incautos, dos ingênuos e, dessa forma, continuar sua ascendente carreira de enriquecimento neste País.  

Sr. Presidente, estou aqui a trazer essa notícia, a fazer apelos, mas consciente de que isso não terá repercussão no Governo, porque ao Governo interessa mais satisfazer à máfia do mercado financeiro do que à sociedade. Quem precisa da fiscalização, quem precisa da ação profícua da CVM é a sociedade brasileira. Mas ao Governo interessa, primeiro e antes, atender aos especuladores, atender à máfia financeira e, em segundo plano, procurar dar algum tipo de satisfação à sociedade.  

De forma que está aí o quadro deletério em que se encontram vários órgãos da administração. Agora mais um: a Comissão de Valores Mobiliários, que tem um papel importantíssimo a cumprir. A fiscalização do mercado de capitais caiu a zero, Sr. Presidente, assim como a fiscalização do Banco Central sobre as entidades bancárias. Depois da aprovação aqui pelo Senado da Srª Tereza Grossi, nada mais se pode esperar. "Viva a especulação" parece ser o lema do Governo e de suas autoridades econômicas.  

Ficamos nós aqui a lamentar pelo Brasil, pela sociedade brasileira, pela ordem econômica, sem grandes esperanças, cumprindo, entretanto, o dever de denunciar essa política de desmonte ditada pelo Fundo Monetário e acatada pelo Governo brasileiro, entre tantas outras exigências. E os resultados são estes: greve da CVM, mercado de capitais sem fiscalização. Onde iremos parar? Cabe ao Governo e aos Líderes do Governo aqui nesta Casa responder a essa pergunta. Não creio que tenham resposta, e as coisas ficam como estão, à espera de que novos ares venham trazer melhorias para o quadro da economia brasileira.  

 

¿ 6


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/04/2000 - Página 8208