Discurso durante a 76ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

COMENTARIOS SOBRE AS ULTIMAS MEDIDAS TOMADAS PELO GOVERNO FEDERAL JUNTO AO SETOR SUCROALCOOLEIRO.

Autor
Jonas Pinheiro (PFL - Partido da Frente Liberal/MT)
Nome completo: Jonas Pinheiro da Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • COMENTARIOS SOBRE AS ULTIMAS MEDIDAS TOMADAS PELO GOVERNO FEDERAL JUNTO AO SETOR SUCROALCOOLEIRO.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2000 - Página 12837
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • ELOGIO, INICIATIVA, GOVERNO FEDERAL, INCENTIVO, SETOR, PRODUÇÃO, ALCOOL, ESPECIFICAÇÃO, AMPLIAÇÃO, ADIÇÃO, ALCOOL ANIDRO CARBURANTE, GASOLINA, VEICULO AUTOMOTOR, AUMENTO, ALIQUOTA, IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, DEBATE, POSSIBILIDADE, ADIÇÃO, ALCOOL ANIDRO CARBURANTE, OLEO DIESEL, EFEITO, REDUÇÃO, POLUIÇÃO, VEICULO AUTOMOTOR, ZONA URBANA.

O SR. JONAS PINHEIRO (PFL – MT. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sr as e Sr s Senadores, nos últimos meses, depois de entendimentos com representantes do setor sucroalcooleiro e com o acompanhamento de Parlamentares, Senadores e Deputados Federais, o Governo Federal alinhavou um conjunto de medidas com o objetivo de assegurar maior solidez àquele setor e de aumentar o consumo de álcool combustível.  

Como parte dessas medidas implementadas, podemos citar entre elas o aumento da adição de álcool anidro à gasolina; proibição do uso da mistura metanol-etanol-gasolina, que competia com o consumo do álcool; elevação da alíquota do imposto de importação; aquisição de parte dos estoques excedentes de álcool e financiamento de estocagem de álcool para os produtores.  

Outra medida que vem sendo objeto de discussão e análise é a que prevê a adição de álcool anidro ao óleo diesel. A sua implementação vinha dependendo de estudos técnicos e da realização de testes específicos que comprovassem a viabilidade dessa mistura sob o prisma econômico e ambiental.  

O resultado desses estudos e dos testes realizados recentemente mostra ser perfeitamente viável essa mistura, desde que a ela seja adicionado o aditivo específico, conhecido como AEP-102. Isso porque, sem a adição desse aditivo solubilizante, o óleo diesel e o álcool combustível não se misturam, por serem de polaridades diferentes, assim como, por exemplo, o azeite e a água.  

Com esse aditivo de origem orgânica, que é um éster da soja, e, portanto, biodegradável, despoluente e solubilizante, a mistura álcool combustível/óleo diesel se homogeneíza perfeitamente, sem a necessidade de equipamentos de impactação para viabilizar o processo de mistura.  

Os resultados dos testes mostraram que a mistura de 89,4% de óleo diesel com 8% de álcool anidro combustível e 2,6% de aditivo é surpreendente para o desempenho dos motores, o nível de consumo e a dirigibilidade do veículo. O consumo deve aumentar em média 1,5%, sem, entretanto, aumentar os custos, já que o preço do álcool é inferior ao do óleo diesel, compensando, assim, o preço do aditivo.  

Entretanto, Sr. Presidente, Sr as e Sr s Senadores, o ganho mais expressivo da adoção dessa mistura assenta-se no campo ecológico, em face dos benefícios para o ambiente e para a população advindos da redução da poluição nos centros urbanos. Nesse particular, vale observar que os estudos realizados identificaram que os índices de poluição, tais como os que medem a "fumaça preta", os níveis de partículas, de opacidade, de resíduos poluentes em geral, podem ser reduzidos em torno de 40% a 50%. Esses resultados significam, comparativamente, que seria o mesmo que retirar de circulação metade de toda a frota de veículos pesados que utilizam motores de ciclo diesel.  

Assim, a adoção dessa mistura do álcool anidro combustível ao óleo diesel e a sua viabilização, ao lado da redução das emissões de "fumaça negra" e de partículas poluentes pelos veículos e a conseqüente melhoria ambiental, tanto local quanto global, dariam um grande impulso ao setor sucroalcooleiro. As simulações mostram que, se adotada essa mistura, ter-se-á, na produção de álcool, um incremento de cerca de 4 bilhões anuais de litros, que correspondem a 30% da produção anual no momento, que é da ordem de 13 bilhões de litros.  

Além do mais, por ser o aditivo um produto derivado da soja, o seu uso daria também um impulso na cultura daquela leguminosa e ativaria não somente o seu setor produtivo como também o seu setor de transformação.  

Vale considerar que esse uso, então, forçosamente aumentará a oferta de emprego, não somente nas atividades vinculadas ao setor sucroalcooleiro, como ao da soja e ao dos segmentos de transformação e processamento.  

Sr. Presidente, no momento em que todos os governos do mundo e a sociedade em geral vêm lutando para aumentar o nível de emprego e para reduzir os níveis de poluição do planeta, e que, particularmente, nós, brasileiros, ao lado dessa preocupação, estamos também procurando uma saída para a crise do nosso setor sucroalcooleiro, parece vir em boa hora essa iniciativa.  

Gostaríamos, por fim, de comunicar a esta Casa que, no dia 5 de junho, no Distrito Industrial de Cuiabá, em Mato Grosso, foi feito o lançamento da pedra fundamental da Ecomat, indústria voltada à produção do aditivo AEP – 102, que é o solubilizante para a mistura álcool/diesel.  

Esse empreendimento, que contou com a iniciativa do Sindicato dos Produtores do Álcool de Mato Grosso, expressada pelo seu Presidente, Sr. João Petroni e seus associados, recebeu também o amplo apoio dos segmentos vinculados a esse setor, o que já mostra a resposta que o setor privado está dando a essa possibilidade e que já chama a atenção de todos para a sua importância, dada a sua amplitude e os benefícios que trará para a sociedade.  

Muito obrigado.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2000 - Página 12837