Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativas de modernização da agricultura cearense, destacando os avanços já alcançados no setor.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Expectativas de modernização da agricultura cearense, destacando os avanços já alcançados no setor.
Publicação
Publicação no DSF de 04/10/2000 - Página 19851
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • REGISTRO, AUMENTO, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, ESTADO DO CEARA (CE), RESULTADO, ATENÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA.
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, CRIAÇÃO, ASSOCIAÇÃO AGROPECUARIA, PRODUÇÃO, FRUTA, ESTADO DO CEARA (CE), OBJETIVO, ELABORAÇÃO, PROGRAMA, INVESTIMENTO, FRUTICULTURA.
  • COMENTARIO, EXPECTATIVA, MODERNIZAÇÃO, AGRICULTURA, ESTADO DO CEARA (CE), UTILIZAÇÃO, TECNOLOGIA EDUCACIONAL, INVESTIMENTO, IRRIGAÇÃO, AUMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA.

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O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB - CE) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, nos últimos doze meses, até julho de 2000, de acordo com o IBGE, o Ceará aumentou 9,9 % sua produção industrial, sendo o segundo colocado nacionalmente, abaixo do Espírito Santo. Tal fato é creditado ao continuado investimento em infra-estrutura.

Com relação ao Produto Interno Bruto, nos últimos seis meses, a economia cearense, segundo o Instituto de Planejamento do Ceará - IPLANCE, registrou crescimento de 5.77%, bem maior se comparado ao PIB brasileiro, que apresentou incremento de 3,84% no semestre.

Embora a produção cearense tenha apresentado um safra recorde de um milhão e 28 mil toneladas, graças a distribuição de sementes selecionadas, oferta de assistência técnica e, principalmente, à regularidade do inverno, a modernização da agricultura apresenta-se como um grande desafio, pois é no meio rural que se concentram os pobres e analfabetos do estado e que praticam, em sua grande maioria, uma agricultura de alto risco, já que dependem unicamente de chuvas.

Temos a certeza de que, na próxima década, com o projeto de interligação de bacias, financiada pelo Banco Mundial, e a conclusão do Açude Castanhão, seja garantida uma oferta segura de água aos investidores, inclusive os envolvidos com agricultura.

Mas a modernização agrícola, baseada em cultivos nobres, de preço elevado e mercado externo estável, somente agora, está iniciando sua arrancada no Ceará.

Com a percepção de que o modelo da irrigação estatal à base de colonos sem experiência com irrigação, promovido pelo DNOCS, não funcionou, os empresários da fruticultura e o governo estadual uniram-se, organizaram-se em associações, como é o caso do SINDIFRUTA.

O SINDIFRUTA promoveu, em 25 de setembro p. passado, a sétima edição do FRUTAL, que aos poucos vem transformando Fortaleza na capital dos negócios da fruta.

O FRUTAL possibilitou, ainda, a vinda para Fortaleza do décimo sexto Congresso Brasileiro de Fruticultura, onde se discutiu os últimos avanços tecnológicos do setor, com os benefícios de transmissão de experiências e conhecimentos para todos os envolvidos com a cadeia produtiva.

No plano institucional merece destaque o lançamento, na abertura do FRUTAL, do Programa Nacional de Fruticultura, pelo Ministro da Agricultura Pratini de Moraes. Além disso, o Ceará criou há dois anos atrás, a primeira Secretaria de Agricultura Irrigada no Brasil.

Através de projetos de cooperação entre o governo e a iniciativa privada, resultados concretos já começam a aparecer. Atualmente, 28 áreas estão sendo implantadas dentro do Projeto Caminhos de Israel, voltado para pequenos e médios produtores, além do fortalecimento dos oito Agropolos, onde estão inseridos todos os grandes projetos de irrigação do Ceará, inclusive o Baixo Acaraú, recém lançado para licitação de sua exploração por empresários agrícolas. É bom ressaltar que está sendo ultimada a conclusão de projetos de irrigação que se arrastavam há mais de trinta anos, como o Baixo Acaraú, Araras Norte, Jaguaribe - Apodi e Tabuleiro de Russas.

O Governo do Ceará também tem atraído multinacionais do setor de fruticultura, onde cito alguns exemplos.

Em 25 de setembro p. passado, o Governador Tasso Jereissati inaugurou a fazenda da DEL MONTE, terceira maior empresa do mundo na produção e comercialização de frutas frescas, com investimento de 9 milhões de dólares e produção, ainda este ano, de 1,2 milhão de caixas de melão tipo exportação, com irrigação subterrânea. A área é de 1.150 hectares.

Além disso, há uma expectativa de que a norte-americana AMWAY CORPORATION, invista seis milhões de dólares em área de 1.600 hectares no município de Tianguá, na serra da Ibiapaba, tendo a acerola como seu carro-chefe.

Entretanto, pelo meu tradicional envolvimento com o assunto, desperta-me grande satisfação a decisão da CIONE, empresa de meu estado, o Ceará, de modernizar seus plantios de cajueiros com a implantação do cajueiro anão-precoce, desenvolvido pela EPACE/EMBRAPA, com perspectivas de aumento da produtividade até 2800% superior ao cajueiro comum ou de sequeiro. Um projeto semelhante está sendo instalado no litoral do Estado por um grupo de investidores italianos.

Podermos observar que estamos saindo daquele estado de letargia natural que se instalou quando da perda de competitividade do nosso tradicional binômio: algodão mocó - gado.

Estamos partindo para uma agricultura intensiva, moderna e tecnificada, mas não poderíamos encerrar sem chamar atenção para um fator indispensável ao sucesso deste processo, que é a educação para a agricultura irrigada em todos os níveis, desde o agricultor ao professor universitário. É forçoso reconhecer que ao contrário de nossos vizinhos peruanos e mexicanos, cujas populações pré-colombianas já dominavam a irrigação, esta técnica é muito recente, não só no Ceará mas no Brasil.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/10/2000 - Página 19851