Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Avaliação positiva sobre o crescimento do Partido dos Trabalhadores nas últimas eleições.

Autor
José Eduardo Dutra (PT - Partido dos Trabalhadores/SE)
Nome completo: José Eduardo de Barros Dutra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Avaliação positiva sobre o crescimento do Partido dos Trabalhadores nas últimas eleições.
Publicação
Publicação no DSF de 06/10/2000 - Página 19990
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DISPUTA, ELEIÇÃO MUNICIPAL, CRESCIMENTO, PARTICIPAÇÃO, POLITICA, MUNICIPIOS, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, POSSE, PREFEITURA, MUNICIPIO, ARACAJU (SE), ESTADO DE SERGIPE (SE).
  • ANALISE, RESULTADO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, ESTADO DE SERGIPE (SE), OCORRENCIA, ELEIÇÃO, PRIMEIRO TURNO, MARCELO DEDA, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PREFEITURA, MUNICIPIO, ARACAJU (SE), COMENTARIO, EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, CANDIDATO ELEITO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOSÉ EDUARDO DUTRA (Bloco/PT - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, diversos colegas têm usado a tribuna para fazer um balanço das eleições municipais. Qualquer análise que leve em consideração a matemática possibilitará que os mais diversos partidos, que as mais diversas tendências, que as mais diversas correntes apresentem um balanço positivo para si próprios. 

Existem números para todos os gostos: quem elegeu mais prefeitos; quem teve mais votos; quem elegeu mais prefeitos nas cidades com mais de 100 mil eleitores; quem teve mais votos nessas cidades; quem aumentou percentualmente o número de prefeitos em relação ao quadro anterior; quem teve mais votos em relação à eleição anterior.

Nós do Partido dos Trabalhadores fazemos uma avaliação extremamente positiva do crescimento do nosso Partido, principalmente porque tem havido um crescimento permanente, constante e sem inchaços de eleição para eleição. É o único Partido que tem essa característica, se analisarmos as eleições parlamentares e municipais desde 1982. É um fato incontestável o nosso crescimento tanto em número de votos quanto em número de prefeituras conquistadas nas cidades de maior porte do País, cidades com mais de 100 mil eleitores, onde há efetivamente maior debate político, onde o uso da máquina é mais difícil, onde há uma sociedade civil mais organizada.

            Portanto, esse é o balanço que gostaríamos de fazer.

No entanto, Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, não me inscrevi hoje para fazer um balanço das eleições municipais em todo o Brasil, mas para registrar e dividir com esta Casa o júbilo do Partido dos Trabalhadores no Estado de Sergipe pelas eleições em Aracaju. O PT conseguiu fazer uma belíssima campanha naquela cidade, a única capital onde venceu as eleições no primeiro turno.

Há que se fazer uma análise histórica do eleitorado de Aracaju, cidade em que, já há algumas décadas, a população escolhe os candidatos mais progressistas e vota na esquerda. Deve-se registrar que, nas eleições presidenciais de 1946, o candidato do Partido Comunista Brasileiro, Yedo Fiúza, venceu as eleições em Aracaju - acredito que seja a única capital onde isso aconteceu. De 1985 para cá, quando voltamos a ter eleições diretas para Prefeito de capitais, o eleitor de Aracaju sempre tem optado por candidatos mais progressistas, candidatos da esquerda.

A história mostra que, à exceção das eleições de 1988, em todas as outras eleições, o candidato que no decorrer da campanha se revela ou se transforma ou é visto pela população como candidato da direita, como candidato conservador, como candidato dos setores mais oligárquicos, acaba ficando em terceiro lugar. Isso tem sido uma constante nas eleições da nossa capital.

Durante o período eleitoral, mais uma vez ficou constatado que o eleitor de Aracaju faz a sua opção em função do comportamento dos candidatos durante a campanha eleitoral, em função da forma como é feita a campanha, em função dos caminhos escolhidos pelos candidatos que estão em disputa. O eleitor sergipano opta sempre pelo candidato cuja campanha não envereda pelo caminho das baixarias, pelo caminho dos ataques pessoais.

Vimos isso durante esta campanha. Quando se iniciou o horário eleitoral gratuito, no dia 15 de agosto de 2000, a pesquisa publicada no Cinform, jornal de maior circulação do nosso Estado, mostrava o nosso candidato em terceiro lugar, com 17%. Iniciou-se a campanha eleitoral, e o que se viu foi uma campanha bastante dura entre os outros dois candidatos, tendo, inclusive, como mote a postura do Governador do meu Estado, Sr. Albano Franco. Um candidato dizia: ”O Albano é seu. O Albano te apóia”. O outro dizia: “O Albano apóia você”. E a população percebeu que o companheiro Marcelo Deda apresentava propostas, um programa eleitoral leve e bem-humorado, elegendo principalmente as alternativas e as propostas para Aracaju. Assim, a campanha começou a crescer, o nosso candidato passou para o segundo lugar e, depois, para o primeiro lugar. Quando os outros candidatos perceberam que estávamos em primeiro lugar, resolveram voltar as baterias contra o nosso candidato. E começaram a dizer que Deda era apoiado por Albano Franco, que Deda era o candidato das elites. Iniciou-se a distribuição de panfletos apócrifos contra o nosso candidato, vinculando-o, possivelmente, a práticas que quem o conhece, e conhece também a prática do Partido dos Trabalhadores na nossa cidade, encarava como ridículas. Chegou-se ao ponto, no final da campanha, quando perceberam que nenhum ataque, nenhuma calúnia, nenhuma difamação contra o nosso candidato pegava, um outro candidato começou a elogiar o nosso candidato, dizendo que não se devia votar em Déda para prefeito, porque, em sendo um grande Deputado Federal, Sergipe perderia um grande representante na Câmara dos Deputados. Um raciocínio absurdo! Se formos por essa lógica, deveríamos, então, votar em alguém que tenha sido um deputado federal omisso, incompetente, um deputado envolvido em mutretas e em maracutaias. Só que também esse argumento acabou não prevalecendo e a campanha chegou ao resultado com 52% dos votos. Vimos, em Aracaju, uma mobilização do conjunto da sociedade. Aracaju, literalmente, avermelhou nessas eleições. O que se via nas ruas, nos mais diversos setores, seja nos bairros de classe média, classe média-alta, como nos bairros da periferia, eram pessoas carregando a estrelinha do PT, com orgulho, no peito. Acabou-se, inclusive, com um mito que tentaram passar para o conjunto da população, de que o PT tinha uma grande penetração na classe média de Aracaju, que tinha votos na classe trabalhadora organizada, que tinha influência nos setores mobilizados da população, mas que existia uma espécie de muro de Berlim em torno da periferia, na qual o PT não penetrava. E o que se viu foi exatamente o contrário. Houve uma invasão, um entusiasmo, uma influência absoluta da candidatura do nosso Partido e dos Partidos que formaram a coligação “Aracaju para todos” - o PT, o PCdoB, o PCB e o PSTU - em todos os bairros da cidade, mostrando inclusive o resultado eleitoral inconteste. Em todas as três zonas eleitorais de Aracaju, seja a 2ª Zona, que abrange mais a classe média e os setores mais bem aquinhoados de nossa cidade, seja na 1ª Zona, que abrange mais os bairros periféricos, seja na 27ª Zona, onde há bairros de classe média alta convivendo com bolsões de miséria, a nossa candidatura foi vitoriosa com uma grande diferença sobre os outros candidatos.

Um ponto também deve ser registrado e, a meu ver, considerado ao analisarmos o resultado da eleição em Aracaju. As elites políticas sergipanas têm adotado uma postura de eleição para eleição que revela um profundo descaso em relação ao que pensa o eleitor. Se formos analisar as eleições em Sergipe e em Aracaju de 1982 até hoje, observaremos que não há uma eleição em que se repita o desenho das alianças da eleição anterior. Tal situação configura uma verdadeira sopa de letrinhas, uma verdadeira novela mexicana em que os aliados e os amantes de hoje, na eleição seguinte, são inimigos e, na posterior, retornam às alianças. Nessa eleição, inclusive, chegou-se ao absurdo de alianças entre partidos políticos que, na eleição de 1998, propiciaram o maior índice de baixarias perante a população. O nosso Partido é citado como sendo muito estreito e resistente a alianças; entretanto, somos assim e queremos continuar assim até porque poderão fazer tais acusações, mas não poderão nos acusar de falta de coerência ou de alterar nossa posição principalmente com relação a não nos aliarmos a setores que não elegem a ética como um dos pressupostos de sua ação política.

Fizemos uma aliança que os analistas políticos, no início da eleição, afirmaram ser absolutamente estreita, uma aliança apenas entre o PT, o PCdoB, o PCB e o PSTU. Nossa chapa, com um candidato a Prefeito do PT e um candidato a Vice-Prefeito do PCdoB, foi apresentada por nós não como a chapa da conveniência, mas a chapa da convivência, já que o Vice-Prefeito eleito do PCdoB, Sr. Edivaldo Nogueira, tinha e tem uma absoluta convivência e unidade em torno das lutas populares junto com o companheiro Marcelo Déda, desde a campanha das diretas, do impeachment e de uma série de lutas populares no nosso País, em Sergipe e Aracaju. O companheiro Edivaldo Nogueira se mostrou um Vice absolutamente integrado ao conjunto da campanha.

Portanto, Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, temos convicção e consciência de que, em função de termos sido eleitos no primeiro turno em Aracaju, isso acaba despertando uma expectativa enorme por parte da população, acaba despertando um sentimento de absoluta esperança por parte da população de Aracaju, esperança em cima do novo, de se varrer a mesmice, de se acabar com os arranjos de última hora, que, infelizmente, tem norteado a política do nosso Estado. Por outro lado, isso aumenta a nossa responsabilidade, porque, na medida em que há uma expectativa muito grande, sabemos também que essa expectativa pode ser facilmente deteriorada, pode ser facilmente perdida em função de práticas que não venham a atender essa expectativa.

Temos absoluta confiança na capacidade do nosso Partido, dos nossos quadros e, principalmente, na capacidade do nosso candidato. O companheiro Marcelo Déda, que tem sido um brilhante parlamentar, tem tido momentos de grande alegria, assim como o PT, como também de grande tristeza. Isso vem contribuindo para o nosso amadurecimento. Em 1985, Déda se lançou candidato a prefeito de Aracaju pelo PT e surpreendentemente derrotou, naquela ocasião, o candidato do então PDS, chegando em segundo lugar. Em 1986, Déda foi o Deputado Estadual mais votado da história de Sergipe, com 32 mil votos. Em 1988, tivemos um grande revés. Era uma eleição em que tínhamos expectativa de vencer. Quando começou a campanha eleitoral, estávamos com 44%, segundo as pesquisas, mas depois, no resultado final, tivemos 6%. Em 1990, Déda, em função até desse desempenho na eleição de 1988 para prefeito, não se reelegeu para Deputado Estadual, obtendo apenas três mil e poucos votos, pouco mais de 10% da votação anterior. Demos a volta por cima e, em 1994, Déda se elege Deputado Federal por Sergipe, vem para Brasília e se revela um dos mais brilhantes Deputados deste Parlamento; chega à Liderança do PT em 1998 e se reelege Deputado Federal com a maior votação de Sergipe e com a segunda maior votação proporcionalmente de todo o Brasil, com 85 mil votos. Agora ele se elege prefeito de Aracaju.

Para aqueles que disseram, durante a campanha, que não se devia votar em Déda para prefeito de Aracaju porque isso significaria perder um grande Deputado, nós temos a dizer que, da mesma forma que Marcelo Déda foi o melhor Deputado Federal da história de Sergipe, será, sem dúvida alguma, com o apoio do nosso Partido, com o apoio da coligação “Aracaju para Todos”, o melhor prefeito da cidade de Aracaju. Essa é a nossa expectativa, essa é a nossa consciência, essa é a nossa vontade.

Desejamos registrar também que virá para Brasília substituir o Deputado Marcelo Déda, na condição de Deputada Federal, a primeira Deputada Federal da história de Sergipe, a companheira Tânia Soares, do PcdoB, Vereadora eleita em 1996, reeleita na eleição de 2000. Na condição de primeira suplente, ela virá para Brasília. Temos certeza que sucederá o companheiro Marcelo Déda à altura e mostrará também a capacidade de luta, a competência, a honestidade, a integridade e o trabalho da mulher sergipana, que passará, assim, a ser representada no Congresso Nacional pela companheira Tânia Soares.

Srªs e Srs. Senadores, eram estas as palavras que eu tinha a dizer na tarde de hoje, para dividir com os Colegas esse sentimento de júbilo, de expectativa e de esperança do nosso Partido em Sergipe, especialmente em Aracaju, cuja população, temos certeza, também partilha desse sentimento.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/10/2000 - Página 19990