O SR. ALBINO BOAVENTURA (PMDB - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o matutino goiano, O Popular, acaba de publicar matéria sobre o avanço das igrejas evangélicas nos rincões de Goiás e de Goiânia. Adotando um tom de justa neutralidade e seriedade, desenhou um quadro extremamente realista da situação, sem que se abusasse do corriqueiro sensacionalismo empregado pela imprensa marrom. Todavia, não poderia deixar de observar uma lacuna grave na publicação, no que concerne à participação do segmento da Assembléia de Deus no cômputo das igrejas denominadas evangélicas.

            Não julgo que tenha havido má-fé do jornalista, tampouco de seus editores. Pelo contrário, suspeito de que, na hora do fechamento da matéria, tenha havido certa precipitação no jornal, incorrendo num atropelamento justificável de informações. Nesse sentido, convicto estou de que não caberia, em absoluto, o ingresso de uma pedido de explicações ao referido jornal. Contudo, sinto-me não somente na obrigação de registrar a lamentável falha, mas também na obrigação de instaurar uma reparação nos fatos publicados.

Antes de tudo, cumpre declarar que a Assembléia de Deus tem sido, indiscutivelmente, a igreja que congrega o maior número de fiéis no Estado de Goiás. Mais do que isso, dentro das igrejas evangélicas, a Assembléia de Deus possui o maior número de templos espalhados pelo estado. Somente no município de Aparecida de Goiânia, com essa denominação, conta com 79 Igrejas.

Feitos os devidos esclarecimentos, vale a pena reproduzir e analisar alguns dados publicados pela reportagem intitulada “Evangélicos conquistam Goiânia”. Em primeiro lugar, fica nítido que, hoje, mais do que nunca, a composição do perfil médio dos fiéis evangélicos atravessa todos os extratos da sociedade goiana, não se enquadrando mais como igreja segmentada, atendendo apenas as classes menos favorecidas. Na própria reportagem, o depoimento do jogador do Goiás, Evair Paulino, cujo passe é estimado em 300 mil reais, atesta, com comoção, sua humildade diante da grandeza do espírito cristão, ao lado de outros irmãos menos favorecidos.

Segundo dados da matéria, mil e trezentas igrejas evangélicas se espalham pelos quatro cantos da Grande Goiânia. A historiadora Maria Tereza Canesim, da Universidade Católica de Goiás, chega a afirmar que, nos últimos anos, a quantidade de templos evangélicos existentes em Goiânia mais que dobrou em comparação com as igrejas católicas, que não somam 600 unidades. A professora Canesim realizou uma pesquisa sobre tema, denominada “Um Estudo Sociológico dos Evangélicos Neopentecostais: Fundamentos Ético-Valorativo”, que foi concluída há bem pouco tempo.

A pesquisa da professora Canesim, que durou dois anos, aponta que há quase três mil templos evangélicos na capital goiana com uma média de 400 mil membros. Na verdade, se a população evangélica continuar a crescer na taxa atual, que é de quase 6% ao ano, daqui a quarenta anos metade da população brasileira será composta de evangélicos.

Em Anápolis, que é sua segunda maior cidade do estado, tal projeção já se faz realidade, pois nada menos que a metade de sua população se declara evangélica. Por outro lado, Goiânia, que possui de 36% de crentes, abriga hoje praticamente a mesma quantidade que o estado todo possuía a menos de dez anos atrás. Em termos comparativos, no âmbito nacional, São Paulo acomoda cerca de 2 milhões de evangélicos para uma população de 12 milhões de pessoas.

Por isso tudo, não é por acaso que o movimento evangélico se expande a proporções geométricas no País. De acordo com os dados colhidos pelo pesquisador Lourenço Kraft, 12% da população brasileira se confessa evangélica. Isso significa que quase 20 milhões de brasileiros compõem o quadro de religiosos dessa específica religião no País.

Para concluir, gostaria apenas de, uma vez mais, registrar que, ao lado das neopentecostais, a Assembléia de Deus assume a liderança no movimento evangélico no estado de Goiás. Tal esclarecimento se faz necessário na medida em que é o nome da instituição religiosa que corre o risco de ser depreciada por uma equívoco na edição e veiculação da reportagem. De todo modo, no final das contas, o que importa é que o avanço das igrejas evangélicas é incontestável no Brasil todo, contribuindo, assim, para o crescimento e a salvação de inúmeras almas do povo brasileiro.

            Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.

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