Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

AGRADECIMENTO PELO APOIO RECEBIDO DOS SENADORES QUE ACREDITARAM NA SUA CANDIDATURA A PRESIDENCIA DO SENADO FEDERAL. (COMO LIDER)

Autor
Arlindo Porto (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MG)
Nome completo: Arlindo Porto Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • AGRADECIMENTO PELO APOIO RECEBIDO DOS SENADORES QUE ACREDITARAM NA SUA CANDIDATURA A PRESIDENCIA DO SENADO FEDERAL. (COMO LIDER)
Aparteantes
Hugo Napoleão.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2001 - Página 1746
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, SENADOR, ESPECIFICAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), PARTIDO PROGRESSISTA BRASILEIRO (PPB), APOIO, CANDIDATURA, ORADOR, PRESIDENCIA, SENADO, TENTATIVA, CONCILIAÇÃO, POLITICA PARTIDARIA, REFORÇO, DEMOCRACIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARLINDO PORTO (PTB - MG. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou, hoje, nesta tribuna para, além de ressaltar a honraria que me coube de disputar as eleições para a escolha do Presidente do Senado Federal, agradecer o apoio que recebi dos Srs. Senadores e das Srªs Senadoras que acreditaram na minha proposta de candidato de conciliação, de entendimento e de união em torno da valorização e fortalecimento desta Casa.

            Disse - e continuo afirmando - que não me coloquei contra qualquer outra candidatura, tendo apenas proposto que poderíamos buscar caminhos que atendessem ao que esperava de nós uma grande parcela do povo brasileiro, o qual estava atento aos nossos passos e na eleição que se avizinhava.

            Consciente da responsabilidade de candidato, ofereci o meu nome como proposta de equilíbrio entre forças antagônicas e consultei os Colegas Senadores e Senadoras com moderação, buscando mais sensibilizar do que pedir votos, em atendimento à minha consciência cívica, ao amor à democracia, à liberdade e ao Brasil, predicados que norteiam o Senado Federal, símbolo da preservação e garantia do pacto federativo - espelho do nosso País.

            Ao buscar, como proposta oferecida aos nossos Colegas do Senado Federal, valorizar a atividade política com ética, com fidelidade a princípios fundamentais, ofereci ao julgamento de cada um e de todos os Senadores e Senadoras a minha vida pública, que se iniciou na prefeitura de minha cidade natal, Patos de Minas - cidade-pólo regional e 12.ª no ranking populacional do Estado -, de onde saí com índice de aprovação de 97% da população, conforme pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi. Depois, elegi-me Vice-Governador de Minas Gerais, quando tive a honra de formar chapa e governar com Hélio Garcia, um dos melhores governadores da história mineira, um político ímpar, um líder como poucos e um amigo fraterno. Nesse período, fui Secretário de Estado do Trabalho e Ação Social e, por delegação, coordenador político do Governo, quando conheci e me tornei amigo de alguns dos atuais Colegas Senadores, então Governadores de Estado. Em 1994, fui eleito Senador, com cerca de 1,5 milhão de votos e, dois anos mais tarde, ocupei o cargo de Ministro de Estado de Agricultura e do Abastecimento do Governo Fernando Henrique Cardoso.

            Com o apoio do Partido da Frente Liberal, PFL, e do Partido Progressista Brasileiro, PPB, o meu PTB pode lançar candidato à Presidência do Senado, quando 28 dos 81 votos foram a mim destinados - 35 % do total, proporção que se dobrou na Bancada mineira, onde dois votamos juntos, em torno de Minas Gerais, com o apoio do Senador Francelino Pereira.

            É por isto que estou nesta tribuna: para agradecer aos colegas dos dois Partidos que me apoiaram e aos que surpreenderam o Senado e o país destinando-me os seus votos porque acreditaram na pregação que pude fazer, embora tivesse tido menos de 24 horas entre o lançamento de meu nome e as eleições.

            O Sr. Hugo Napoleão (PFL - PI) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. ARLINDO PORTO (PTB - MG) - Ouço, com muita honra, o aparte de V. Exª.

            O Sr. Hugo Napoleão (PFL - PI) - Senador Arlindo Porto, quero, neste momento, como Líder e em nome do Partido da Frende Liberal, dizer que foi indiscutivelmente um passo que o nosso Partido tomou em uníssono ao apoiar a candidatura de V. Exª à Presidência desta Casa por todos os títulos que tem. Alguns deles já os enumerou até sem necessidade porque a Casa e a Nação, sobretudo a sua Minas Gerais, os conhece. Prefeito da sua boa terra, de Patos de Minas, com esse reconhecimento público de quase 100% do eleitorado e da opinião pública, Secretário de Estado, Vice-Governador -- e logo de quem -- do Governador Hélio Garcia, de quem tive a honra de ser colega quando fui Governador, como sempre digo, do meu querido mas sofrido Piauí. Àquela época era Governador o saudoso e eminente estadista Tancredo Neves, que, com a sua desincompatibilização para candidatar-se à Presidência da República, foi sucedido por Hélio Garcia em seu primeiro governo. Além disso, V. Exª é Senador e foi Ministro de Estado da Agricultura deste País, um eficientíssimo Ministro, conhecedor profundo dos problemas agrícolas e agrários da nossa Pátria. Quero lhe dizer, então, que, pelas suas qualidades pessoais, pela sua combatividade, pela sua altivez, até enaltecendo o fato de que, lançado 24 horas antes de um pleito, consegue 35% do eleitorado de uma Casa que vota de maneira consciente, talvez, se tivesse sido lançado há mais tempo, poderíamos todos nós tê-lo visto na Presidência. Mas a vida tem seus contornos, a história tem seus meandros. Nada como um dia após o outro para ver que esse acontecimento, antes de ter sido um infortúnio, ao contrário, vai demonstrar que será um alicerce nos futuros e brilhantes anos que hão de vir para a vida pública de Arlindo Porto, que ama seu Estado glorioso de Minas Gerais.

            O SR. ARLINDO PORTO (PTB - MG) - Muito obrigado, Senador. Agradeço a generosidade das suas palavras, naturalmente, com a consciência tranqüila de que me coloquei na condição de candidato, com o apoio importante de V. Exª, do Partido de V. Exª, mas, sobretudo, querendo mostrar que nesta Casa deve haver independência, altivez, dignidade. E assim me coloquei, sabendo dos riscos que corria, na busca não de aventura, mas da consciência tranqüila que não me furtaram ao momento que exigia de nós a coragem. E foi nesse princípio e nessa convicção, que também V. Exª e os companheiros do PFL usaram, que ousei ser candidato. Agradeço muito a V. Exª pelo aparte e pelas manifestações generosas.

            Sr. Presidente, como não posso identificar todos que em mim votaram, faço este comovido e honrado agradecimento desta tribuna, aproveitando para ressaltar como foi democrático, disputadíssimo até o último momento e de alto nível o processo eleitoral que acabou por escolher o nobre Senador Jader Barbalho para a Presidência.

            O Senado escolheu o seu novo Presidente através do voto secreto, o voto da razão, o voto da consciência, da independência, sem submissão a ninguém, tal como o povo brasileiro, o cidadão deste país elege os seus representantes, nos elegeu. Aqui, apenas um detalhe é importante para ser destacado: ao contrário do eleitor-cidadão, no Senado o voto não é obrigatório.

            É necessário dizer que os méritos do processo precisam ser creditados à Mesa Diretora que, por quatro anos, administrou esta Casa, sob o comando firme do Senador Antonio Carlos Magalhães, Presidente dinâmico e dedicado que, consagrado por seus Pares, foi reeleito para um segundo mandato para comandar o Congresso Nacional.

            Acredito que, desta eleição em diante, o Senado Federal estará cada vez mais perto do povo deste país, das lideranças responsáveis que conduzem os setores e as corporações mais representativas do Brasil e aberto à vigilância e fiscalização permanente da imprensa, dos veículos de comunicação social, principalmente depois que a TV Senado, a Rádio Senado e o Jornal do Senado escancararam, com absoluto sucesso junto ao público, tudo o que nesta Casa acontece, diuturnamente.

            Como um dos 81 Senadores da República, continuarei defendendo e lutando para que a harmonia e a independência dos Poderes seja de fato uma realidade, que o ambiente propício à governabilidade do país seja mantido e conservado; que a Oposição e as vozes discordantes sejam sempre garantidas e respeitadas, em nome da democracia que desejamos e em nome da qual existimos, e que nos façamos respeitar, impondo respeito, como Parlamentares e como cidadãos que também somos.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, é tradição em Minas ressaltar que “damos um boi para não entrar em briga, mas damos uma boiada para dela não sair”. Também sou assim, mas para brigar pela ética, pelo regime democrático, pela política exercida com dignidade, pela lealdade e fidelidade partidárias, pelo respeito aos contrários, mas tudo com vigor, coragem, ousadia, sabedoria, vontade de trabalhar.

            Posso dizer que a minha participação e a minha votação tiveram a melhor receptividade e apoio possíveis junto ao povo de meu Estado, que tanto respeito e admiro, o qual represento aqui, acreditando que repeti atitudes históricas de ilustres coestaduanos que me antecederam nesta Casa, especialmente o ex-Senador Magalhães Pinto, que, em 1975, foi o último Senador mineiro a presidi-la.

            Espero que estejamos juntos no Senado Federal, valorizando e fortalecendo a Mesa Diretora como órgão colegiado, incentivando e dinamizando a Comissão de Ética e as atividades legislativas do Senado Federal.

            Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, estamos no Parlamento, e ele reclama a instituição de uma agenda política positiva para nos guiar. O País aguarda a regulamentação da edição de medidas provisórias, mais debates que gerem solução para os problemas do dia-a-dia do cidadão, e menos projetos de leis porque leis já as temos em excesso; o que necessitamos é de respeito e cumprimento das que estão em vigor, em defesa do povo e deste País, com julgamentos e enquadramento legal dos que ainda insistem em agir e viver à margem da lei.

            Assim, muito obrigado aos Senadores do PFL e do PPB, agradecimento que faço também aos nossos colegas, aos Presidentes Antonio Carlos Magalhães e Jorge Bornhausen e aos Líderes Hugo Napoleão e Leomar Quintanilha.

            Agradeço também aos demais colegas Senadores que me homenagearam com o seu apoio, o que representou os 28 votos que recebi e a reafirmação de que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, para lembrarmos Fernando Pessoa.

            Recordando Gustavo Capanema, mineiro ilustre, Senador e líder dos maiores da Pátria, termino com frase sua:

Aos políticos, quanto mais prestigiosos sejam, todo mundo pede coisas, na maior parte das vezes, impossíveis.

Não é correto, e só traz malquerença, tomar atitude enganosa ou dúbia, deixando que o tempo traga a quem pede o desengano.

O que é correto, e pode mesmo ser motivo de gratidão, é logo prometer e providenciar, ou dizer as razões pelas quais o atendimento não vai ser possível.

            É por tudo isso que a luta continua, Sr. Presidente! É por tudo isso que aqui continuamos confiando no Brasil.

            Muito obrigado.


            Modelo15/8/247:30



Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2001 - Página 1746