Discurso durante a 12ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

RESPOSTA A INTERPELAÇÃO DO SENADOR JEFFERSON PERES.

Autor
CELSO LAFER
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • RESPOSTA A INTERPELAÇÃO DO SENADOR JEFFERSON PERES.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2001 - Página 2917
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • RESPOSTA, INTERPELAÇÃO, JEFFERSON PERES, SENADOR, CONFIRMAÇÃO, POSIÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, DEFESA, INTERESSE, AMBITO REGIONAL, BRASIL, PRESERVAÇÃO, INTERESSE NACIONAL, PROCESSO, NEGOCIAÇÃO, POSSIBILIDADE, INGRESSO, AREA DE LIVRE COMERCIO DAS AMERICAS (ALCA).
  • ESCLARECIMENTOS, ATENÇÃO, ITAMARATI (MRE), BUSCA, APOIO, PARCERIA, BRASIL, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), CONSOLIDAÇÃO, POSIÇÃO, REFERENCIA, COMPLEXIDADE, NEGOCIAÇÃO, AREA DE LIVRE COMERCIO DAS AMERICAS (ALCA), DEFESA, INTERESSE NACIONAL.

O SR. MINISTRO CELSO LAFER - Sr. Senador Jefferson Péres, é um prazer reencontrá-lo para um debate de natureza pública como aqueles que tivemos na ocasião em que eu respondia pelo Ministério do Desenvolvimento, quando V. Ex.ª trazia sempre o melhor de uma esclarecida visão do interesse público que é o que norteia a sua trajetória.

V. Ex.ª me faz duas questões importantes. Vou começar pela segunda que não é mais fácil, mas talvez seja a de mais simples resposta. Somos um País continental, e uma dimensão deste nosso País é a federativa e suas peculiaridades regionais. O interesse nacional necessariamente passa por uma compreensão dos interesses das regiões do nosso País, das suas vocações econômicas e das suas legítimas aspirações. Portanto, faço minhas as suas preocupações e quero lhe assegurar que, no que me diz respeito, como Ministro das Relações Exteriores, o tema estará permanentemente no meu horizonte de preocupação.

V. Exª faz uma pergunta mais complexa de um tema que nos inquieta a todos, que é o tema da Alca, se ela é opção, se ela é destino ou se ela é fatalidade. Recuso, como postura, o termo fatalidade porque creio na capacidade da ação humana de responder aos desafios e aos problemas e ir transformando as situações. Quero dizer que nas reuniões com as autoridades americanas, na minha recente viagem aos Estados Unidos, tive a oportunidade de dizer a todos, seja ao USTR, seja ao Secretário de Estado, seja aos colaboradores diretos do Presidente Bush, seja em manifestações públicas, que o interesse nacional brasileiro significava uma Alca que desse acesso aos produtos brasileiros, que respondesse ao interesse nacional. Valendo-me um pouco de uma frase que sei que os americanos são capazes de entender, eu disse: “What’s in it for us?” E aproveitei para reiterar que se no âmbito dos Estados Unidos, que é uma sociedade complexa, existem interesses constituídos, o que significa que uma negociação dessa natureza é uma negociação para fora, mas é uma negociação para dentro da sociedade norte-americana, porque éramos um país democrático de grande escala, e que, portanto, também em nosso caso, havia esta dupla negociação: uma negociação para fora e uma negociação para dentro da sociedade brasileira, para identificar onde está o melhor interesse nacional.

Claro que, numa negociação como essa, se pudermos agir em conjunto, teremos melhores possibilidades de defender os nossos interesses. E foi por essa razão que a minha primeira iniciativa de viagem foi a de ir aos países do Mercosul - fui à Argentina, fui ao Uruguai, fui ao Paraguai -, com o objetivo de consolidar uma posição conjunta, a começar pela reação à idéia de antecipação das datas de conclusão dessa negociação.

            As razões que tenho para justificar a não antecipação dessas datas são óbvias, mas as repeti aos meus diversos interlocutores e tomo a liberdade de relembrá-los: essa negociação é complexa e envolve, como V. Exª disse, com toda razão, antidumping, subsídios à exportação, tema da agricultura, barreiras não tarifárias. Imaginávamos que, para os americanos, esses temas exigiriam essa negociação para dentro, negociação que haveria de requerer esse tipo de tempo.

Encontrei apoio dos nossos parceiros para esse tema e para essa visão da complexidade da negociação, assim como encontrei apoio do Chile para o tema das datas na visita subseqüente que para lá fiz.

O SR. MINISTRO CELSO LAFER - Creio, Senador, que uma das coisas que devemos fazer, de maneira mais precisa do que até agora tem sido feito, é saber qual é o plano B, se o plano A não for satisfatório. É uma obrigação nossa examinar o tema com a ajuda da sociedade civil e do mundo acadêmico.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2001 - Página 2917