Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

INAUGURAÇÃO DA PONTE SOBRE O RIO ESPINHARAS, EM PATOS/PB. DEFESA DA TRANSPOSIÇÃO DAS AGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO.

Autor
Wellington Roberto (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wellington Roberto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • INAUGURAÇÃO DA PONTE SOBRE O RIO ESPINHARAS, EM PATOS/PB. DEFESA DA TRANSPOSIÇÃO DAS AGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2001 - Página 5491
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, INAUGURAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO, INTEGRAÇÃO, PONTE, RIO ESPINHARAS, MUNICIPIO, PATOS (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), SIMULTANEIDADE, INICIO, OBRA DE ENGENHARIA, RELEVANCIA, PAIS, TRANSPOSIÇÃO, AGUA, RIO SÃO FRANCISCO, VIABILIDADE, SOLUÇÃO, CARATER PERMANENTE, PROBLEMA, ABASTECIMENTO DE AGUA, REGIÃO NORDESTE, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

O SR. WELLINGTON ROBERTO (PMDB - PB) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 09 de março do ano em curso, o Ministro da Integração Regional inaugurou em Patos, na Paraíba, a ponte sobre o rio Espinharas, no Bairro do Joá Doce, que facilitará a vida de tantos trabalhadores e cidadãos de Patos-PB, dando-lhes maior conforto e funcionalidade, coincidindo com iniciativa de maior grandiosidade e abrangência: a inauguração do que podemos chamar de marco zero de uma das mais importantes e aguardadas obras de engenharia deste país em todos os tempos.

Refiro-me à transposição das águas do rio São Francisco, que resolverá em definitivo o problema de abastecimento d’água no Nordeste, abrindo novos horizontes de prosperidade e desenvolvimento para a região.

Esses dois acontecimentos, que se mesclaram naquela solenidade, têm algo em comum: o interesse público. É ele o destinatário dessas duas iniciativas, ainda que entre ambas haja proporções bem diferenciadas.

Na essência, não faço distinção maior entre essas obras. Poder favorecer o desenvolvimento de Patos, ainda que com uma obra de importância localizada, me é tão gratificante, como homem público, quanto poder compartilhar deste momento histórico de fixação do marco zero da transposição das águas do São Francisco. O que está em pauta é a sensação do dever cumprido. E dever cumprido consiste em devolver ao cidadão-contribuinte em obras e benfeitorias o imposto arrecadado.

Para o homem público, significa cumprimento de sua missão maior -missão de servir a cidadania.

Patos é uma comunidade próspera e laboriosa, que faz jus a investimentos do Poder Público. Faz jus porque dá retorno a esses investimentos, que se traduzem em crescimento econômico, aumento do número de empregos, novas oportunidades econômicas, desenvolvimento social.

É por isso mesmo significativo que lá, no interior da Paraíba, seja fincado o marco zero dessa formidável obra que se inicia e que, seguramente, honrará a engenharia nacional. A presença do Ministro Fernando Bezerra dá a dimensão de importância e o grau de prioridade que o Governo Federal vem atribuindo a essa iniciativa.

A idéia de transposição das águas do rio São Francisco, como saída para a crônica falta d’água no Nordeste, é antiga. Já ao tempo do Império falava-se nela. Do ponto de vista técnico, transpor bacias, sangrar rios, servir-se, em suma, com critério, da natureza para atender às demandas humanas mais essenciais ¾ e nada é mais essencial que a água ¾, é algo que remonta aos primórdios da humanidade.

O projeto da transposição das águas do rio São Francisco foi encaminhado à discussão pública no Governo José Sarney, há mais de uma década, pelo então Ministro Aluizio Alves, veterano político do Rio Grande do Norte. O projeto foi bem aceito pelo Presidente da República e pela sociedade, dada a relativa rapidez de resultados que pode proporcionar, a um custo razoável, tendo em vista as dimensões da obra.

O projeto esbarrou, porém, em resistências políticas, gerando discussões menores, que invocavam inconvenientes técnicos e mostravam, no fundo, desinformação. Felizmente, prevaleceu o bom senso e o espírito de solidariedade e a idéia da transposição tornou-se vitoriosa.

Alguns resistiram supondo que alguns Estados seriam lesados em benefício de outros. É uma visão estreita e egoísta, que já está superada. O princípio que rege e sustenta a Federação é o da coesão e solidariedade entre os Estados que a integram. Se não o fosse, não haveria por que uni-los. Se o interesse de um nada tem a ver com o do outro, melhor seria que cada Estado, como ocorre na América hispânica, constituísse um país formalmente independente, embora, na prática, profundamente dependente do apoio dos demais.

O grande trunfo da unidade da América portuguesa, de que resultou o Brasil ¾ e o fez sobressair entre seus vizinhos ¾, é a possibilidade dessa coesão e solidariedade, que bem melhor se materializa sob o regime federativo republicano. O petróleo do Nordeste, por exemplo, atende às demandas da industrializada São Paulo, a preço de custo.

Inúmeros insumos e matérias-primas transitam de um Estado para outro da Federação, fazendo circular riqueza e desenvolvimento, sem barreiras alfandegárias ou custos adicionais. Por que não a água?

A transposição, como é óbvio, não é uma panacéia que resolverá da noite para o dia todos os problemas do Nordeste. Mas erradica o principal deles, que é a falta d’água, e aumenta consideravelmente a capacidade produtiva da região. O mais depende de nós, nordestinos, de nosso trabalho, de nossa capacidade. E aí não tenho dúvida de que seremos plenamente vitoriosos.

O valor e a capacidade da mão-de-obra nordestina estão visíveis por todo o país. É hora de o país também devolver em investimentos de grande porte o muito que o trabalhador nordestino tem proporcionado a todas as regiões, com talento e dedicação.

Patos teve o privilégio de testemunhar o marco zero desta obra, destinada a mudar radicalmente a feição econômica do Nordeste e aumentar substantivamente nossa participação no bolo da economia nacional.

Que assim seja!

E muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2001 - Página 5491