Discurso durante a 36ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

NECESSIDADE DE ELUCIDAÇÃO DOS FATOS RELACIONADOS A VIOLAÇÃO DO PAINEL ELETRONICO DO SENADO.

Autor
Heloísa Helena (PT - Partido dos Trabalhadores/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • NECESSIDADE DE ELUCIDAÇÃO DOS FATOS RELACIONADOS A VIOLAÇÃO DO PAINEL ELETRONICO DO SENADO.
Publicação
Publicação no DSF de 19/04/2001 - Página 6549
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, GARANTIA, PROCEDIMENTO, INVESTIGAÇÃO, APURAÇÃO, RESPONSAVEL, VIOLAÇÃO, APARELHO ELETRONICO, VOTAÇÃO, SENADO.

A SRª HELOÍSA HELENA (Bloco/PT - AL. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, no mês passado, no auge dessa confusão toda, o Senador Paulo Hartung dizia que a calúnia era uma pessoa que subia no mais alto prédio de uma cidade com um travesseiro cheio de pena, abria esse travesseiro e jogava as penas. As penas iam correr becos, ruas e o vento as levaria para os mais diversos lugares. Aí, quem ia ter de responder à calúnia era o caluniado; caberia ao caluniado ir buscar, em cada beco, em cada rua, em cima de qualquer prédio cada uma das peninhas que lembravam as pessoas da calúnia que tinha sido feita.

Sei, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que tenho muitas pessoas queridas, estimadas, respeitadas que estão ajudando a buscar cada uma das peninhas nas ruas, nos becos, em vários lugares, com relação ao que foi feito contra mim.

Acompanhei, tentando ter muita serenidade, o pronunciamento do Senador José Roberto Arruda. E relembrei a minha própria indignação nesta Casa, relembrei minhas dores, relembrei como estou tentando juntar os caquinhos da alma, relembrei como tenho tentado dizer aos meus filhos: “Ora, Sacha e Ian não sejam corruptos, não participem do covil de ladrões tolerados deste País, não sonhem com uma casa na beira do mar, não sonhem com uma viagem que vocês não podem ter, sejam honestos, apesar deste mundo, deste País ser feito para dar vantagem sempre ao covil dos ladrões tolerados.”

Quero dizer também, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que, apesar de o meu temperamento, diante de todas essas questões, ser muito mais propício a repetir um velho ditado - vingança é um prato que se come frio -, eu, depois de 38 anos, sonhei com o meu pai. Quando meu pai morreu, eu tinha apenas três meses de idade. Sonhei com o meu pai, Luís, repetindo a velha frase de Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do Céu”.

É exatamente com esse espírito que tenho passado por todos esses dias. Quando ouvi um jornalista hoje, no Bom Dia Brasil, dizer que o silêncio me interessava. Não! O silêncio não me interessa. E não me interessa, não interessa ao Bloco da Oposição, não interessa ao Senador José Eduardo Dutra, ao Senador Paulo Hartung e ao Senador Sebastião Rocha, Líderes dos Partidos que estão no Bloco da Oposição. O silêncio não me interessa, porque quero ver a minha honra e a minha dignidade resgatadas. Não precisaria de muito desta Casa, porque pela minha vida, a minha dignidade, a minha condição de mãe, de mulher, de trabalhadora e de Senadora pelo Estado de Alagoas nem precisava que eu viesse a esta tribuna dar satisfação. Mas faço questão de dizer, a quem possa ouvir, a quem os condutos auditivos se disponham a ouvir, que o silêncio não me interessa, que não fazemos parte de nenhuma operação para abafar esse caso, porque o silêncio não me interessa; quero ver o caso esclarecido até o fim.

O Senador Eduardo Suplicy dizia que a funcionária chorava ao telefone. S. Ex.ª passou-me o telefone e a funcionária ainda chorava. Chorávamos juntas, talvez, eu e ela, e quero dizer também, Sr. Presidente, que, por uma questão de justiça, apesar de o ato por ela praticado ter gerado toda essa polêmica, não aceitaremos que a corda arrebente do lado mais fraco, porque não é justo. Não é justo a essa senhora, que estava ao telefone chorando, jurando pelos seus filhos que dizia a verdade, que a corda arrebente simplesmente do lado dela. E é por isso que a nossa vontade - o Senador Ramez Tebet acabou de dizer - é no sentido de que estaremos no Conselho de Ética para garantir todos os procedimentos investigatórios para, de uma vez por todas, vermos esse caso esclarecido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/04/2001 - Página 6549