O SR. ANTERO PAES DE BARROS (Bloco/PSDB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr.ª Presidente, Srª^s e Srs. Senadores, antes de o Senador Maguito Vilela se retirar do plenário, informei-o de que me pronunciaria sobre o assunto que havia abordado. Estou dando essa explicação, exatamente para que fique claro que não estou fazendo nenhum pronunciamento sem comunicar o Presidente Nacional do PMDB, o Senador Maguito Vilela.

Quero ir por parte. A primeira diz respeito à reação indignada do Senador Maguito Vilela pelo fato de o Governador do Ceará, Tasso Jereissati, ter dito que o PMDB deveria sair da Base aliada ou ser colocado para fora. Sobre esse assunto, informo a S. Exª que o Governador Tasso Jereissati expressa uma opinião exclusivamente pessoal. Não há nenhuma deliberação do PSDB, como instituição partidária, nesse sentido. Falo com a tranqüilidade de quem já havia dito isso aqui, na despedida do Senador Ramez Tebet. Ao saudá-lo, disse: “Tenho a certeza de que o Brasil precisa de V. Exª. V. Exª será o orgulho do Pantanal Mato-Grossense no Ministério da Integração Nacional, que tem como principal missão eliminar as desigualdades regionais”. Disse também, condenando, que as pessoas não podem ser pigmeus da política.

Da mesma forma, o Governador Tasso Jereissati não pode colocar as disputas do Ceará como sendo as principais para barrar os projetos de desenvolvimento nacional, nem o Senador Maguito Vilela pode colocar os problemas de Goiás e seus interesses eleitorais na luta contra o Governador Marcone Perillo acima dos interesses nacionais e do seu próprio Partido. São essas questões que têm de ser esclarecidas.

Assisti, por exemplo, ao Senador Maguito Vilela dizer da tribuna que é contra a privatização da distribuição de energia em Goiás, mas, como Governador, S. Exª foi favorável à privatização da geração de energia de Goiás e largou o “mico” para os futuros Governadores. Então, penso que as pessoas têm de ser coerentes naquilo que pregam.

Quero deixar reafirmada minha convicção de que o Governador Tasso Jereissati falou em seu nome pessoal. S. Exª tem todo o direito de ter uma opinião, assim como o Senador Maguito Vilela o tem de fazer a pregação que desejar dentro do PMDB. Mas, da mesma forma que o Governador Tasso Jereissati não representava a opinião do PSDB, o Senador Maguito Vilela, apesar de ser o Presidente Nacional do PMDB e estar ocupando o espaço da Liderança Partidária, não representa a opinião do seu Partido. Se representasse, não estaria o PMDB em alguns ministérios, ajudando o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Outra situação com a qual não podemos concordar é o Senador Maguito Vilela vir apenas hoje, depois do meio-dia, falar sobre denúncia de compra de votos durante a votação da reeleição. S. Exª era Governador de Goiás à época em que foi votada a reeleição. Eu gostaria até de fazer uma pesquisa nos Anais da Casa, para ver se existe uma denúncia anterior do Senador Maguito Vilela sobre essa questão, porque denúncia de compra de votos na reeleição, hoje, é oportunismo puríssimo. Depois de participar seis anos e meio, com a indicação de Ministros sérios e importantes, como a do Senador Iris Rezende e a do Ministro Ovídio de Ângelis, que ajudaram e ajudam o desenvolvimento do País? Apenas hoje, seis anos e meio depois?

Sabemos que o Governo tem dificuldades, que a crise da energia é grave, assim como a crise cambial, mas a população não convive bem com essas deslealdades. Apesar disso, defendo o direito de o Senador Maguito Vilela, internamente, no PMDB, lutar pela posição que quiser - aliás, não temos sequer o direito de entrar no debate interno do PMDB.

Outra questão dita aqui pelos Senadores da Oposição e também pelo Senador Maguito Vilela é que o Governo Federal fez tudo para barrar a CPI da Corrupção. Vamos rememorar os itens da CPI da Corrupção. Quanto ao Dossiê Cayman, está provado que foi uma farsa, uma fraude, um documento montado, “fajuto”; está documentado à Nação que ele não existe.

O Senador Ademir Andrade acabou de dizer da tribuna que sobre Eduardo Jorge há uma série de suspeitas. Eduardo Jorge, ex-Secretário-Geral da Presidência da República, quando esteve na Comissão de Fiscalização e Controle - e estavam presentes eu, o Senador Ademir Andrade e outros Senadores -, perguntou ao Senador Ademir Andrade e a outros Senadores presentes: “Qual a dúvida que existe sobre as minhas contas?” S. Exªs sequer conseguiram apresentar a dúvida. S. Exªs não têm dúvida sobre absolutamente nada, mas querem, politicamente, “procurar cabelo em ovo”. Então, é evidente que essa CPI não tem outro conteúdo a não ser o de que, quanto pior o Brasil, melhor para a Oposição em sua tentativa de ganhar a eleição.

Nós queremos é que, no plano nacional, seja apresentada a proposta para o Brasil, o debate. Aliás, estou certo de que os historiadores farão justiça ao Presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas acredito que a justiça começa a ser feita mais rápido, quando o principal Partido da Oposição apresenta o seu ideário econômico para o pré-debate na campanha do Lula. É evidente que já começam a ser reconhecidas algumas das teses que o PSDB e o Presidente Fernando Henrique Cardoso implementaram ao longo do Governo.

Não poderia deixar de dizer ao Senador Maguito Vilela que S. Exª conta com a nossa solidariedade, porque não concordamos com a opinião do Governador Tasso Jereissati de que é importante afastar o PMDB - e falo isso em meu nome. É importante, sim, superarmos as nossas divergências e enfatizarmos as propostas para o desenvolvimento do Brasil.

Sr. Presidente, era o que desejava registrar, nesta tarde, com a certeza de que teremos dias melhores. Entendo que houve falha do Governo, principalmente no Ministério das Minas e Energia, com relação à questão energética, mas é evidente que o Governo, como um todo, é responsável.

Não estamos diminuindo o tamanho da crise, mas entendemos que é nosso dever, neste momento, lutar para superá-la. Da mesma forma que apoiamos o Presidente Fernando Henrique nos momentos de facilidade, também o apoiaremos agora. Sua Excelência é um homem que, por sua biografia, não merece continuar sendo atacado levianamente no plenário desta Casa ou em qualquer outro lugar deste País.

Era este o registro, Sr.ª Presidente.

Muito obrigado.