Discurso durante a 122ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Transcurso, hoje, do Dia do Ancião; e no próximo primeiro de outubro, do Dia Internacional do Idoso.

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Transcurso, hoje, do Dia do Ancião; e no próximo primeiro de outubro, do Dia Internacional do Idoso.
Aparteantes
José Sarney, Leomar Quintanilha.
Publicação
Publicação no DSF de 28/09/2001 - Página 23056
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, HOMENAGEM, DIA NACIONAL, DIA INTERNACIONAL, IDOSO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, GERIATRIA, DESENVOLVIMENTO, BRASIL.
  • REPUDIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, IDOSO, VITIMA, DISCRIMINAÇÃO, PRECARIEDADE, APOSENTADORIA, AUSENCIA, ATENDIMENTO, SAUDE, FALTA, ACESSO, MEDICAMENTOS, CRITICA, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, ADOÇÃO, PROVIDENCIA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, GERIATRIA.
  • ANALISE, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ORIENTAÇÃO, TRATAMENTO, IDOSO, OBJETIVO, AUMENTO, RESPEITO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, dia 27 de setembro e segunda-feira, dia 1º de outubro, são duas datas instituídas para homenagear uma classe de seres humanos muito especiais: os idosos. Oficialmente, hoje é o Dia do Ancião, e, na segunda-feira, o Dia Internacional do Idoso, instituído pela Organização das Nações Unidas, a ONU.

            São datas que não podem ser vistas como celebração do passado ou da saudade, mas um momento em que devemos comemorar a vida. Vida que significa também futuro, caminhada, ideais, conquistas.

            O que nossos pais e avós sempre fizeram foi, a cada instante, acreditar em um futuro melhor e por ele lutar no limite dos seus esforços. A despeito de todas as dificuldades, se nós vivemos em um País muito melhor do que há 50, 100 anos é porque ele foi construído a partir da grandeza de sua gente ao longo das décadas. Se o Brasil de hoje é melhor é porque houve quem acreditasse, quem enchesse as mãos de calos, enfrentando sol e chuva, para nos legar um presente e, quiçá, um amanhã mais digno e mais justo. São pessoas que merecem sempre as nossas mais sinceras homenagens.

            Venho hoje a esta tribuna para externar a todos esses homens e mulheres fortes o respeito e o reconhecimento não apenas meu, mas de todo o meu querido Estado de Goiás e, quero crer, de todo o País, o nosso Brasil.

            Sabemos claramente que foi da luta delas que as conquistas se tornaram uma agradável rotina entre os brasileiros. De sua sabedoria é que nasceram os planos que nos permitiram avançar no decorrer dos anos. Da dedicação de nossos pais e avós, de todos eles, indistintamente, foi surgindo um país melhor, de melhores perspectivas. Não fosse a fé no futuro de quem nos antecedeu, a esperança inquebrantável de nossos idosos, a garra em contornar barreiras e vencer desafios, estaríamos vivendo, certamente, uma vida pior. Os problemas seriam ainda maiores e as dificuldades mais difíceis de superar.

            Tivemos conquistas importantes ao longo dos anos, mas ainda temos grandes desafios na direção de criarmos mais oportunidades e mais justiça social, um conjunto de obrigações em que temos de incluir um trabalho concreto para melhorar a vida das pessoas que passaram dos 60 anos.

            O Brasil, hoje, possui 13,5 milhões de idosos, o equivalente a 8,6% da nossa população. No ano de 2050, terá 56 milhões, portanto, 24% da população prevista. O Brasil está envelhecendo rápido: a cada ano, 650 mil pessoas ultrapassam os 60 anos de vida.

            Essa constatação leva-nos a duas conclusões - uma delas animadora, porque indica que o brasileiro está vivendo mais: a expectativa de vida, em 1950, era de 43 anos apenas; hoje, chega a 68 anos. A outra conclusão é preocupante: em busca de uma velhice melhor, os nossos idosos ainda enfrentam preconceito, solidão e falta de perspectiva.

            Setenta e cinco por cento dos idosos ganham no máximo três salários mínimos por mês. A grande maioria ganha apenas um salário mínimo por mês, o que muitas vezes é insuficiente para os altíssimos gastos, principalmente com a saúde, levando em consideração que os remédios no Brasil são os mais caros do mundo. Os que têm renda maior é porque, mesmo depois de aposentados, vêem-se obrigados a continuar trabalhando para sobreviver.

            De acordo com o IBGE, quatro milhões de idosos com mais de 60 anos de idade trabalham no Brasil, número que dobrou nos últimos 12 anos. Desse contingente, apenas 12% possuem carteira assinada. Apenas 12%, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores! O resto trabalha por conta própria ou fazem bicos, como forma de se sustentarem e às suas famílias. Isso acontece porque eles enfrentam um sistema previdenciário caótico, injusto e ultrapassado, que necessita urgentemente ser revisto.

            Uma pessoa que lutou a vida toda não pode chegar à velhice com uma aposentadoria miserável. Essa é uma das grandes vergonhas do nosso País. Grande parte desses idosos trabalha não porque quer, mas porque precisa senão morre de fome, à míngua por falta de remédios. As coisas estão invertidas no nosso País: o trabalho na terceira idade não pode ser uma exigência, mas uma opção de cada um.

            Sr. Presidente, a estrutura de nossas cidades precisa melhorar a adaptação à vida dessas pessoas. O Brasil tem avançado nesse sentido, mas não o suficiente para tornar falsas as palavras de Ecléa Bosi, autora de Memórias e Sociedade, Lembrança de Velhos, segundo a qual o velho é oprimido pelos pequenos detalhes desumanos das cidades, como calçadas quebradas e degraus altos nos ônibus. Esses são alguns obstáculos que os empurram brutalmente das ruas, gerando uma situação de engaiolamento dentro de casa.

            Em dezembro de 1982, a ONU proclamou a Declaração dos Princípios para os Idosos. O texto relaciona 18 itens, divididos em cinco princípios básicos que devem orientar nossas ações:

            I - Independência: os idosos devem ter acesso à comida, abrigo e cuidados médicos e ter oportunidade de trabalho e estudo na velhice.

            II - Participação: os idosos precisam permanecer integrados à sociedade.

            III - Bem-estar: os idosos precisam da proteção da sociedade e de contar com os serviços legais, como de assistência social e saúde.

            IV - Desenvolvimento: criar condições para que os idosos tenham acesso a recursos educacionais, culturais, religiosos e de recreação.

            V - Dignidade: os idosos necessitam da garantia de viver dignamente e em segurança, livres de explorações, discriminação e maus tratos.

            Baseado nesses preceitos estabelecidos pela ONU, Goiás desenvolveu uma iniciativa exemplar que vem contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de mais de dois mil idosos em todo o Estado: a construção das chamadas Vilas Vida. Trata-se de um projeto que integra, num amplo complexo, moradia, estrutura de lazer, assistência médica e sócio-educativa, trabalhos religiosos e diversas atividades que visam à integração dos velhinhos à sociedade, já que a maioria deles não possuem mais família.

            Esse projeto teve sua implantação iniciada pelo ex-Governador Iris Rezende e pela ex-primeira-dama, Dona Iris de Araújo Rezende. Tive a oportunidade de dar-lhe continuidade, também na condição de Governador, ao lado da ex-primeira-dama, Sandra Vilela.

            O Projeto Vila Vida, implantado nas principais cidades de Goiás, inclusive na cidade de Santo Antonio do Descoberto, a 30, 40 quilômetros de Brasília, recebeu elogios de diversos organismos internacionais e serviu de modelo para iniciativas semelhantes em outros Estados. Construímos essas Vilas Vidas para idosos, com piscina, fisioterapia, assistência médica à saúde, assistência alimentar, salão para festas e recreação.

            Esse é apenas um exemplo concreto de que, quando existe vontade política dos Governos, é possível realizar muito em favor dos idosos. Antes de tudo, os governantes precisam exercitar a sensibilidade e olhar com carinho, atenção e prioridade os mais velhos.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, reitero o meu respeito pela história e pelo trabalho dos mais de 13 milhões de idosos brasileiros e o meu compromisso, como homem público, de lutar sempre como parceiro dessas pessoas, cujo trabalho nos proporcionaram viver hoje num País muito melhor que o eles viveram ontem.

            Que Deus continue a iluminar-lhes os passos e a recompensá-los pelo esforço. E que os conserve entre nós por muito anos, para que nos honrem com as suas vidas e nos ensinem caminhos novos com sua sabedoria.

            O Sr. Leomar Quintanilha (Bloco/PPB - TO) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Com muito prazer, com muita honra, concedo o aparte ao brilhante Senador Leomar Quintanilha, do vizinho Estado do Tocantins.

            O Sr. Leomar Quintanilha (Bloco/PPB - TO) - Nobre Senador Maguito Vilela, eu já estava um pouco angustiado em ver que o pronunciamento de V. Exª se encaminhava para o fim e eu não poderia ter a oportunidade, ainda que com as minhas modestas considerações empanando o brilho do seu pronunciamento, de poder participar dessa importante homenagem que V. Exª traz, seguramente em nome da valorosa gente goiana, que V. Exª tão bem representa nesta Casa. Presta V. Exª esta homenagem aos idosos hoje, Dia de Cosme e Damião, em que no Brasil comemora-se o Dia Nacional do Idoso. Como bem assinalou V. Exª, o idoso representa uma parcela expressiva da sociedade brasileira. Não é mais o Brasil o País jovem de ontem. Cresce de forma impressionante o percentual de idosos, para alegria e satisfação nossa. Seguramente, é o resultado de investimentos sociais em áreas importantes e estruturais deste País - saneamento básico, melhoria da habitação, abastecimento de água tratada, combate às doenças e, sobretudo, avanços da ciência e tecnologia -, fatores que contribuíram com a Medicina, a saúde, aumentando a expectativa de vida do povo brasileiro. Essa homenagem é muito importante porque parte de V. Exª, homem público de larga folha de serviços prestados ao seu Estado e a este País. Quando governou Goiás, teve a oportunidade de dar um tom muito forte, marcante ao seu governo no aspecto social. Estou seguro de que, dentre as ações desenvolvidas com vistas a proteger e a valorizar os diversos segmentos sociais da população goiana, certamente os idosos mereceram destaque todo especial, notadamente com esse programa que V. Exª acabou de mencionar, o Vila Vida. Seguramente foi um dos programas, dentre outros que V. Exª desenvolveu no seu Estado, que valorizaram os idosos do Brasil. Cumprimento V. Exª pelo belo pronunciamento, pelas considerações apropriadas que traz a esta Casa. Associo-me às homenagens prestadas aos idosos brasileiros.

            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Agradeço e incorporo o pronunciamento de V. Exª ao meu, com muita honra.

            Sr. Presidente, quero mais uma vez prestar a minha homenagem aos idosos brasileiros, aos idosos humildes que, às vezes, passam por toda sorte de necessidade, aos idosos aposentados com salário mínimo - repito - que enfrentaram o sol, a chuva, os espinhos, os marimbondos, as cobras, abrindo caminhos para que hoje pudéssemos viver num mundo melhor. Aos idosos que tanto têm colaborado com este País, aos idosos como D. Kiola, uma mulher-símbolo no Brasil, mãe do nosso queridíssimo ex-Presidente da República, Senador José Sarney; às mães e aos pais de Senadores e Deputados Federais e de autoridades ilustres que tanto colaboraram com este País e com o mundo.

            Portanto, as minhas mais sinceras, profundas e justas homenagens aos idosos brasileiros.

            O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Muito obrigado a V. Exª.

            O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO) - Obrigado a V. Exªs.


            Modelo13/28/246:26



Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/09/2001 - Página 23056