Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

NECESSIDADE DE ATENÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO AS QUESTÕES DO MERCOSUL, TENDO EM VISTA MANIFESTAÇÕES DO POVO ARGENTINO CONTRARIAS AO PAIS.

Autor
Emília Fernandes (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Emília Therezinha Xavier Fernandes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • NECESSIDADE DE ATENÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO AS QUESTÕES DO MERCOSUL, TENDO EM VISTA MANIFESTAÇÕES DO POVO ARGENTINO CONTRARIAS AO PAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 20/12/2001 - Página 32070
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • ELOGIO, DECISÃO, GOVERNO FEDERAL, REATIVAÇÃO, INTERCAMBIO COMERCIAL, INTERCAMBIO CULTURAL, PAIS ESTRANGEIRO, COREIA DO NORTE.
  • ELOGIO, DECISÃO, GOVERNO FEDERAL, REABERTURA, EMBAIXADA DO BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, IRAQUE, RECUPERAÇÃO, INTERCAMBIO CULTURAL, INTERCAMBIO COMERCIAL.
  • APOIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, DEBATE, CONGRESSO NACIONAL, POPULAÇÃO, EFEITO, AREA DE LIVRE COMERCIO DAS AMERICAS (ALCA).
  • DEFESA, AUMENTO, INTERCAMBIO COMERCIAL, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), REFORÇO, AMERICA LATINA, MERCADO INTERNACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SR.ª EMILIA FERNANDES (Bloco/PT - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há fatos que precisam ser mencionados, quando considerados positivos, mesmo que vindos de decisão do Poder Executivo. Refiro-me a três fatos no campo das relações internacionais do Brasil, que aconteceram este ano. O primeiro deles é a decisão política e diplomática do Governo brasileiro, em abril, de atar relações com a República Popular e Democrática da Coréia, a chamada Coréia do Norte.

            Faço este registro, exatamente porque sou a Presidenta do grupo parlamentar, composto de Senadoras e Senadores, Deputadas e Deputados, que tem exatamente a função de tentar aproximar o Brasil do mencionado país.

            Tive a oportunidade de fazer duas visitas à Coréia do Norte, atendendo a convite do Governo. Recentemente, recebi mais um convite para, juntamente com outras autoridades brasileiras, entre elas Luiz Inácio Lula da Silva, o Governador Itamar Franco e alguns Deputados, voltar àquele país, em fevereiro de 2002, a fim de aprofundar o conhecimento das questões políticas, sociais, culturais e educacionais. Entendemos importante aceitá-lo, devido à postura democrática do Brasil de não se afastar das nações com diferentes sistemas ou formas de governo.

            Então, Sr. Presidente, considero positiva a decisão do Governo Federal de reatar relações com a República Popular e Democrática da Coréia. Faço um apelo ao Ministério das Relações Exteriores e ao Ministério da Educação e Cultura, principalmente porque trouxe correspondências em que aquele país solicita dinamização e agilização do intercâmbio não apenas comercial, mas também cultural. Fui, inclusive, porta-voz junto ao Presidente da República e ao Itamaraty. Registro seu desejo de fazer convênios com universidades brasileiras para a integração nos campos da pesquisa, ciência , tecnologia e cultura.

            Nesse sentido, colocamo-nos à disposição para esclarecer e aprofundar essa discussão. Aquele país propõe-se, também, a participar de um grande debate sobre acupuntura, uma especialidade muito qualificada nos países do Oriente. Tenho certeza de que o Brasil e a Coréia do Norte podem e devem fazer essa aproximação.

            Outro assunto, Sr. Presidente, refere-se ao Iraque. Há poucos dias, representantes do Partido Socialista do Iraque foram recebidos, no Congresso Nacional, pelo Presidente do Congresso e desta Casa, Senador Ramez Tebet, bem como pelo Senador Romeu Tuma e pelo Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Senador Jefferson Péres. Estivemos acompanhando essas ilustres figuras daquele país, que vieram contar-nos suas dificuldades e pedir ao Brasil que retome o intercâmbio comercial e cultural que estava sendo feito há alguns anos. O Brasil chegou a exportar, aproximadamente, US$3 bilhões/ano e, depois do embargo dos Estados Unidos, retirou do Iraque a Embaixada brasileira, o que enfraqueceu o intercâmbio. Eles vieram fazer um apelo para que o Brasil reabra sua Embaixada.

            Recebi, com muita satisfação, uma correspondência oriunda do Ministério das Relações Exteriores, que dá conta da disposição do Brasil em reabrir a Embaixada brasileira no Iraque. Cumprimentamos o Governo brasileiro por essa decisão e pedimos que ela seja agilizada. Tem-se maior condição de visibilidade concreta do que acontece, independentemente das dificuldades, conflitos e problemas que possam existir, quando se convive com o povo do país com o qual se quer estabelecer relações, ou seja, dialogando-se com seu governo, trocando-se informações, dando-se sugestões ao Governo brasileiro.

            O terceiro assunto, Sr. Presidente, que merece consideração é a corrida do Brasil em direção à Alca. Diante das últimas definições do Congresso americano, o Brasil puxou o freio e reconheceu que o tema é complexo, que é preciso estabelecer um diálogo não apenas com o Congresso, mas com a sociedade brasileira, com a classe produtora e com os trabalhadores. Este assunto da Alca pretendo abordar num momento específico.

            Eu gostaria de ressaltar a postura do Brasil diante dos atentados terroristas, que o mundo todo lamentou. Se, por um lado, o Brasil condena todas as formas de terrorismo, por outro, comportou-se de forma correta na questão Estados Unidos e Afeganistão, repudiando toda forma de terrorismo, não interferindo e muito menos indo diretamente ao conflito da guerra. Como membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, temos que trazer à discussão essas questões.

            Finalmente, apelo ao Governo brasileiro e ao Congresso Nacional, para que estejamos atentos à questão do Mercosul. Sou defensora do Mercosul, faço parte da Mesa Diretora da Comissão Parlamentar do Mercosul na Câmara e no Senado. O fortalecimento, a própria vida e essência do Mercosul hoje me parecem profundamente abalados. Há manifestações do povo argentino nos jornais de hoje contra o Brasil. Entendemos que não é por este caminho. Queremos a amizade e a integração não só dos países que fazem parte do Mercosul como também de todos os países da América do Sul, para nos fortalecermos diante do grande mercado internacional.

            Era esse o registro que gostaria de fazer. Muito obrigada.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE A SRª SENADORA EMILIA FERNANDES EM SEU PRONUNCIAMENTO, INSERIDO NOS TERMOS DO ART. 210 DO REGIMENTO INTERNO.

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            Modelo13/28/242:57



Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/12/2001 - Página 32070