O SR. DIVINO ROBERTO VERÍSSIMO - Excelentíssimo Sr. Presidente do Senado, Senador Ramez Tebet, digníssimas autoridades presentes, queridas crianças, boa-tarde!

            Neste momento, existe no mundo um profundo movimento de inserção das crianças na gestão ambiental e numa relação participativa com a direção da organização social nas nações, integrado e coordenado pela UNEP (a Agência das Nações Unidas para Programas Ambientais). Ainda sem nome, chamo-o de Movimento Criança Cidadã Mundial. Atestam sua existência três Conferências Internacionais de Crianças realizadas pela UNEP e uma pela UNESCO; a proposta de formação de uma rede internacional de informação e comunicação de crianças envolvidas em atividades ambientais permanentes (para a qual a CCBM foi convidada), formulada pela LEAF e pelo Ministério do Meio Ambiente do Japão, com a participação da UNEP; e, por fim, vários ecoclubes e conselhos de crianças organizados em várias nações, inclusive no Brasil. Contamos até com a presença de um prefeito mirim aqui, hoje.

Tal movimento vem, antes de tudo, incorporando as crianças nas nações como um novo sujeito histórico. Ele propõe e dispõe investimentos sociais para que as crianças constituam uma comunidade organizada e forte, capaz de reproduzir, representar e desenvolver uma unidade cultural nacional e internacional sobre os valores sócio-ambientais, dentro da organização política, econômica e social das nações.

Para esse movimento, a direção que conta não é a de assistência e de proteção social da criança vinculada à provisão e prestação de serviços sobre alimentação, moradia, ensino formal escolar, atendimento a doenças, a situações de carência material e a condutas marginais gerais relacionadas à infância. A direção que conta é, de um lado, o exercício, pelas crianças, assessoradas pela comunidade adulta, do direito de liberdade, de associação e de expressão que lhes foi conferido pelas nações e, do outro lado, o ordenamento desse exercício de direitos pelas visões, atitudes e valores culturais, econômicos, políticos, humanísticos, religiosos, filosóficos e ecológicos que elas adotarem e forem capazes de sustentar sobre o seu país e o mundo, no âmbito do trabalho realizado pelas nações no caminho do seu desenvolvimento.

A CCBM se insere nesse movimento e trabalha com a sua direção. Dentro disso, o grande desafio assumido firmemente, sem medo, pelas crianças presentes aqui e por mais de 700 crianças que integraram a CCMB entre outubro de 2000 e setembro de 2001, foi o de realizarem um mapa da sua direção coletiva sobre esses direitos, com a definição de quais as visões, atitudes e valores que elas se propõem adotar e sustentar no Brasil e no mundo, adequados à direção e ao desenvolvimento do País e da ordem planetária internacional configurada pelas Nações Unidas ou pela união das Nações.

Tal mapa servirá objetivamente para: 1) nortear as novas gerações sobre os interesses da organização comunitária e da comunidade da infância no País; 2) registrar suas posições para a construção de uma organização comunitária internacional da infância e defesa dos interesses do nosso País no mundo dentro das relações internacionais que possam ser desenvolvidas por elas, como está acontecendo no momento.

O Brasil não resistirá ao processo da globalização sem um recurso dessa natureza - o único tipo de recurso capaz de garantir a sua identidade e força individual e coletiva dentro do processo das gerações.

            A representação literária desse mapa foi iniciada na II CCBM, sendo denominada Agenda 21 Infantil. Agora, as quatorze crianças aqui presentes apresentarão o projeto, neste foro, solicitando seu apoio para desenvolver e consagrar, no Brasil e no mundo, as suas posições registradas.

Para concluir, solicitamos que V. Exªs invistam no trabalho das crianças na CCBM e na sua organização no País.

Excelentíssimo Sr. Presidente, solicitamo-lhe a palavra para as crianças.

Muito obrigado.