Discurso durante a 12ª Sessão Especial, no Senado Federal

Registro do trabalho desenvolvido pela Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros - Abtati.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Registro do trabalho desenvolvido pela Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros - Abtati.
Publicação
Publicação no DSF de 06/03/2002 - Página 1600
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • ANALISE, ALTERAÇÃO, MATRIZ, TRANSPORTE, BRASIL, AUMENTO, UTILIZAÇÃO, HIDROVIA, TRANSPORTE DE CARGA, PREDOMINANCIA, RODOVIA, ESPECIFICAÇÃO, PASSAGEIRO, COMENTARIO, DADOS, ESTATISTICA, DEPARTAMENTO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), PARCERIA, ENTIDADE, EMPRESA.
  • CRITICA, ABANDONO, CONSERVAÇÃO, RODOVIA, BRASIL, FALTA, INCENTIVO, EMPRESA DE TRANSPORTE RODOVIARIO, TERMINAL RODOVIARIO, COMPARAÇÃO, FAVORECIMENTO, EMPRESA DE TRANSPORTE AEREO.

  SENADO FEDERAL SF -

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, nos últimos anos, a matriz das modalidades de transportes do País vem-se modificando rapidamente. A abertura e a utilização de hidrovias, por exemplo, aproveitando as bacias hidrológicas privilegiadas de que a Natureza dotou nosso País, tem trazido uma verdadeira revolução nos custos dos transportes de carga, reduzindo-os e tornando mais competitiva nos mercados externos nossa produção, principalmente no setor primário de atividades.

            No entanto, a modalidade rodoviária continua a ser a mais importante. Ao contrário, porém, do que pensam muitos críticos, a forma que tomou o desenvolvimento de nossa matriz de transportes, isso não é um fato totalmente deplorável. Com efeito, embora não sendo, em geral, a modalidade de menor custo por tonelada-quilômetro, a rodovia é, sem qualquer dúvida, a que possibilita maior liberdade ao transportador - que pode pegar carga em praticamente qualquer lugar, e entregá-la em qualquer outro - e é também a de menor custo de implantação da infra-estrutura. Relativamente baixo também é o custo para alguém entrar no negócio: basta adquirir um caminhão e estar apto a oferecer serviços de frete.

            É no transporte de passageiros, porém, que a modalidade rodoviária tem, no Brasil, predomínio quase absoluto. Uma idéia da importância do transporte rodoviário de passageiros em um país de enorme dimensão como o nosso pode ser obtida ao compulsarmos a edição de 2001, relativa ao ano-base de 2000, do Anuário Estatístico do transporte rodoviário coletivo interestadual e internacional de passageiros, editado pelo Departamento de Transportes Rodoviários da Secretaria de Transportes Terrestres do Ministério dos Transportes, em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros (Abrati).

            Os dados totalizadores são impressionantes: no ano de 2000, as 190 empresas associadas à Abrati operavam quase 13 mil veículos, dirigidos por mais de 21 mil motoristas, em mais de duas mil linhas e serviços complementares. Nos mais de 4,3 milhões de viagens realizadas, foram transportados, ao longo de cerca de 1,4 bilhões de quilômetros, mais de 132 milhões de passageiros. O volume de transporte atingiu a cifra assombrosa de 30,8 bilhões de passageiros-quilômetros.

            A maior parte desse volume rodou pelas estradas do Brasil e dos países servidos por nossas empresas de transporte rodoviário em ônibus convencionais com sanitário - 20,3 bilhões de passageiros-quilômetros -, embora o maior número de viagens - 1,9 milhão - e o maior número de passageiros transportados - cerca de 61 milhões - tenha sido obtido pelos ônibus semi-urbanos.

            Esses dados são razoáveis, porque os ônibus com sanitário são empregados em viagens mais longas, enquanto os semi-urbanos certamente o são no transporte diário de ida e volta de trabalhadores residentes nos municípios da periferia dos grandes centros e empregados nos centros metropolitanos.

            Os números da evolução, desde 1997, do transporte rodoviário de passageiros mostram que o número de viagens realizadas e o número de passageiros transportados vêm crescendo continuamente. Em 2000, como mencionei, viajaram de ônibus 132 milhões de passageiros, número que, comparado aos 118 milhões de 1997, resulta em um crescimento de 12%; como as viagens em 1997 contabilizaram-se em 3,6 milhões, os 4,3 milhões de viagens de 2000 representam um crescimento de cerca de 20%.

            Os números relativos à quilometragem percorrida e ao volume transportado, porém, sofreram certa oscilação no período, tendo mesmo diminuído em 2000 em relação ao ano anterior. O volume, então, foi menor que em 1997: 30,8 bilhões contra 31,4 bilhões de passageiros-quilômetros, uma queda de 1,9%.

            Para fornecer aos Srs. Senadores uma noção de como é importante para nosso povo o transporte rodoviário de passageiros, exponho agora os dados de uma linha que os brasileiros do Centro-Sul do País talvez nem saibam que existe: a rota Manaus-Boa Vista.

            Pois bem, Sr. Presidente: se alguém imagina que se trata de uma linha morta, perdida lá em um canto remoto do Brasil, informo que ela transportou, em 2000, um total de 53 mil, 490 passageiros em 4 mil, 880 viagens, perfazendo o total de 3 milhões, 813 mil e 720 quilômetros. O volume transportado atingiu 32,4 milhões de passageiros-quilômetros.

            Os números relativos ao movimento inter-regional e dentro de uma mesma região mostram um aspecto curioso do transporte rodoviário de passageiros que merece reflexão. Embora os números do movimento de passageiros entre as outras regiões do País e a região Sudeste, a mais desenvolvida, sejam, de longe, muito superiores aos de qualquer outro movimento inter-regional, o movimento dentro da região Centro-Oeste surpreende, sendo maior até que o movimento dentro do Sudeste. Isso significa, a meu ver, que a modalidade tem um papel fundamental na integração dessa região.

            O transporte rodoviário de passageiros é a modalidade mais popular e barata para o deslocamento das pessoas, quer em mudança para outra cidade, quer em viagem de negócios, quer em excursão turística. Esse é um fato que deve ser levado em conta na elaboração e execução da política nacional de transportes. No entanto, o que temos visto é um certo desprezo pela rodovia, que tem por conseqüência o estado atual de abandono de nossas estradas, algumas das quais se encontram mesmo intransitáveis.

            Por outro lado, as empresas do setor se queixam do que elas consideram favorecimento, por parte do Governo, concedido às empresas da modalidade aérea de transporte de passageiros. Com efeito, o problema, por exemplo, do endividamento das empresas do setor aéreo, por ser este - aliás, corretamente - considerado estratégico, foi tratado, por muito tempo, com excessiva tolerância. Além disso, as empresas filiadas à Abrati reclamam da pouca importância atribuída pelo Governo à reforma e à melhoria dos terminais rodoviários, que elas contrastam com as recentes obras de remodelamento de muitos de nossos aeroportos.

            Não desejando diminuir a importância do transporte aéreo, quanto mais em país com distâncias tão grandes entre cidades, gostaria de ressaltar o valor social e econômico do transporte rodoviário de passageiros e reconhecer a justiça das reivindicações da Abrati. Isso porque o Brasil ainda é e será o país das rodovias. Elas têm sido um dos fatores mais importantes da integração deste enorme país, cuja unidade cultural é única em um mundo globalizado mas pontilhado de conflitos.

            Por isso, saúdo a Abrati e as empresas a ela filiadas pelo trabalho que realizam: trabalho contínuo e cotidiano de formiguinhas carregadeiras, mas trabalho de gigantes nos resultados.

            Muito obrigado.

 

            


            Modelo14/20/243:20



Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/03/2002 - Página 1600