Discurso durante a 16ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários ao pronunciamento do Senador Carlos Wilson. Defesa do lançamento de candidatura própria do PMDB à Presidência da República.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Comentários ao pronunciamento do Senador Carlos Wilson. Defesa do lançamento de candidatura própria do PMDB à Presidência da República.
Aparteantes
Edison Lobão.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2002 - Página 1897
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, CARLOS WILSON, SENADOR, NECESSIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, RECEBIMENTO, FAX, INFORMAÇÃO, RESULTADO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, BUSCA E APREENSÃO, EMPRESA, JORGE MURAD, PROPRIETARIO, CONJUGE, ROSEANA SARNEY, GOVERNADOR, ESTADO DO MARANHÃO (MA).
  • DEFESA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), LANÇAMENTO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • SOLICITAÇÃO, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), INDICAÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • SOLICITAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PARTICIPAÇÃO, VOTAÇÃO, ESCOLHA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, longe, muito longe de mim fazer um juízo definitivo sobre o Presidente da República e sobre esse episódio - que deve ser analisado, discutido, esclarecido.

            Admiro, no pronunciamento do Senador Carlos Wilson, a coragem de trazer o assunto ao debate, porque o normal, nesses casos, seria o episódio morrer, silenciar, seria ninguém falar sobre o fato. E é porque não falamos nos casos que envolvem uma pessoa importante - Presidente, Ministro, etc - que as coisas acontecem.

            Esta Casa se omite sempre quando o assunto é muito sério, sempre que o assunto é muito grave.

            Por isso, Sr. Presidente, defendo que essa questão tem que ser esclarecida. O Presidente do Supremo Tribunal Federal, a mais alta autoridade Judiciária deste País, disse pela imprensa que não entendia por que aquele delegado havia enviado o fax para o Presidente, que não deveria tê-lo mandado e que não havia razão para isso. Ele teria que se reportar ao seu superior policial e à autoridade judiciária a quem a questão estava sendo dirigida.

            Estou acompanhando atentamente os fatos. Não sei responder se o Presidente sabia ou não, quando falou; se Sua Excelência recebeu o telefonema do Senador Bornhausen e, então, foi procurar saber do que se tratava. Não tenho nenhuma informação nesse sentido, nenhum fax de Sua Excelência endereçado ao delegado. Não há, até agora, nenhuma informação sobre telefonema ou sobre algum emissário que tenha feito isso. Não se sabe se o delegado enviou o fax ao Presidente da República respondendo à consulta ou já fazia parte do esquema que o delegado faria o levantamento, a pesquisa, o trabalho que teria que fazer e comunicaria o resultado ao Presidente, dizendo que a operação tinha sido terminada com êxito.

            Eu não entendo o porquê de um delegado dizer ao Presidente da República que uma operação como essa terminou com êxito. Mas eu espero, com expectativa, a resposta. Creio que temos o direito de esperar a resposta.

            Sr. Presidente, venho a esta tribuna em uma situação original: o meu Partido está, neste momento, realizando uma convenção no Auditório Petrônio Portella. E estou aqui nesta tribuna falando sobre o meu Partido.

            Reparem a luta e o esforço do PFL para ter o seu candidato. Quem imaginaria, a um tempo atrás, que o PFL teria candidato a Presidente da República? Sempre se imaginou que o PFL, pelo seu estilo, pela sua característica, era um partido aliado do Governo, do PSDB, e que comporia, com a maior tranqüilidade, uma candidatura a Vice. De repente, o PFL entendeu que tinha o direito de crescer, de avançar, de expor as suas idéias e ter o seu próprio candidato. O que é absolutamente legítimo, diga-se de passagem.

            Olhava-se para o PFL e perguntava-se quem seria o seu candidato. O Antonio Carlos Magalhães? Mas houve aquele incidente aqui no Senado. E também sabe-se que o estilo dele é muito complicado para uma candidatura à Presidência. O Marco Maciel? Não faz o estilo de S. Exª ser candidato contra o Governo, ainda que fosse um candidato da aliança de todo mundo. Seria um grande nome, que teria condições de promover uma aliança do PSDB com o PFL. Mas um candidato de oposição ao PSDB não seria ele. O Governador do Paraná? Ele já esteve com o seu prestígio lá em cima, mas, com todo o respeito - a política é assim: às vezes, se está lá em cima; em outras, se está lá em baixo -, hoje, o prestígio dele é relativo.

            Foram buscar quem ninguém imaginava: uma mulher, lá do Maranhão. Um Estado que deu um Presidente da República por acaso, que foi o José Sarney, como Vice do Tancredo Neves. O Maranhão apresenta uma candidatura: uma mulher, que merece respeito.

            E o Partido Socialista Brasileiro? É um Partido muito pequeno e que deixou o PT e o PDT magoados porque resolveu lançar um candidato próprio - o Governador Garotinho. E aí está o velho Miguel Arraes, Presidente do Partido, defendendo a candidatura de Garotinho e acreditando que chegou o momento de o Partido Socialista ter o seu candidato. Está aí o Garotinho em plena campanha.

            Há ainda os outros partidos: PDT, PPS e PTB, que se aliaram. O PTB, tradicional aliado do Governo, e o PDT, tradicional aliado do PT, reúnem-se e apresentam uma candidatura: Ciro Gomes.

            Então, temos o Ciro Gomes; o Garotinho; a Roseana; o PSDB com o José Serra e o PT - é claro - com seu Lula. O quadro está definido, absolutamente definido.

            Sobra o PMDB. De todos os partidos que estão aí, é o único que fez uma convenção nacional, a que teve mais quorum na história do PMDB. E, numa votação secreta, 98,7% dos convencionais disseram que querem candidatura própria.

            Duvido que nessa convenção - que não sei se vale ou não, se deveria ser realizada ou não - o PMDB aprove uma tese contra a candidatura própria. O PMDB tem a decisão absoluta de candidatura própria. O PSDB pode, de repente, concordar em dar o vice; o PTB, o PDT, o PFL podem concordar em dar o vice, mas o PMDB não pode, porque tem que ter candidato a Presidente, pois assim decidiu a Convenção.

            O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Permite-me V. Exª um aparte?

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pois não.

            O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - V. Exª faz um discurso que, na verdade, é um relato histórico dos fatos políticos contemporâneos. Não desejo, de nenhum modo, contestar V. Exª, até porque este é o seu pensamento e, a meu ver, está correto na sua análise. Desejo apenas aditar algumas informações a respeito do meu Partido, o PFL. Em verdade, Senador Pedro Simon, o PFL não nasceu para ser um partido secundário, e sim, para ter uma atuação ativa, presente e de primeira linha, sempre que possível. Ele é um partido pragmático. O PFL não deseja ter um candidato para ter um candidato. E, sim, para competir, com toda a possibilidade de vencer. Vejamos o que aconteceu com esse partido já a partir do seu nascimento. “Ele nasceu de um ato de coragem”- como dizia recentemente Marcondes Gadelha -, no instante em que se retirava a Revolução e assumia a Presidência da República, ou estava prestes a assumir, um correligionário de V. Exª, de primeira grandeza, que era Tancredo Neves. O PFL foi, então, criado para ajudar nessa composição e levar adiante a missão de restaurar e consolidar o regime democrático em nosso País. No passo seguinte, o PFL teve candidato à Presidência da República, que foi o Dr. Aureliano Chaves.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Sim.

            O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - S. Exª foi candidato à Presidência da República, não teve sucesso, mas o Partido caminhou com S. Exª, um homem honrado, sério e de grande postura política em nosso País. No mandato seguinte, o PFL não tinha condições de eleger o seu candidato. Em seguida, veio a eleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem o PFL se aliou e fez o Vice-Presidente da República. Já para a sucessão de Fernando Henrique Cardoso, nós havíamos preparado um nome de grande dimensão, que era o Dr. Luís Eduardo Magalhães, que, infelizmente, teve o acidente que nós conhecemos e a Nação perdeu esse grande Líder. Logo depois, o Diretório Nacional do Partido, no início do ano passado, reuniu-se e lançou um pré-candidato, que era o Sr. Antonio Carlos Magalhães, à Presidência da República. Depois, veio o nome da Roseana, que se projetou muito mais do que o dele. Com isso, estou apenas dizendo que o PFL sempre pensou em ser Governo, em assumir a Presidência da República, como devem pensar todos os Partidos. Portanto, o meu Partido não é um partido que nasceu para ser secundário e, sim, para ser primeiro, tanto quanto possível.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Recebo com muita satisfação o aparte de V. Exª.

            O PFL não nasceu para ser secundário. Há Líderes no PMDB que pensam que o Partido nasceu para ser secundário. Há Líderes no PMDB que não repetem o discurso de V. Exª, porque, para eles, o PMDB nasceu para ser secundário.

            Estou fazendo este discurso para tornar-se histórico, porque ainda é tempo para o Sr. Michel Temer, para o Sr. Renan Calheiros e para o Líder da Câmara dos Deputados. Ainda é tempo! Até o dia 10 de março, S. Exªs podem registrar um candidato à Presidência da República para as prévias. S. Exªs que escolham, por exemplo, o Jarbas Vasconcelos, um homem excepcional; escolham o Senador Renan Calheiros, que tem tarimba, tem experiência. S. Exª estava na China com o Collor, quando ambos decidiram que o então Governador de Alagoas disputaria a Presidência da República. Escolham um nome e venham para as prévias com esse nome, que terá todas as condições de ganhar, e vamos trabalhar com o candidato que for escolhido.

            Porém, não apresentar candidato, sob o argumento, como dizem os Líderes e o Presidente da Fundação Ulysses Guimarães, de triste atuação, de que o PMDB não tem um nome, não tem história, não tem biografia! Todos os partidos têm os seus nomes, menos o PMDB. Não querem o Pedro Simon, não será o Pedro Simon; não querem o Itamar, não será o Itamar; não querem o Ministro Jungmann, não será o Ministro Jungmann, mas apresentem um nome. Porém, dizer que, na estrutura do maior Partido do País, não há um nome? Um Partido em que atuam dois ex-Presidentes da República, dezenas de ex-Governadores, atuais Governadores, dezenas de ex-Ministros, que exerceram cargos da maior importância! Não há nenhum nome?! “Ah, mas existem as pesquisas”. Bem, essa é uma questão que só pode ser levada em conta por quem não tem um mínimo de capacidade de análise.

            Outro dia, ouvi o Sr. Coimbra dizer, do Instituto Vox Populi, numa longa entrevista que concedeu, que tudo o que se fala em pesquisa, em notícia, em mídia, tudo o que se fala com relação aos candidatos não tem maior significado, porque se trata do momento que estão vivendo; que a avaliação dos candidatos deverá e poderá ser feita a partir dos espaços gratuitos de rádio e televisão, quando cada candidato, no seu espaço, dirá o que pensa. Depois, virá um outro candidato e responderá àquele. Nesse caso, será para valer. Mas, agora, não.

            Por exemplo, atualmente está havendo um endeusamento em relação à candidatura Serra, que é qualquer coisa de espetacular! Não há o que responder.

            Eu seria um irresponsável se estivesse defendendo uma candidatura própria para o PMDB, numa hora como esta, se essa candidatura tivesse que enfrentar a mídia - rádio, jornal e televisão - que não gosta do PMDB, que não tem simpatia pelo nosso Partido. Seria ridículo propor uma guerra de Dom Quixote contra moinhos de vento se não houvesse os espaços gratuitos. É isso o que muda. Graças a Deus, existe a campanha verdadeira, quando os brasileiros terão a oportunidade de conhecer, por meio do rádio e da televisão, os candidatos. Nesse momento, a candidatura do PMDB sairá do traço e poderá, se buscarmos o que desejamos, se mostrarmos a nossa cara, as nossas propostas e idéias, contarmos um pouco do êxito da nossa biografia na história deste País e, basicamente, apresentarmos uma proposta concreta em relação ao que queremos e desejamos.

            Será que o PMDB, o velho MDB não terá a resposta da sociedade?

            É triste ver que pessoas já estão negociando. Até então, havia o Líder na Câmara, com o Serra, e o Líder no Senado, com a Roseana. Não sei atualmente qual é a última posição do Líder no Senado. Mas S. Exªs fazem isso sem autoridade, sem credibilidade, porque estão afrontando uma decisão da convenção.

            Fizemos a nossa convenção no domingo passado, e houve uma unanimidade radical dos delegados presentes em favor de uma candidatura própria. Eles estão fazendo uma outra agora, que não sei se terá ou não quorum, nem sei por que estão fazendo; não tenho a mínima idéia. Mas duvido que na convenção de hoje haja alguma moção a favor do Sr. Serra, da Srª Roseana ou contra candidatura própria. Eu os desafio a apresentar e votar uma moção. E, lá, só há pessoas ligadas a eles.

            Devem haver moção e candidatura própria, porque as bases e o Partido querem isso, porque essa é a missão, é a responsabilidade do nosso Partido.

            Se o próprio PFL se achou com autoridade e no direito de sair do Governo, cumprindo a sua missão no Governo Fernando Henrique e estilhando o seu caminho, o que obriga o PMDB a continuar no Governo que aí está? Onde está escrito que o PMDB tem a obrigação de apoiar o candidato do PSDB?

            Se o Presidente Fernando Henrique tivesse tido a competência de chamar o PFL, o PSDB, o PMDB, o PTB e o PPB e os Partidos que compõem a sua base, conforme proposta do Senador Borhausen, discutiríamos o assunto, faríamos uma análise, um estudo e, em junho, verificaríamos qual dos candidatos continuaria no pleito. Nesse caso, haveria lógica, o assunto mereceria compreensão e poderíamos discutir se continuaríamos ou não, mas o Presidente Fernando Henrique não fez isso. O PSDB mostrou o seu candidato. “Quero este e pronto”! É um direito que ele tem, um direito legítimo.

            Ninguém tira do PSDB o direito de querer indicar o seu candidato, mas, no instante em que ele tomou essa decisão por conta própria, seguiu o seu caminho e permitiu que o PFL seguisse, como está fazendo, o dele. Permitiu até que o PPB - não sei até que ponto -- seguisse o seu caminho e apresentasse a candidatura de Pratini de Moraes; e permitiu que o PTB abandonasse o Governo e apoiasse a candidatura de Ciro Gomes.

            Apenas o PMDB e os seus Líderes entendem que não podem deixar meia dúzia de cargos. O PFL deixou os ministérios. O Sr. Suassuna está lá, indicado não sei por quem, porque o Presidente do Partido disse que não o indicou. A Bancada nunca se reuniu para indicá-lo. Foi uma indicação do Líder Renan Calheiros, e tenho dito que o Sr. Suassuna é da cota pessoal do Presidente, e não o representante de um partido.

            Farei um apelo para o Sr. Michel Temer: reúna os seus partidários e lance uma candidatura. S. Exª próprio é um belo candidato. O Michel é um belíssimo candidato! O Jarbas é um excepcional candidato. O Presidente do Senado é um grande candidato, tem todas as credenciais, tem toda a autoridade. Foi Governador, Senador, Presidente do Congresso Nacional; por que não a sua candidatura? Se o PFL foi buscar, no Maranhão, uma candidatura, por que o PMDB não vai buscar, no Mato Grosso do Sul, um nome com a credibilidade e a respeitabilidade do Presidente do Senado? Apresente uma candidatura. Mas dizer, com a maior tranqüilidade, que os candidatos do PMDB não decolaram, como na reunião no apartamento do Senador Suassuna, onde fomos buscar um diálogo de franqueza. A Executiva se reuniu e, lá, alguns disseram: “Nós éramos favoráveis à candidatura, mas ela não deslanchou.” Ora, Sr. Presidente, só vamos poder deslanchar no momento em que tivermos o nosso candidato, este representar o Partido, tiver o programa, levantá-lo e levá-lo para a sociedade.

            Fico condoído quando vejo líderes importantes e ilustres abraçarem essa tese. Alguns têm interesses regionais, como no caso do Líder na Bahia, que tem muito interesse em ficar com o PSDB e apoiar o seu candidato à Presidência da República, que, talvez, até apóie o candidato do PMDB ao Governo do Estado, e enfrentar com um pouco mais de força o Sr. Antonio Carlos.

            Alguns têm a situação local: “Porque quero eleger-me Senador, quero eleger o meu Governador e isso é o mais importante”. Mas fazer política assim? Custa-me acreditar. Machuca-me imaginar que tenhamos perdido todo o ideal, toda a nossa história e toda a nossa vontade de ser.

            Vai ficar nas páginas da história político-partidária a biografia da atual Executiva do PMDB. O Sr. Michel Temer, o Sr. Renan, o outro rapazinho, Líder na Câmara dos Deputados, e o Presidente da Fundação vão ficar na História como as pessoas que boicotaram o seu Partido, as pessoas que tinham um cargo de mando.

            Eu podia - eu podia! - estar aqui e dizer não para a candidatura própria: “Temos que apoiar o fulano ou o beltrano”. Eu tinha esse direito, porque sou um Senador simples, não tenho autoridade nenhuma atrás de mim. Agora, o Presidente, o Líder da Bancada não cumprir uma decisão da convenção? Uma convenção em que 98,7 disseram que era candidatura própria? E S. Exªs dizerem que não vão fazer isso, que não querem, boicotarem? Triste papel.

            A verdade é que se escreveu o livro negro do PMDB nessa caminhada, e cada um terá que ser responsável pela sua parte. Eu, Sr. Presidente, não estou nessa caminhada com a preocupação de ser candidato, com a vaidade de chegar a Presidente da República. Na minha idade, nas minhas circunstâncias e no grau de análises íntimas que venho fazendo nos últimos tempos, a minha missão é mais a de corresponder às pregações da minha idéia e da minha filosofia do que a de uma caminhada como essa.

            Acho Itamar muito mais do que eu; acho o Jarbas Vasconcelos, o Presidente do Senado muito mais do que eu. Estou nessa briga buscando a candidatura própria. Entrei quando o Itamar chegou a sair do Partido, quando não tínhamos ninguém. Então, entrei e apresentei a minha candidatura. Quando Itamar voltou e registrou, ficamos eu e S. Exª, com o compromisso de que se não tivesse dois não teria prévia. Então, mantive o meu nome no sentido de que tenha uma prévia, mas não tenho nenhuma dúvida, Sr. Presidente, de que, se o Presidente do Partido reunir ainda agora e nos chamar para fazer um grande entendimento, dizendo: “É este aqui”, o meu nome estará à disposição. Não tenho nenhuma preocupação em cair fora.

            Tenho que aproveitar esse espaço de rádio e televisão do Senado, que é o que tenho, para chamar a atenção. Sei que a nossa TV Senado penetra no Brasil inteiro, não em todos os lares, porque ainda não há a possibilidade de termos uma televisão aberta, mas sei que onde existe chance, por meio de uma tv a cabo ou de outras fórmulas que estão sendo apresentadas pela nossa televisão, lá estamos chegando, e, onde chegamos, há um interesse muito grande no debate desta Casa.

            É por isso que utilizo este espaço para dizer a você que está me assistindo, na sua casa: se você é prefeito ou vereador, ou se é amigo do prefeito, do vereador ou do delegado partidário do PMDB, você tem obrigação de avisá-los de que, no outro domingo, dia 17, haverá uma urna em cada capital de todos os Estados brasileiros. Estão convocados todos os vereadores, prefeitos e dirigentes para votar. Haverá uma cédula única e será escolhido o candidato do PMDB à Presidência da República. O PMDB fará um pleito em que os vereadores e as lideranças municipais vão escolher o candidato do Partido. Vocês, que não estão ouvindo isso no rádio nem leram no jornal, ainda não receberam nenhuma circular do Partido avisando da votação: “Vereador, prepare-se porque, no dia 17, terá de ir à capital escolher o candidato do Partido a Presidente da República.” Nenhuma circular, até hoje, chegou a nenhum vereador ou prefeito. Por isso, chamo a atenção de vereadores, prefeitos, delegados e membros de diretórios do PMDB para que, no dia 17, peguem um ônibus, uma carona e vão, da forma que puderem, à capital do seu Estado para votar no seu candidato do PMDB à Presidente da República.

            Claro que preferíamos que houvesse várias urnas. Há Estados, como o Amazonas, em que alguns têm que pegar a canoa e viajar por dois dias até a capital. Defendemos várias urnas, mas os governistas quiseram assim, e assim será. No entanto faço este apelo aos líderes municipais e estaduais do PMDB: dia 17, das 9 às 17 horas, na capital, na sede do Partido ou na Assembléia Legislativa, haverá uma urna onde devem votar.

            Agradeço a tolerância de V. Exª, Sr. Presidente. Espero que Deus ilumine a convenção que se está realizando aqui, bem como os governistas e a direção partidária, para que se encontre uma fórmula que nos honre e que nos dignifique.

            Sr. Presidente, o engraçado nisso é que a imprensa apresenta a mim, ao Itamar e a outros como o grupo dissidente. Não somos dissidentes. Somos os 98,7 das bases que querem candidatura própria. Vivemos uma situação muito original: os dissidentes são os Líderes das Bancadas. Quem está fazendo dissidência da decisão do Partido são o Presidente da Fundação Ulysses Guimarães* e os Líderes, aqui e na Câmara. Que esses Líderes dissidentes não tenham êxito e que Deus os ilumine na convenção que está acontecendo aqui do lado.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

            


            Modelo14/26/246:16



Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2002 - Página 1897