Discurso durante a 34ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

INTERPELAÇÃO AO MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, SR. CELSO LAFER.

Autor
Fernando Bezerra (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RN)
Nome completo: Fernando Luiz Gonçalves Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA. COMERCIO EXTERIOR.:
  • INTERPELAÇÃO AO MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, SR. CELSO LAFER.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2002 - Página 3821
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA. COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • APREENSÃO, QUALIDADE, PRESIDENTE, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI), PREJUIZO, INDUSTRIA SIDERURGICA, BRASIL, RESTRIÇÃO, EXPORTAÇÃO, NECESSIDADE, PROTEÇÃO, INDUSTRIA NACIONAL, CRITICA, DEMORA, PROVIDENCIA, GOVERNO BRASILEIRO, DEFESA, MERCADO.
  • ANALISE, NEGOCIAÇÃO, AREA DE LIVRE COMERCIO DAS AMERICAS (ALCA), NECESSIDADE, GARANTIA, EXPORTAÇÃO, SIDERURGIA, BRASIL.

O SR. FERNANDO BEZERRA (PTB - RN. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Exmº Sr. Ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, quero associar-me, em primeiro lugar, ao comentário justo que aqui foi feito pelo Senador Paulo Hartung e parabenizá-lo pelo brilho e conhecimento com que V. Exª tem tratado a questão internacional do nosso País e aqui, de forma notável, discorreu sobre a questão do aço.

Talvez fosse, Sr. Presidente, Sr. Ministro, desnecessária a minha palavra depois do que ouvimos do Senador Paulo Hartung. Tenho os mesmos questionamentos, as mesmas angústias e as mesmas preocupações de S. Exª. A decisão tomada pelo governo americano, para proteger o seu mercado, estabelece, de fato, uma série de restrições, muito bem expostas por V. Exª.

Quero apenas destacar que, no Brasil, a siderurgia é responsável por cinco por cento do total das nossas exportações, e todos sabemos o quanto a elevação das nossas exportações é importante para o nosso País. Relembro apenas que, de forma dramática, o Senhor Presidente da República nos disse que precisávamos exportar ou morrer. Penso que não devemos chegar a tanto, mas devemos tomar imediatas providências em relação àquilo em que somos competitivos.

V. Exª disse aqui, e é verdade, que temos o mais baixo custo de produção de aço do mundo, que estamos com a indústria privatizada, modernizada e competitiva. As perdas dos elevados investimentos que fizemos para sermos competitivos são da ordem de 12 bilhões, segundo informações que possuo, embora V. Exª tenha citado que seriam da ordem de 10 bilhões. Portanto, é fundamental que essas empresas mantenham-se produzindo e comercializando como resposta concreta aos investimentos feitos na demanda de se tornarem competitivas no mundo, como de fato são.

Portanto, Sr. Ministro, ratifico o posicionamento do Senador Paulo Hartung: é necessário defender a indústria brasileira. Represento, nesta Casa, o Estado do Rio Grande do Norte, mas não posso desvincular-me da condição de Presidente da Confederação Nacional da Indústria, e trago aqui a angústia dos industriais brasileiros diante desse fato.

Creio que essa decisão não depende apenas de V. Exª. Por isso, dirijo minhas críticas ao Governo, lamentando a lentidão com que as decisões são tomadas e o enorme prejuízo que isso representa para a sociedade brasileira. Atualmente é enorme o número de desempregados.

Sr. Ministro, aproveito para utilizar uma frase citada por V. Exª: “Importa o futuro mais do que o passado”. É exatamente em relação a esse futuro que externo nossa preocupação. Muitas vezes, nossa proteção tem sido tímida e envergonhada. Não temos tido capacidade de defender o mercado, que considero o maior patrimônio da sociedade brasileira.

Embora V. Exª já haja respondido, essas são as questões que trago, externando a angústia que tenho, como representante do setor, à espera de que o Governo apresse decisões no sentido de proteger a indústria.

Muito obrigado.

O SR. FERNANDO BEZERRA (PTB - RN. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria apenas de lembrar que V. Exª, Sr. Ministro, sabe a nossa posição em relação à Alca. O grande patrimônio da sociedade brasileira é o mercado; por isso, deve ser protegido por nós e assim entendido. É necessário, quando avançarmos na negociação da Alca, que se garanta o nosso lugar de exportador de produtos siderúrgicos, que se garanta um espaço para a indústria brasileira.

Queria só lembrar que, no comércio internacional, lamentavelmente, apesar da decisão do Governo, do apelo dramático do Sr. Presidente, caímos de uma participação que já era muito pequena para uma participação insignificante: tínhamos 1,2%, passamos a 0,8%.

Quero aqui reafirmar a certeza que tenho na competência, no patriotismo de V. Exª à frente dessa Pasta. O Brasil, na verdade, tem o privilégio de tê-lo como Ministro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2002 - Página 3821