Discurso durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato sobre as ações empreendidas à frente do Misnistério da Integração Nacional.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Relato sobre as ações empreendidas à frente do Misnistério da Integração Nacional.
Aparteantes
Eduardo Siqueira Campos, Fernando Ribeiro, Maguito Vilela, Mauro Miranda.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2002 - Página 4007
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • RELATORIO, ATUAÇÃO, ORADOR, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, AUXILIO, POPULAÇÃO, MUNICIPIOS, CALAMIDADE PUBLICA, INCENTIVO, PISCICULTURA, FRUTICULTURA, OBTENÇÃO, EMPRESTIMO, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA, RECUPERAÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, APOIO, FINANCIAMENTO, IRRIGAÇÃO.
  • CONTESTAÇÃO, DECLARAÇÃO, GOVERNADOR, CRITICA, ATUAÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXTINÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), PREJUIZO, REGIÃO NORDESTE, REGIÃO NORTE.
  • ESCLARECIMENTOS, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXTINÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZONIA (SUDAM), SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), ELIMINAÇÃO, DISPOSITIVOS, POSSIBILIDADE, CORRUPÇÃO, CRIAÇÃO, AGENCIA NACIONAL, DESENVOLVIMENTO.
  • REPUDIO, NOTICIA FALSA, PUBLICAÇÃO, PERIODICO, EPOCA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), CRITICA, ATUAÇÃO, ORADOR, DESVIO, VERBA, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, TROCA, APOIO, POLITICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cá estou eu de volta à Casa, com muita alegria. Desde já agradeço aos colegas a forma amigável, lhana e carinhosa como me receberam.

Sr. Presidente, esses cento e quarenta e três dias que passei fora desta Casa foram um misto de saudade e de vivência de uma missão gratificante, de um desafio enorme que é administrar um ministério como o da Integração Nacional. Na realidade, fazer que tantas demandas reprimidas sejam atendidas é quase procurar um equilíbrio, sabendo que os recursos são escassos e que é preciso administrá-los. Mas foi uma missão muito importante e muito gratificante.

A vida, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é gratificante exatamente pelo que aprendemos, e o Ministério, para mim, que me julgava um Senador bem informado, foi uma missão realmente incrível.

Por que razão? Porque eu tinha uma determinada idéia do Ministério e me achava bem informado a respeito. Mas ele deveria ser chamado de Ministério da Justiça Social e não da Integração. Esse Ministério serve aos brasileiros mais humildes. Trata-se de um Ministério que cuida de todos aqueles que foram atropelados pela sorte, por uma dessas catástrofes como enchente, incêndio, seca, deslizamento, ou até por problemas químicos e atômicos.

Aí, nós temos que correr com a solidariedade, pois o Presidente Fernando Henrique Cardoso determinou que ela fosse a mais rápida, a mais urgente e a mais eficiente possível.

Fizemos exatamente isso. Se havia enchente, estávamos lá, com casacos da cor da Defesa Civil. Houve um episódio engraçado a respeito do casaco que o Presidente usou e sobre ele foram publicados dois ou três artigos. Quando cheguei e vi que os casacos não tinham uma marca, mandei comprá-los com o meu dinheiro. Em Petrópolis, emprestei um deles ao Presidente e isso passou a ser quase que mais importante do que a própria catástrofe. Como nos deslocamos, muitas vezes, das coisas substantivas para as adjetivas!

A Defesa Civil atende as populações que sofreram essas catástrofes, mas o Ministério também cuida de todas as grandes - por que não dizer - favelas nacionais, as mesorregiões, as regiões onde há bolsões de pobreza, numa situação muito vergonhosa para o Brasil.

As pessoas pensam logo que essas regiões estão no Nordeste ou na Amazônia. Ledo engano. Elas começam na parte sul do Rio Grande do Sul, atingem toda a mesorregião da grande fronteira do Mercosul, o Vale da Ribeira, em São Paulo, Paraná e região, o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e vão Brasil afora, alcançando até a Ilha de Marajó. Quando tomamos posse, eram treze; quando saímos, deixamos dezoito, porque fizemos a do Cristalino, a de Marajó, a da Região Amazônica. Enfim, onde era preciso criaram-se mesorregiões. O que foi importante porque, nesse caso, é diferenciado o socorro para fazer essas populações soerguerem seu nível social, terem cidadania igual à do restante do País.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, também procuramos fazer missões preventivas na Defesa Civil. Fomos olhar a segurança de Itaipu Binacional e da Usina Atômica de Angra dos Reis - como estavam estocados os materiais radioativos, qual era a forma de evacuação caso houvesse um acidente. Em Cubatão, olhamos a refinaria da Petrobras, os oleodutos, os gasodutos e fizemos, inclusive, a revisão da segurança nas indústrias químicas que têm lagos de decantação, porque, na Espanha, há poucos meses, rompeu um gasoduto, o que foi uma lástima para o meio ambiente.

Não paramos aí. Ao fiscalizarmos os equipamentos dos Corpos de Bombeiros, ficamos pasmos ao ver que alguns não têm sequer o equipamento necessário. Aqui em Brasília, a escada Magirus vai até o sexto andar, quando existem prédios de vinte andares. Se houver um incêndio, não há como retirar as pessoas que estão acima do sexto andar. Olhamos até mesmo as bocas de lobo de grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, não somente para criticar, mas para levar verbas e atuar nelas.

Quando vimos o que aconteceu nos Estados Unidos, imediatamente mandamos que a nossa Defesa Civil se preparasse para eventos - Deus nos livre que aconteçam! - nas áreas química, biológica e atômica. E mais, fizemos, aqui no Brasil, um encontro de representantes de toda a América do Sul e do Caribe para debater tudo isso.

Criamos, ainda, uma interação dos radioamadores com todo o sistema de Defesa Civil.

Procuramos o Conselho Federal de Engenharia e fizemos uma parceria para que os prédios passassem a ter mais segurança, inclusive em relação a atentados terroristas. Fizemos um convênio com a Secretaria da Receita para aproveitar as 46 toneladas de roupas contrabandeadas que foram apreendidas por aquele órgão e que estavam se deteriorando. Recebemos tudo isso e distribuímos nas áreas onde ocorreram catástrofes. Ainda temos um estoque de 40 mil toneladas.

Então, Sr. Presidente, Sªs e Srs. Senadores, além dessas missões - e muito pouca gente sabe - fomos responsáveis pelo zoneamento estratégico e ecológico que determina onde vai ser a criação de camarão e outras culturas. Muita gente não sabe - inclusive eu mesmo não sabia - que o Ministério da Integração Nacional, quanto à fruticultura, é muito superior ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pois usamos a fruticultura nas mesorregiões e na região do semi-árido. A Codevasf, por exemplo, abrange as maiores áreas irrigadas do País, assim como o Dnocs. Então, em fruticultura, somos doutores no Ministério.

Na piscicultura, idem. Somos os responsáveis por estudos, implementação e criação de peixes em 50 mil hectares de barragens por todo o Brasil, principalmente as do Dnocs, e também pela criação de camarão, que passou a ser um item importantíssimo na nossa pauta de exportação. O Rio Grande do Norte, hoje, tem, na criação de camarão, o segundo item mais importante de sua pauta de exportações.

Na estrutura hídrica temos convênios importantíssimos com o Banco Mundial. Muitos eventos acontecem naquela região, como barragens importantes no Ceará, na Paraíba, no Rio Grande do Norte. Fui à inauguração de mais de oito delas. Sr. Presidente, cada vez que inauguramos uma barragem naquela região é uma alegria. Temos algumas barragens gigantescas, como Castanhão, que está em fase de conclusão e tem seis bilhões de metros cúbicos. Há também as de porte médio, como a de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, a de Acauã, na Paraíba, com 300 milhões de metros cúbicos, a de Camará e outras. São muitas.

O Governo do Presidente Fernando Henrique foi o que mais avançou na área de recursos hídricos para o semi-árido.

Sr. Presidente, fomos à Espanha acertar um empréstimo de US$800 milhões para fazer a revitalização do São Francisco, que está assoreado, inclusive com suas matas ciliares todas arrancadas e a sua água bastante poluída. Verificamos que é urgente essa revitalização.

A energia elétrica de toda a Região Nordeste depende do São Francisco. Mas não é só a energia elétrica que faz o rio ter a importância que tem. A piscicultura era um dos meios de subsistência dos 13 milhões de pessoas que vivem na bacia do velho São Francisco. No baixo São Francisco, o plantio de arroz era a riqueza.

Sr. Presidente, quando o rio São Francisco não tinha as suas nove barragens - sete grandes e duas pequenas -, a água, com todo o material orgânico, invadia, como no rio Nilo, todo o baixo São Francisco fertilizando a terra, o que ocasionava alta produtividade do arroz. Vieram as barragens; houve a decantação; acabou a piracema, porque o peixe já não sobe mais o rio e, portanto, os pescadores e os plantadores de arroz ficaram sem trabalho. Mas, apesar de tudo isso, ainda disseram que iriam fazer a transposição do São Francisco, o que nos causou grande preocupação.

Nós detectamos o problema e mostramos que não era necessário retirar o rio do seu leito; precisávamos apenas de 2% de sua água. E por isso, decidimos que, primeiramente, cuidaríamos de sua revitalização.

Determinamos estudos da interligação das bacias do Tocantins e do São Francisco. E aqui, Sr. Presidente, presto a minha homenagem ao Governador Siqueira Campos, que, imediatamente, colocou o rio Tocantins à disposição, para que dele se tirassem 100 metros cúbicos de água, e não se criassem maiores problemas para o São Francisco.

O rio São Francisco tem 2.670 metros cúbicos de água por segundo, em média, e se iam retirar dele apenas 70 metros cúbicos, o que bastou para criar toda essa celeuma. Por isso foi importante retirar 100 metros cúbicos de água por segundo do Tocantins e acabar com a celeuma. Mas - repito - é preciso fazer a revitalização do São Francisco.

Às 7 horas do último dia no Ministério, estávamos reunidos com o Ministro Pedro Malan e com o Embaixador espanhol, cujo país é responsável por um empréstimo de US$800 milhões que está em andamento. Esse dinheiro virá e poderemos trabalhar nesses três itens importantes.

O Ministério, e com certeza também desconhecem V. Exªs, é o maior na área de irrigação. Só a Codevasf é um mundo, e as terras do Dnocs, e nós estamos modernizando toda essa irrigação, para que ela não seja realizada pelo processo de aspersão, que gasta muita água, mas por gotejamento, o que faz que haja melhor aproveitamento da água.

Ficamos pasmos, Sr. Presidente - aí é que aparece a minha ignorância antes de ir para o Ministério, como eu disse. Gastamos de R$4,5 a R$5 bilhões, historicamente, para fazer a irrigação no País. A irrigação está na porta do lote do cidadão, mas ele não tem dinheiro e nem tem linha de crédito para fazer a internalização dessa irrigação.

Parece fácil para quem está de fora, mas quando se tem uma idéia de quanto custa, por exemplo, um hectare de uva - R$ 30 mil -, então, tem-se noção de que é caro para aquele indivíduo que não tem dinheiro e que, além de tudo, tem de esperar três anos para começar a colher. É preciso que façamos algo!

Levei ao Presidente da República o problema, e Sua Excelência autorizou imediatamente a criação de uma linha de crédito. Sua Excelência determinou que procurássemos o BNDES imediatamente. E digo a V. Exªs que a tramitação já se iniciou e que isso será resolvido o mais rapidamente possível.

Na área de irrigação, se atualizarmos esse valor histórico, veremos que aplicamos R$8 bilhões. Isso geraria 150 mil empregos imediatos no País. Ou seja, geraria quase que o dobro da produção do Chile. É realmente incrível.

Portanto, precisamos avançar na área de irrigação! E o Presidente determinou que isso fosse feito. Nós fizemos e continua a ser feito.

Mas, Sr. Presidente, há outras áreas importantes como convênios com o Banco Mundial e com o Bird, que nos permitiram fazer o Proágua, o Panaflora, o Prodeagro, que cuidam da região amazônica, de Rondônia, e de vários Estados que precisam e estão avançando, inclusive na área social.

O Sr. Fernando Ribeiro (PMDB - PA) - Senador Ney Suassuna, V. Exª me concede um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Senador, por gentileza.

O Sr. Fernando Ribeiro (PMDB - PA) - Senador Ney Suassuna, gostaria apenas de festejar a volta de V. Exª a esta Casa, o que nos traz muita alegria! Parabenizo-o pela maneira como se conduziu à frente do Ministério da Integração Nacional nessa sua breve mas profícua passagem por aquele órgão. Tive oportunidade de visitá-lo, juntamente com outros integrantes da Bancada do Pará, de diversos partidos, dois dias após V. Exª ter assumido o Ministério, e impressionou-me o conhecimento que V. Exª demonstrou dos problemas e das questões que estávamos lá a tratar. De forma muito organizada e eficiente fomos atendidos e tivemos os nossos pleitos encaminhados. Seria muito bom se servisse de exemplo a atuação de V. Exª a outros segmentos do Governo que, às vezes, menosprezam os pleitos que a classe política leva não em benefício próprio, mas, certamente, na defesa dos interesses das populações que representa. É uma alegria, particularmente, ser companheiro de Bancada de V. Exª. Muito obrigado.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Eu é que agradeço, meu nobre Senador. Foi uma honra recebê-lo lá e será sempre uma honra conviver com V. Exª, porque V. Exª tem lutado bravamente pelos direitos do seu povo e do Estado que representa. Para mim é um orgulho muito grande tê-lo como amigo!

O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - Senador Ney Suassuna, V. Exª me concede um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Senador Eduardo Siqueira Campos, fiz, desta tribuna, uma homenagem a seu pai dizendo da grandeza dele ao entender o problema que estava sendo levantado: são 25 milhões de brasileiros precisando de água, dos quais 13 milhões estão na bacia do São Francisco e 12 milhões fora. Imediatamente S. Exª se prontificou, aliás, incentivou-nos. 

A Ministra Mary Dayse Kinzo programou uma homenagem ao seu pai para a qual serão convidados todos os Governadores do Nordeste, para agradecer-lhe a rapidez, a disponibilidade e a grandiosidade de S. Exª. S. Exª segue o preceito bíblico de dar água a quem tem sede. Antes eu já era seu fã e agora sou mais ainda. Portanto, desde já peço a V. Exª que leve a seu pai essa mensagem. A homenagem brevemente será feita.

Tem V. Exª a palavra.

O Sr. Eduardo Siqueira Campos (Bloco/PSDB - TO) - Senador Ney Suassuna, nosso Ministro, nosso Colega, quero em primeiro lugar agradecer a menção honrosa que V. Exª faz à figura do meu pai. Parabenizo V. Exª pelo pronunciamento e pelos esclarecimentos que traz aos membros desta Casa. Acompanhamos de perto a passagem de V. Exª pelo Ministério com toda sua agilidade, eficiência e competência. Quero também trazer o depoimento dos Prefeitos que estiveram com V. Exª, que comentaram que é bom ser recebido por alguém que gosta de política, que não tem vergonha de dizer que é político, que sabe que a política é um instrumento para servir às populações e que recebe bem os líderes, os chefes das comunidades. Orgulho-me de ter passado por uma Prefeitura e de saber que é no Município que os problemas existem. V. Exª caracterizou-se como o Ministro que recebe bem os Prefeitos e os Parlamentares. Mas essa é apenas uma passagem da vida de V. Exª. Nesta Casa, como Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, V. Exª nos propiciou maravilhosos jantares que, além da comida extraordinária, tinham uma característica técnica muito importante: permitiam-nos um debate democrático, com a participação da imprensa. Vindo da sua Paraíba, V. Exª tem trazido para este Senado muitos bons exemplos e está deixando entre todos nós o sentimento de que é um colega que, seja no Ministério, seja no Estado, seja aqui, sempre trará uma grande contribuição a esta Casa. Somos pouco mais de um milhão de habitantes em Tocantins, onde, em três anos e poucos meses, concluímos a Usina Luís Eduardo Magalhães. Ainda há seis outras usinas e água, muita água, para este Brasil. Exatamente neste raciocínio, concordo com V. Exª: alguns dizem que as riquezas do Brasil - ora que maldade! - estão dispostas de forma equivocada com relação à distribuição da nossa população. A verdade não é essa! A verdade é que dois terços da nossa população ainda estão vivendo em um terço do nosso território. O Estado do Tocantins é um portal para a entrada da Amazônia, é um parceiro do Nordeste no intercâmbio das mercadorias e terá um papel de fundamental importância na revitalização do rio São Francisco. Portanto, saiba V. Exª que o sentimento transmitido pelo Governador Siqueira Campos ao, prontamente, aderir a esse projeto e ao oferecer todo o nosso potencial é o sentimento de cada cidadão tocantinense, que tenho a honra de representar nesta Casa. Parabéns a V. Exª.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Eduardo Siqueira Campos. Fico felicíssimo quando vejo que há Parlamentares que compreendem a plenitude do exercício do papel político. V. Exª tem sido um desses Parlamentares. Corajoso, transparente, sério, merece nossa admiração. Nossa amizade foi quase imediata. Fico muito feliz em ver a grandiosidade com que tem administrado os problemas de Tocantins e, mais ainda, como tem-se oferecido ao nosso Brasil como um todo. Parabéns! Que Deus o conserve assim.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Ney Suassuna, V. Exª me permite um parte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Ney Suassuna, também quero brindar a volta de V. Exª a esta Casa. No pouco tempo em que ficou à frente do Ministério da Integração Nacional, V. Exª fez muita falta no Senado da República. E tenho certeza de que os funcionários daquele Ministério devem estar dizendo o mesmo, porque V. Exª deve estar fazendo falta. V. Exª sempre foi um colega dinâmico, trabalhador, competente, um homem de visão, que tanto aqui, nesta Casa, quanto naquela Pasta, sempre serviu de estímulo a todos nós, em razão da sua capacidade de trabalho e da sua forma de enxergar a vida pública. Não tive a alegria, o prazer de estar com V. Exª naquela Secretaria de Estado. Mas, por muitas vezes, falamos ao telefone. V. Exª respondeu prontamente aos pleitos. E é notícia em todo o Brasil o tratamento lhano que deu a todos os Pares, Prefeitos, Vereadores, Deputados, a todos aqueles que tiveram a oportunidade de procurá-lo e de serem atendidos por V. Exª quando foi Ministro de Estado. Quero dizer a V. Exª que não só aqui, no Senado, como também no Ministério, tive o prazer de acompanhá-lo na sua querida Paraíba e pude perceber quanto os paraibanos o admiram, em face de sua popularidade naquele Estado da Federação. Portanto, é motivo de muita alegria para nós o seu retorno para esta Casa. E, neste momento, V. Exª presta contas das atividades naquela Pasta. Inclusive narrou, com muita propriedade, o problema da pobreza neste País, que não é privilégio nem desta ou daquela região, nem deste ou daquele Estado. Hoje, infelizmente, a pobreza, a miséria reina em todas as cidades brasileiras. Não existe mais cidade em que não haja famílias passando fome, sem emprego, sem moradia. Essa é uma verdade que campeia por todo nosso País e precisa ser enfrentada com todas as forças, com determinação e coragem política, acima de tudo. E V. Exª sempre demonstrou ter coragem política para enfrentar os desafios e os obstáculos. Por isso, apresento as minhas boas-vindas a V. Exª em seu retorno a esta Casa, para que possamos dar mais velocidade aos nossos trabalhos, automaticamente favorecendo o nosso País. Muito obrigado.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Eu é que agradeço a V. Exª pelas palavras. V. Exª, que foi Governador de Goiás e realizou um governo exemplar, que é um exemplo de coragem, dedicação e seriedade, com toda certeza, ao estar exercendo o mandato de Senador, tinha todo direito de ser muito bem recebido. Atendi aos telefonemas, mas não tive a honra de recebê-lo em meu gabinete. Mas quem me procurou vindo do Estado de Goiás foi atendido. Fui a Goiás pessoalmente, porque não posso admitir que a implantação da Agência do Centro-Oeste demore mais, pois se trata de uma região cujo crescimento está explodindo. O Centro-Oeste deve ser visto como uma região necessária para o desenvolvimento do nosso País.

O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Senador Ney Suassuna, V. Exª me permite um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Concedo o aparte a V. Exª, mas, perdoe-me, peço-lhe que seja breve, pois o Presidente já me acena, informando que o meu tempo já se esgotou.

O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Senador Ney Suassuna, esta Casa, como todos se manifestaram, fica feliz com a sua volta. Tenho certeza de que V. Exª prestou um grande serviço ao País, pela sua agilidade, inteligência, determinação e generosidade em contribuir para a melhoria no encaminhamento das questões brasileiras. Parabéns pelo seu retorno! Esta Casa fica feliz com isso. Desejo sucesso também em sua carreira. Infelizmente, o Presidente da República não pode contar, daqui para a frente, com o trabalho magnífico que V. Exª estava realizando, em função de seu projeto político, da terra que tanto ama, que é a Paraíba.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Muito obrigado, nobre Senador Mauro Miranda. Fico muito feliz com o seu aparte e peço que sejam inseridas, como destaque, em meu pronunciamento, as palavras de V. Exª.

Ao encerrar, Sr. Presidente, peço um pouco mais de tempo para dizer que li, com muita tristeza, o que disse um Governador de Estado: que o Presidente Fernando Henrique Cardoso estava se comportando como um fazendeiro burro, que, ao ver um carrapato na vaca, para matá-lo, matava a vaca. E falava isso referindo-se às agências de desenvolvimento que tinham sido extintas: a Sudene e a Sudam. Isso é um equivoco. Elas foram, sim, transformadas em outros instrumentos e lá estão funcionando, graças a Deus. Mas isso deu muito trabalho. E nós, políticos e empresários, fomos os culpados, Sr. Presidente. Para minha tristeza, insiro-me nas duas categorias. Por quê? Por oito meses, ficamos paralisados - os políticos e os empresários -, diante de tantos escândalos que surgiram na Sudene e na Sudam. E não protestamos pelo tempo em que ficou paralisado, deixando-se de alavancar questões importantes para o Nordeste e para a Região Amazônica.

Quando assumimos, Sr. Presidente, havia dois instrumentos a partir daí: a Ada e a Sudam; a Adene e a Sudene. A Sudene e a Sudam serão extintas, encerrarão suas atividades; a Ada e a Adene continuarão a funcionar, sem os problemas anteriores, porque deixaram de obedecer ao art. 9º, que fazia com que os empresários que aplicavam dinheiro pedissem de volta até 40%. Isso é impossível. Isso era corrupção, mas essa questão foi sanada. Agora isso não ocorrerá mais. Haverá mais transparência.

Dessa forma, engana-se o Governador quando diz que um instrumento não foi criado.

Em relação ao passado, todos os projetos que lá encontramos foram divididos em quatro categorias. Quem não tinha nenhum problema começou a receber. Já pagamos a Eletronorte e a Ferronorte, na região da Amazônia, e, na área da Sudene, já pagamos quase cem empresas. Havia os que tinham problemas de adaptação, e permitimos que fizessem as correções necessárias. Havia também os que queriam se extinguir, e permitimos que o fizessem, desde que não houvesse prejuízo para ninguém. E havia os que tinham problema; para eles, a Justiça, a Polícia Federal, o Ministério Público, tudo que era de direito. Assim foram classificados.

Por isso, penso que o Governador errou. O Presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo contrário, perguntava-me pelas agências. E era difícil implantá-las. No caso da Amazônia, houve um terrorismo tão grande, que ninguém queria sequer ser agente financeiro, ninguém queria assinar nada, todo mundo queria sair de lá. Só para V. Exªs terem uma idéia, compraram seis aparelhos de ar-condicionado e devem ter desviado R$400, se houve o desvio. Havia dez indiciados. Foi um exagero, uma verdadeira hecatombe, ninguém mais queria ser nada lá dentro. Foi difícil colocar nos eixos, mas o fizemos.

As agências estão funcionando, os nomes foram indicados ao Presidente, e fizemos a regulamentação. Dessa forma, as questões estão sendo solucionadas. Não é necessária essa preocupação por parte do Governador.

Finalmente, saímos de lá pensando no Nordeste. Com relação ao gasoduto feito no interior, deixamos tudo entabulado, para arrumar o dinheiro e não se queimar mais lenha num lugar que se está desertificando, a fim de que o pólo gesseiro de Pernambuco tenha gás.

Com relação à Transnordestina, também deixamos tudo encaminhado. O Estado deve estar recebendo os primeiros 30 milhões, para que a obra possa avançar.

Avançamos com as agências e fomos além, pois cuidamos da revitalização, da transposição e da interligação de bacias.

Ao encerrar, Sr. Presidente, eu queria dizer que nem tudo foi uma maravilha. Recebi críticas, primeiramente, no sentido de que eu estava pagando facilmente os projetos e privilegiando a Paraíba, o que é uma injustiça, pois não fiz isso. Cada projeto pago teve um atestado da Procuradoria-Geral da União, da Fiscalização e da Engenharia. Essa foi a primeira nota contrária.

O que é mais surpreendente, Sr. Presidente, é que o mesmo repórter, na semana passada, disse, em outra revista, que eu tinha trocado apoio político por verbas do Ministério. Fiquei pasmo, porque isso não era verdadeiro.

Hoje, nos jornais da Paraíba, o Prefeito que o jornalista dizia ter-lhe dado a informação, o Prefeito do Município de Monte Horebe, Elosman Pedrosa, o Pretinho, negou qualquer tipo de envolvimento dele com o episódio citado pela revista Época desta semana, repercutido na edição de segunda-feira do jornal Correio Braziliense, editado no Distrito Federal. “A história não é o que o foi publicado pela revista”, rebate Pretinho, que diz não ter tido nenhum encontro comigo.

Vejam que coisa incrível: como nós, políticos, a toda hora, estamos vulneráveis a qualquer nota! Essa surpresa para mim não é a primeira, pois vejo aqui vários companheiros sendo acusados injustamente.

Ao encerrar, Sr. Presidente, queria agradecer muitíssimo à equipe do Ministério da Integração Nacional, que foi extremamente eficiente, especialmente à Srª Mary Dayse Kinzo, uma auxiliar incrivelmente disponível, trabalhadora, inteligente, que, por essa razão, tornou-se Secretária Executiva e atualmente é a Ministra da Pasta.

Agradeço, mais uma vez, aos companheiros, que me recebem de braços abertos. Quero dizer da minha alegria de voltar à Casa. Vamos continuar nesse front, lutando pelos interesses da Paraíba, do Nordeste e do Brasil.

Muito obrigado a todos. Se Deus quiser, vamos ver este Senado brilhando cada vez mais, porque grandes debates vão ser travados e deles seremos partícipes.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

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            DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SENADOR NEY SUASSUNA

EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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Mary Deyse Kinzo

De:   Mary Deyse Kinzo

Para:   ‘moniquit@senado.gov.br’

Assunto:   Mensagem de agradecimento (Mary Deyse)

Senhor Senador,

Ao deixar o cargo de Ministro da Integração Nacional, voltando ao Senado Federal, gostaria de agradecer a confiança em mim depositada quando me convocou a responder interinamente como Ministra desta Pasta.

Com apoio de V.Exª, em cinco meses, tentamos fazer o trabalho de cinco anos, nos dedicando dia e noite às metas e desafios estabelecidos pelo plano de impulsionar o desenvolvimento regional sustentável e com redução das desigualdades sociais e regionais.

Realizamos ações que foram do extremo sul do País, ao Nordeste Brasileiro e à Amazônia, tanto para emergências de defesa civil, quanto para estruturar ações duradouras de desenvolvimento regional. Por meio da ação política de V.Exª tivemos todo o apoio do Presidente da República que hoje reconhece a importância da integração nacional e do desenvolvimento regional, os quais não podem deixar de lado a equidade social e a sustentabilidade ambiental.

Para isso foram criadas novas agências de desenvolvimento regional do Nordeste e da Amazônia, que terão transparência e participação social.

Em vez de macrorregiões convencionais, trabalhamos com mesorregiões, em espaços menores, promovendo a cooperação entre conjuntos de municípios, num novo modelo de federalismo. Viabilizou-se o início da transposição, como também da revitalização do rio São Francisco, integrando as águas das regiões Nordeste, Sudeste e Norte, para que o semi-árido possa ter garantias da água, elemento vital para a produção e para a população e sobretudo, um direito humano.

Buscamos a justiça social, por meio de programas de geração de emprego e renda, pondo renda nas mãos do cidadão.

Ao reassumir sua missão parlamentar, em nome de todos os que fazem este Ministério, desejo a V. Exª todo o sucesso que pauta o futuro de sua carreira como homem público.

Gostaria de reafirmar meu compromisso como técnica comprometida e esperando merecer a confiança depositada por V. Exª e pela instituição que representa.

Mary Dayse Kinzo

Ministra da Integração Nacional Interina.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2002 - Página 4007